24 DE MAIO DE 2024
72ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI, EDUARDO SUPLICY e GIL DINIZ
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h08min.
2 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - GIL DINIZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
5 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - GIL DINIZ
Assume a Presidência.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
10 - PRESIDENTE GIL DINIZ
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h49min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Tomé Abduch. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Rogério Santos. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Donato.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Eduardo Nóbrega.
(Pausa.) Com a palavra a deputada Leci Brandão. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Reis, que fará
uso regimental da tribuna.
O
SR. REIS - PT
– Quero saudar o presidente, deputado Carlos Giannazi, saudar também o
presidente, deputado André do Prado, o deputado Gil Diniz, o deputado Lucas
Bove, o deputado Suplicy, os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar,
da Polícia Penal, da Polícia Técnico-científica, todos os funcionários desta
Casa e todos aqueles que estão nos acompanhando pela Rede Alesp.
Quero homenagear
os policiais civis aposentados. Hoje é o Dia dos Policiais Civis Aposentados,
aqueles que contribuíram muito para a Segurança Pública, muito para o
crescimento, para a garantia da Polícia Judiciária.
Presidente
Carlos Giannazi, eu quero deixar registrado que no dia 12 de junho nós vamos
ter uma audiência pública, no auditório Paulo Kobayashi, para debater a
regulamentação da Polícia Penal. Todos estão convidados, todos os deputados,
deputadas.
Nós vamos
discutir o PLC 30, que trata da regulamentação da Polícia Penal. Já convidei,
para fazer parte desse debate, o secretário da Casa Civil, o secretário de
Gestão e Governo Digital e também o secretário da Administração Penitenciária.
Os vários
sindicatos estarão presentes, os vários trabalhadores da Polícia Penal estarão
presentes, e nós vamos fazer essa audiência para debater a regulamentação da
Polícia Penal. Regulamentação que há muito os policiais penais estão esperando.
Tinha sido
prometida para agosto do ano passado, mas até agora o governo não mandou nenhum
projeto para esta Casa. Diante disso, nós construímos um projeto de
regulamentação e nós vamos fazer todo o possível e impossível para que esse
projeto seja aprovado aqui nesta Casa. Vamos colocar na nossa cota de
prioridade, para que esse projeto seja aprovado e, obviamente, o governo se
posicione a respeito dele.
Os policiais
penais têm feito uma via crucis. Por várias vezes
foram chamados à Casa Civil; há muitas reclamações de perseguições, que têm
chegado ao meu gabinete e acho que têm chegado aos gabinetes dos demais
deputados. Os sindicalistas reclamam dos vários processos disciplinares (PADs). Não se pode falar nada, nem questionar, nem cobrar.
Por qualquer coisa, eles instauram um processo administrativo disciplinar.
Nós queremos
debater também esse comportamento do secretário da Administração Penitenciária
com os funcionários. Por que essa perseguição? Por que tolher o direito de
liberdade de expressão desses funcionários? Se eles estão trabalhando certinho,
se eles estão cumprindo seu horário, eles têm o direito de falar, de reclamar.
Mas, não pode haver qualquer reclamação, qualquer publicação, qualquer curtida
na internet já enseja um processo administrativo disciplinar.
Nós queremos
debater a regulamentação. Eu já mandei convite para todos os presidentes dos
sindicatos, para que eles estejam presentes. Estamos mandando um convite para a
categoria dos policiais penais, convidamos os três secretários, porque os três
também têm que se posicionar a respeito dessa regulamentação.
E, obviamente,
eu convido aqui a todos os deputados e deputadas para que, no dia 12 de junho,
às 16 horas, no auditório Paulo Kobayashi, possam debater, discutir essa
regulamentação que nós estamos propondo, e dar resposta para essa categoria tão
sofrida, que tem feito as suas cobranças, mas a sua fala não tem tido retorno,
não tem tido eco.
Nós vamos dar,
sim, voz para eles, para que eles façam uso da palavra, para que externem tudo
o que está acontecendo no sistema prisional e também externem a sua insatisfação,
a perseguição. E também para que debatamos essa questão tão importante que é a
regulamentação da Polícia Penal do Estado de São Paulo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito
obrigado, deputado Reis. Com a palavra, o deputado Enio Tatto. (Pausa.)
Deputado Marcio Nakashima. (Pausa.) Deputado Gil Diniz, que fará uso regimental
da tribuna.
O SR. GIL DINIZ - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, presidente, deputado Carlos Giannazi, cumprimento aqui os nobres
deputados presentes no Pequeno Expediente, o deputado Lucas Bove, o deputado
Eduardo Suplicy; cumprimentar os assessores, os policiais militares e civis e o
público aqui da rede Alesp.
Sr. Presidente,
subo a esta tribuna para avisar e dar ciência à Casa, aos nossos seguidores e
eleitores, da nossa ausência na semana que vem, uma ausência justificada, um
motivo muito mais do que justo: estaremos com o presidente Bolsonaro pelo interior
de São Paulo arrecadando doações para os nossos irmãos gaúchos.
Uma tragédia
histórica no Rio Grande do Sul. Estaremos, na próxima semana, fazendo essa
caravana do bem. Estaremos, na segunda-feira, em Ribeirão Preto; na
terça-feira, em Rio Claro; na quarta-feira, em Campinas; na quinta-feira, em
Jundiaí; na sexta-feira, em São Bernardo do Campo e, no sábado, em Guarulhos.
Então,
convidamos a todos que puderem participar desse ato de solidariedade para que
compareçam. Nas nossas redes sociais, na rede social do deputado Lucas Bove,
com toda a certeza tem a programação, os endereços, os horários.
Então,
estaremos nessas cidades justamente arrecadando donativos, doações tão
importantes nesse período de calamidade pública no Rio Grande do Sul. Um ato de
caridade a esses irmãos gaúchos, brasileiros do sul que, neste momento,
precisam de todas as ajudas.
* * *
- Assume a Presidência o Sr.
Eduardo Suplicy.
* * *
Presidente, não
poderia deixar ou me furtar de criticar, deputado Maurici, que chega agora aqui...
Não criticar o deputado Maurici, mas criticar a decisão de Alexandre de Moraes,
aquele que se acha acima do bem e do mal.
Dizem que
promotor se acha Deus, mas acho que o Alexandre tem certeza de que o é ou de
que está acima dele. É impressionante, presidente Eduardo Suplicy, o que esse
homem tem feito de ruim para o nosso país.
Outro dia, ele
liberou o assassinato de crianças nos úteros de suas mães de uma maneira
extremamente cruel. O CFM... Eu acho que o CFM, médicos renomados, tem muito
mais condição de decidir o que pode e o que não pode ser feito do que esse
senhor. Ele preferiu liberar, derrubar a resolução do CFM e nós vamos assistir
a esse massacre de seres humanos inocentes.
Inocentes no
útero materno e inocentes também que estão sendo perseguidos pela busca
implacável, pela oposição implacável que esse juiz faz à oposição política do
seu grupo político, porque ele usa aquele tribunal para fazer política. Ele usa
o Supremo Tribunal Federal. Ele era filiado de carteirinha a um partido político
brasileiro e ele agora faz uma oposição ferrenha.
A última
decisão que ele tomou, deputado Eduardo Suplicy, veja só o senhor, presidente
da Comissão de Direitos Humanos desta Casa, a comissão tão importante de
Direitos Humanos: ele alega que vários condenados fugiram da sua tirania aqui
no Brasil. Fugiram, deputado Lucas Bove, porque iriam pegar 17 anos de cadeia,
20 anos de cadeia, porque Alexandre resolveu que essas pessoas deveriam ser
condenadas.
E as outras
pessoas, que não fugiram, que estavam cumprindo uma prisão domiciliar, as
medidas que ele impôs, ele mandou para a cadeia agora, porque essas pessoas
poderiam fugir.
Olha que coisa,
deputado Giannazi. Já pensou se ele usar a mesma lógica para traficante,
bandido, marginal que está a esta hora assistindo “Sessão da Tarde” em casa?
Vai levar muita gente para a cadeia. Já pensou?
O STF tem
“descondenado” muita gente. Vejam aí o noticiário dessa última semana. Muita
gente tendo processo anulado, “os amigos dos amigos do meu pai” tranquilamente
aí, alegres e sorridentes, não tem mais pena a milhões, bilhões que retornaram
aos cofres públicos do Brasil.
Mas pena,
cadeia, cana para vagabundo, corrupto e marginal aí não, basta ser “amigo do
amigo do meu pai”, entre aspas. E ainda gozo, deputado Lucas Bove, para falar
aqui pelos meus eleitores.
Então, o que
Alexandre faz? Manda prender essas pessoas. Recebi um áudio emocionado de um
eleitor de Tupã. Ele narra, deputado Lucas Bove, a prisão da sua mãe. Ele,
chorando, aos prantos - não vou colocar aqui para não expor o rapaz - narra
como que a sua família tem sido destruída pelo desmando de um homem ou de
alguns homens que acham que podem ser os senhores da vida de milhões de
brasileiros.
Ele pede
socorro, pelo amor de Deus. Olha, a única coisa que ele pede - obviamente, além
de Justiça - é que esses presos aqui em São Paulo sejam tratados minimamente com um
pingo de dignidade, que não os joguem em celas, que não joguem a mãe dele numa
cela com alguém que cometeu um homicídio, alguém que cometeu um estupro, alguém
que vendia drogas que intoxicavam a nossa juventude.
Ele quer talvez
um tratamento - presidente, para terminar - diferente do Filipe G. Martins que
está preso há mais de 100 dias. É uma prisão sem pé nem cabeça, uma prisão
totalmente ilegal do Filipe.
Ele é um jovem
paulista, um menino prodígio, inteligentíssimo, poucos aqui têm a capacidade do
Filipe. E por uma perseguição política, esse senhor, Alexandre de Moraes, o
persegue. Deve estar muito feliz na data de hoje, celebrando a democracia
pujante, feliz, pelas ruas de São Paulo, nesta data.
Presidente,
muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra
agora o deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputado
Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Eduardo Suplicy, deputado Gil Diniz, deputado
Lucas Bove, telespectador da TV Assembleia, público aqui presente.
Sr.
Presidente, quero mais uma vez denunciar a Secretaria da Educação, essa gestão
Tarcísio-Feder que está fechando salas no período noturno em várias escolas da
rede estadual.
Parece-me
que o governo não quer mais que os alunos trabalhadores possam estudar no
período noturno. Então, há em curso um processo generalizado de fechamento de
salas no período noturno na área do ensino médio regular e também na área de
Educação de Jovens e Adultos.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Gil Diniz.
* * *
O governo está
excluindo os alunos trabalhadores da rede estadual, impedindo, inviabilizando
as matrículas no primeiro ano do ensino médio noturno. O governo não se deu
conta de que nós temos milhares e milhares de alunos que trabalham durante o
dia ou estão cursando cursos profissionalizantes durante o dia e precisam
estudar o curso regular no ensino médio noturno ou em Educação de Jovens e
Adultos.
O governo está
praticamente inviabilizando, sabotando, Sr. Presidente, as matrículas para enxugar a
rede estadual. Para isso está utilizando uma pesquisa, um questionário
manipulado, um questionário eletrônico que os alunos estão sendo obrigados a
preencher, alunos do curso noturno.
Inclusive, Sr.
Presidente, nós estamos recebendo aqui dezenas de reclamações inclusive com os
vídeos desse questionário de como que ele é manipulado. Tem lá uma pergunta: “Por
que os alunos se matriculam no noturno?”.
E aí aparece já
uma resposta automática sem que o aluno tenha respondido esse questionário,
essa pergunta. E aparece o seguinte, Sr. Presidente: “Não tive vaga em outro
horário e por isso fui para o noturno”, dando a entender que o aluno procura o
curso noturno porque ele não teve outra opção durante a manhã ou durante a tarde.
Olhe só a manipulação.
E tem aqui, eu
vou mostrar um dos vídeos que eu recebi. Estou recebendo vários, dezenas de
vídeos mostrando essa manipulação da Secretaria da Educação no questionário
para sabotar, para impedir que alunos trabalhadores do ensino médio possam
estudar no curso noturno. Está aqui, Sr. Presidente, o vídeo.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Então são
várias denúncias como essa e nós vamos acionar o Ministério Público, o Tribunal
de Contas contra esse crime, essa fraude nessa pesquisa que a Seduc está
realizando para impedir que os alunos trabalhadores possam, Sr. Presidente, acessar
o ensino médio noturno, que é um direito garantido pela Constituição Federal e
pela LDB. Então nós vamos tomar providências contra essa aberração.
E por fim, Sr.
Presidente, eu quero ainda dizer que nós estamos perplexos porque foi publicado
no “Diário Oficial”, Sr. Presidente, um decreto do governador Tarcísio
colocando já em curso, preparando uma nova reforma administrativa que vai
privatizar equipamentos públicos, que vai implantar a securitização, Sr.
Presidente, que desvia recursos do Orçamento estadual, sobretudo da área da
Educação e da Saúde.
O decreto fala
em extinção de fundações e órgãos públicos, redução de despesas com pessoal,
redução de gastos para o pagamento de horas extras.
Então está em
curso a preparação de uma nova reforma administrativa contra os servidores
públicos, que terão mais direitos retirados e também com certeza um ataque aos
serviços públicos da nossa população. Mas nós vamos reagir à altura contra esse
ataque.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GIL DINIZ - PL - Obrigado,
nobre deputado Carlos Giannazi. Convido a fazer uso da tribuna o nobre deputado
Eduardo Suplicy. Vossa Excelência tem o tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Prezado presidente, deputado Gil Diniz, Srs. Deputados,
Sras. Deputadas, hoje uma matéria na bbc.com em português informa a respeito
dos super-ricos se houver um imposto mínimo de 2% sobre fortunas, isto
multiplicaria por dez o orçamento do Ministério do Meio Ambiente, aponta a
pesquisa.
Letícia Mori,
da BBC, escreve que a criação de um imposto de dois por cento sobre a riqueza
dos 0,2% mais ricos do Brasil seria suficiente para arrecadar 41,9 bilhões de
reais por ano, segundo cálculo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das
Desigualdades da Universidade de São Paulo, publicado nesta quarta-feira, dia
22 de maio.
Esse valor
seria suficiente para triplicar o orçamento do Ministério da Ciência e
Tecnologia, ou aumentar em mais de dez vezes o orçamento do Ministério do Meio
Ambiente em mudanças climáticas em 2023.
Segundo um
relatório do Instituto de Estudos Sócio-Canônicos, o
orçamento autorizado para Meio Ambiente foi de 4,3 bilhões de reais, em 2023, e
o de fato executado pelos órgãos ambientais foi 3,29 bilhões.
O valor de 41,9
bilhões de reais que poderia ser arrecadado também é equivalente a cerca de 25%
do total gasto com o “Bolsa Família”, em 2023, ano de investimento recorde no
programa, segundo o estudo do Made/USP. Incidindo sobre os 0,2% mais ricos do
País, o imposto atingiria 267.460 pessoas no Brasil que têm riqueza declarada
de mais de 13 milhões de reais e uma renda média mensal de 218 mil reais,
segundo a publicação do Made, da USP.
“O perfil da
riqueza desses 0,2% é bem diferente do resto da população”, diz o economista
Guilherme Klein, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e
pesquisador associado do Made, da USP.
A grande
maioria dos brasileiros que possuem alguma riqueza declarada, somente 27% da
população, tem a maior parte disso acumulada em imóveis, em média 97 mil reais.
“Em geral, são as casas onde as pessoas moram”, explica o economista.
Enquanto isso,
a maior parte da riqueza dos 0,2% no topo é composta por ativos financeiros,
diz o estudo. Ou seja, é composta por ações, fundos de investimentos, títulos
de dívida, letras de crédito, etc.
O estudo foi
feito com base na proposta dos economistas franceses Thomas Piketty,
Gabriel Zucman e Emmanuel Saez, em seu relatório
global de 2022, de criar um imposto global mínimo sobre a riqueza dos
bilionários.
Também foi
baseado no trabalho desses economistas que, neste ano, o Brasil liderou uma
proposta no G20, o grupo dos países mais ricos, de criar uma taxação global
mínima de 2% sobre a riqueza dos bilionários.
A vantagem
desse acordo internacional, segundo o economista francês Gabriel Zucman,
convidado pelo Brasil a falar em uma reunião do G20 em Brasília nesta semana, é
evitar que os super-ricos movimentem essa riqueza internacionalmente para fugir
dos impostos.
A principal
crítica normalmente feita a esse tipo de proposta de taxar super-ricos é a
possibilidade de fuga de capital. “Um acordo internacional diminui as chances
de países perderem residentes porque vai haver um imposto mínimo global”, disse
Zucman à BBC News Brasil em março. A análise do Made/USP leva em consideração
que os ativos financeiros que compõem a riqueza dos 0,2% no topo são muito mais
fáceis de movimentar.
“Os super-ricos
podem facilmente mudar de local, movimentar suas riquezas que são compostas por
ativos financeiros e por essa natureza são mais móveis", reconhece Klein.
"Inclusive é uma coisa que a gente mostra na pesquisa também. Por isso, é
tão importante que haja uma articulação política global para tornar viável a
proposta." Sr. Presidente, eu agradeço se essa reportagem completa puder
ser inserida nos Anais das notas taquigráficas, por favor.
O
SR. PRESIDENTE - GIL DINIZ - PL - Obrigado,
nobre deputado Suplicy. É regimental vossa solicitação e será encaminhada para
o setor responsável. Dando sequência aqui na lista de oradores do Pequeno
Expediente, convido a fazer uso da tribuna o nobre deputado Conte Lopes.
(Pausa.) Nobre deputado Lucas Bove. (Pausa.) Nobre deputado Luiz Fernando
Teixeira. (Pausa.)
Entrando aqui na Lista Suplementar,
convido a fazer uso da tribuna o nobre deputado Delegado Olim. (Pausa.) Nobre
deputado Eduardo Suplicy, se for usar a palavra novamente.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado por sua atenção, presidente Gil Diniz. Outra
reportagem que me chamou atenção, que avaliei que será importante para nós
conhecermos, é da revista “Marie Claire”, da “Globo”, que, na área da Saúde,
noticia a respeito do depoimento de Priscila Santos, de 39 anos, que é
ex-usuária do crack. Ela é limpa há 12 anos. “A empresária relata que o caminho
que encontrou para conseguir abandonar o vício na droga derivada da cocaína foi
a cannabis medicinal, a maconha.”
Esse depoimento
é tão importante, presidente Gil Diniz, que consideramos, na Frente Parlamentar
em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, com o presidente desta
frente, o Caio França - eu sou vice-presidente -, convidar essa senhora
Priscila Santos para trazer aqui o seu depoimento, que é, inclusive, objeto de
um livro que ela escreveu.
“O uso da
cannabis em casos como o de Santos faz parte da estratégia de redução de danos,
que ‘busca controlar possíveis consequências adversas de psicoativos - lícitos
ou ilícitos - sem, necessariamente, interromper esse uso’, como explica o
Ministério da Saúde.
Priscila Santos
relata que a entrada para o mundo das drogas aconteceu da morte de seu pai, em
2002. Ele estava nos Estados Unidos, juntando dinheiro para manter o açougue
que havia aberto no Brasil, aos cuidados da família, quando acabou sofrendo um
acidente no trabalho e faleceu durante o processo de recuperação.
‘Depois que ele
morreu, a família dele não quis me entregar o que era meu por direito, como o
açougue. Nem de empregada quiseram me colocar para trabalhar. Isso me causou
muita revolta e comecei a beber descontroladamente. Passei a viver em função de
baladas, de me divertir, e, então, conheci a cocaína. Com a bebida, era o
casamento perfeito’, lembra Priscila Santos.
O vício em
cocaína fez com que a empresária vendesse móveis do próprio quarto para comprar
a droga. ‘Inclusive, vendi um anel que o meu pai tinha me dado também’, conta.
Foi então que Priscila Santos passou pela primeira internação para lidar com a
dependência química. Só que ela acabou sendo expulsa da clínica por se envolver
com uma paciente e não receber apoio da família.
No dia em que
saiu da clínica de reabilitação em São Paulo e voltou para a cidade de Uberaba,
Minas Gerais, onde sempre morou, ela conheceu o crack. ‘Peguei o meu jogo de
banco imobiliário, fui na biqueira e troquei por duas pedras.
Na época, eu
não sabia fumar na lata. Eu e alguns amigos picávamos a pedra, pegávamos o
fumo do cigarro, enrolávamos e fumávamos. Às vezes, colocávamos maconha, mas eu
não gostava’, lembra.
Imersa na dor
do luto e da injustiça quando estava sóbria, a empresária experimentava com o
crack flashes de intensa alegria. ‘Eu sentia uma felicidade genuína, igual
quando eu era criança, ia com o meu pai até uma loja de brinquedo e ele falava
para eu escolher o que quisesse. Sentia como se fosse explodir de alegria.
Quando eu fumava o crack, tinha a mesma sensação’, reflete.
Então, ela
conta que, em pouco tempo, estava completamente viciada na droga. A situação
piorou ainda mais quando sua mãe mudou de casa e a empresária passou a viver
sozinha.
‘Comecei a
fazer programa para sustentar meu vício. Inclusive, comecei a levar homens para
dentro da minha casa e os vizinhos começaram a reclamar para a minha mãe. Ela
me tirou do apartamento e alugou uma pensão para mim no centro da cidade. Só
que eu abandonei a pensão e fui morar nas ruas para viver em função de fumar
crack’, explica.
O vício era
tanto que a empresária aprendeu a furtar os homens para quem ela se prostituía.
Com o dinheiro em mãos, comprava porções maiores da droga e passava dias
isolada em motéis, fumando.
A empresária
ainda passou por mais duas internações em clínicas de reabilitação, mas não
conseguiu abandonar a dependência, porque os sintomas de abstinência eram muito
fortes.”.
Se me permite
ler um pouco mais...
O SR. PRESIDENTE - GIL DINIZ - PL - Pode ir. Pode continuar,
deputado Eduardo Suplicy.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - “Em 2009, a empresária foi
condenada a 20 anos de prisão, passou dois anos reclusa e, posteriormente, foi
absolvida pelo Estado. Embora tenha usado crack apenas uma vez no período em
que ficou na cadeia, Santos teve a pior recaída quando foi solta.
Inicialmente,
foi morar com uma tia, só que o marido dela não queria a empresária por perto
devido ao vício. Santos estava prestes a voltar para as ruas quando se envolveu
com uma mulher que era dona de uma casa de prostituição e passou a morar lá.
‘Eu trabalhava
para ela em troca de comida. Só que ela me dava alimento azedo, eu tinha que
esvaziar uma piscina inteira no braço porque não tinha saída para água,
arrumava mulher, cuidava do bar, limpava a casa… Enfim, praticamente uma
escrava’.
O vício em
crack levou Priscila Santos a começar a voltar para as ruas. Ela passava mais
tempo perambulando de um lado para o outro usando a droga do que na casa de
prostituição. Nesse meio, acabou conhecendo sua atual esposa.
‘Ela era garota
de programa e usuária de cocaína. Ela teve uma overdose na minha frente e foi a
primeira vez que vi alguém passando por isso. Fiquei muito assustada e me deu
um estalo’.
Ela sugeriu
para a parceira que as duas parassem de usar drogas e saíssem de Uberaba em
busca de emprego. Assim, elas conseguiriam juntar dinheiro, alugar uma casa e
trazer o filho da esposa para morar com elas.
No início,
devido à marginalização sofrida ao longo da vida, tanto Priscila quanto sua
parceira tiveram que continuar trabalhando como garotas de programa nas boates
que frequentavam. Isso fazia com que elas tivessem fácil acesso à cocaína e ao
crack, tanto que chegaram a usar nas primeiras casas noturnas que frequentaram.
Cansada das
situações humilhantes que vivia devido ao crack, Priscila Santos acabou se
deparando com a maconha. Se antes, quando buscava euforia, o efeito
tranquilizante da cannabis era algo que ela não gostava, ele se tornou um
aliado na luta contra o vício na pedra e da esposa contra o pó.
‘A maconha não
me deixava ter abstinência pelo crack. Ela me acalmava, me dava sono, vontade de
comer e de ficar em casa. Parece que realmente mudou uma chave na minha cabeça.
Eu, que não sonhava com nada, passei a ter vontade de alugar uma casa, comprar
um carro e viajar’, lembra.
No dia primeiro
de janeiro de 2013, um ano depois de sair da prisão, Priscila Santos alugou seu
primeiro apartamento em Sorocaba, no interior de São Paulo, onde passou a morar
com a esposa. Três anos depois, a empresária conseguiu seu primeiro emprego
formal em shopping e, desde então, nunca mais voltou para as boates.
Inicialmente,
Santos fumava a maconha prensada, que é a de mais fácil acesso, embora não seja
legalizada no País e a procedência possa ser duvidosa. Em 2020, ela começou a
realizar o processo de redução de danos com o uso da cannabis medicinal: “Eu
tomo o substrato para dormir e o óleo durante o dia. Com o passar do tempo, eu
fui diminuindo a minha quantidade de maconha e melhorei a qualidade. Hoje eu
não fumo mais prensado e sim flor e nem todos os dias. Chego a passar semanas e
até meses sem usá-la. Ela não é uma necessidade.”
A empresária
diz que não sente abstinência ao ficar sem fumar maconha e poderia até parar se
quisesse, mas ela gosta e passou a usá-la de forma recreativa. “A cannabis me
tirou das ruas, me libertou do crack”, reflete.
Atualmente,
Santos reflete retomar a Faculdade de Jornalismo e está escrevendo o livro “Sobrevivi”,
a saga de uma sobrevivente das ruas e do crack, em que vai trazer ainda mais
detalhes sobre o que enfrentou aa ser uma ex-usuária de droga.
A empresária
defende que dizer que a maconha é a porta da entrada para outras drogas é um
grande equívoco. “O que me levou para o crack foi a cocaína e o que me levou
para a cocaína foi a bebida alcoólica, porque nem de maconha eu gostava”,
esclarece.
De acordo com a
psiquiatra Ana Hounie, presidente da Associação Médica Brasileira de
Endocanabinologia, a reflexão sobre a maconha ser porta de entrada para outras
drogas, ser porta de entrada para outras drogas é complexa. Diz ela: “Quanto
mais substâncias uma pessoa usa, maior é a chance de ela experimentar outras. Mas
isso tem mais a ver com a personalidade dela, do ambiente em que está inserida
e da história dela do que da maconha em si. Tanto que as principais drogas que
se tem como início de uso são o álcool e a nicotina, que são legalizadas”, diz
Ana Hounie.
Hounie explica
que ao usar a cannabis para que a pessoa consiga parar de usar crack, por
exemplo, corre-se o risco de trocar um vício por outro. “Mas essa estratégia é
chamada de redução de danos justamente porque o prejuízo com a maconha é menor
do que com o crack. Além disso, a dependência da maconha é mais fácil de tratar
do que a do crack”, esclarece.
A possibilidade
de o crack ser trocado pela maconha acontece porque os dois aumentam a
liberação da dopamina no cérebro. Logo, ao agirem da mesma forma no organismo,
é possível substituir a droga mais prejudicial por uma menos nociva, a fim de
reduzir os danos do vício no organismo.
Deputado Gil Diniz,
eu agradeço muitíssimo a tolerância para que eu pudesse ler esse depoimento que
sintetiza um livro que logo, logo será... E gostaria de informar que acho que
na terceira semana de junho, vou avisar depois, essa senhora, Priscila Santos,
com essa experiência, virá prestar o seu depoimento, se possível com a sua
companheira, aqui na reunião presidida pelo deputado Caio França, da Frente
Parlamentar em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial.
O
SR. PRESIDENTE - GIL DINIZ - PL - Obrigado, nobre
deputado.
Seguindo a lista de oradores inscritos
no Pequeno Expediente, convido a fazer uso da tribuna o nobre deputado Lucas
Bove.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente, tendo
em vista a concordância das lideranças, peço o levantamento da sessão.
O
SR. PRESIDENTE - GIL DINIZ - PL - É regimental.
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo
acordo de lideranças, essa Presidência, antes de dar por levantados dos
trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora
regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a presente sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 49
minutos.
*
* *