17 DE AGOSTO DE 2023

83ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: ANA PERUGINI, CARLOS GIANNAZI, CONTE LOPES e MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - ANA PERUGINI

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - PROFESSORA BEBEL

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - PROFESSORA BEBEL

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

5 - PRESIDENTE ANA PERUGINI

Endossa o pronunciamento da deputada Professora Bebel.

        

6 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

7 - ANA PERUGINI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - CONTE LOPES

Assume a Presidência.

        

9 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Assume a Presidência.  Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

        

11 - CONTE LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

12 - CONTE LOPES

Assume a Presidência.

        

13 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

14 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

15 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

16 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

17 - PRESIDENTE CONTE LOPES

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 18/08, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

        

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Ana Perugini.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - ANA PERUGINI - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção do nosso Senhor, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Inscritos agora os oradores no Pequeno Expediente, eu passo a chamar: Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputada Thainara Faria. (Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Delegado Olim. (Pausa.) Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Solange Freitas. (Pausa.)

Marta Costa. (Pausa.) Reis. (Pausa.) Paulo Mansur. (Pausa.) Itamar Borges. (Pausa.) Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Rui Alves. (Pausa.) Dani Alonso. (Pausa.) Capitão Telhada. (Pausa.) Deputada Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sra. Presidente. Satisfação vê-la sentada aí nessa mesa, sonho nosso, um dia a gente chega lá. Cumprimento todos os que estão na Mesa Diretora de Trabalhos, os assessores a minha esquerda, a minha direita, enfim, todos que nos ouvem e assistem através da Rede Alesp.

Eu posso dizer que começo o dia muito bem. Aliás, eu dormi muito bem essa noite. Eu tive um dia atribulado ontem, com muita atividade, organizamos um ato em frente à Secretaria da Educação em plena quarta-feira e o ato foi bastante representativo. Isso é notório. Em plena quarta-feira.

Por quê? Porque nós, os profissionais da Educação, estamos tendo um conjunto de ações que estão deixando os professores até adoecidos em certa medida. Acho que o mais complicado foi essa tentativa de trocar o livro didático pelas apostilas digitalizadas e, depois, voltar atrás e dizer “não, nós vamos entregar a nossa apostila”.

Nós batemos o pé e dissemos que não concordamos. O estado de São Paulo faz parte do Plano Nacional do Livro Didático e o livro didático é a forma de democratizar o acesso à leitura e à escrita. Não o único, mas uma das formas de democratizar. É a forma que as famílias pobres, os filhos e filhas da classe trabalhadora, têm para poder chegar em casa, pesquisar, estudar, fazer a tarefa, enfim, esta era a grande questão.

E eu fiz essa fala, nós fizemos uma audiência pública, aliás, estamos há um tempo nesse processo. Fizemos uma audiência pública muito representativa, esteve lá o meu nobre deputado e senador Eduardo Suplicy com a presença do MEC, com a presença de pessoas de renome para dizer que o estado de São Paulo não pode ficar fora do livro didático.

Deputada Ana Perugini, se o governo não recuar, eu quero dizer... Tem ação do deputado Giannazi aqui, sim, mas é em caráter liminar, mas a ação política dos professores irem para frente da Secretaria dizendo que não aceitavam aquilo fez o governo recuar. Fez recuar porque nós tiramos de lá a posição, deputado Suplicy, de fazer uma assembleia e, se fosse o caso, ir a uma greve, mas, da forma como estava não poderia ficar.

Foi alertado lá por mim que se até o dia 23 V. Exas. não indicarem, não se inscreverem para o livro didático, o estado de São Paulo ficará quatro anos fora do Plano Nacional do Livro Didático. Parece-me, essa é a tese de que nós ganhamos. À noite saiu a nota do governador, à noite, não, à tardezinha já, tão logo terminou o nosso ato, fizemos um abraço na Secretaria, não para abraçar o secretário: para dizer que ali é a Praça da República, portanto, do povo, e que a Secretaria do estado da Educação, a política pública que lá existe é nossa.

Mas não na concepção que quer o secretário. Nós podemos debater, nós temos conhecimento para isso. Hoje sei que ele vai anunciar medidas na live, tem a ver com a audiência pública que nós fizemos aqui no Kobayashi.

Comprometimento com acabar com a APDE, a Atividade Pedagógica Diversificada em Local de Livre Escolha, porque é um absurdo o professor ter que fazer esse trabalho dentro da sala de aula, com barulho - ou na escola barulho tem que acontecer mesmo, estamos lidando com estudantes – e, ao mesmo tempo, acabar com essa tristeza de que se faltar duas aulinhas para ir ao médico, deputada Ana Perugini, o professor perde o dia todo. Isso é injusto, é desumano, é trabalho escravo. Isso tem que recuar.

Só para terminar: a terceira questão é a forma da atribuição de aulas. Não pode ser por jornada, mas tem que ser por tudo que agrega. Então estou, digo para vocês, que estão presentes neste plenário, que não é ainda o que queremos. Com certeza, falava eu hoje no ato dos trabalhadores da Saúde, nós vamos ter um dia estadual de greve do funcionalismo público.

Vai ter congresso nosso em Piracicaba, nos dias 1.º, 2 e 3 de setembro, e vamos aprovar um plano de lutas, porque este plano de lutas vai ser capaz, sim, de virar a história da Educação no estado de São Paulo, e nós sairemos fortalecidos, o que demonstra que é na rua e na luta que a gente ganha uma proposta.

Muito obrigada, Sra. Presidente.

Agradeço a oportunidade.

Parabenizo-a por estar aí.

Peço licença para me retirar porque tenho uma longa jornada ainda hoje.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANA PERUGINI - PT - Parabéns, Professora Bebel. Próximo inscrito, Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Mauro Bragato. (Pausa.) Fabiana Barroso. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Querida presidente, deputada Ana Perugini, está ocorrendo, neste instante, aqui na Sala Teotônio Vilela, um encontro do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, Sinteps, pessoa jurídica de direito privado inscrita na CNPJ, e que fica na Praça Coronel Fernandes Prestes, no Bom Retiro, em São Paulo.

E ali estão reunidos para solicitar a atenção por parte do secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, e da Superintendência do Ceeteps, Laura Laganá e, obviamente, do governador Tarcísio de Freitas.

Por que estão tão preocupados os trabalhadores do Centro Paula Souza que pedem o apoio à greve iniciada no dia 8 de agosto passado. Aqui eles transmitem o seguinte:

“Nós, professores, auxiliares docentes e funcionários administrativos das Etecs (Escolas Técnicas) e Fatecs (Faculdades de Tecnologia) do Centro Paula Souza, pedem a sua atenção e apoio porque estão em greve por tempo indeterminado a partir do dia 8 de agosto de 2023 pelas seguintes quatro reivindicações centrais.

Pelo fim do arrocho salarial: temos perdas salariais acumuladas há anos. Enquanto a inflação avança mês a mês, nossos salários seguem praticamente congelados e perdendo poder de compra.

Queremos que a Superintendência do Centro Paula Souza e o governo Tarcísio de Freitas negociem com nossa entidade sindical, o Sinteps, a reposição destas perdas. Assim como a Assembleia Legislativa aprovou um reajuste de 50% nos salários do governador e de seus secretários, e também um reajuste de até 34% ao pessoal da Segurança Pública, é preciso que se faça justiça com os trabalhadores das Etecs e Fatecs, que se dedicam para manter a instituição entre as referências de qualidade na Educação Pública.

O reajuste de 6% concedido pelo governo para as outras categorias do funcionalismo é aviltante e não repõe a mínima parte do que perdemos para a inflação.

Segundo - Pelo imediato pagamento do Bônus Resultado. Embora seja um direito da categoria, todo ano o governo manipula as datas a seu bel prazer, pagando o Bônus Resultado quando bem entende.” Então, querem os servidores das Etecs e Fatecs que haja o pagamento imediato do Bônus Resultado.

Terceiro - “Pedimos a revisão da nossa carreira e atendimento dos anseios da categoria. Há anos estamos reivindicando a revisão da nossa carreira, que foi implantada em 2014 e que deixou para trás muitos direitos importantes.

Queremos que a Superintendência do Centro e o governo estadual negociem com o nosso sindicato as reformas desejadas pelos trabalhadores e as aprovem o quanto antes. Elas dizem respeito à nossa valorização como profissionais do Centro e a melhores condições de trabalho para todos.

Também reivindicamos contratações urgentes, de funcionários e docentes, para suprir as necessidades das nossas Etecs e Fatecs. E, finalmente, a defesa das escolas do Centro Paula Souza.

Por meio da Secretaria de Educação (Seduc), o governo Tarcísio decidiu implementar o ensino técnico diretamente na rede estadual, à margem do Centro Paula Souza, que é o órgão estadual paulista responsável por essa modalidade de ensino há mais de 50 anos, com notória qualidade e respeito da sociedade.

A possibilidade de uma rede paralela de ensino técnico - sem investimentos, sem estrutura laboratorial e sem contratação de professores habilitados - poderá ser um golpe de morte nas nossas Etecs.

Assim, do Governo do Estado e da direção do Centro Paula Souza, exigimos respeito. De nossa parte, seguiremos fazendo o que sempre fizemos: serviço público de qualidade, educação profissional e tecnológica de excelência nas Etecs e Fatecs! Agosto de 2023, assinam os professores auxiliares, os docentes e funcionários administrativos das Etecs e Fatecs, do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza.

E eu espero que, uma vez que foram convidados para dialogar com eles nessa tarde, no Auditório Teotônio Vilela, que possam lá chegar o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, e a superintendência do Ceeteps, Laura Laganá.

E, prezada deputada Bebel, também eles estão de acordo que deve ser respeitado o livro didático em todo o sistema de ensino estadual.

Muito obrigado.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANA PERUGINI - PT - Pois não, deputada Bebel?

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Para uma pequena comunicação.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANA PERUGINI - PT - Pois não.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Eu vou ler a minha comunicação, a moção.

Moção nº 413, de 2023, para o Sr. Presidente da Casa, da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo:

“Requeiro à Mesa desta Augusta Casa Legislativa, após ouvir do egrégio plenário, na forma regimental, dignes de aprovar e encaminhar a presente moção de apoio aos trabalhadores e trabalhadoras das Etecs, Fatecs, do Centro Paula Souza, em razão da luta para que o governo do estado de São Paulo atenda às suas reivindicações.

Justificativa: este vereador solidariza-se com os funcionários, auxiliares e docentes e professores das escolas técnicas, Etecs; faculdades de tecnologia, Fatecs; administração central do Centro Paula Souza, Ceeteps. E apoia as suas justas reivindicações já apresentadas à instituição e ao governo do estado de São Paulo.

Reajuste liminar de 53.23% para todos, a partir de março; revisão da carreira em vigor, de acordo com os direitos e necessidades de todos os segmentos que compõem a categoria; pagamento imediato do bônus resultado, e defesa das escolas do Centro Paula Souza.

Desta forma, solicitamos à superintendência dos Ceeteps, ao secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, prof. Vahan Agopyan, e ao governador Sr. Tarcísio de Freitas, que abram as negociações com o sindicato que representa a categoria, os Sinteps.

Consideramos justas as reivindicações desses profissionais que realizam um excelente trabalho na oferta da educação profissional e tecnológica de qualidade, para os nossos jovens.

Além disso, solicitamos aos Srs. e Sras. Deputados Estaduais paulistas, que apoiem emendas, preveem dotação orçamentária para o Centro Paula Souza na Lei de Diretrizes Orçamentárias, LDO 2024, em tramitação na Alesp, como exemplo citamos as emendas nº 280.752.784.424.

Assim, pelas razões acima citadas, justifica-se moção de apoio aos trabalhadores das Etecs, Fatecs, Centro Paula Souza, em razão, para que o governo atenda às suas reivindicações.

Foi com cópia para a prof.ª Laura Laganá, excelentíssima senhora superintendente dos Ceeteps; prof. dr. Vahan Agopyan, excelentíssimo senhor secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação; senhor Tarcísio de Freitas, excelentíssimo senhor governador, deputados e deputadas da Alesp, sala das sessões, vereador Rafael Orsi Filho.

Quatorze de agosto, de 2023. Vereador Eduardo Dade Salum”.

Deixo aqui então, para os autos, na mesa.

Obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - ANA PERUGINI - PT - Obrigada, Professora Bebel. Parabéns aos educadores, professores e professoras das escolas técnicas, das Etecs aqui do estado de São Paulo.

Eu peço ao deputado Carlos Giannazi que assuma a Presidência, porque logo farei uso da palavra também.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Experiente, com a palavra a deputada Ediane Maria. (Pausa.) Com a palavra, o deputado Atila Jacomussi. (Pausa.)  Com a palavra o deputado Simão Pedro. (Pausa.) Com a palavra o deputado Carlos Cezar. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra a deputada Carla Morando. (Pausa.) Com a palavra o deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Com a palavra o deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Dr. Elton. (Pausa.) Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra a deputada Letícia Aguiar. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Com a palavra o deputado Vitão do Cachorrão. (Pausa.)

Com a palavra a deputada Ana Perugini, que fará uso regimental da tribuna.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sras. Deputadas, Srs. Deputados que estão na Casa e certamente tomaram conhecimento dos pronunciamentos que foram feitos aqui, deputado presidente, por ora, à nossa Casa... Se não me falha a memória, o senhor está inscrito também logo depois.

Mas eu quero agradecer as funcionárias, os funcionários que estão aqui, e dar parabéns àqueles que me antecederam, a Professora Bebel e também o nosso sempre companheiro - porque já foi senador, já foi vereador e está nos abrilhantando nesta Casa - o deputado Eduardo Suplicy, que fez menção ao que está ocorrendo hoje no estado de São Paulo na Educação, e a Professora Bebel nos acalentou com a esperança e com o avanço em relação àquilo que está sendo feito hoje na educação do nosso Estado.

E aqui, eu, fazendo uma fala diversa, até das crianças que estudam na Etec, até minha filha que faz o ensino fundamental na escola púbica. Quando ela soube - ela está cursando o nono ano - quando ela soube do ocorrido, da medida em relação aos livros digitais...

Imediatamente ela soube por conta de um comentário que eu fazia com a minha irmã, que é professora na Unicamp. Nós: “Olhe o que vai acontecer”; ela falou: “Meu Deus, pode parar. Já basta, fecha a cortina, fecha a porta, escurece, apaga a luz, não está dando para enxergar. Como é que vão ser as aulas daqui por diante?”

Então, antes de tudo, nós temos entidades que representam a educação aqui no estado de São Paulo. Nós temos professores e professoras que merecem e devem ser consultados sobre medidas que podem mudar, absolutamente, a vida dos estudantes e dos profissionais da Educação aqui no estado de São Paulo.

De antemão isso, porque se uma criança que está cursando o nono ano do ensino fundamental já tem um parecer sobre o que está acontecendo, quiçá todos hoje que defendem a educação pública aqui do estado de São Paulo.

E, para além do que está acontecendo na Etec, a minha filha hoje, que está concluindo o curso de Medicina, foi aluna da Etec. Foi aluna da Etec e nós sabemos que a Etec aqui no estado de São Paulo precisou abraçar o ensino médio porque tinha a melhor aprovação na educação aqui no estado de São Paulo e era necessário elevar a média do estado de São Paulo nas escolas públicas estaduais.

Então o movimento inverso não pode ser aceito e a greve é justa, é absolutamente legítima e é pela qualidade da Educação. Nós não podemos pensar, ainda que de forma mais leiga possível, na possibilidade do ensino técnico sem laboratório, sem infraestrutura e sem profissionais qualificados, já que nas escolas estaduais nós temos, inclusive, dificuldade na implementação dos laboratórios com os computadores porque não há profissionais habilitados para o ensino nesses laboratórios.

Mas o que me traz aqui hoje é a audiência pública que tratou da aplicação de agrotóxico por pulverização aqui no estado de São Paulo. É claro que esse assunto atinge não só o estado de São Paulo, mas há a limitação aqui que nós estamos vencendo a partir do diálogo tanto com a Câmara em Brasília como também com o Senado, e com os nossos ministros, com os ambientalistas e com os estudos que cuidam dessa questão.

Mas, aqui no estado de São Paulo, nós recebemos o alerta da mortandade de peixes, de hortaliças, bichos da seda, abelhas, o que é absolutamente inaceitável, porque pensar em qualquer tipo de agricultura sem a existência das abelhas é absolutamente impossível.

E eu estou falando também da mortalidade de abelhas, nem isso está mais sendo respeitado. E nessa audiência pública em que nós tratamos da pulverização, de onde eu saí, porque eu estou na audiência pública para me manter, para aprimorar, para me demover da ideia anterior. E a ideia era regulamentar, é aumentar a margem.

Eu saí de lá convencida de que nós não podemos mais aceitar pulverização de agrotóxico nem por avião, nem por drone, nem por canhão. Canhão, porque o canhão também pulveriza e ele espalha no entorno. Nós não podemos aceitar, porque me chamou muito a atenção, não só os profissionais.

E aqui eu quero ressaltar a presença do Gilmar Mauro, que é membro da direção nacional do maior movimento social da América Latina, que é o MST; da Superintendência do Incra, Dra. Sabrina Diniz; do defensor público Marcelo Novaes; do promotor de Justiça do Gaema de Piracicaba, Dr. Ivan Carneiro Castanheiro; a presença do procurador do Ministério Público do Trabalho, Dr. Paulo Crestana; da educadora ambiental Dora Lima; de integrantes do Fórum Paulista de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos Transgênicos; e dos agricultores familiares: o Sr. José Luiz das Chagas, da região de Regência, em Paulicéia, na região de Dracena; da Sra. Bianca Santos Lopes, do assentamento Chico Castro Alves, em Martinópolis, na região de Presidente Prudente, onde eu deveria estar, inclusive, hoje.

Mas nós tínhamos a audiência para tratar também aqui, do projeto de lei que iria majorar as taxas no estado de São Paulo, para ingresso com uma ação judicial, que é o 752, de 2021. Foi pedido que ocorresse essa audiência e foi por demais importante a nossa participação para ouvir.

Mas o que eu quero trazer aqui em relação ao uso dos agrotóxicos é o que todos nós sabemos, as abelhas foram mortas, os bichos da seda foram mortos, os peixes foram mortos. Para que haja uma ação criminal no nosso País, nós precisamos do nexo de causalidade. É preciso provar que foi o veneno que matou a abelha, que foi o veneno que matou o bicho da seda.

É preciso que haja prova disso, e, muitas vezes, o agricultor familiar, isso é rotineiro, não tem condição econômica sequer para pagar uma análise daquilo que levou à mortandade da sua produção. E o mais estranho possível é que houve a denúncia de região que foi pulverizada, e que está aguardando ainda o inquérito acontecer.

Aí vem uma outra denunciante e fala o seguinte: num assentamento, numa distância de mais de 10 quilômetros entre uma casa e outra, nós tivemos uma epidemia de virose, de conjuntivite. Então, nós precisamos olhar para tudo o que está acontecendo.

Quando se fala de agrotóxico, nós temos do outro lado. E aí eu quero agradecer muito, mas muito, a participação do meu companheiro, deputado Simão Pedro, com quem, com toda certeza, nós vamos apresentar os projetos em relação ao que está acontecendo aqui.

E agradecer, também, a presença do deputado Lucas Bove, que esteve presente com uma posição diferente, mas que fez uso da palavra, inclusive eu sugeri que fizesse também uma audiência para tratar dos agrotóxicos. Eu faço questão de compor a mesa nesse caso. O deputado fez questão só de usar a palavra e não quis compor a mesa conosco, mas falou do seu posicionamento.

Eu saí de lá convencida de que nós não podemos mais aceitar isso. E foi muito importante a presença da Defensoria Pública, na pessoa do Dr. Novaes, quando ele falou que um mal necessário é um mal necessário até que não haja uma outra forma de se fazer as coisas aqui.

E nós sabíamos que os institutos, que poderiam estar pesquisando e nos orientando sobre aquilo que nós podemos ou não fazer hoje, estão desprovidos de recursos econômicos para fazer, inclusive, as pesquisas.

Eu tive a oportunidade de estar em Botucatu preparando essa audiência pública e conversando com o Instituto de Biologia, que me pediu emenda parlamentar para conseguir finalizar o exame para diagnosticar com antecedência o efeito do agrotóxico no organismo de quem o pulveriza, porque eles não têm esse recurso financeiro.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

 

* * *

Lá também, como encontrei na audiência pessoas altamente comprometidas com a causa, que falam que se sentem absolutamente impotentes, porque sabem como é recebido o agrotóxico no nosso organismo, Tânia, que o lê como um hormônio, e que gera câncer.

Aí, você vê, “ah, mas não tem uma pesquisa séria que nos mostre isso”. Será que não tem pesquisa séria que nos mostre isso? Será que todos os dados que foram apresentados naquela audiência pública não são sérios, não foram catalogados? Ou será que a aprovação de agrotóxicos em nosso país ainda é feita...

E aí, eu escutei um comentário muito interessante: se esse é um caso de vida ou morte, e é um caso de saúde, será que não é a comunidade médica que tem que dizer o que pode ou não pode ser usado na agricultura? Porque é o número de deputados na Câmara Federal que diz o que pode e o que não pode aqui. Esse é o “x” da questão.

Aí, você escuta a outra balela, que um alimento sem agrotóxico é muito caro. Vocês têm uma ideia do tamanho do incentivo que os venenos têm aqui no nosso país? Só para a importação, alíquota zero em PIS e Cofins; para a circulação aqui dentro do País, 60% de desconto no ICMS; e para a produção, 0%, isenção total de IPI. Vocês imaginam se nós tivemos isso em relação a um único alimento sem agrotóxico.

Então, nós precisamos de, além de receber o conhecimento, ter a humildade de saber que nós estamos em um processo de aprendizado, que nós precisamos avançar porque, como diz o José Luiz, que provocou, inclusive, choro ali, nós temos que fazer essa resistência até para salvar quem defende o uso de agrotóxico.

Eu até falei assim, exceto se quem usa o agrotóxico tem uma extensão territorial de plantação de cana ou de laranja lá na região de Andradina, mas não mora nem no nosso país - exceto isso. Mas há a necessidade daqueles que ainda...

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Para encerrar, nobre deputada.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Fazem essa luta, deputado, até para a sobrevida daqueles que defendem o contrário. Então, fica aqui o registro e o meu agradecimento. Nós estamos fazendo isso já tratando de tudo que foi determinado naquela audiência e, com certeza, outras nós teremos, porque estou convencida e...

Deputado, quero fazer um registro que é muito importante para aquele que está nos ouvindo sentado, para aquele que está nos ouvindo trabalhando aqui dentro e para os deputados e as deputadas.

Quando nós começamos a mexer com o pedágio aqui, no estado de São Paulo, falaram que era campanha eleitoral, hoje a nossa região é a única do nosso Estado que tem o Ponto a Ponto - a única.

Quando nós começamos a defender que deveriam ter mitigação as cidades com unidades prisionais, nós não conseguimos passar o projeto. O deputado Bruno Covas, que estava aqui na Casa, deu parecer favorável e falou que o projeto era necessário - hoje não está entre nós.

Agora também há todo o óbice para que o projeto não seja votado. Hoje o Governo do Estado de São Paulo não consegue mais instalar uma única delegacia ou um único presídio no estado de São Paulo sem conversar com o prefeito, como outrora era feito.

Já passou da hora de proibir agrotóxico aqui no estado de São Paulo. Os melhores institutos, as melhores escolas, as melhores universidades estão aqui, e nós precisamos encontrar formas de nos alimentar sem estar nos matando ao mesmo tempo. Isso é possível, é real, basta um pouco de coerência, porque até a solidariedade existe, essa inteligência que todos nós precisamos ter, e quiçá nós possamos, com o apoio de toda esta Casa, mudar essa legislação incoerente com esse século.

Muito obrigada pela tolerância, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Agradeço todas as palavras, nobre deputada Ana Perugini. Próxima oradora inscrita, nobre deputada Valeria Bolsonaro. (Pausa.) Próximo orador inscrito, nobre deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Conte Lopes, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia... Sr. Presidente, ontem nós conseguimos impedir um crime, um verdadeiro crime de lesa-educação contra praticamente 4 milhões de alunos matriculados na rede estadual.

Estou me referindo aqui à tentativa da Secretaria da Educação, do governo Tarcísio, do dono da Multilaser, o secretário da Educação, Renato Feder, em retirar os livros didáticos das escolas estaduais. Através de um ato administrativo, ele estava ordenando, estava retirando o estado de São Paulo, a nossa Secretaria da Educação, do Programa Nacional do Livro Didático.

Isso seria um desastre do ponto de vista educacional. Porque você não retira livro didático da rede estadual, de escola pública, nem de escola privada. Esses livros são livros adotados nas maiores redes de ensino do Brasil, nas menores, nas maiores, em quase todas, em 95% das redes de ensino do Brasil, e das escolas particulares também.

Aqui em São Paulo, escolas como o Colégio Bandeirantes, o Colégio Cervantes, essas escolas adotam muitos desses livros que são distribuídos para os nossos alunos. Livros escolhidos pelos professores, selecionados pelos professores da própria rede estadual.

Nós, através de uma ampla mobilização, na verdade, da sociedade, dos professores, do Magistério, das entidades representativas do Magistério, através também da própria imprensa, que ficou contra, editoriais nos principais jornais se manifestaram contra essa medida. Mas ontem nós conseguimos que o Tribunal de Justiça, o TJ, através da sua 4ª Vara, acolhesse uma ação popular que nós protocolamos no TJ.

Quando eu digo “nós”, estou me referindo ao nosso coletivo Educação em Primeiro Lugar, que é o meu mandato aqui na Assembleia Legislativa, o mandato da Educação.

O mandato da deputada federal Luciene Cavalcante, que é professora também, supervisora de ensino aqui da rede São Paulo. E do nosso vereador aqui na Câmara Municipal, da Comissão de Educação, o vereador Celso Giannazi.

Então, através dos nossos três mandatos, nós fomos ao TJ com uma ação popular. Mas, antes disso, nós também já tínhamos protocolado uma representação no Ministério Público estadual, e uma outra na Defensoria Pública.

E ambos entraram com inquérito civil, e depois, após a nossa ação popular, a Defensoria e o Ministério Público também entraram com uma ação civil pública. Mas ontem nós conseguimos uma liminar para a nossa ação popular. Ontem, essa ação popular foi julgada pelo juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública, o Antonio Augusto.

Eu gostaria até de colocar aqui a ação, presidente, porque ela é histórica. Porque a nossa ação impôs uma derrota histórica para o governo Tarcísio e para o secretário da Educação, o dono da Multilaser.

O Antonio Augusto Galvão de França foi o juiz de Direito que deu, corretamente, a liminar. Porque era um apelo também de toda a sociedade. Ele deu a liminar, e com o consentimento, inclusive, com o parecer favorável do Ministério Público e também da Defensoria Pública.

Ontem, logo que saiu a nossa liminar, o governo buscou uma saída honrosa. Quando percebeu que não tinha mais jeito, aí ele assumiu, soltou uma nota, no final da noite, dizendo que estaria recuando dessa nefasta e criminosa proposta de retirar o estado de São Paulo do Programa Nacional do Livro Didático.

Então foi uma vitória importante do povo de São Paulo, da Educação, e sobretudo dos nossos alunos e dos nossos professores. O livro didático é fundamental, hoje, na aprendizagem dos alunos.

Então nós estamos comemorando essa vitória, mas não vamos baixar a guarda, Sr. Presidente. Porque um governo que se atreve a retirar o livro didático dos alunos do ensino fundamental, já ameaçando retirar também do ensino médio, é um governo capaz de tudo para destruir a Educação do estado de São Paulo.

Se os nazistas, se os fascistas, na Alemanha e na Itália, nos anos 30 e 40, queimavam os livros, aqui o governo estadual não queima. Ele nem deixa chegar o livro para o aluno, um absurdo isso, mas nós vencemos.

Muita mobilização, toda sociedade se colocou contra essa nefasta medida. Eu tenho orgulho de ter, junto com a deputada federal Luciene Cavalcanti, com nosso vereador, Celso Giannazi, ter entrado com essa ação popular, que foi a responsável para colocar o governo nas cordas e derrotar - junto com os professores e os alunos -, essa nefasta e, repito, criminosa proposta contra  a Educação e contra os nossos alunos, Sr. Presidente, é um absurdo isso.

Agora, nós queremos que a investigação continue em relação aos contratos milionários da Multilaser - que é a empresa do secretário - com a própria secretaria. Porque esse secretário está executando, fiscalizando e pagando a sua própria empresa com o dinheiro da Educação, Sr. Presidente. Aí, não é nem mais um conflito de interesse, é um escárnio total, é uma imoralidade pública.

Nós, também, já protocolamos representações no Tribunal de Contas, no Ministério Público Estadual contra esses contratos, contra a portaria “vigiar e punir”, que obriga o diretor a entrar nas escolas para fiscalizar as aulas dos nossos professores.

Lembrando, deputada Monica Seixas, deputado Suplicy, que nem na Ditadura Militar houve isso; na Ditadura os agentes do Dops que faziam isso, da Polícia Política, que entravam para fiscalizar, não os diretores das escolas.

Aqui, o governador Tarcísio de Freitas, através do dono da Multilaser, o secretário Renato Feder, ele inovou, ele obriga o diretor a fazer a fiscalização, a vigilância, o controle dos professores, agredindo, Sr. Presidente, para concluir, o direito de aprender, de ensinar que é garantido pela...

Não existe mais hoje, o conceito, do ponto de vista legal, de liberdade de cátedra, mas é o equivalente, que está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Então, eu queria fazer este pronunciamento de hoje para comemorar, dizendo que a luta, Sr. Presidente, é fundamental. Então, essa vitória é de toda a sociedade, é do Magistério estadual, é da rede estadual e, também, é uma vitória dos nossos mandatos, porque nós entramos com essa ação popular que foi vitoriosa e conseguiu a liminar.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Deputada Monica Seixas do Movimento Pretas.

 

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E o governo sabia que não daria para recorrer, seria muito difícil ele recorrer, ele se queimaria ainda mais. Então, ele buscou essa saída honrosa, dizendo que não iria mais se retirar - através desse ato administrativo - do Programa Nacional do Livro Didático.

Então, o livro didático fica. Quem tem que sair é o Renato Feder da Secretaria da Educação. Por isso, que a nossa palavra de ordem, deputado Suplicy, é: “Fora, Feder”.

Muito obrigado, deputada Monica Seixas.

 

A SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Muito obrigada, deputado Carlos Giannazi. Muito obrigada, também, por essa ação que garante o acesso à Educação, assim como à liberdade de cátedra aos professores e aos estudantes.

Seguindo a lista, deputada Andréa Werner. (Pausa.) Entrando na lista suplementar, Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputado Conte Lopes, com a palavra.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Sra. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, volto a esta tribuna, até acompanhando o raciocínio da deputada Ediane Maria, que falava outro dia a respeito da Segurança Pública. E, realmente, a deputada tem certas razões, porque o problema da Segurança Pública é do Município, é do Estado e é Federal. Sendo de verdade, é a nossa luta do dia a dia.

Nós não podemos continuar aceitando o crime tomar conta da cidade de São Paulo, do estado de São Paulo e do Brasil. Simplesmente, isso. Se tem alguma coisa errada em termos de Segurança, nós temos que mudar. Se o Art. 144 da Constituição não está dando Segurança para o povo, não é para mim, não, é para o povo. Tem que dar Segurança para o povo, não é para mim, alguma coisa tem que ser feita.

Ontem mesmo, aqui na Cracolândia, durante um roubo, um viciado matou um trabalhador, um porteiro de um prédio na Cracolândia.

Então a gente ouve todo mundo falar, mas de concreto não tem nada. O delegado, Dr. Thiago, da Polícia Federal, que está no Sírio Libanês, continua sedado, com um tiro na cabeça.

Só Deus sabe o que vai acontecer com o delegado, que cumpriu uma ordem judicial - cumpriu uma ordem judicial! Vemos aí guardas municipais presos por estarem prendendo alguém com simulacro, como disse ontem a deputada Letícia Aguiar, e o preso foi liberado e os guardas estão presos.

Pelo que eu sei, desde a época da presidente Dilma os guardas municipais têm poder de polícia. Foi dado por ela o poder de polícia. Então, na verdade, a gente precisa ter alguma coisa de concreto para dar à população, essa é a grande verdade.

Sempre falo que a Rota em São Paulo, desde a minha época de Rota - faz quanto tempo, né? - desde 1974, que a rota é o termômetro da criminalidade do estado de São Paulo. Por quê? Porque os bandidos têm medo da Rota.

Primeiro que não tem acordo, é prisão ou, se reage à prisão, problema do bandido. Então a Rota tem que estar nas ruas fazendo segurança e obviamente com o Baep, com a Força Tática, com os guardas municipais, com quem estiver nas ruas, todo mundo cumprindo seu dever, essa é a grande verdade: servir à população.

Essa câmera que inventaram aí - por que eu sou contrário à câmera? Porque ela só favoreceu o bandido. O bandido se acha protegido pela ação que o policial não pode ter contra ele, mas continua agindo da mesma forma. Também é aquilo: para muitas pessoas da polícia, para muitos comandos, é bom, porque, eu por exemplo, quando comandava a Rota, tinha que ir lá.

Fui até xingado pelo Caco Barcellos, que disse que eu gostava de aparecer, porque eu ia às ocorrências, mas se meu policial for baleado, eu, como comandante, tenho que ir lá. Vou aonde? Não ia à igreja nem ao cemitério fazer... A gente ia buscar os bandidos que cometeram o crime, essa era a nossa função.

Hoje não, hoje é o contrário, é todo mundo no enterro, todo mundo no enterro. Pegar o bandido... Tem que pegar os bandidos que mataram o policial, essa é a grande verdade, que balearam o policial. Então por isso que eu sou contra. Agora, ficar dentro de um quartel olhando todo policial trabalhando com a câmera, para os comandos talvez seja muito bom.

É muito bom, não precisa nem tirar o traseiro da mesa lá que está acompanhando tudo o que está acontecendo. Mas esse é o certo? Ou essa câmera deveria servir à sociedade, para garantir a segurança da sociedade, como também tem policial? Mas não: foi criada justamente como tema de punição, se você atirar em um bandido, você vai parar na cadeia. Ponto final.

Então o policial tem que virar cinegrafista. Ele tem que saber que vai atirar e tem que filmar o bandido atirando nele também, porque se ele não conseguir pegar o bandido atirando nele, pronto, acabou, não precisa de mais nada, é prisão direto.

Por isso que a gente está sempre falando isso aí. Então, realmente, problema de Segurança Pública é, sim, do município, é do Estado e é do Governo Federal.

Obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Obrigada, deputado. Eu sou a próxima inscrita, posso pedir, por favor, para o senhor assumir aqui e me chamar para eu fazer o uso da fala? Um minuto, por favor, para a gente trocar a presidência.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

 

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O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Reassumindo a presidência dos trabalhos, na lista suplementar está inscrita a nobre deputada Monica Seixas. Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos para o uso da tribuna.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigada, presidente. Primeiro, mais uma vez, gostaria de ressaltar a importância da luta de professores, professoras, educadores, famílias e estudantes, pela permanência do material didático, numa liminar concedida ontem, da qual o governo já disse que não vai recorrer, o que é muito importante, pela continuação do material didático, que passou por diversos órgãos até poder chegar à escola pública, para que os estudantes tenham acesso, de fato, à educação.

Saudar o mandato do deputado Carlos Giannazi pela liminar concedida, mas também dizer que mesmo assim a gente vai submeter o que foi adotado como slides e forma única, de educação, à Justiça e ao Ministério da Educação, porque eu acho importante e também pedagógico.

O que o Governo do Estado queria oferecer como forma única contém erros, e é importante que os órgãos especialistas se manifestem sobre isso, para essa ameaça nunca mais voltar. Quem faz livro didático tem que ter responsabilidade, inclusive com o conteúdo colocado em sala de aula.

A gente também pede que a Justiça se debruce sobre a fiscalização feita sobre os professores, que leva esse nome, mas na verdade é assédio moral pesado e violação da liberdade de cátedra. É isso o que está acontecendo. Além de que a Secretaria de Educação tem que ser responsabilizada pelo vazamento de dados de estudantes e de professores.

A Secretaria de Educação tem que ser responsabilizada, porque, além da violação da privacidade das pessoas que tiveram um aplicativo instalado no seu celular sem autorização, há anos a gente recebe queixas de familiares que recebem ligações de ofertas de cursos, de atendimento odontológico etc. para os seus filhos, a partir de dados vazados da escola pública. E isso fere a Lei de Proteção de Dados.

Se a Secretaria de Educação de fato está cedendo ou vendendo os contatos dos seus estudantes para que empresas que vendem cursos acessem, incomodem essas famílias, inclusive com ligações de telemarketing, que muitas famílias não querem receber, é grave. E a gente segue pressionando na Justiça.

Mas eu queria também comentar aqui de uma outra vitória na Educação. A gente está, desde o início do nosso mandato - há cinco anos, no nosso primeiro mandato -, percorrendo os territórios indígenas do estado de São Paulo.

Nós temos cerca de 35 povos indígenas neste Estado, e o que a gente verifica nesses territórios é uma grave violação de diversos direitos das comunidades tradicionais, mas sobretudo, também, da Educação.

Embora todos eles tenham os prédios das escolas tradicionais, que é um direito dos povos indígenas em seus territórios, já há muito tempo o estado não contrata professores indígenas. É preciso dizer que os professores indígenas falam outra língua.

As crianças indígenas são alfabetizadas no seu próprio idioma, o que é justo e legítimo. E é um direito adquirido. Alimentam-se da sua própria cultura, e não da merenda escolar servida nas nossas escolas.

Com o esvaziamento das escolas tradicionais indígenas, os estudantes indígenas e as crianças indígenas empurradas para a escola regular não têm acesso à Educação, por dificuldade de idioma, por dificuldade de alimentação, por uma série de outras dificuldades.

A gente cobra há tempo o governo do estado de São Paulo, que se recusou, neste último concurso para professores, a contratar professores para auxiliar as crianças com deficiência, os professores em libras, por exemplo; mas também se recusou a contratar professoras indígenas para as comunidades tradicionais.

E a vitória é que a gente pressionou também o governo federal, e ano que vem o governo federal vai retomar a formação de professores indígenas pela Unifesp, a partir de 2024.

Que bom que indígenas podem acessar a universidade, se formar em educação, em pedagogia, para poder retomar a educação tradicional como direito nos territórios indígenas. A gente está muito feliz com essa notícia.

Por fim, a Segurança Pública é um assunto frequente aqui na tribuna, de muita preocupação, de muitos de nós. Todos nós queremos ter direito à vida, a trabalho, a ir e vir, a lazer, à Cultura, à cidade, aos seus direitos trabalhistas, inclusive os trabalhadores da Segurança Pública. Eu queria dizer que esse problema não é superficial e ele não é um “fla-flu” sobre quem tem direito de matar, sobre quem tem direito de morrer.

Esse problema é um problema que passa por falta de investimento do estado. E é muito triste que o estado venha aqui todos os dias dizer a policiais que eles precisam continuar morrendo para sustentar esse estado de coisas.

Violência contra os policiais é, por exemplo, a Najara, que foi a PM violentada e sofreu um tiro em Santos, ter o seu salário reduzido a um terço durante o período do seu tratamento médico, isso é violência. Violência é o Patrick ter morrido dentro de uma viatura, que não protege a vida dos policiais lá dentro, isso é uma violência.

Violência é saber que o número de homicídios contra policias vai aumentando ao mesmo tempo que aumenta a letalidade dos policiais e a gente não discute tratamento de saúde civil e de livre escolha, a gente não discute que salário é direito. E por isso que eu sou contra toda essa barbárie, que vão propor agora para os policiais penais, de salário que não é salário, de salário que é penduricalho e etc.

Porque quando vocês, policiais, que vão responder sozinhos na justiça, que vão responder sozinhos com o próprio corpo sobre as violências que sofrem, etc., estiverem afastados do serviço, o salário não vai ser salário. A Najara vai receber um terço do salário dela depois de ter sofrido uma violência como essa, isso é violência estatal.

Agora, vem aqui dizer que protege fulano. A sociedade não está protegida, não estamos diminuindo o crime, não estamos diminuindo o assalto, não estamos diminuindo o homicídio, mas estamos aumentando a morte também de trabalhadores da Segurança Pública, retirando os seus direitos enquanto dizemos para eles que eles estão autorizados a matar, mas, na verdade, eles estão sendo autorizados a morrer.

A polícia começou esse ano muito atenta sobre aqueles que estão retirando seus direitos. Tarcísio tinha uma pedreira para enfrentar com a Segurança Pública para cumprir as suas promessas de valorização da carreira, para cumprir a sua promessa de valorização da vida dos trabalhadores da Segurança Pública.

Agora, magicamente, um outro inimigo aparece para botar todo mundo para matar e para morrer na rua, enquanto na política não se discute o investimento sério para tornar a Segurança, de fato, Pública.

Todas as pessoas têm direito à vida. Todas as pessoas têm direito à justiça. Todas as pessoas têm que ter direito ao seu próprio celular, que paga em dez vezes, vinte vezes e etc.

O que não dá para aceitar é que penduricalhos sejam colocados para justificar o assassinato de pessoas que trabalham para o Estado ou violar a lei dizendo que é aceitável a pena de morte, que é ilegal no Brasil, não existe no Brasil, e quem defende a pena de morte também está recorrendo em ilegalidade.

Por isso eu tenho vindo aqui todos os dias falar, todos os dias eu venho aqui falar: “O Orçamento vai ser votado daqui a pouco, o Orçamento vai ser votado daqui a pouco.”

Para evitar que assaltante seja levado para delegacia e seja solto depois é preciso contratar delegado, investigador. Para abrir delegacia da mulher 24 horas é preciso contratar policial mulher. Para aumentar a Segurança no centro de São Paulo é preciso abrir concurso para Polícia Militar.

Para aumentar a Segurança dos presídios que, se entrarem agora numa ebulição, a gente não tem profissional para segurar, é preciso contratar policial penal. É preciso garantir direitos trabalhistas desses trabalhadores e que salário seja salário, porque esses penduricalhos das siglas que eu nunca decoro, porque tem “X”, “Y”, “Z”, etc., você vai perder tudo, se um dia você não estiver em condições de saúde para trabalhar, não é salário.

Então a solução para Segurança Pública passa por investimento público de forma não demagógica, mas pedagógica. E as câmeras, um projeto meu, que eu me orgulho muito, que têm que ser obrigatórias, reduzem, inclusive, as denúncias falsas contra policiais, que a gente sabe que acontece muito. O policial tem condição de se defender de uma denúncia falsa, se a ação dele é filmada.

Obrigada, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Encerrado o Pequeno Expediente com as palavras da deputada Monica Pretas, entramos no Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Primeiro orador inscrito, nobre deputado Eduardo Suplicy. Senador Eduardo Suplicy tem o prazo regimental de dez minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente deputado Conte Lopes, Srs. Deputados, Sras. Deputadas. Hoje houve uma reunião muito importante com um extraordinário número de pessoas que lotaram o auditório Paulo Kobayashi, a respeito do PL 752, Lei da Taxa Judiciária incidente sobre o serviço público de natureza forense e que dispõe sobre outras providências.

O mundo jurídico paulista está sendo palco de intensas discussões a respeito desse projeto de lei que dispõe sobre o aumento das taxas jurídicas sobre serviços públicos de natureza forense, bem como sobre outras providências. Venho à tribuna hoje para discutir uma questão de extrema importância: o orçamento e os gastos do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Hoje, dia 17 de agosto, participei da audiência pública sobre o tema e escutei representantes da OAB, como a presidenta Patricia Vanzolini, a Associação de Advogados de São Paulo, o Sindicato dos Advogados, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, a Associação Paulista de Magistrados, advogados e representantes do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Primeiramente, gostaria de destacar a importância da participação da população na discussão desse PL 752, já que os cidadãos serão os mais afetados caso esse projeto seja aprovado, já que ocorrerá um aumento de alíquota de acesso ao Judiciário.

Durante a audiência pública, a presidenta da OAB apresentou dados que demonstram que São Paulo tem um dos maiores valores de custas processuais. Ela também informou que, somente no estado de São Paulo, foram arrecadados 5,6 bilhões de reais com custas. Esse valor representa 47% dos recolhimentos de todo o Poder Judiciário nacionalmente.

Para ilustrar a magnitude do aumento proposto, cito um exemplo trazido por especialistas. Em uma execução de alimentos, considerando uma pensão de 5 mil reais atrasada por dois meses, o aumento das custas judiciais e possíveis recursos seria de 212 por cento.

O Projeto de lei 752 não é apenas uma peça de legislação comum, ele possui um impacto direto sobre a vida de cada indivíduo e sobre a qualidade do sistema de Justiça como um todo. A participação da população na discussão do PL é crucial para garantir que os direitos sociais individuais sejam preservados e fortalecidos.

Os cidadãos têm uma compreensão única das suas necessidades e desafios cotidianos, o que permite que eles contribuíram com pontos valiosos para moldar uma legislação que seja verdadeiramente justa e eficaz.

O processo de participação pública também promove a transparência e a responsabilidade do governo e dos legisladores. Quando a população está envolvida na formulação de leis, reduz a probabilidade de decisões arbitrárias ou de interesses particulares prevalecerem sobre o bem-estar coletivo.

Portanto é imperativo que a população participe ativamente dos debates através de audiências públicas, consultas online, fóruns de discussão e outras formas de engajamento cívico.

Ao se envolverem, os cidadãos não apenas exercem seu papel de guardiões da democracia, mas também contribuem para a construção de um sistema de Justiça mais inclusivo, eficiente e alinhado com os interesses de todos.

Ademais, solicito, em nome da transparência e da avaliação adequada, que seja fornecido um detalhamento completo dessas informações. É fundamental que analisemos se o orçamento do Tribunal de Justiça de São Paulo está defasado e se há necessidade de aumentar os custos. Precisamos entender, com base em dados objetivos, quais medidas podemos tomar para sanar esse problema sem que se onere mais a nossa população.

É de extrema importância que solicitemos, de maneira incisiva, um detalhamento completo dessas informações. Precisamos examinar minuciosamente esses dados. Precisamos estudar e debater em audiências públicas com especialistas e a sociedade civil.

Somente com um estudo aprofundado dessas informações poderemos tomar decisões justas e embasadas, garantindo que o acesso à Justiça seja uma realidade para todos os cidadãos do estado de São Paulo. Já enfrentamos dificuldades consideráveis no acesso à Justiça em nosso País, e esse aumento proposto apenas agrava essa situação.

A população enfrenta inúmeros obstáculos para buscar a Justiça, e essa medida tornará ainda mais difícil o acesso apropriado a esse direito fundamental. Além disso, essa proposta vai de encontro aos princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Brasileira, em especial nos Incisos nºs 34 e 35 do Art. 5º.

A aprovação deste projeto de lei resultaria em maior desigualdade, aprofundaria as barreiras do acesso à Justiça. Vale ressaltar que as custas já são elevadas, e nem sempre é concedida a assistência judiciária gratuita, o que torna a situação ainda mais preocupante.

Como relatado anteriormente, os serviços e taxas do Tribunal de Justiça de São Paulo estão entre os mais altos do Brasil. Devemos interpretar toda a Constituição de acordo com seu preâmbulo e os Arts. 1º e 3º, que fundamentam o nosso compromisso com a justiça, igualdade e bem-estar da população.

É inegável que o aumento proposto prejudica gravemente o acesso à Justiça, e contraria os princípios fundamentais da nossa Constituição. É nosso dever, como representantes do povo, zelar pelo acesso igualitário e efetivo à Justiça, garantindo que todos os cidadãos possam exercer seus direitos e buscar soluções para seus conflitos de forma acessível.

Conclamo, assim, a todos os colegas desta Assembleia a unirmos forças nessa luta pelo acesso igualitário à Justiça. É imperativo que exerçamos nosso papel de fiscalizadores, cobrando transparência e responsabilidade na gestão dos recursos do Tribunal de Justiça de São Paulo. Nossos cidadãos dependem de nós para assegurar que a Justiça não seja apenas uma palavra vazia, mas sim uma realidade tangível para cada um deles.

Diante desses fatos, não vejo necessidade de urgência para votação dessa propositura, e quero cumprimentar especialmente a presidenta Patrícia Vanzolini, da Ordem dos Advogados do Brasil, que fez um apelo de grande sensibilidade e repercussão, para que tantas pessoas hoje comparecessem nesta audiência pública, realizada nesta manhã, no auditório Paulo Kobayashi, desta Assembleia Legislativa.

Muito obrigado, presidente Conte Lopes.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Agradecemos ao senhor, nobre deputado, senador Suplicy. Chamamos o próximo orador, nobre deputado Simão Pedro. (Pausa.) Nobre deputado Alex de Madureira. (Pausa.) Nobre deputado Emídio de Souza. (Pausa.) Nobre deputado Carlos Cezar. (Pausa.)

Nobre deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Nobre deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Nobre deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Nobre deputado Caio França. (Pausa.) Nobre deputado Major Mecca. (Pausa.) Nobre deputado Itamar Borges. (Pausa.) Nobre deputado Paulo Mansur. (pausa.)

Nobre deputado Rui Alves. (Pausa.) Nobre deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Nobre deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Nome deputado Jorge do Carmo. (Pausa.) Nobre deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.)

Nobre deputada Professora Bebel. (Pausa.) Nobre deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Nobre deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Nobre deputada Delegada Graciela. (Pausa.) Nobre deputado Carlos Giannazi. Vossa Excelência tem o prazo regimental de dez minutos no Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, de volta à tribuna no dia de hoje, eu quero aqui dizer que o secretário estadual de Educação, o Renato Feder, dono da Multilaser, resolveu trabalhar agora para a Educação, Sr. Presidente, depois de tanto desgaste, de tantos escândalos, depois dessa derrota histórica que ele recebeu na questão do livro didático, porque houve uma ampla mobilização da sociedade e da opinião pública.

Até mesmo a imprensa ficou contra essa proposta de retirar o livro didático das escolas estaduais, privando milhões e milhões de crianças e adolescentes de terem acesso ao conhecimento. Olha o absurdo.

Ontem conseguimos uma vitória importante através da nossa ação popular protocolada pelo nosso movimento “Educação em Primeiro Lugar”, através do meu mandato aqui na Assembleia Legislativa, do mandato da deputada federal Luciene Cavalcante e do vereador Celso Giannazi. Foi uma ação popular vitoriosa. Conseguimos liminar derrubando essa nefasta decisão criminosa da Secretaria da Educação de retirar o livro didático.

Mas o secretário, Sr. Presidente, está sendo acusado, são várias as denúncias contra esse secretário da Educação. Então, balança, mas não cai, não sei se vai cair ou não, mas a situação dele é gravíssima, Sr. Presidente, desse secretário, dono da Multilaser.

Tem a questão dos contratos da empresa dele com a Secretaria da Educação, contrato de quase 200 milhões de reais; tem contratos da empresa dele com o Iamspe, com a Unesp, com o Hospital Público Regional Estadual aqui da Grande São Paulo. É um absurdo. Sem contar as questões pedagógicas.

Mas, após oito meses com esse secretário, mais preocupado com suas empresas, com seus negócios e com esse fetiche que ele tem por livros digitais, por aplicativos... Ele tem um fetiche, uma fixação por material digital. Não é possível, ele só fala que tudo se resolve com aplicativo, tudo se resolve, na Educação, com material digital.

Mas, após muito desgaste, após muita pressão da rede estadual de ensino, das entidades representativas do Magistério, das nossas ações aqui na Assembleia Legislativa, ele resolveu trabalhar um pouco.

Ele fez uma “live” agora, às 14 horas, e fez alguns anúncios. Ele está tão desgastado, ele falou: “Agora tenho que começar a trabalhar, senão vou cair, o Tarcísio vai me exonerar”.

Então, ele fez alguns anúncios que já deveria ter feito logo nos primeiros dias de governo e, com isso, a rede está sendo penalizada até agora. São vários anúncios, mas eu queria destacar aqui o primeiro deles, que é a questão das APDs, as famosas Atividades Pedagógicas Diversificadas.

É o mais grave, talvez, hoje, no Magistério, porque está matando o Magistério Estadual. Nós, desde o ano passado, quando foi aprovada essa famigerada Lei nº 1.374, do Rossieli, do Doria, do Rodrigo Garcia, nós já tínhamos denunciado os efeitos nefastos dessa lei para o Magistério Estadual. Então, ele já deveria ter modificado esse artigo da lei.

Nós já vínhamos, desde o ano passado e, sobretudo, quando ele assumiu, exigindo que ele encaminhasse um projeto de lei para a Assembleia Legislativa revogando esses artigos da Lei nº 1.374, sobretudo esse, que obrigava o professor a fazer as APDs nas escolas. Isso não tem o mínimo sentido pedagógico e atrapalha imensamente a vida dos professores e professoras.

Então, ele veio à Comissão de Educação, foi cobrado por nós e se comprometeu a enviar o projeto. Tive uma audiência com ele há mais de um mês, lá no gabinete dele, e ele falou que mandaria. Eu levei essa questão de novo para ele e ele disse que mandaria, que enviaria o projeto de lei para a Alesp.

Até agora não chegou nada. Hoje, ele anunciou que vai enviar o projeto de lei para a Assembleia Legislativa. Então, as APDs serão flexibilizadas, segundo ele, na “live” feita hoje. Ele vai encaminhar um projeto de lei para a Alesp.

Quero dizer que, na hora em que chegar, a gente vai votar em caráter de extrema urgência, esse projeto. Espero que ele já tenha enviado esse projeto para a Casa Civil, porque, na verdade, é a Casa Civil que manda o projeto para a Assembleia Legislativa.

Então, ele tem que cumprir o papel dele e mobilizar a base aqui do governo para que seja votado, porque nós da oposição vamos votar favoravelmente em regime de urgência esse projeto, porque é uma reivindicação do Magistério estadual.

Tem também a questão da falta-aula, ele disse que também vai encaminhar o projeto, talvez no mesmo projeto, logicamente, alterando o artigo da falta-aula, na verdade voltando a ter falta-aula, porque não tem mais, tem falta-dia, se o professor tem cinco e acontece alguma coisa, ele precisa faltar a última aula, ele perde as quatro aulas que ele deu. Isso é uma agressão frontal ao direito trabalhista, é inconstitucional, inclusive, tem que mandar mesmo o projeto de lei e fazer essa alteração.

Tem a questão da remoção, ele falou que a secretaria está trabalhando no concurso, está formulando, elaborando o concurso de remoção, que é uma reivindicação importante.

Tem aqui uma informação que eu quero checar, mas é importantíssima, que é uma reivindicação que nós estamos fazendo já há um bom tempo sobre o reenquadramento, sobretudo dos secretários, dos agentes de serviço e de servidores que não foram ainda contemplados no reenquadramento.

Eu me refiro aqui à Lei Complementar nº 1.144, de 2011, isso é muito importante porque esses servidores estão, na verdade, com as suas carreiras congeladas, porque são cargos em processo de extinção, então isso tem que ser corrigido imediatamente.

Eu já fiz a audiência pública aqui na Alesp e quando estive com ele há aproximadamente um mês eu levei também essa reivindicação, então isso é importante. Sei que também esses servidores estão mobilizados e conversando com a Secretaria da Educação.

Então, são vários pontos aqui, presidente, que ele menciona, espero que ele faça o encaminhamento, em caráter de extrema urgência, desse Projeto de lei Complementar alterando a Lei 1.374, que é a famigerada reforma do Magistério, da carreira do Magistério, que foi aprovada no ano passado sem o nosso apoio, porque nós já tínhamos denunciado as perversidades dessa lei.

Mas a hora que esse projeto chegar aqui, espero que ele chegue rapidamente, nós vamos votar em caráter de extrema urgência, Sr. Presidente, acho que nem vai ter debate.

A gente vai aprovar rapidamente para que o governador sancione e flexibilize de fato as APDs, para que a rede estadual possa ter novamente as faltas-aulas, para que haja o reenquadramento e a valorização de todos os servidores do quadro de apoio escolar, sobretudo a melhoria salarial, além do enquadramento, reenquadramento, tem que melhorar o salário.

Os servidores do quadro de apoio escolar, Sr. Presidente, têm os piores salários do funcionalismo público estadual e são servidores estratégicos para o funcionamento da Educação.

São eles os responsáveis pela abertura e pelo fechamento das escolas, eles que cuidam lá do pátio da escola, da entrada e da saída dos alunos, são os responsáveis pela elaboração do histórico escolar do aluno, do pagamento dos próprios professores, estão na secretaria, estão no pátio da escola e estão em todas as áreas.

Eles são fundamentais, mas são massacrados do ponto de vista salarial, do ponto de vista funcional, do ponto de vista da jornada de trabalho, então é muito importante Sr. Presidente, que esse projeto seja encaminhado em caráter de urgência, porque nós queremos votar.

E para concluir, Sr. Presidente, eu quero também registrar que hoje nós tivemos uma audiência pública importante aqui na Assembleia Legislativa, no plenário Paulo Kobayashi, com a presença de várias entidades representando a advocacia do estado de São Paulo, a OAB presente, várias subseções do estado, o sindicato dos advogados, a associação dos advogados, estavam todos lá presentes, deputados e deputadas. Também representantes, logicamente, do Tribunal de Justiça.

Houve um debate muito interessante, mas eu quero registrar que nós já tínhamos feito algumas audiências públicas desde quando esse Projeto 752 tinha sido apresentado aqui na Assembleia Legislativa, dois anos atrás, nós fizemos duas audiências públicas aqui através do nosso mandato e o projeto já tinha sido derrotado, não tinha argumento para aprovar esse projeto.

Só para concluir, Sr. Presidente. E hoje ficou muito mais claro ainda que não dá para aprovar esse Projeto 752. Eu fiz uma proposta, Sr. Presidente, porque não queremos atritar com o Tribunal de Justiça.

A luta nossa não é contra o Tribunal de Justiça, mas eu alertei os advogados e alertei, sobretudo, o Tribunal de Justiça de que não podemos cair na armadilha do governo Tarcísio de Freitas. É uma armadilha. Ele está jogando a advocacia contra o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça contra a advocacia.

Não podemos entrar nesse jogo, Sr. Presidente, porque temos que montar aqui, criar, eu disse, uma frente ampla, uma frente única, com a Ordem dos Advogados do Brasil, com o próprio Tribunal de Justiça, para exigir que o Tribunal, que o Executivo, que o governador façam a suplementação orçamentária para o Tribunal de Justiça, porque é obrigação do estado financiar a Justiça, a democratizar o acesso.

É o estado que tem que financiar. Não tem que cobrar taxa da população, isso é um absurdo, já tem, nós pagamos impostos.

Então, o estado tem os recursos, Sr. Presidente, tanto é que quando o Tribunal de Justiça manda, o presidente do Tribunal de Justiça encaminha o Orçamento para o Executivo, o Executivo corta pela metade, e daí nós, aqui na Assembleia, apresentamos emendas para aumentar um pouco, para corrigir a defasagem.

Mesmo assim, como a Alesp é um puxadinho do Governo, a gente não consegue aprovar essas emendas, e aí o Tribunal de Justiça fica com o orçamento apertado.

Sobretudo, quero destacar, Sr. Presidente, que a nossa luta é para que haja o reajuste salarial dos escreventes, dos oficiais de Justiça. Nossa luta é em defesa dos servidores que trabalham lá e que carregam nas costas o Judiciário.

É por isso que nós queremos mais recursos para o Judiciário. O Governo tem os recursos, Sr. Presidente. Temos o maior orçamento estadual de toda a história, o maior orçamento do Brasil no âmbito estadual.

Então, as condições orçamentárias estão dadas, é fazer o remanejamento, uma suplementação de 300 ou 400 milhões, não é nada para o estado. O nosso Orçamento hoje passa dos 317 bilhões de reais. Lembrando que há uma política de renúncia fiscal, que é a transferência de dinheiro público para os grandes grupos empresariais, de aproximadamente 80 bilhões de reais, Sr. Presidente.

Como que não tem dinheiro para suplementar minimamente esses recursos, para valorizar, sobretudo, os servidores, que estão lá na ponta atendendo a população: escreventes, auxiliares de serviços e os nossos oficiais de Justiça.

Então, fiz essa proposta: vamos todos juntos pressionar o Tribunal de Justiça, a Ordem dos Advogados do Brasil, deputados aqui da Assembleia Legislativa, e exigir que o Governo do Estado financie.

Não pode jogar a conta para que a população pague, porque seria quase uma reforma tributária, Sr. Presidente, jogar essa bomba no colo do povo mais pobre, sobretudo, do estado de São Paulo, que já tem grandes dificuldades de acessar a Justiça.

Sr. Presidente, fica aqui minha proposta e o apelo ao Tribunal de Justiça, que eu já fiz lá para os representantes do Tribunal de Justiça, para que eles pressionem o Governo do Estado. E aí não haverá necessidade nenhuma de aprovar esse PL nº 752, que não pode ser votado aqui na Assembleia Legislativa em nenhuma hipótese.

Termino, Sr. Presidente, manifestando mais uma vez nosso total apoio à greve das Etecs e Fatecs do estado de São Paulo. Infelizmente, este governo está destruindo a Educação: tentou tirar o livro didático das nossas escolas, está agora atacando Etecs e Fatecs. Os professores estão com a carreira paralisada, superlotação de salas, desmontes, de muitas delas, Etecs e Fatecs, um horror o que está acontecendo lá.

Eu participei de uma assembleia, tenho visitado as Etecs e Fatecs, Sr. Presidente, porque elas representam a oferta do ensino técnico e tecnológico do estado de São Paulo. No entanto, não há mais investimento.

O governo está transferindo esse modelo de ensino, de uma forma fake, mentirosa, para as escolas estaduais, não vai funcionar. Tem que investir é nas Etecs e Fatecs, que sempre representaram a oferta da qualidade de ensino nessas áreas do ensino técnico e tecnológico.

Era isso.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, e não havendo mais nenhum orador para fazer uso da tribuna, solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - É regimental. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão, agradecendo a presença na Assembleia Legislativa dos nossos visitantes. Obrigado e um abraço a todos.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 25 minutos.

 

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