26 DE MAIO DE 2023

48ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDIANE MARIA e REIS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDIANE MARIA

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - SIMÃO PEDRO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - REIS

Assume a Presidência.

        

9 - EDIANE MARIA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - EDIANE MARIA

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

11 - EDUARDO SUPLICY

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

12 - PRESIDENTE REIS

Endossa o pronunciamento da deputada Ediane Maria.

        

13 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

14 - EDUARDO SUPLICY

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

15 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

16 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

17 - PRESIDENTE REIS

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 29/05, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Ediane Maria.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Presente o número de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Passamos agora ao Pequeno Expediente. Chamamos os oradores inscritos. Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. Tem V. Exa. a palavra pelo tempo regimental.

 

A SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sra. Presidenta, boa tarde aos deputados aqui presentes, aos trabalhadores e trabalhadoras desta Casa, também as pessoas que nos acompanham, especialmente pela Rede Alesp.

Vim aqui dizer, Sra. Presidenta, que esta semana infelizmente não foi uma semana fácil para aqueles que sonham com um Brasil melhor, com um mundo melhor, que respeite as suas terras, que respeite o seu povo. Não foi uma semana fácil porque no Congresso Nacional muitas coisas aconteceram, que impactam diretamente a população paulista.

Aconteceu, por exemplo, que foi instalada a CPI do MST, e essa CPI é um grande ataque, não só pela sua composição, não só por ter Ricardo Salles, destruidor do Meio Ambiente, que passou o trator e a boiada no Meio Ambiente quando era ministro do desgoverno Bolsonaro, mas também porque o MST é um movimento que há 40 anos luta para que a Constituição brasileira seja respeitada, para que a função social da propriedade seja garantida e seja respeitada no nosso país.

Na pandemia, por exemplo, o MST distribuiu 8,5 mil toneladas de alimentos para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Distribuiu também mais de dois milhões de marmitas para as pessoas que passavam fome, em situação de insegurança alimentar durante a pandemia.

E o maior problema é que essa CPI instalada no Congresso Nacional não joga luz aos principais problemas que devem ser discutidos, sob o ponto de vista agrário no nosso país.

Por exemplo, o problema do desmatamento, que, infelizmente, aumentou muito nos últimos anos no Brasil. A grilagem de terras, as queimadas, que acontecem não só na região amazônica, mas em toda a nossa floresta protegida.

A escravidão contemporânea, tema sobre o qual eu falo muito aqui. Inclusive deixo, novamente, registrado o fato de que o Brasil, no ano de 2023, infelizmente, já atingiu o recorde de registros de escravidão contemporânea nas nossas terras.

O que nós precisamos, e o que efetivamente o Congresso Nacional deveria estar preocupado, é em debater os reais problemas da nossa sociedade, como, por exemplo, a fome.

Falo a fome porque 125 milhões de pessoas, aproximadamente, estão em situação de insegurança alimentar no nosso País e o MST é um movimento que se preocupa em colocar comida de qualidade na casa e no prato das pessoas.

Então deixo aqui o meu abraço aos lutadores e lutadoras do MST para dizer que a CPI acontece no Congresso Nacional, mas desde aqui, em São Paulo, desde aqui na Alesp, vocês têm, sem nenhuma dúvida, um ponto de apoio, de solidariedade e de resistência para lutar com vocês, para enfrentar mais essa CPI que não foi a única, infelizmente, mas que será derrotada no Congresso Nacional.

Quero dizer também sobre outros dois temas, Sra. Presidenta, que infelizmente foram aprovados no Congresso Nacional. O requerimento de urgência para o PL 490, que é o PL do marco temporal, que estabelece, na verdade, um marco temporal para a demarcação das terras indígenas, algo que é completamente descabido quando a gente pensa na proteção dos povos indígenas, na demarcação, na luta, na história.

Inclusive antes da Constituição de 1988, que não é marco temporal para absolutamente nada para determinar a luta dos povos indígenas no nosso País e, pior do que tudo isso, também regulamenta e garante a exploração por meio do garimpo nas terras indígenas. E nós sabemos o que o garimpo faz nas terras indígenas.

Todo mundo, em janeiro desse ano, assistiu assustado à situação do povo Yanomami e viu que, infelizmente, o garimpo leva a doença, leva a fome, leva a exploração para os povos indígenas, que deveriam ser respeitados aqui na nossa sociedade.

E também a tentativa de ataque e destruição do Ministério dos Povos Indígenas e do Ministério do Meio Ambiente, que vêm passando por uma tentativa de desmonte também por parte do Congresso Nacional e de não reconhecimento das suas atribuições.

Quero deixar registrado que deve ser atribuição do Ministérios dos Povos Indígenas o reconhecimento e a demarcação das terras indígenas do nosso País, porque quem sofreu isso, quem luta tanto por esse reconhecimento, há tantos e tantos anos, deve ter esse direito respeitado.

Então deixo também a minha solidariedade às ministras Marina Silva e Sônia Guajajara e digo também que aqui de São Paulo nós entendemos, reconhecemos e eu reafirmo aqui, porque São Paulo também é terra indígena, São Paulo também é terra quilombola, e também aqui nós lutaremos de forma incansável para ver os direitos dos povos indígenas, do povo quilombola, reconhecido no estado de São Paulo.

Obrigada, Sra. Presidenta.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Muito obrigada. Continuando a lista de inscritos, deputado Ricardo Madalena. (Pausa.) Deputada Fabiana Barroso. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. Tem o tempo regimental.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidenta Ediane, quem acompanha essa nossa sessão, no Pequeno Expediente, nobre deputada Monica, Reis, Suplicy, hoje nós estivemos pela manhã acompanhando um grande ato em frente ao hospital de São Mateus.

Esse ato foi coordenado pela comissão de saúde, que é coordenada pela frente popular de saúde de São Mateus em conjunto com diversas outras entidades, o Conselho Estadual de Saúde e os conselhos municipais das diversas regiões da cidade.

Queria rapidamente passar aqui um pouco desse vídeo mostrando o descaso que hoje o governo do estado de São Paulo tem tido com a população da região de São Mateus.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

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Então esse foi o ato que nós acompanhamos hoje, lá em São Mateus, só uma radiografia do hospital, nobre deputado Reis. O hospital tem 205 leitos, mas desses, 72 estão fechados. A avaliação, nobre deputado Eduardo Suplicy, é que entre os 1500 funcionários que são necessários, tem apenas 1027 trabalhando.

Então essa semana nós discutimos aqui a recomposição da manutenção dos contratos precários, mas nós sabemos que tem a necessidade de concursos públicos na área da Saúde, foi o que a nossa bancada mais debateu na Assembleia essa semana.

A gente demonstra que no Hospital São Mateus faltam muitos servidores, entre médicos, enfermeiros e técnicos da saúde. Nesse hospital as cirurgias eletivas foram suspensas; o ambulatório de especialidades foi fechado - o laboratório faz apenas um tipo de exame, quer dizer: você tem toda uma estrutura laboratorial e só um exame é feito; as mulheres grávidas são removidas para unidades distantes de São Mateus, os trabalhadores estão sobrecarregados e adoecidos. 

Então a exigência que a Frente de Saúde de São Mateus apresenta, a população de São Mateus apresenta é: atendimento humanizado com 100% da sua capacidade para atendimento de urgência e emergência, que são a maternidade, a pediatria, a clínica geral, a clínica cirúrgica de queimados; a reabertura do hospital de especialidades; resposta ao documento já enviado à diretoria do hospital e providências por parte do governo do Tarcísio de Freitas para que o Hospital Regional de São Mateus possa novamente ser retomado - o que foi fechado e o que está deixando de atender - e retomar também 100% dos leitos para atender uma população tão importante, que é da região de São Mateus.

Então nós vamos encaminhar esse debate para a Comissão de Saúde e vamos solicitar uma audiência com o secretário de Saúde do estado de São Paulo. Já foram protocoladas, hoje, as exigências que o movimento de Saúde tem em relação aos problemas do Hospital de São Mateus e esperamos rapidamente poder conversar com o secretário de Saúde para encaminhar a demanda do Fórum de Saúde de São Mateus.

Muito obrigado, Sra. Presidenta.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, deputado. Continuando a lista de inscritos, Agente Federal Danilo Balas (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Olim. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi, seja bem-vindo, é regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Deputada, presidente Ediane, é uma honra tê-la aqui na Presidência hoje. Espero que V. Exa. seja em breve a nossa presidenta da Assembleia Legislativa de São Paulo. Tem todo o nosso apoio.

Olha, eu queria fazer uma gravíssima denúncia contra a Secretaria Estadual de Educação e contra o governo Tarcísio. Hoje, os servidores da Educação, os agentes de organização escolar, as professoras, os professores, acordaram com uma bomba, porque, na previsão de pagamento para os salários do mês de junho, não aparece mais o pagamento do Adicional de Local de Exercício, o famoso ALE.

Quero relembrar aqui que temos uma luta histórica para que o ALE seja pago para todos os profissionais da Educação, para todas as escolas, e que tenha um valor que garanta minimamente a dignidade salarial dos nossos servidores, que seja incorporado, inclusive, ao salário-base dos nossos servidores, mas que tenha um valor que possa satisfazer minimamente as necessidades básicas dos nossos profissionais da Educação.

Mas o governo não faz nem uma coisa, nem outra. Não incorpora. O governo mantém um valor extremamente baixo e, recentemente, alguns dias atrás, o governo publicou um decreto dando um golpe nos profissionais da Educação, em todos os mais de 91 mil que recebem o ALE, dizendo que estaria postergando para o ano que vem o reajuste desse ALE. Esse reajuste deveria ser feito, pela legislação, agora em janeiro. O governo empurrou, através de um decreto, para o ano que vem, para 2024.

Imediatamente nós denunciamos o fato. Eu apresentei um PDL para revogar o decreto e, por conta de toda a pressão exercida pela categoria e pelo nosso mandato, o governo recuou e cancelou. Ele mesmo revogou o decreto, antes mesmo da aprovação do PDL que apresentei. Então, foi uma vitória importante.

Porém, agora, o governo não está publicando mais, na previsão de pagamento, o ALE. As informações são desencontradas. A Secretaria da Fazenda disse que o governo não regulamentou.

Ele deveria ter regulamentado o reajuste já em janeiro deste ano. Ele não fez isso, publicou o decreto, o famigerado decreto, já revogado por conta da nossa pressão e da nossa intervenção, mas não colocou nada no lugar.

Ou seja, não está pagando nem o valor do ALE com reajuste, nem o valor sem o reajuste. Deixou um vácuo legal, não publicou um novo decreto. Olha que absurdo. Aí a Secretaria da Fazenda não publicou a previsão de pagamento. É de uma irresponsabilidade, de uma inconsequência sem precedentes, o que a Secretaria da Educação está fazendo.

Isso demonstra o desprezo, a política de ódio que a Secretaria da Educação e que esse governo tem contra os servidores da Educação, deixando todos os servidores em uma situação difícil, sem saber se vão receber ou não o ALE. E eles têm o direito.

É o governo que está cometendo uma irregularidade, porque deveria publicar o decreto já reajustando o ALE desde o mês de janeiro, como determina a legislação. É isso que ele deveria ter feito. Não fez, tentou postergar, não conseguiu e agora deixou o ALE em um vazio.

Até o momento, até este momento em que estou falando, 14 horas e 19 minutos, não tivemos nenhuma nota oficial. Estamos pressionando as duas secretarias para que resolvam a situação em caráter de extrema urgência. Que o ALE seja pago, e com reajuste, porque é inconcebível. É muita irresponsabilidade, é muita inconsequência. É uma leviandade o que está acontecendo.

Deveriam ter feito o planejamento, mas deixar os servidores sem o ALE é negar o ALE para todas as escolas que têm esse direito, lembrando que tem crises ainda. Além do valor extremamente baixo do ALE, muitas escolas que deveriam ter o ALE não têm. Escolas inclusive vizinhas, onde uma escola tem e a outra não. Eu conheci várias regiões do Estado onde uma escola está grudada na outra, deputado Reis, deputado Suplicy, e uma tem o ALE e a outra não.

Então qual o critério que a Secretaria da Educação utiliza? Em escolas extremamente vulneráveis como as que eu denunciei aqui lá nos Quilombos de Iporanga, que não têm acesso nenhum, em que os professores são obrigados a dormir na escola por falta de acesso e da distância, esses professores não têm o ALE.

Eu já fiz várias denúncias em relação a isso, mas nós queremos aqui da tribuna da Assembleia Legislativa exigir que a Seduc regularize imediatamente a situação do ALE ou abrindo folha suplementar e pague o ALE para todos os professores, para todos os agentes de organização, para todas as escolas, inclusive já com o reajuste.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Muito obrigado, Sr. Deputado Carlos Giannazi. Continua a nossa lista de inscritos. Deputado Eduardo Suplicy, tem V. Exa. o tempo regimental.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Deputada Ediane, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, nesses últimos meses a cidade de São Paulo tem sido atravessada pela revisão do Plano Diretor Estratégico.

Após um apressado processo de debate com a sociedade civil através de audiências públicas esvaziadas, feitas majoritariamente em horário comercial, com pouca divulgação e obrigatoriedade pela coordenação da Comissão de Política Urbana Metropolitana em Meio Ambiente, nesta terça-feira, 23 de maio, foi apresentado um substitutivo para o projeto de lei do Plano de Diretor Estratégico com uma série de alterações que incentivam a construção de edifícios mais altos na cidade.

Uma das principais mudanças permite que prédios sem limite de altura e com acesso a incentivos para o mercado imobiliário sejam construídos em raio de até um quilômetro de estações de metrô e trem, regra que hoje é de 400 metros a 600 metros e está ligada à crescente verticalização perto de eixos de transporte, em locais como o Brooklin, Butantã e Pinheiros.

Também há mudanças que ampliam o máximo de área construída nos miolos dos bairros. Estas propostas indesejadas pela sociedade revelam uma falta de preocupação com a população dos bairros, que observa a descaracterização destes com grande impacto na paisagem urbana, cultural e ambiental.

Estas alterações propostas revelam a acolhida por parte do relator do PL, o vereador Rodrigo Goulart, do PSD, das demandas do setor imobiliário em detrimento da qualidade de vida da sociedade paulistana.

Em reportagem de hoje, 26 de maio, a “Folha de S. Paulo” publica que 15 propostas às incorporadoras foram incluídas no substitutivo, três foram parcialmente acatadas e oito rejeitadas.

Ou seja, 70% das propostas foram contempladas de alguma forma. Diversas organizações da sociedade civil criticam não apenas o texto do PL, mas como se deu o processo participativo como um todo para elaboração deste.

Há em curso uma ação civil pública de cinco promotores da Promotoria de Habitação e Urbanismo da Capital peticionando pela suspensão do andamento do Projeto de lei n.º 127, de 2023, e solicitando que a Câmara Municipal da Capital paulista apresente estudos técnicos para embasar mudanças previstas pela revisão do Plano Diretor para dar seguimento ao trâmite de aprovação do documento da Casa.

O Plano Diretor da cidade, como se sabe, é uma lei municipal que orienta o desenvolvimento da cidade para atender as necessidades coletivas da população. Seu maior objetivo é tornar clara a cidade mais inclusiva e ambientalmente responsável, produtiva e, sobretudo, melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Tais diretrizes estão previstas no Estatuto da Cidade e na Lei Orgânica do Município, e devem ser consideradas pelo prefeito Ricardo Nunes, e também pela relatoria do Projeto de lei do Plano Diretor e pela Câmara Municipal de São Paulo para que haja a suspensão do andamento desse processo, desenvolvido sem acatar os anseios da sociedade.

O interesse das incorporadoras não pode se submeter ao direito da população de construir uma sociedade socioambientalmente mais justa e que conte com um processo de construção coletivo e participativo.

Em artigo publicado no Boletim da Universidade de São Paulo, o nosso querido ex-vereador e ex-deputado Nabil Bonduki sobre esse tema diz que não é possível que a cidade de São Paulo fique sujeita a um projeto que vai favorecer apenas o setor privado, sem se preocupar com o conjunto da cidade, sem se preocupar com a qualidade de vida.

Nós, da universidade, por meio do Fórum São Paulo 23, que reuniu entidades acadêmicas e profissionais, apresentamos um conjunto amplo de propostas de interesse da cidade.

Essas propostas foram encaminhadas ao relator, mas foram desconsideradas, enquanto que ele colocou no projeto aquilo que interessa apenas para o mercado imobiliário, ou seja, um projeto que amplia enormemente as áreas de verticalização na cidade sem respeitar nenhuma questão que possa levar em conta o interesse cultural, ambiental e urbano da população.

Eis como concluiu Nabil Bonduki.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Muito obrigada, Sr. Deputado. Continuando a lista de inscritos, deputado Donato. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Deputado Reis. Tem V. Exa. o tempo regimental.

 

O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Saudar a presidenta, deputada Ediane Maria, parabéns aí, essa cadeira lhe cabe muito bem, abrilhanta nosso espaço na Assembleia Legislativa; cumprimentar o deputado Carlos Giannazi, o deputado Suplicy, os integrantes da Polícia Civil, o Dime, que está ali, os companheiros, os colegas da Polícia Militar, todos os funcionários desta Casa e também aqueles senhores e aquelas senhoras, os jovens, que nos acompanham pela Rede Alesp.

Presidenta Ediane Maria, quero dizer para V. Exa. que hoje tivemos na parte da manhã lá na Rua Sumidouro, lá na Sabesp, dar os parabéns lá pelos profissionais, os trabalhadores da Sabesp, que fazem um trabalho extraordinário no estado de São Paulo. Mais de 370 municípios são atendidos pela Sabesp, uma empresa fantástica que leva saneamento básico para essas cidades e também pelo excelente trabalho que é feito aqui na cidade de São Paulo.

Todos sabem que a titularidade de saneamento é da prefeitura. A Sabesp tem uma concessão de serviços, é uma concessionária que presta um serviço, ela tem contrato com a prefeitura de São Paulo.

Muitas pessoas não sabem disso, que são os municípios os titulares do serviço de saneamento básico, o serviço de fornecimento de água e o serviço de coleta de esgoto. É um serviço municipal e que é feito através de concessão, então a Sabesp tem concessões nessas centenas de municípios.

E hoje estive lá para tentar resolver uma situação dos moradores da região de Taipas.  Porque a região de Taipas tem várias áreas de serra e a água muitas vezes não está chegando para aquelas pessoas que moram no alto do morro.

E as comunidades têm nos procurado e nós fizemos gestão junto com o vereador João Ananias, ele nos acompanhou lá com as lideranças comunitárias, o Sr. João, a Cida, entre outros. E fomos recebidos pelo Sr. João Tavares Papa, que é um executivo da Sabesp, o engenheiro Amarildo, que é um gerente de departamento que cuida daquela região de Pirituba.

E também estava ali o representante do Governo do Estado de São Paulo, Sr. José de Lorenzo Messina, que é da assessoria parlamentar da Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, que é uma super secretaria que agora tem no Estado, que cuida de meio ambiente, cuida de logística, cuida dos recursos hídricos.

Então, para registrar aqui nessa data de hoje a importância da Sabesp, do trabalho que a Sabesp está desenvolvendo. E quando o Governo fala de privatizar a Sabesp, nos traz muita tristeza porque a Sabesp faz parte da nossa história, faz parte da história do estado de São Paulo.

E ela foi concebida com recursos públicos, com muito trabalho, com muita luta, então não dá para entregar uma empresa do tamanho da Sabesp da forma que o Governo quer.

E a outra coisa que está na “Folha de S. Paulo” de hoje, deputada Ediane Maria, é a entrega de terras devolutas que o Governo está fazendo, governo Tarcísio, dando 90% de desconto.

É brincar com aquilo que é nosso, com o nosso patrimônio, beneficiando os fazendeiros. Terras que são essenciais à reforma agrária, são essenciais aos assentamentos, estão sendo entregues para aqueles que já têm muito por nada, a preço de nada.

É muito ruim quando a gente vê que o Governo assume a cadeira e, em vez de governar, ele prefere entregar o patrimônio que ele deveria destinar às questões sociais, a resultados práticos, fazer com que as empresas cresçam mais, dê mais oportunidades de empregos. Ele prefere privatizar, passar para o particular porque ele virou um homem de negócios.

Ele não ganha o governo para governar, ele não ganha o governo para dar resposta para a nossa população. Ele acaba ganhando o governo em cima de muitas promessas e ele passa a vender aquilo que foi construído com muito sofrimento do povo paulista e paulistano.

Muito obrigada, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Muito obrigada, Sr. Deputado. Continuando a lista de inscritos, deputado Tenente Coimbra. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Simão Pedro, tem V. Exa. o tempo regimental.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente dessa sessão, deputada Ediane; deputado Suplicy, nosso sempre senador; deputado Reis, funcionários dessa Casa, deputado Giannazi e todos que nos acompanham pela TV Assembleia, pelas redes.

Sra. Presidente, eu venho à tribuna também me somar aqui ao discurso do deputado Reis, em protesto contra o que está acontecendo no estado de São Paulo, principalmente com o patrimônio do estado de São Paulo, patrimônio público, as terras do Pontal do Paranapanema, as terras devolutas que são reivindicadas pelo Estado que deveriam ter uma destinação social para serem criados assentamentos novos, dar oportunidade para as famílias de trabalhadores sem-terra terem oportunidade de entrar nas terras, trabalhar, produzir alimentos.

Mas aproveitando uma lei aprovada aqui na legislatura passada na correria, de iniciativa do ex-governador Doria, com apoio do ex-governador Rodrigo Garcia, que autorizou a alienação dessas terras à venda. Nós entramos, a bancada do PT, outras organizações, nós entramos com Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

Já teve uma acolhida favorável da Procuradoria Geral da República. Estamos aguardando um desfecho dessa Adin, que vai considerar essa lei inconstitucional e tornar nulo todos esses processos que estão acontecendo lá. O que está acontecendo, deputada Ediane? O governo Tarcísio está vendendo as terras, na verdade vendendo entre aspas, está entregando as terras do Estado para grileiros.

Quem são os grileiros? Fazendeiros que compraram de outros, que não têm a documentação daquelas terras. Ou seja, eles não são donos. Por que chama grileiro? Porque antigamente havia muitas falsificações de documentos, e para parecer que eram velhos os fazendeiros que falsificavam em cartório os documentos, colocavam numa gaveta, trancavam o documento ali, colocavam grilos.

Com o passar do tempo os grilos comiam as folhas, quando se abria dava a impressão de que aquele documento era antigo. Por isso que chama grileiro, grilagem de terras. E é uma prática que foi muito comum no Brasil, e continua sendo. Agora o governo Tarcísio está querendo legalizar a grilagem das terras públicas.

Eu li hoje na imprensa que uma das fazendeiras, que comprou essas terras e que procurada pela imprensa ela disse: “Não, eu comprei há 20 e poucos anos de uns portugueses que falaram que compraram há 40 anos.”

Então, assim, nós, deputada Ediane, quando eu fui deputado aqui da outra vez nós barramos essa lei aqui, porque naquela época a gente tinha no campo da esquerda aqui cerca de 30 deputados, nós tínhamos mais tempo de discutir, nós fizemos obstrução e nós impedimos a legalização da grilagem das grandes propriedades. Permitimos a regularização dos pequenos, médios.

Então, assim: o estado de São Paulo está reivindicando na Justiça há muitos anos processo de trazer essas terras para si, e agora o Itesp, o Tarcísio com essa lei, ignorando todos esses processos e vendendo com desconto de 90 por cento.

Então, a área que hoje, pelo mercado ali de terras, vale 20 milhões, estão entregando por três, quatro, grande vantagem para os fazendeiros que ocuparam essas terras, derrubaram as florestas que tinham ali, colocaram gado.

Então, assim, é uma afronta às leis que determinam a realização da reforma agrária no Brasil, é uma entrega do nosso patrimônio, é uma correria, e o pior: o diretor-presidente do Itesp foi pego numa gravação dizendo o seguinte: “Vamos correr para fazer isso antes que o Supremo derrube essa lei”.

Ou seja, isso é um absurdo, nós vamos usar essa gravação para buscar uma maior rapidez do Supremo para tornar nula essa lei que foi aprovada aqui, porque ela é uma afronta à democracia, é uma afronta ao patrimônio público, é uma afronta às famílias que hoje lutam para ter um pedacinho de terra, poder produzir, trabalhar.

É o que acontece com esse governo, só fala em vender o patrimônio público, quer vender a Sabesp, quer vender a CPTM, quer vender o Metrô, quer vender outras empresas.

Agora quer entregar as terras públicas, que poderiam ser destinadas para um fim mais decente, que seria o caso de assentarmos famílias que, aliás, nós temos milhares no estado de São Paulo aguardando uma oportunidade para ter um pedacinho de terra, poder produzir.

Então, o nosso protesto aqui a essa atitude do governo. Vamos correr para que o Supremo possa acelerar o julgamento, a decisão de tornar inconstitucional essa lei absurda.

Muito obrigado.

 

* * *

 

- Assume a presidência o Sr. Reis.

 

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O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem, seguindo a lista de oradores, o próximo orador é o deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputada Solange Freitas. (Pausa.)

Entrando na Lista Suplementar, deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Leonardo Siqueira. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos. 

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigada, Sr. Presidente. Boa tarde a todos os funcionários desta Casa, boa tarde a todos que estão aqui acompanhando, inclusive pela galeria - tem uma pessoa ali acompanhando, mais as pessoas que fazem a nossa segurança, que cuidam desta Casa, também. Quero saudar a todos aqui, da Comunicação, da TV Alesp, a todos que estão assistindo em casa. Quero saudar todos os deputados e deputadas.

Ontem, Sr. Presidente, eu fui dormir muito triste. Foi um dia para mim em que voltei novamente para o lugar de onde eu já tinha saído, que é o quarto de empregada. Ontem, o Ministério do Trabalho confirmou que existem grupos de WhatsApp com a lista suja do trabalho doméstico na cidade de São Paulo, grupo esse que se organiza numa área nobre de São Paulo.

Esse grupo existe para difamar, para diminuir um trabalho já tão precarizado, em um lugar que nós sabemos muito bem que quem se encontra nele hoje vem de um resquício, vem de um ciclo familiar de suas avós, suas bisavós, suas mães e segue esse mesmo ciclo, continuam trabalhando como domésticas.

Várias delas, a gente sabe muito bem que no estado de São Paulo várias de nós, assim como eu vim com 18 anos de idade, uma adolescente com todo um futuro pela frente, sonhando em ser professora, o lugar que me esperava era um quarto de empregada aqui, no estado de São Paulo, lugar esse que várias de nós se encontra até hoje.

Tivemos um grande avanço com a PEC das domésticas, que fez dez anos, mas, novamente, a gente voltou para um abismo, para o esquecimento, para toda uma violência que assola os nossos corpos, que assola e tenta combater a nossa existência.

A gente sabe que não é a maioria das pessoas que pensa assim. A gente sabe muito bem porque o estado de São Paulo deu uma resposta clara nas urnas, elegendo pela primeira vez uma empregada doméstica para ocupar esta Casa, para fazer essas denúncias. Então muito me honra estar aqui hoje.

Os relatos que saem nesses grupos de WhatsApp são horrorosos. Olhem só quais são os problemas que esse grupo coloca para que mulheres não consigam ser contratadas. Qual o primeiro problema? Ronco. A pessoa que trabalha na casa provavelmente dorme nessa casa, então ela ronca.

O cansaço é grande, o trabalho é árduo, várias de nós começa às seis horas da manhã e vai terminar às oito horas, nove horas da noite. Nós não temos horário, é natural que a gente ronque, porque a gente está cansada de trabalhar.

Comilona. Ela come na casa, a gente sabe muito bem que várias de nós não pode comer. Hoje, várias de nós tem que levar marmita, comer miojo ou tirar o nosso dinheiro para pagar a nossa alimentação, também trabalhando na casa da patroa. Outra colocou o seguinte: é gordinha, tem dupla personalidade e é mentirosa. Dupla personalidade e mentirosa.

São alguns dos motivos apontados pelas empregadoras para sugerir que não contratem determinadas trabalhadoras. Acusações de roubo e passagem pela polícia, mas isso tudo sem nenhuma apresentação de prova, também fazem parte dos motivos alegados pelas patroas na tentativa de deixar essas mulheres sem emprego.

É triste. Nos últimos quatro anos, o número de denúncias de racismo, assédio moral e sexual dentro do trabalho doméstico, cresceu 400%, segundo o sindicato de São Paulo. Eu mesma já passei por essa violência. Já fui uma pessoa que lá em 2020, 2021... Não, 2002, gente. A memória me falta.

Em 2002, fui uma das pessoas que foram resgatadas. Resgatada trabalhando na Silva Teles, no Brás. Eu fui resgatada em trabalho análogo à escravidão. Eu era aquela jovem que tinha que entrar no trabalho. Eu ficava 15 dias para garantir um final de semana com os meus parentes.

É esse lugar. Esse lugar do esquecimento, dessa violência. Ontem, mais uma mulher foi resgatada em trabalho análogo à escravidão. Mulher essa que nem sequer o aniversário era comemorado. Mulher essa que era privada de falar com parentes, amigos. São esses ciclos de violência que precisam acabar.

Por isso, eu quero parabenizar o forte trabalho que está fazendo o Ministério do Trabalho, que está nos resgatando. Resgatando de uma sociedade violenta que nos coloca cada vez mais nesses lugares de invisibilidade, nesses lugares de que nós mulheres negras...

Por isso, quero saudar essa delegada maravilhosa que está aqui. Uma mulher negra. Eu fico muito feliz. Eu fico muito feliz quando eu vejo nossos corpos ocupando e avançando a outros espaços.

Então, só tem... Primeiro, eu não tenho mais tempo, né, Sr. Presidente? Eu tenho mais tempo? Um pouquinho?

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Pode falar, uma comunicação, é isso?

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Dois minutos.

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Então, são essas violências que nós não podemos aceitar. Por isso que nós estamos ocupando esta Casa.

Eu queria, também, colocar uma vitória nossa, Sr. Presidente, que nós tivemos. Eu queria que, inclusive, se conseguisse passar o vídeo, por favor.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Bom, essa reportagem foi feita em março. O meu mandato entrou com uma ação, pedindo para que não fosse mudado, até porque nós queremos que as estações cheguem, que cheguem no fundão. Para quem precisar do transporte público, de fato o transporte público chegar.

Então, não dá para ter uma luta desnecessária. Outra, trocar o nome do educador Paulo Freire, que foi o educador que, muito pelo contrário, ao longo da história... As nossas histórias, as nossas lutas, foram silenciadas e apagadas. Foram colocados esses nomes de genocidas, de bandeirantes, que eles ocupam estradas, ocupam estações.

Então, essa ação foi movida pelo meu mandato e conseguimos barrar na justiça. Então, uma ação nossa feita pelo meu mandato. Parabéns para nós todos que resistimos. Agora, sim, vamos ter, na zona leste de São Paulo, que o pessoal até falou para mim uma coisa, que eu achei engraçado.

Falou assim: “Ediane, já faz tanto tempo que a gente está querendo que essa estação chegue, e não chega”. Agora começou uma briga. Vai ser Paulo Freire? Vai ser Fernão Dias?

Que fique Paulo Freire, que foi assim que foi colocado, quando foi para surgir o nome da estação. Inclusive, é na avenida Paulo Freire. Estou aqui, com o nosso professor, Eduardo Suplicy, que já está aqui, querendo também pegar uma palhinha.

Pode falar.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Para cumprimenta-la...

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Não cabe aparte.

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Ah, não cabe aparte?

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Pode fazer uma comunicação?

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Só uma expressão de cumprimento, em favor da designação do nome de Paulo Freire. Terminei, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Vamos disciplinar aqui. O tempo da deputada acabou. Vossa Excelência pode pedir uma comunicação, dois minutos. É regimental, tem V. Exa. dois minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Prezada deputada Ediane Maria, fico feliz com essa vitória sua, para a preservação, ali na avenida Paulo Freire, para o nome de Paulo Freire na estação de metrô.

Não faz sentido, agora, retirar um nome deste, considerado, inclusive, nossa querida deputada, ex-prefeita, Luiza Erundina, conseguiu aprovar o projeto de lei, no Congresso Nacional, pelo qual o professor Paulo Freire é considerado o educador de nosso País.

Parabéns por sua fala e iniciativa.

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Quero deixar os parabéns para a deputada Ediane Maria. O próximo orador, deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Reis, deputado Suplicy, deputada Ediane.

No final do ano passado foi aprovado um projeto de lei, aqui no plenário da Assembleia Legislativa, denominado o Projeto da Grilagem, o Projeto da Reforma Agrária para os ricos.

Nós tivemos as galerias ocupadas pelos trabalhadores, pelos camponeses, para quem realmente produz na terra e luta pela reforma agrária no estado de São Paulo, sobretudo na região do Pontal do Paranapanema.

Nós denunciamos exaustivamente o PL da Grilagem, o PL da Reforma Agrária para os ricos, que foi apresentado por deputados da base do Governo, do governo anterior, do tucanato, de Doria e de Rodrigo Garcia, do tucanistão.

E teve o apoio, o projeto foi aprovado, inclusive, com o voto favorável também da bancada da extrema direta, também com ligações, logicamente, aos interesses políticos e ideológicos do agronegócio predador, eu digo.

O projeto foi aprovado imediatamente. O Rodrigo Garcia, governador, sancionou a lei. A lei foi regulamentada por um decreto. É a Lei nº 17.557, de 2022. Houve recurso ao Supremo Tribunal Federal. Na época nós acionamos também o Ministério Público do Estado, para que ele ingressasse com uma Adin, com uma medida judicial contra a aprovação dessa lei que, para nós, é inconstitucional.

Ela entrega terras públicas, terras devolutas, do povo do estado de São Paulo, para os grandes latifundiários, para os donos do grande agronegócio predador do estado de São Paulo. Predador da natureza, que envenena, inclusive, os alimentos. E agora, recentemente, foram publicados os editais, praticamente doando essas terras a esses grandes grupos que eu acabei de citar.

No último dia 9 de maio, eu ingressei com duas representações. Uma, no Ministério Público do Estado. E uma outra, no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, pedindo para que ambos entrem com recursos contra esses editais, que estão entregando, vendendo a preço de banana milhares de hectares a esses grandes grupos econômicos. É a reforma agrária para os ricos, do “tucanato”, e com aval, agora, do Tarcísio de Freitas.

Eu quero mostrar aqui no telão, Sr. Presidente, os editais. Esse aqui é um deles, é um edital que foi publicado exatamente no dia quatro de maio, olha só. É a Fazenda São João, uma fazenda já existente, com aproximadamente 1.344 hectares. Essa fazenda, que pertence à família Junqueira, fica na região do Pontal do Paranapanema, em Marabá Paulista.

Essa fazenda, que é enorme, Sr. Presidente, e vive da monocultura, teve uma avaliação pelo Instituto de Economia Agrícola, como está aqui nesse edital, nessa publicação do Diário Oficial do Estado de São Paulo, publicação do Itesp, de aproximadamente 20 milhões de reais, que é um valor baixo.

Porque o valor de mercado - nós fizemos levantamentos na região sobre valores de mercado em relação a propriedades com esse número de hectares - gira em torno de aproximadamente, por baixo, 70 milhões de reais. Seria o valor, na verdade, dessa propriedade; valor de mercado.

O Instituto de Economia Agrícola rebaixou para 20 milhões, porém o Itesp vai vender, vai doar, vai entregar de mão beijada para essa família Junqueira por apenas aproximadamente quatro milhões de reais. Sr. Presidente, isso é um crime contra o patrimônio público que foi legalizado.

Essa lei tem que ser derrubada. Eu entrei com as representações, justamente para que o Tribunal de Contas conteste e o Ministério Público também, porque cabe recurso a esses valores.

E tem um outro exemplo, também, tão grave, Sr. Presidente... São vários, na verdade. Eu estou selecionando apenas dois para que a população tenha a clareza da gravidade da situação.

Aqui nós temos a Fazenda Sucutira, que fica no município de Teodoro Sampaio. A mesma coisa: ela tem aproximadamente 770 hectares; o valor dela, que foi avaliado pelo Instituto de Economia Agrícola, foi de nove milhões.

Porém, ela está sendo entregue por apenas dois milhões; mas o valor de mercado supera, na região, os 50 milhões de reais. Então, uma terra que vale quase ou mais de 50 milhões, em média, no mercado, está sendo doada para um grande grupo por dois milhões.

E assim vai; são vários editais, Sr. Presidente, que estão sendo publicados e avaliados. Isso é gravíssimo, isso é um crime contra o patrimônio, contra o povo do estado de São Paulo.

É a reforma agrária para os ricos, é a grilagem, a invasão de terras legalizada pelo Governo do Estado, pela bancada tucana, que tem nome aqui na Assembleia Legislativa e que aprovou esse projeto.

Nós votamos contra, no final do ano passado, e denunciamos essa grilagem para os ricos. E agora ficam querendo implantar aqui na Alesp uma CPI para investigar o MST, para penalizar os trabalhadores rurais, produtores de alimento orgânico. Tentam inverter aqui as coisas. Tem uma outra CPI no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.

Então, isso tem que ser investigado, Sr. Presidente. Inclusive, eu estou já levando essa denúncia para que ela seja analisada também na CPI da Câmara dos Deputados, porque isso tem que ser investigado. É grave. Enquanto o Supremo não resolve essa situação, deputado Suplicy, em relação à lei que é, na nossa opinião, inconstitucional, nós temos que tomar medidas.

E uma delas é essa que eu tomei, acionando o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e o Ministério Público Estadual, para que providências sejam tomadas. Porque tem outras terras na mesma situação, que estão sendo entregues ao grande latifúndio.

Então, para os ricos, tudo; para os desmatadores, para os agressores do meio ambiente, para a monocultura, tudo; e para os trabalhadores rurais, nada, Sr. Presidente, para eles, a criminalização das suas lutas. É isso o que está acontecendo no estado de São Paulo e no Brasil também.

Então, espero que o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas tomem providências, porque nós tomamos a nossa aqui, que foi votando contra, obstruindo o projeto, e agora acionando o MP e o TCE, através de representações que eu fiz, no dia nove de maio, Sr. Presidente.

Então, espero que essas providências sejam tomadas, e que essa entrega das nossas terras do estado de São Paulo seja devolvida ao Estado e elas sejam utilizadas para uma verdadeira reforma agrária, e entregues a quem produz na terra aqui no estado de São Paulo.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Pela ordem, deputado Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Agradeço se puder falar pelo Art. 82 por cinco minutos.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Estamos encerrando o Pequeno Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE  EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Passamos a palavra para o deputado Eduardo Matarazzo Suplicy, pelo Art. 82, pelo prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PELO ART. 82 - Presidente, deputado Paulo Reis, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, gostaria de chamar a atenção para a matéria que saiu hoje na “Folha”, acerca da Lei nº 17.557, de 2022, que trata sobre o programa estadual de regularização de terras, autorizando a Fazenda a celebrar acordo, judicial ou administrativamente, para fins de alienação onerosa de terras presumivelmente devolutas, assunto que foi objeto também da fala do deputado Carlos Giannazi.

A bancada do PT entrou com ação direta de inconstitucionalidade e com pedido de medida cautelar contra esta lei, que foi apelidada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra como a “lei da grilagem”. Segundo a matéria, vem ocorrendo uma aceleração no processo de regularização de terras que são áreas públicas ocupadas irregularmente.

A Procuradoria Geral da República deferiu uma medida cautelar que suspende os efeitos desta lei desde 15 de fevereiro deste ano. Porém, mesmo assim, o Instituto de Terras do Estado de São Paulo, Itesp está dando continuidade e julgando procedentes diversos processos de grandes produtores. O próprio diretor executivo do Itesp, Guilherme Piai, reconhece, em vídeo, que a lei pode cair a qualquer momento, conforme o parecer da Procuradoria Geral da República.

A AGU manifestou-se pelo deferimento parcial da medida cautelar, por entender que a lei deixa de preconizar a necessidade das macrodiretrizes distributivas previstas nas normas constitucionais que regem as políticas nacionais de desenvolvimento agrário e urbano, sobretudo a de reforma agrária e proteção do Meio Ambiente, dos povos originários, da regularização dos territórios quilombolas e da concretização da função social da propriedade.

Enquanto a Constituição prevê, em seu Art. 22, como competência privativa da União legislar sobre direito agrário e, uma vez que o assunto trata de objeto de direito agrário, o Art. 188 estabelece a necessidade de compatibilização como política agrícola, e com o Plano Nacional de Reforma Agrária, o que não consta tanto na lei quanto no decreto regulamentador.

Ainda conforme o parecer da Procuradoria Geral da República sobre o disposto, a regularização fundiária rural é a privatização de terras públicas que se enquadram como hipótese de alienação de bens da administração e, portanto, deve seguir o princípio da obrigatoriedade de licitação, o que não cabe a estados legislar sobre processos de dispensa de licitação, inclusive para alienação de imóveis.

A lei de licitações indica, em seu Art. 17, que a alienação de bens da administração pública deverá ser subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, sendo precedido, no caso de imóveis, de autorização legislativa, que deve ser votada inclusive por nós, deputados e deputadas desta Casa.

Conforme o relatório “Conflitos no Campo: Brasil”, da Comissão Pastoral da Terra, CPT, publicado recentemente em 2022, o estado de São Paulo registrou 15 áreas com conflitos por terra que envolvem 1.565 famílias, dentre as quais temos assentados, comunidades quilombolas e indígenas.

É inaceitável que grupos inteiros, com diversas famílias que lutam por terra, que a utilizam para a função social, para a plantação de orgânicos, sejam criminalizados ao passo que outras famílias abastadas, para o fazer, possam pagar por glebas de hectares e hectares abaixo dos preços e com baixas parcelas. Se tais terras devem ser utilizadas para a função social nessas condições, que sejam respeitadas as legislações que asseguram a reforma agrária.

Sr. Presidente, eu gostaria de registrar brevemente que hoje houve a posse da nova reitoria da Escola Paulista de Medicina, a transmissão foi do Dr. Fulvio Alexandre Scorza ao professor Magnus Dias da Silva e à vice-diretora Marimélia Porcionatto. A professora Soraya Soubhi Smaili, ex-reitora da Unifesp, me convidou para assistir e estar presente nessa comemoração tão bela que acontece por ocasião dos 90 anos de aniversário da Escola Paulista de Medicina.

E, nesta mesma manhã, houve também a comemoração dos 90 anos da fundação da Escola de Sociologia e Política, que também reuniu tantas pessoas juntamente com o novo diretor, Angelo del Vecchio, como Vicente Trevas, a diretora Valquíria e tantos intelectuais, sociólogos, economistas, cientistas sociais que lá estiveram numa bonita comemoração dessa instituição, fundada por Roberto Simonsen, que, inclusive, muito ajudou a industrialização do Brasil.

Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente. Eu gostaria de utilizar a tribuna pelo Art. 82 da liderança do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental, tem V. Exa. o tempo de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Presidente, deputado Reis, recebi esta semana as propostas do Fórum das Seis em relação à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2000 para 2024, que nós vamos começar a debater agora, nesse final do primeiro semestre, uma lei importante que estabelece as diretrizes para a organização do orçamento para o ano que vem. Já protocolamos inclusive, como sempre fizemos, há anos que nós apresentamos as emendas do Fórum das Seis que, para quem não sabe, representa as nossas três universidades, toda a comunidade acadêmica, os professores, os alunos e os funcionários da USP, da Unicamp, da Unesp e também dos servidores, dos professores e dos alunos do Centro Paula Souza.

São várias as emendas, todas elas pertinentes que nós apoiamos, tanto é que nós apresentamos para que elas sejam publicadas na LDO. Eu queria chamar a atenção de algumas importantíssimas, Sr. Presidente, principalmente no momento em que o governador Tarcísio de Freitas anuncia que vai reduzir o orçamento da Educação.

Ele disse que vai enviar uma PEC aqui, para a Assembleia Legislativa, mudando a Constituição Estadual, que obriga o Estado a investir 30% do orçamento em Educação pública, no entanto, ele disse que vai reduzir para 25 por cento.

Isso é um crime, é um atentado contra a Educação pública no nosso Estado, e tudo faremos para que esse projeto, para que essa nefasta e perversa proposta não seja aprovada na Assembleia Legislativa.

Uma das emendas, aliás, a primeira emenda apresentada pelo Fórum das Seis combate exatamente isso, porque o Fórum defende aqui o investimento mínimo de 33%, não de 30%. Aumenta, o Fórum vai além, porque nós precisamos realmente aumentar o investimento em Educação no estado de São Paulo, é disso que nós precisamos.

Nós precisamos valorizar os profissionais da Educação com salários dignos, nós precisamos investir na infraestrutura das nossas escolas estaduais, que estão degradadas e sucateadas. Então as escolas precisam de laboratórios, oficinas e materiais pedagógicos; precisam de quadras para esportes, para a prática das aulas de educação física.

Enfim, eu tenho mostrado quase semanalmente aqui no plenário, inclusive com fotos, imagens e vídeos, a degradação da rede pública de ensino. No entanto, o governador vai na contramão e ameaça reduzir o orçamento, mas o Fórum das Seis corretamente diz: “não, tem que aumentar, não reduzir”. Então todo o nosso apoio a essa importante proposta de imprimir um investimento mínimo de 33% na Educação do estado de São Paulo.

Ainda nesse campo do financiamento da Educação, deputado Suplicy, Vossa Excelência, que é economista e também professor da Getúlio Vargas, olha só: o Fórum das Seis também defende o aumento do percentual de financiamento para as universidades, porque desde 1995 o governo estadual investe apenas 9,57% da cota, parte do ICMS - isso é pouco. De 1995 até os dias de hoje, as universidades expandiram os campi, os cursos, contrataram mais funcionários e professores, mas o percentual de investimento ainda é o mesmo de 1995 - há quase 30 anos é o mesmo percentual.

O Fórum das Seis, de uma forma acertada, defende também o aumento desse percentual, e na segunda proposta aqui, apresentada pelo Art. 5º, o Fórum defende um investimento do percentual global, que ele seja de pelo menos, de no mínimo 11,6 por cento.

Eu digo que ainda é pouco, mas seria minimamente razoável a Assembleia Legislativa aprovar essa emenda do Fórum, porque nós temos que aumentar o número de universidades públicas no estado de São Paulo para atender a demanda do ensino superior, que infelizmente é atendida pelas universidades privadas e uma boa parte delas sem oferta da qualidade de ensino - são as famosas uniesquinas da vida.

Nós queremos universidades públicas em todas as regiões do nosso Estado, e São Paulo tem orçamento para isso. São várias propostas que nós estamos apoiando, Sr. Presidente. Sei que encerrou meu tempo.

Por fim, uma preocupação e uma denúncia gravíssima ainda do Fórum em relação aos descontos indevidos na base de cálculo. Isso nós já tínhamos denunciado em vários anos anteriores, e isso não foi resolvido ainda porque há um desconto indevido na base de cálculo.

O governo retira o orçamento da habitação de multas, juros de mora e da dívida ativa, reduzindo ainda mais a parte de financiamento das nossas universidades. É um truque, uma manobra contábil para diminuir o investimento nas nossas três universidades e no Centro Paula Souza.

Então, o nosso total apoio e peço, sobretudo, o apoio dos deputados, que também receberam esse documento, porque ele foi entregue, ele é público, está publicado no “Diário Oficial”.

É muito importante que nós possamos defender a educação básica do estado de São Paulo, a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, o ensino técnico e tecnológico e o ensino superior, sobretudo as nossas três universidades: a USP, a Unicamp e a Unesp.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão. Tenham todos uma boa tarde.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 16 minutos.

           

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