11 DE DEZEMBRO DE 2023

59ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

        

Presidência: ANDRÉ DO PRADO e CARLOS CEZAR

        

RESUMO

        

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Abre a sessão. Coloca em discussão o PLC 138/23.

        

2 - PROFESSORA BEBEL

Discute o PLC 138/23.

        

3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Informa que providências foram tomadas para a reabertura das galerias ao público a partir de 12/12/2023.

        

4 - CARLOS CEZAR

Assume a Presidência.

        

5 - REIS

Discute o PLC 138/23 (aparteado pelo deputado Conte Lopes).

        

6 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PLC 138/23.

        

7 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PLC 138/23.

        

8 - DONATO

Discute o PLC 138/23.

        

9 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Assume a Presidência.

        

10 - PAULO FIORILO

Discute o PLC 138/23.

        

11 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Discute o PLC 138/23.

        

12 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Encerra a discussão do PLC 138/23. Informa haver sobre a mesa requerimento de método de votação ao PLC 138/23.

        

13 - JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

14 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido e levanta a sessão.

        

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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e votação do Projeto de lei Complementar nº 138, de 2023, de autoria do Sr. Governador. Para discutir contra, com a palavra a deputada Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente. Cumprimento a Mesa Diretora de trabalhos, os assessores à minha esquerda, à minha direita, os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas. Lamentavelmente, eu não posso dizer hoje “o público presente”.

Espero, deputado André do Prado, que, dirimidas todas as questões, a gente tenha de volta à Casa. É claro que, sim, a gente precisa ter acordos e entender que esta Casa não pode sequer ser pensada em fechar as galerias.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a sua permissão, Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pois não.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Só para comunicar que esta Presidência já tomou as devidas providências. Esta galeria está fechada hoje porque era a última análise técnica do vidro, que estava sendo feita pelos técnicos, bem como de toda a estrutura da galeria, com o policiamento. A partir de amanhã a galeria já estará aberta.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Agradeço a Vossa Excelência. Eu acho que esse é o papel desta Casa e acho que a presença do público sempre é boa. Como vamos tratar isso, as bancadas aqui de oposição, que é quem traz o público, a gente tem maturidade e grandeza para saber levar também. Mas, tratando do projeto 138, a nossa posição na bancada do Partido dos Trabalhadores, nós somos contrários por vários aspectos.

Primeiro, que deixa em aberto muitos encaminhamentos. Acho que a totalidade dos encaminhamentos, deputado Donato - o senhor que fez um parecer muito preciso -, por conta de ser regulamentado através de decreto. Essa é uma questão que a gente prima.

A outra questão que a gente trata mesmo é: não tem os dados, quais cargos, fala em redução de 10 milhões. Sim, mas quais cargos, o que vai, enfim, ser extinto, o que vai ser acoplado. Então, essas são informações que precisariam ter com maior precisão nesse projeto.

De qualquer forma, Sr. Presidente, a nossa posição será contrária. Então, V.Exa., no Colégio de Líderes, no dia de hoje, já soube da nossa posição, mas eu também sei que não é hora do projeto, mas quero me ater a alguns avanços que eu vejo, por exemplo, do Colégio de Líderes, hoje, no que diz respeito a pautar as APDs, que são as Atividades Pedagógicas Diversificadas, com alguns acertos que precisam ser feitos, mas qualquer coisa também vamos tentar ver o que podemos fazer junto à Secretaria do Estado da Educação.

A questão também referente à falta/dia. Isso é um clamor, deputado André do Prado, dos professores. Por quê? O professor faltava duas horas/aulas e ficava com a falta/dia.

Então, isso deu um impulso muito grande nas faltas, porque ele fala: “Bom, se eu vou levar a falta/dia, eu falto o dia inteiro.” E faltou. Então, isso deu um boom nas faltas. Eu tenho certeza que essa correção vai ter um impacto no ano que vem positivamente. Esta Casa está fazendo uma correção positiva do PL 1374.

E a outra questão que eu também considero de suma importância é no que diz respeito à avaliação de desempenho que tem para os vice-diretores, diretores que tem que cumprir as metas. E se não cumprir as metas, então, vai para outra escola ou, enfim, vai para uma atividade inerente àquela ou vai fazer curso.

Eu quero dizer para o senhor o seguinte: poderiam ser retiradas essas A e B e trabalhar com a ideia de formação continuada, porque a gente quer que tenha exatamente uma avaliação diagnóstica cumulativa para corrigir rumos. E se há necessidade de dar curso, então que deixe a letra C dar conta de resolver esse pós-processo de avaliação. Então, esse é um posicionamento também que eu trago aqui.

E a outra questão, eu até conversei com a Secretaria da Educação e conversei também com o líder do governo, conversei com a assessoria do líder do governo, que é no que diz respeito à contratação de temporários.

Aí está dito o seguinte: ah, mas não é bem assim porque tem quem vai ser recontratado. Tem aqueles, na verdade, deputado Conte Lopes, que foram contratados em 2021, 22 e 23. Esses contratos estão ativos e compõem um universo de 61 mil.

Então, esses estão a salvo, mas serão demitidos 40 mil. Por quê? São os de 2018, 19 e 20, que esta Casa poderia fazer o que foi feito no ano passado. O senhor se lembra disso: um projeto autorizativo autorizando o governador a contratar por um ano para não ter essa interrupção no contrato. É muito ruim.

Então, eu acho que é um sinal positivo. É muito ruim no final do ano ter demissão, ainda que fale que a admissão vai ser assim, porque quarentena todos cumprem.

Então, esses 40 dias, mesmo que vão ao encontro até o período do início das aulas, isso cria uma insegurança. Então, a gente pediria isso por quê? Porque o governo não tem mais como correr o risco - porque esse é o medo deles, deputado Paulo Fiorilo - de cair na lei que vai dar estabilidade. Não vai, não tem como, porque a lei em si não permite isso.

E, desta forma, a gente entende que é possível fazer esse acerto, esta Casa assumir como dela, como foi no ano passado. E a gente dá um sinal positivo, porque a gente sabe perfeitamente que, se faltam professores, deputada Marta Costa, é difícil começar o ano. É muito difícil. Sobretudo professores que já estão com as aulas, enfim... Depois sabe-se lá que aula pega.

Então eu acho que a gente precisa... Nós precisamos aproveitar esses dias e fazer este movimento que, na minha opinião, tem que ser um movimento conjunto desta Casa. Eu não acho que tem que ter autoria de um ou outro deputado. Autoria da Casa, como foi o do ano passado, e que para nós foi bastante importante.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Cezar.

 

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Eu quero fazer um registro, mas um registro que, para mim, ele não pode... Não é uma provocação, mas eu tenho que deixar o meu registro de militante. E esse registro - para mim - no sentido de que, na última quarta-feira, teve a votação da Sabesp, da privatização da Sabesp, e a gente... Acho que cenas, como as daquele dia, a gente não quer ver mais. Aí muitos falam: “Mas a culpada foi a senhora.” Como eu ouvi ali.

Não. A mesma coisa, como eu não sei quem estava em 08 de janeiro lá em Brasília, eu apontar que o culpado é alguém que está aqui na Casa. Eu acho que, independentemente de qualquer coisa, a gente precisaria ler o contexto todo. E o contexto todo requer um cuidado nesta análise. A gente não pode apontar um lado; tem que ver os dois lados.

Eu acredito que haveria um jeito melhor de convencer todo mundo a sair. Haveria um jeito melhor. Não é, deputado Paulo Fiorilo? Até com a nossa conversa às vezes. Mas, não. Eu acho que foi uma forma muito dura.

Eu não posso deixar de registrar uma coisa que tocou a mim... Os professores saíram antes, foram todos para o gabinete - tinha senhoras, inclusive. Eu falei: “Pelo amor de Deus, saiam daqui.” Mas eu confesso que foi uma cena muito, muito ruim para nós.

Em uma coisa que vocês já tinham maioria, não é? Teve provocações, eu vi. Eu vi as provocações, certo? Ninguém veio para cá; tentou furar o vidro à toa. Eu vi as provocações. Claramente chamou para a briga. Como é que eu...

Como é que você está entre o vidro e você chama alguém para vir para a briga? Não se faz isso. No mínimo, a gente vai acalmar. Já tinha maioria mesmo, já ia ganhar, já tinha feito todas as articulações para isso.

Então, vamos refletir um pouco sobre isso, porque eu acho que a gente erra, em um atacado quando pode acertar no atacado. E acertar no atacado é buscar... Poderia ter tido uma suspensão. Você vê que não tinha nada organizado, porque a votação mais importante não foi aquela - que tentaram vir para o vidro. Não foi aquela, deputada Monica. A mais importante foi a última votação. Não foi aquela.

Então, por aí, a gente tem que inferir... Por que que esses... Por que aconteceu isso? Porque, exatamente, houve provocação, e isso tem que ser evitado nesta Casa. A gente tem que parar de nominar um e o outro a partir daqui de dentro, porque tem nominações.

Pegar um sanduíche. Eu nunca vi nenhum deputado comer aqui dentro, mas um deputado pôde comer. Então, se eu quebro a regra de um jeito, outras regras vão ser quebradas também.

Então eu não poderia deixar de falar. É a primeira sessão pós o ocorrido e quero dizer que dois ainda continuam presos. Subiu para o STJ, o pedido de habeas corpus, de dois. Levantou-se ficha, não tem nada. Nunca sofreu nenhum tipo de processo, nada.

Então, é claro que, enfim, a gente também analisa a questão do contexto. Não vale para um lado, torno a dizer. Mas eu acho que também a gente está usando desmedido também de força...

Muito pesada a mão. E não é assim que a gente contém. Ele falou que eu invadi a Casa, não foi bem assim, em todo o caso. Eu tão somente estava aqui, enfim aconteceu e a gente... Você está num coletivo, você está.

Mas de qualquer forma, fizemos as melhores negociações, tudo o que foi... Depois que eu virei, me tornei presidenta pela primeira vez, veio a conta da Assembleia para eu pagar os danos. Nós pagamos os danos, entendeu? E, enfim, de qualquer forma, foi isso.

Agora, a força bruta ela sempre é muito ruim, deixa uma imagem ruim e agradeço aí que o presidente teve bom senso, tirou essa sensação de que as galerias poderiam ser fechadas.

Muito obrigada, Sr. Presidente. 

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Continua em discussão para falar contra. Convido para fazer uso da tribuna, o deputado Paulo Reis, mais conhecido como deputado Reis, já que no PT tem um outro Paulo que assumiu, Paulo Fiorilo. Tem V. Exa. o tempo regimental de até 15 minutos, deputado Reis. 

 

O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Cesar, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente. Eu quero falar contra esse projeto.

Primeiro, um projeto muito mal elaborado. E um projeto que remete muita coisa para o futuro. Ou seja, o governador quer um cheque velado, que a gente não pode falar um cheque em branco, porque seria racismo estrutural. Então, é um cheque velado para no futuro ele acrescentar o que ele bem entender.

E mexe com licença-prêmio. Quer dizer, extingue a licença-prêmio. Extingue sexta-parte, quinquênios e estabelece o subsídio. Mas o subsídio ele não pode ser nivelado por baixo, porque subsídio...

Às vezes tem governo que fica, como nós já tivemos aqui, o governo do PSDB, que governou São Paulo aí por muitos e muitos anos. E que ficava anos e anos sem reajustar o salário dos servidores.

Então, se você pega um governo que tem essa visão, de não reajustar o salário dos servidores, esse subsídio daqui a pouco não vale nada.

Então, se vai pagar por subsídio, você tem que nivelar por cima, não se nivela subsídio por baixo, justamente porque pode acontecer esse imprevisto. Um governo que se eterniza... Governo fica 4, 8, 12, 16 anos governando e trata o funcionalismo público como nós somos tratados pela dinastia tucana.

Eu apresentei várias emendas porque tem vários projetos que tudo que se faz nesta Casa tem vício, tudo é proibido. Os vetos se multiplicam. O governador vetou 99 projetos dos deputados, das deputadas. Noventa e nove projetos foram vetos - total ou totais - e apenas 34 projetos que foram sancionados, mas mesmo assim tiveram vetos, vetos parciais.

Mas nós temos várias questões que o governador tem conhecimento, porque tem sido debatido aqui nesta Casa, que envolve os servidores públicos e que o governador fica em silêncio, não se posiciona.

Nós vamos começar pelo “vale coxinha”, de 12 reais, que nós tivemos aqui um debate na aprovação do PLC 102, e lá se discutiu de reajustar o vale refeição dos servidores públicos, e até hoje isso não aconteceu.

E foi objeto, inclusive, de negociação com a liderança do Governo, para que nós pudéssemos reduzir a obstrução naquela fase, com a promessa futura do governo de que seria reajustado o vale refeição dos servidores. Isso não aconteceu até hoje. Doze reais.

Eu até perguntei outro dia para o deputado Vitão do Cachorrão, porque ele vende cachorro-quente lá em Sorocaba, não sei se vocês sabem disso. Ele vende cachorro-quente. Eu perguntei se com 12 reais comia um cachorro-quente e tomava um suco lá no bar que ele tem, que vende o cachorro-quente, e ele falou que é 18 reais.

Para comer um pão com salsicha no Vitão do Cachorrão e tomar um suco, deputado Teonilio Barba, 18 reais. E o governo continua pagando então 12 reais para os seus servidores.

Além disso, não tem isonomia entre os servidores. A única categoria que recebe, que tem um teto maior para receber o vale refeição são os policiais militares, que ficou fixado em 228 unidades fiscais. Os demais funcionários públicos, 156 unidades fiscais.

Ou seja, o teto para os policiais militares, sete mil e 811 reais. O teto para os demais servidores, sete mil e 400... Desculpa, cinco mil e 400 reais... Sete mil e 811 reais para os militares, cinco mil e 400 reais para os demais servidores. E nós aqui, eu vi, na época que estava presente, houve várias emendas para corrigir isso aí.

Emendas do PSOL, do PT, propondo a correção desse teto. E o governo acabou não recepcionando as emendas e se comprometendo que até o mês de dezembro agora teria o... Até setembro teria reajustado o vale refeição dos servidores. Então, lamentavelmente, isso não aconteceu.

E outras barbáries que tem aí, que o governo comete contra os servidores. A própria Polícia Penal, que ele se comprometeu a regulamentar até 15 de agosto, até hoje não aconteceu. Só se ouve falar que vai vir um projeto, que vai vir um projeto, que vai vir um projeto... E esse projeto nunca chega.

E o fato desta Casa, da Assembleia, deixar passar os 45 dias, do projeto não ter passado pelo congresso de comissão, acaba também por prejudicar as emendas que foram apresentadas pelos Srs. Deputados e pelas Sras. Deputadas.

Várias emendas foram apresentadas. Eu apresentei a emenda aqui, a emenda 26, que dava a seguinte redação para esse projeto. A questão do décimo terceiro, porque quando vem subsídio, se tiram uma série de direitos.

Então, o Art. 14: é compatível com a remuneração dos cargos em comissão, o recebimento de décimo terceiro salário - ao que o §2º do Art. 1º da Lei Complementar, no 644, 26 de dezembro de 1989. Férias com acréscimo de um terço. Adicional de periculosidade.

Aliás, que eu estou propondo para os funcionários também da Assembleia Legislativa, para que eles também tenham o adicional de periculosidade, porque o ambiente aqui ficou muito perigoso. Dá medo trabalhar aqui. Então, o adicional de periculosidade seria de bom tamanho para todos os servidores desta Casa.

 E também, um adicional de insalubridade, porque com o advento daquela grande quantidade de spray de pimenta que se lançou aqui, e que se poderá lançar no futuro, o ambiente ficou insalubre. Nós passamos a conviver em um ambiente insalubre, e todos os funcionários desta Casa passaram a conviver nesse ambiente insalubre.

E alguns estão me indicando para a gente apresentar um projeto de resolução para criar também um adicional de insanidade, de tolerância à insanidade. Porque foi tanta insanidade que se falou naquela data aqui que as pessoas também acabam tendo as suas audições, tendo que ouvir tantas coisas ruins, prejudicadas.

O projeto tem alguns artigos que a gente precisa apurar bem, ficar de olho, porque ele remete tudo para fazer, para que o procurador-geral do Estado, o controlador, dá um prazo de 12 meses para ele indicar os cargos que serão alterados. O meu entendimento é que todos os cargos, para serem alterados, precisam ser feitos por lei.

Então aqui a gente aprova um projeto que dá uma delegação para que isso seja feito no futuro por decreto. A questão da economia, que o governo disse que vai economizar dez milhões, isso não tem dados. Ele fala que vai economizar dez milhões, mas não tem dados, não está explicado como se vai dar essa economia.

Porque não dá para a gente comprovar essa redução de dez milhões que o governo alega que, se nomeassem todos os servidores comissionados em cargos vagos, pela atual legislação, o custo seria maior, com uma despesa adicional de 54 milhões por mês, dez milhões a mais do que com as regras que ele agora propõe. No entanto, ele não demonstra como se dá esse cálculo. Como se deu esse cálculo para reduzir dez milhões de reais?

No Art. 17, decreto do chefe do Poder Executivo disporá sobre a distribuição dos cargos em comissão e funções de confiança do quadro geral, devendo disciplinar o quantitativo de cotas por órgão. Quer dizer, tudo isso vai por decreto, não por lei.

Regras gerais de padronização do emprego dos cargos em comissão e funções de confiança, nas estruturas organizacionais, as normas e diretrizes para encaminhamento de propostas de alteração do quantitativo e da distribuição das cotas, isso também tudo por decreto.

No Art. 18, ele fixa norma para as publicações dos decretos e estabelece aqui um prazo de 12 meses para que os secretários de Estado, o procurador-geral do Estado, o controlador geral do Estado, os dirigentes das autarquias encaminhem para análise da Secretaria de Gestão e Governo Digital e posterior submissão à Casa Civil, no prazo de 12 meses, contados a partir da publicação desta lei complementar, conforme cronograma previsto em regulamento, as propostas de edição de decretos para revisão das estruturas organizacionais respectivas, de modo a adequá-las às disposições previstas nesta lei complementar.

Então ele simplesmente joga isso para o futuro, dá um prazo de 12 meses, que poderão, esses cargos que ele está dizendo que vão ser extintos, vão definir. Também tem a tabela dos valores. A tabela vem por nível, mas não diz quais são os cargos, não fala quais são os cargos.

Então há uma série de questões que, analisando o texto, nos coloca a votar contra ele, nos coloca a não votar esse projeto do governador, da forma como ele mandou.

Exclusão de gratificação pro labore para determinados cargos e funções. Alteração proposta no Art. 25 mantém a gratificação pro labore para função de corregedor da Controladoria Geral do Estado, e exclui gratificação para dirigente da assessoria técnica do governo, da Casa Civil, de dirigentes de assessoria técnica caracterizada como função específica da classe de assessor técnico de gabinete.

O texto do Art. 25 também diz que a legislação atual permite a contratação de pessoal temporário, por tempo determinado, em condições específicas, desde que haja concurso público em andamento. Aqui ele quer mudar esse texto.

Ele pretende excluir essa questão da lei já existente, a Lei Complementar no 1.093, para que ele possa contratar funcionários por prazo determinado, sem concurso público, da forma como ele bem entender.

Então, são esses pontos do projeto que nos levam a vir aqui dizer que nós estamos nos colocando contra. A falta de dados - quais cargos serão criados? Onde, em que secretarias, como serão criados? Quais serão os extintos?

Tudo isso foi remetido para fazer por decreto. Tudo isso, o projeto não traz a transparência, a visibilidade que deva ter. Eu apresentei algumas emendas importantes, inclusive emendas para a Polícia Civil, porque vários projetos...

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Um aparte, deputado.

 

O SR. REIS - PT - Só para terminar, comandante Conte Lopes, porque depois... Várias emendas que nós aprovamos... Se o projeto tivesse passado, tramitado normalmente, fosse ao congresso de comissões, a gente poderia debater as emendas e tentar convencer o governo a incluir essas emendas. Uma delas, por exemplo, é em relação ao projeto PLC 61, que ele vetou, que estabelecia que o policial civil pudesse se aposentar no cargo e na classe em que ele se encontrar.

Porque hoje, por uma lei inconstitucional, um dispositivo inconstitucional que tem na Lei no 1.354, se ele não tiver o devido tempo, cinco anos na classe, ele volta para a classe anterior. E o governador tomou conhecimento disso e vetou esse projeto.

Então, nós queremos corrigir, nessa reforma administrativa... Que a gente pudesse corrigir isso.

Pois não, Sr. Deputado.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu estava acompanhando atentamente a Vossa Excelência. No início, V. Exa. falou que não podia falar que o governador assinou um cheque em branco... Por quê?

 

O SR. REIS - PT - Não, um cheque velado. (Vozes sobrepostas.)

 

O SR. CONTE LOPES - PL - ... cheque em branco?

 

O SR. REIS - PT - Não, a gente não pode ficar falando esse negócio de cor. Se fala “velado”, deputado Conte Lopes. A gente não pode ficar falando essas coisas de cor. “Ah, um cheque em branco”. É um cheque velado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Para encerrar, deputado.

 

O SR. REIS - PT - Velado é aquilo que a gente não sabe o que está escrito, o que vai acontecer... (Vozes sobrepostas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Deputado Reis...

 

O SR. REIS - PT - Para terminar, Sr. Presidente. Então, nós entramos com uma representação junto ao Ministério Público, ao procurador-geral de Justiça, para ele entrar com uma ADI, uma ação declaratória de inconstitucionalidade. E ele já notificou esta Casa, já notificou o governador e já notificou a Procuradoria Geral do Estado. E as respostas foram bastante inconsistentes.

Então, eu não tenho dúvida de que o procurador-geral vai entrar com a ADI, e nós vamos derrubar esse dispositivo, que é o § 2o, do Art. 12, da Lei no 1.354, que é inconstitucional.

Porque na Constituição Federal, tanto a Emenda no 103 quanto a Emenda no 49 trataram de cargos, não de classe e nível. Mas o governo de São Paulo legislou para mais, colocando classe ou nível. Então nós, com certeza...

E é mais um desses projetos mal feitos que o governo manda para cá, como esse aqui que ele mandou. Nesses projetos, se a gente for analisar linha por linha, a gente vai encontrar um monte de irregularidade. Mas aqui, como esta Casa é mais governo do que povo, ela acaba aprovando. E eu sempre digo: nós precisamos ser mais povo e menos governo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Continua em discussão. Para falar contra o PLC 138, de 2023, convido, para fazer uso da tribuna, o deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. e Sras. Deputadas, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, o projeto ora em debate é o Projeto de Lei Complementar no 138, de 2023, que dispõe sobre os cargos em comissão e as funções de confiança no âmbito da administração pública direta e das autarquias. Altera as leis complementares que especifica e dá providências correlatas.

É importante, Sr. Presidente, ao olhar o projeto apresentado para a Assembleia Legislativa... E é importante, Xerife do Consumidor, que é o líder do Governo, olhar esse projeto, porque nós estamos tratando, Xerife, mais uma vez, de retirada de competências e prerrogativas do Legislativo. Hoje, qualquer projeto de lei que trata do servidor público, ele passa por esta Casa de Leis, seja correção salarial, seja estruturação das carreiras.

A palavra final, por mais que venha uma proposta do governador do estado de São Paulo, é desta Casa que sai a última posição, sai a última decisão.

Se a gente aprovar o projeto do jeito que está estruturado, o que estaremos fazendo é passar uma prerrogativa que hoje é da Assembleia Legislativa, que é dos deputados estaduais, você passa para o Governo do Estado de São Paulo poder fazer adequações na estrutura dos servidores públicos e autarquias do estado de São Paulo, por decreto. Isso não podemos aceitar.

Então, nós olhamos aqui o projeto na sua íntegra. Ele cria 14.071 cargos em comissão, cria mais 7.524 cargos em função de confiança e extingue apenas 4.700 cargos em comissão e função de atividades de confiança. Na prática, você está trocando seis por meia dúzia, nobre deputado Reis.

E nessa construção de criação e de extinção de cargos, o que muitas vezes o governo faz? Isso era prática dos governos passados. Tem muitos cargos hoje que já não estão completos. São cargos vagos.

Estão na estrutura de carreira do estado, na Educação, na Saúde, na Segurança Pública, em diversas áreas. Você tem cargos que, ao longo do tempo, não foram preenchidos, são cargos vagos na estrutura do estado. São esses cargos que estão sendo extintos pela proposta presentada. 

Então, dá a impressão, nobre deputado Barba, que o governo apresenta, na adequação... “Ah, nós estamos agora fazendo uma adequação na estrutura do estado, estamos adequando a máquina pública, estamos extinguindo cargos no Governo do Estado”.

Na prática, você está eliminando, extinguindo cargos que já não são ocupados no dia de hoje, cargos que, ao longo desse último período, não foram feitos concursos públicos, cargos...

Vamos pegar a Saúde mesmo. Hoje, se a gente olhar a estrutura da Saúde, faltam mais de 30 mil cargos na Secretaria da Saúde. Ao longo do tempo, não foi tendo concurso público, os cargos não foram preenchidos, então tem hoje em torno de 30 mil cargos vagos hoje na estrutura da Saúde que deveriam ter tido concurso público e acabou não acontecendo. Isso tem em todas as secretarias, em todas as áreas, em todas as autarquias.

Então, esse argumento que o governo fala que vai fazer uma reforma administrativa que vai extinguir cargos, na prática, ele extingue uma parte de cargos que não estão hoje ocupados e vai criar mais 14 mil cargos em comissão e mais 7.500 funções de confiança no estado de São Paulo.

Outras questões pelo nosso posicionamento contrário a este projeto: o projeto não detalha os cargos existentes e a sua distribuição nas diferentes secretarias, não demonstrando, portanto, quais serão extintos e quais serão reestruturados e em quais órgãos, deixando apenas um quadro resumo com quantitativo geral por nível, ou seja, trata-se de uma adequação sem necessariamente apresentar efetivamente as mudanças que deveriam acontecer na estrutura do servidor.

Outro problema é em relação aos concursos públicos. Exclusão da exigência de concurso público em aberto para autorização das contratações temporárias. Então, você mexe na estrutura de carreira do servidor público, você não autoriza mais concursos públicos no estado de São Paulo. E nós sabemos que uma demanda muito grande hoje da falta de servidor é a falta de concurso público.

Falei aqui do caso da Saúde, mas não é diferente da Educação, não é diferente da Cultura, não é diferente das demais áreas. A gente percebe que, ao longo dos últimos anos, o Governo do Estado de São Paulo vem criando funções temporárias.

Função temporária aqui no estado de São Paulo foi uma lei criada ainda no governo Serra, em 2009, que era para se extinguir em 2010, para criar cargo temporário. Até hoje, em 2023, a lei do governador Serra ainda persiste, que é a Lei do Serviço Temporário.

Você pode usar a estrutura temporária. Isso deveria ser para quantos tem um quadro de aposentadorias, você tem um quadro de férias. Você pode ter um serviço temporário por um período, mas essa lei é de 2009, e até hoje ela é vigente no estado de São Paulo, a lei do serviço temporário.

Então, colocando aqui algumas questões para nos posicionarmos contrários ao projeto de lei apresentado, porque ele não vai resolver o problema administrativo hoje da (Inaudível.) do estado de São Paulo. Porque inclusive, nobre deputado Carlos Giannazi, se você olha para a proposta, não tem plano de estruturação de carreira.

E nós sabemos que uma das premissas do serviço público é a estruturação das carreiras, e no que o governo apresenta hoje não tem uma estruturação de carreira para os servidores públicos e os servidores das autarquias no estado de São Paulo.

Então, com essas considerações, quero já deixar aqui consignado o meu voto contrário a esse projeto apresentado, de reforma administrativa do estado de São Paulo, porque ele não cria um encarreiramento, ele não cria e não debate projeções de carreira para o serviço público no estado de São Paulo, ele não resolve o problema do serviço temporário e ele não cria.

Quando ele fala que ele extingue cargos, na verdade está criando cargos, e o que extingue são cargos que hoje já não estão ocupados dentro do serviço público. Então, por isso, o nosso posicionamento é contrário ao projeto apresentado pelo governador Tarcísio.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Continua em discussão. Para falar contra convido para fazer uso da tribuna o deputado Carlos Giannazi. Tem V. Exa. o tempo regimental de até 15 minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Carlos Cezar, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, venho a esta tribuna no dia de hoje para discutir contrariamente ao PLC, ao Projeto de lei Complementar nº 138, que versa sobre uma suposta reforma administrativa.

Primeiro, lembrando que todas as reformas administrativas, tanto aqui no governo estadual como em nível federal, todas elas foram contra os servidores públicos. Todas, sem exceção, retiraram direitos e benefícios. Não indo muito longe, nós tivemos uma reforma em 2021, uma reforma administrativa feita aqui, aprovada pela Assembleia Legislativa, na gestão do ex-governador Doria.

Foi uma reforma administrativa desastrosa, que retirou direitos dos servidores estaduais. Por exemplo, acabando com a falta abonada, porque ela alterou o Estatuto do Funcionalismo Público Estadual, uma lei de 1968, e retirou uma conquista histórica dos servidores e servidoras do estado de São Paulo.

Acabou a falta abonada no estado de São Paulo, o Doria, com a sua reforma administrativa. Mas não contente com a retirada desse benefício, o ex-governador Doria também acabou com o reajuste do adicional de insalubridade no mesmo projeto de lei, prejudicando milhares de servidores em todo o estado de São Paulo. Várias categorias foram penalizadas com a aprovação daquela reforma e outras que ele fez, na verdade.

O próprio PL 529, que todos se lembram aqui da perversidade daquele projeto que também prejudicou os servidores públicos. Enfim, eu quero dizer isso porque essa reforma administrativa, embora, em um primeiro momento, ela afete apenas os servidores comissionados, os cargos de confiança, ela é perigosa.

Ela tem várias contradições, essa proposta. Uma delas é que ela vai reservar apenas 20% desses cargos em comissão para os servidores efetivos, concursados, que entraram pela porta da frente no serviço público.

Porque nós defendemos concurso público de provas e títulos para a entrada no serviço público. Esse projeto, ele reserva apenas 20% dos cargos para que esses servidores que já estão na carreira possam exercer e ocupar esses cargos comissionados. É pouco. O próprio governo federal, a lei federal reserva no mínimo 60 por cento. Aqui, o governador Tarcísio, para ter o controle dos servidores públicos, ele reservou apenas 20 por cento.

Lembrando também que em muitos municípios... Tem aqui uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o Tema n.º 1.010, de repercussão geral, que versa também sobre essa questão e sinaliza para o aumento de servidores efetivos ocupando esses cargos comissionados. Então, esse é um dos problemas do Projeto de lei n.º 138.

Tem também uma questão gravíssima, a que somos contrários, que por princípio nós somos contra a instituição do subsídio para o pagamento dos servidores públicos porque ele pressupõe a não existência mais da evolução funcional por tempo de serviço, uma conquista histórica dos servidores, que inclusive está lá no nosso estatuto do funcionalismo público. Repito, lei de 1968.

Então, ele acaba com a licença-prêmio, com os quinquênios, com a sexta parte. Todos esses benefícios conquistados historicamente pelos servidores, sobretudo do estado de São Paulo, praticamente desaparecem com esse Projeto de lei, com a instituição dos subsídios. Então, é um outro problema sério desse Projeto de lei.

E também, voltando ainda à questão do concurso, eu não posso deixar de registrar aqui a nossa preocupação e o nosso repúdio a essa proposta. Agora que o governo disse que vai apresentar aqui na Assembleia Legislativa, diz o governador Tarcísio, está anunciando que vai encaminhar um projeto de lei para a Alesp, criando um concurso público para contratar militares para as escolas cívico-militares, que serão instaladas no estado de São Paulo.

Está hoje essa notícia aqui na “Folha de S.Paulo”, olha: “Governo Tarcísio fará concurso para escolas cívico-militares. Secretaria de Educação deverá ficar encarregada do processo para contratar militares e de monitorar o programa para as escolas estaduais, escolas cívico-militares”. Qual é o problema?

É que ele diz que o contrato será por dez anos. Olha só o absurdo, dez anos de contrato para os militares trabalharem nas possíveis escolas cívico-militares, que ele vai, inclusive, ele anunciou também na semana passada, na frente parlamentar, no Congresso Nacional, em defesa dessas escolas, junto com o Bolsonaro.

Ele já disse, deputado Marcolino, que a escola cívico-militar vai formar novos bolsonaros. Ele disse, ou seja, está assumindo que são escolas doutrinadoras. Esse pessoal da extrema direita, que tanto fala contra as escolas, dizendo que a escola está doutrinando, eles assumem que são doutrinadores, por meio das escolas cívico-militares.

Mas o que me chama a atenção nessa proposta de um concurso para um contrato de dez anos é que para militar, dez anos de contrato; para um professor categoria “O”, apenas três anos. Olha que diferença. Então, o militar pode ficar 10 anos contratado, o professor categoria “O”, admitido pela Lei n.º 1.093, fica apenas três anos. Depois, ele entra na quarentena.

Quero registrar aqui o nosso repúdio ao que vai acontecer agora se nada for feito, se não houver a prorrogação dos contratos dos professores categoria “O” de 2018, 2019 e 2020.

Nós vamos ter a maior demissão em massa da história do funcionalismo público do estado de São Paulo. Quarenta mil professores categoria “O” serão demitidos no estado de São Paulo, desses três contratos que eu citei, 2018, 2019 e 2020. Nós temos uma oportunidade de reverter essa situação.

Nós vamos aprovar, e temos que aprovar com urgência, o PLC das APDs, das atividades pedagógicas diversificadas, que nós queremos que elas sejam feitas em local de livre escolha dos professores, e não do secretário, como está no Projeto de lei. Nós apresentamos emendas ajustando, consertando o projeto, porque ele tem muitas falhas, muitas imperfeições.

Mas, dentre as emendas que eu apresentei, apresentei uma que prorroga esses contratos. Como é um PLC, e tem que ser por PLC a prorrogação. Então, eu tenho uma emenda que prorroga, deputado Xerife do Consumidor, os contratos por mais um tempo, de tal forma que não haja essa demissão em massa de aproximadamente 40 mil professores no final do ano.

Isso vai causar um impacto jamais visto na rede estadual no processo ensino/aprendizagem, porque os professores perdem o vínculo com o projeto pedagógico, com os alunos, com as comunidades escolares, e os alunos serão extremamente prejudicados com essas demissões, e os próprios professores que ficarão desempregados.

Então, diante disso, é muito importante que a nossa emenda ao projeto seja aprovada, ou que o governo encaminhe um projeto de lei que haja uma saída de tal forma que os professores não sejam prejudicados, porque nós estamos vivendo um verdadeiro caos na Educação do estado de São Paulo, Sr. Presidente, não só nessa questão, que é a mais grave nesse momento, porque, eu repito, é a demissão de aproximadamente 40 mil professores categoria “O” se não houver a renovação ou a prorrogação desses contratos. Então, queria fazer esse destaque.

Mas tem outras questões também que nós estamos acompanhando. A questão da exclusão em massa de professores que prestaram o concurso público, esse raríssimo concurso público, porque é muito difícil a ocorrência de concurso público hoje no estado de São Paulo.

E, no entanto, milhares de professores foram excluídos na avaliação do critério da videoaula, a famigerada videoaula que nem deveria existir porque o Ensino Básico hoje, a Educação Básica no estado de São Paulo é feita presencialmente, não remotamente.

O professor não é um youtuber, vai dar aula presencialmente, mas foi exigida uma videoaula do professor de cinco a sete minutos, e milhares foram excluídos pela Vunesp, empresa contratada pela Secretaria da Educação. Então, essa avaliação tem que ser revista imediatamente, Sr. Presidente.

Nós já tomamos providências em relação a isso também. Então, é demissão em massa de professores, exclusão em massa de professores com experiência, com mestrado, doutorado excluídos do concurso público e agora nós estamos assistindo também e recebendo várias denúncias de que a Secretaria da Educação está orientando as escolas a não fazerem mais matrículas no curso noturno do 1º ano do Ensino Médio.

Eles querem impedir agora que os alunos trabalhadores possam cursar o noturno. Só vai haver matrícula no período diurno ou vespertino ou nas Escolas PEI, que não têm noturno, logicamente.

Essa é a orientação que a Sedu, que a Secretaria da Educação está dando para as escolas, para as diretorias de ensino, sabotando a matrícula do aluno no curso noturno e agredindo, violando a LDB, que garante o curso noturno para os alunos trabalhadores. Está lá na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional.

Isso é uma afronta à nossa LDB, Sr. Presidente. Nós também já acionamos o MP, o Tribunal de Contas para garantir o direito do aluno trabalhador. Então, esse projeto não contempla concurso público, não contempla evolução funcional por tempo de serviço. É um projeto que não...

Quero manifestar logicamente o meu voto e o voto da bancada do PSOL, voto contrário a esse projeto, porque o que nós defendemos é concurso público de provas e títulos, a estabilidade no emprego, e não foi à toa que nós lutamos tanto para derrotar no Congresso Nacional a PEC 32, a PEC do Bolsonaro, que acabava com concurso público, que acabava, não, porque continua tramitando ainda no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.

A PEC 32 acaba com o concurso, acaba com a estabilidade no emprego, acaba com as evoluções, é uma PEC perversa que destrói os serviços públicos ao destruir os direitos dos servidores e servidoras de todo o Brasil.

Então, por tudo isso e muito mais é que nós declaramos aqui o nosso voto contrário a esse PL da suposta reforma administrativa contra os servidores, o PLC 138.

Era isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Continua em discussão. Para discutir contra, convido para fazer uso da tribuna o deputado Donato.

Tem V. Exa. o tempo de até 15 minutos.

 

O SR. DONATO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos que nos acompanham pela Rede Alesp. Vim aqui para discutir este projeto que estão chamando de Reforma Administrativa, mas não merece esse nome, não é?

Esse é um nome - digamos - positivo para um projeto muito ruim, que não tem nada de reforma administrativa. E eu vou procurar demonstrar aqui. Uma pena que a base do Governo não está presente.

Aliás, os bolsonaristas não estão hoje aqui. Acho que atrasou o voo de Buenos Aires. O voo de Buenos Aires atrasou? Estão tentando... Estão na fila para a foto com o Milei ainda?

Não tem um bolsonarista aqui para a gente conversar, para discutir Estado mínimo. Porque esse projeto aqui mereceria um apelido: é Estado mínimo para os outros, porque para quem é cargo de confiança é Estado máximo. Aí pode.

Para os amigos do Tarcísio, pode ter aumento de 48%. E, para o povo, é Estado mínimo. É privatizar, é arrochar, é não aumentar salário. Este é o mantra dos liberais aqui. Só que esse projeto...

Quero ver os liberais virem defender esse projeto na tribuna. Aqueles que se empenharam tanto na defesa da privatização da Sabesp, falando do enxugamento do estado, do Estado mínimo.

O projeto aqui se resume, basicamente... Apesar de ter vários pontos, até alguns positivos, aumenta a licença maternidade... Mas ele se resume àquela malandragem de sempre, que o deputado Marcolino já explicou aqui: “Estou extinguindo cargos.” Cargos que estão desocupados. Deve ser de operador de telex, aqueles cargos que tinha antigamente e que não tem mais.

Então, extingue cargos, mas aumenta os cargos existentes. Então, você vai aumentar o impacto na folha de pagamento aqui - dos comissionados e das funções de confiança - em cerca de 580 milhões por ano, deputado Conte Lopes, em cargos de confiança: 21 mil cargos. Vinte e um mil.

Eu queria ver aqui o deputado Guto Zacarias, o Gil Diniz... Pena que eles não estão aqui, mas espero que amanhã eles tenham chegado da Argentina já, e a gente possa debater com eles. Porque falam em cabide de emprego, falam em Estado mínimo. E o que é isso aqui? Vinte e um mil cargos, com 48% de aumento.

E de uma maneira típica desse Governo, sem explicar quais são os cargos, em quais secretarias. É o cheque em branco que se falou aqui. Ou seja, não explica nada, faz uma tabela genérica, tem um impacto geral, mas não explica como serão distribuídas essas benesses, esses aumentos.

Então eu queria, aqui, que viesse alguém da base do Governo - de preferência um liberal raiz, um liberal raiz - para explicar como é que isso aqui tem a ver com o Estado mínimo. Como é que isso aqui tem a ver com o Estado mínimo?

Então, é lamentável que a gente tenha que vir aqui à tribuna para desmontar mais um discurso falacioso do governador Tarcísio, que promete um Estado menor, promete ser rigoroso, não ter tantos cargos de confiança e dá um aumento de 48% - no total.

Isso pode ser distribuído de outra forma que a gente não sabe, porque não está explicado no projeto. Então não dá para ter projetos deste tipo aqui, que simplesmente você dá um aval para algo que você não sabe o que vai ser feito, tudo por decreto; que autoriza que depois tudo seja feito por decreto.

O projeto, em síntese, não detalha os cargos existentes e sua distribuição nas diferentes secretarias - isso é absolutamente importante. Não demonstra, portanto, quais serão extintos e quais serão reestruturados - em quais órgãos -, existindo apenas quadros-resumo com quantitativo geral por nível. Ou seja, trata-se de um cheque em branco para o Executivo dispor sobre extinção e recriação de cargos, da forma como desejar.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. André do Prado.

 

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E a Assembleia abre mão, mais uma vez, de uma atribuição que é dela, que é votar a estrutura administrativa. A gente está abrindo mão, porque a gente não está votando nada, a gente está votando uma intenção do governo de reestruturar que ele vai fazer por decreto depois. A gente não sabe o que ele vai fazer. Então, a gente está mais uma vez abrindo mão de prerrogativa da Assembleia.

Com essa falta de detalhamento não é possível comparar os valores dos salários dos cargos na atual situação com a nova proposta. A proposta prevê um aumento de 48,36% na folha de pagamento de cargos em comissão e funções de confiança, a partir de 2024. O gasto mensal passa de 92,2 milhões para 136,8 milhões, aumento de 44.6 milhões por mês, cerca de 580 milhões por ano.

Não foi indicada a fonte de recursos para fazer frente a essa despesa e nem informado se já está contemplada na lei orçamentária de 2024, um projeto que vai ser votado na semana que vem.

Por fim, a proposta não contempla nenhuma estruturação da Administração, não dispõe sobre planos de carreira para postos de comando e assessoramento destinados aos efetivos, não menciona qualificações e não dispõe de nenhum mecanismo de estímulo à gestão por competências e desempenho.

Então, é isso. É um projeto de estado mínimo para os outros e de estado máximo para os amigos do governador Tarcísio. Por isso, não dá para votar a favor. A gente vai votar contra.

E amanhã espero que com o plenário, com mais liberais para fazer esse debate, que eu quero ver eles virem defender aqui, a gente possa fazer esse debate e escutar se eles têm argumentos que não tem.

Mas enfim, “fake news” sempre existem para isso. Mas é isso, presidente. Lamento muito que esse projeto seja um projeto de estado mínimo para os outros e de estado máximo para os amigos do Tarcísio.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência à lista de oradores escritos, para discutir contra, com a palavra o deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, assessoria, aqueles que nos acompanham pela TV Alesp.

Nós tivemos aqui a oportunidade de ouvir alguns argumentos contrários ao projeto da reforma Administrativa e eu quero dar continuidade nesse debate, chamando atenção para algumas questões que, na minha opinião, têm um impacto impressionante.

Eu ouvi aqui, nos discursos da semana passada, deputado Marcolino, deputados bolsonaristas dizerem assim, “vamos fazer a reforma, vamos acabar com os cargos, vamos cortar na carne”. Impressionante, não sei na carne de quem que eles vão cortar, porque quando a gente olha o projeto...

Eu queria registrar aqui os valores. Eles estão propondo 1.330 cargos de R$ 9.639,50; 1.365 cargos de R$ 10.381,00; 1.015 cargos de R$ 11.864,00; 1.225 cargos de R$13.347,00; 1.225 cargos de R$ 16.313,00. Acabou aí? Não. A gente ainda tem 665 cargos de R$ 17.796,00; 665 cargos de R$ 20.762,00; 256 cargos de R$ 23.728,00; e 29 cargos de R$ 26.694,00.

Deputado Conte Lopes, essa aqui, na realidade, não pode ser uma reforma. Isso aqui é para pagar bem os assessores do Tarcísio. Espero, sinceramente, que os deputados que defendem esse projeto, como o senhor, tenham a possibilidade de indicar pelo menos um cargo. Porque assim, não é possível.

Se a gente aqui está dizendo que vai cortar... Sabe qual é a conta que ele faz? É que vai cortar mais de quatro mil e 700 cargos, como disse aqui o deputado Marcolino, eles estão vagos. Então não está cortando nenhum. Não está cortando, ao contrário, ele vai aumentar para os apaniguados.

O senhor perguntou para o deputado Reis, o que é um cheque em branco? Vou ser mais preciso, o cheque na realidade não vai estar em branco, o cheque vai ter assinatura dos deputados que são favoráveis a entregar ao governador o cheque em branco. Se aprovar o projeto, conforme disse o deputado Reis.

Como a base, deputado Barros, está articulada, está azeitada, está emendada, vai ser fácil aprovar a reforma, 48 votos só, não vai ter dificuldade. Agora, acabou nos cargos? Não. Não acabou, porque nós vamos ter aumento, como já disse aqui o deputado Donato, nós vamos ter mais de 500 mil... mais de 500 milhões, em 2024, com gastos para esses servidores.

Vou de novo. Quais são esses servidores? Não é para não ter dúvida, até para os deputados da base estarem informados do que é possível, não é? Porque eu já ouvi aqui deputado, como o deputado Gil Diniz, que reclama que não consegue indicar um policial. Então é bom ele saber aqui que são os cargos em comissão e as funções de confiança.

Então, deputado Conte Lopes, o senhor que é um deputado atinado, que está plugado nos cargos... Olha só, as funções, nós vamos ter funções de até R$ 14.236,80, nenhum problema. Eu acho que servidor tem que ganhar bem. Agora o governador regatear o aumento do “vale coxinha”? O governador não mandar aqui o projeto dos policiais penais? Ah, aí não dá.

Eu ouvi aqui, alguns deputados falam assim: “Não. Primeiro tem que arrumar a casa para depois emprestar dinheiro para outros países”. Poxa, não vale para os servidores? Primeiro tinha que arrumar a casa mesmo, mas não arrumaram, porque não aumentou o “vale coxinha”, porque não mandou o projeto ainda dos policiais penais que nós precisamos conhecer.

Ah, e tinha acordo, lembra bem o deputado Luiz Claudio Marcolino, que tinha acordo no “vale coxinha”, mas vamos lá, o que me chama mais a atenção também aqui. Acho que é importante a gente registrar, até porque tem deputado que pode estar interessado, não é? Quais são os cargos - vamos aqui, só para não ter dúvida nenhuma - que serão extintos?

 Eu não vou ler todos, que é uma lista que tem os quatro mil, mas vou ler os que são os principais, deputado Conte, atenção: administração penitenciária vai cortar 1.351 cargos; DER - DER a gente tem um pedido de CPI que está engavetado – 1.214 cargos; Centro Paula Souza, 550 cargos; Segurança Pública, 348 cargos, deputado Conte Lopes da bancada da bala... ah, deputado... Fazendo e Planejamento, 127; Iprem, 73; e Saúde, sessenta e sete.

Bom, aqui tem a lista dos cargos. Sabe qual é o problema? Primeiro, é que assim, a gente não tem como fazer a comparação do que ele está extinguindo ou nem daqueles que ele está mantendo, que ele está criando, que são exatamente 14.071 cargos que estão sendo criados.

Não é possível ter comparativo. Nós não sabemos quem serão, quais serão, quanto serão os cargos, nesses valores que eu li aqui. A gente só tem os números 600... 900... mas nós não sabemos, não tem comparação.

E tem uma coisa deputado Conte, que - como o senhor é um deputado ligado à bancada da bala - vale a pena aqui lembrar. Fixação de que, no mínimo, 20% dos cargos comissionais sejam ocupados por servidores efetivos. Aqui há uma discordância de servidores efetivos, eles acham que era preciso melhorar, não ser só vinte.

Podia, quem sabe, usar o parâmetro do Bolsonaro, que aprovou. Lá, o Bolsonaro aprovou 60%, isso aqui é mais uma discordância que eu trago aqui, entre o Tarcísio e o Bolsonaro. Bolsonaro foi mais generoso, Tarcísio mais restritivo, talvez porque tenha acabado a lua de mel. Não sei.

Então, deputado Conte, deu para perceber a ideia do cheque assinado em branco se esse projeto for aprovado? Eu não sei e não vou colocar aqui dúvida se esse projeto teve uma discussão profunda com os deputados, como teve a Sabesp. Eu não sei, porque a Sabesp eu sei que teve. Eu não sei esse, se esses cargos aqui foram discutidos, se tem algum tipo de diálogo nesse sentido.

Mas é importante a gente mostrar o tamanho do cheque em branco que o governo está pedindo. Tem alguns outros pontos que eu queria destacar aqui, Sr. Presidente, que dizem respeito a esse processo que nós vivemos.

Depois da Sabesp, em que nós enfrentamos um debate aqui amplo, duro, mas democrático, nós tivemos uma conclusão não muito boa, por vários problemas nas galerias, por brigas de ambos os lados, dos manifestantes e da polícia. Claro que sempre a polícia com a força do estado.

Mas é preciso dizer que nós poderíamos ter concluído o processo da melhor forma possível, com a possibilidade de conviver neste ambiente sem gás de pimenta, sem a violência que a gente vivenciou. Era possível? Claro que era possível. E eu vou pedir, inclusive, ajuda do deputado Conte.

Aqui na cidade de São Paulo tem um problema crônico nas periferias. Eu não sei se no Interior, nas cidades da Região Metropolitana tem, mas aqui tem. Nem sei se em Piracicaba. São os pancadões. Quando não há, por parte da polícia, uma ação prévia, preventiva, antes de estar lá o pancadão, não tem mais quem acabe com o pancadão sem ter pancada.

É o básico, é o basilar. Se ocupa o espaço, o território, acabou. Vão mudar de lugar, vão chamar para outro lado, sei lá para onde, é verdade, mas nós precisávamos ter nos antecipado. Eu acho que essa é uma lição importante, que nós precisamos aproveitar e não cometer erros novamente.

E eu queria concluir, Sr. Presidente, fazendo um apelo aos deputados. Nós não vamos votar hoje, a proposta é que a gente vote amanhã, mas que antes de votarmos, que a gente tenha clareza do cheque que nós, que nós não, porque nós vamos votar contra, mas que os deputados da base podem estar assinando, não para uma reforma administrativa, mas para ajudar os cargos de confiança do governo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência à lista de oradores inscritos, para discutir contra, com a palavra a deputada Monica Seixas.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - A gente tem um calendário bastante apertado daqui até sexta-feira, com temas muito importantes, que eu não gostaria de ver passar sem debates ou com debates superficiais, como, por conta do tempo, eu acredito que vai acabar acontecendo.

Os dois mais importantes debates, no meu ponto de vista, é o orçamento e a reforma administrativa. Não dá para passar batido com duas horas de debate sobre o orçamento na quinta-feira e não dava para a gente passar a reforma administrativa com plenário vazio. O orçamento do Doria e a reforma administrativa pelos mesmos motivos, pelo desinvestimento no serviço público em áreas centrais para a população.

Eu poderia falar da Assistência Social, da possível demissão dos trabalhadores da Educação que a reforma administrativa vai causar, ou poderia discutir a falta de recursos para infraestrutura e reforma em todos os sentidos, desde a escola até as delegacias, previstos no orçamento do Tarcísio, que eu espero que todo mundo tenha lido o que eu li, que tem dez reais de previsão orçamentária para policiamento na Cracolândia. Dez reais. Espero que todo mundo tenha lido isso.

Espero que todo mundo tenha lido que a gente está sob o menor investimento em Segurança Pública dos últimos dez anos; espero que todo mundo tenha lido que a reforma Administrativa vai demitir os poucos servidores administrativos que a gente tem na penitenciária, e estão faltando aos montes.

Aliás, a gente teve um monte de inícios de motins nas penitenciárias esses finais de semana. E os trabalhadores do serviço penitenciário têm dito que estava faltando servidor; eu espero que vocês tenham visto que a reforma Administrativa do Tarcísio extingue cargos.

Então, a gente tem um debate profundo para fazer sobre a dificuldade em que vai ficar o estado, em todos os aspectos do serviço público.

A Educação está um caos, 100 mil professores à beira da demissão, escola de lata, desinvestimento; parecem não ligar.

Eu sei que os senhores sabem que tem mulheres que viajam quatro horas de ambulância para dar à luz no estado de São Paulo, porque não tem maternidades em todas as regionais, e não tem previsão para contratação e ampliação, construção de maternidades e hospitais pelos interiores.

Eu sei que os senhores viram que dez reais também é o mesmo valor que a Secretaria da Mulher tem para operar ano que vem. E eu vi - espero que os senhores tenham visto também - que não tem nenhuma reserva orçamentária e planejamento para as delegacias das mulheres abertas 24 horas, para contratação de investigadores da Polícia Civil, para contratação de novos policiais. É muito grave.

A gente está falando de um estado que deixará de ser estado, de um estado que vai colapsar, de um estado que não tem condições de atuar diante da crise de insegurança pública a que a gente está assistindo.

E não vão valer discursos inflamados aqui sobre os poucos policiais que vão ficar, que vão morrer nas penitenciárias, porque não tem gente para trabalhar, e sobre os que vão morrer no conflito na rua, porque não tem recurso para municiá-los, para contratar mais gente.

Espero que todo mundo tenha visto. Por isso, para o PSOL, esta semana não vai dar para passar atravessado com os debates fake encavalados como se pretende fazer, porque “queriam porque queriam” vender a Sabesp. Porque não restou tempo para discutir que o plano plurianual, que vai ser discutido e votado ano que vem, prevê que benefício fiscal, já no primeiro ano...

O imposto que a gente não vai receber, e que vai faltar na ponta, vai superar, no primeiro ano, o orçamento da Segurança Pública, vai passar para 70 bi. No primeiro ano, a gente vai saltar de 18 para 70 bi. E quem abre mão de 70 bi não vai ter dinheiro para fazer absolutamente nada.

E é isso que a gente vai discutir às pressas esta semana, por isso para o PSOL é muito ruim que a gente tenha debates tão acelerados. A gente já disse que não tem a disposição de deixar passar assim.

No que depender da gente, a gente vai discutir, sobretudo em honra, em homenagem àqueles que sangraram aqui semana passada para ver e para exigir de nós o bom debate político.

Quero encerrar - que eu prometi ao líder do Governo que não usaria todo o meu tempo - me solidarizando a todos os trabalhadores que estavam aqui no plenário semana passada.

Todo mundo que sentiu, todo mundo que sofreu, todo mundo que chorou, todo mundo que se desesperou, todo mundo que ficou encurralado. No momento em que o gás de pimenta foi disparado ali na galeria pela primeira vez, as portas aqui embaixo estavam trancadas para nós.

E foi um “pega para capar” aqui embaixo também; muita gente sofreu. Mas muita gente sangrou; duas pessoas foram hospitalizadas. Policiais no exercício da sua função. Mas muita gente também. Saíram várias fake news de que era sangue fake.

Para a imprensa, eu preciso dizer que precisa tomar cuidado para checar. O ambulatório da Casa atendeu aos feridos; o IML fez laudo dos feridos. A gente teve pessoas que saíram daqui para o hospital, e tem inquérito policial sobre isso.

Tivemos pessoas feridas aqui, por conta da pressa de votar um projeto que deveria ser mais debatido e que vai encontrar, ainda, muitos problemas no Judiciário e nas câmaras municipais.

Todos os dias, líder do Governo, presidente André e todos os colegas que já convivem aqui comigo há cinco anos, nós, do PSOL, encontramos muita dificuldade por conta do nosso posicionamento às vezes radical.

Não foi nem uma, nem duas vezes que eu fui ofendida pelos corredores por populares. Não foi nem uma, nem duas vezes que me chamaram para a briga a partir da galeria.

Não foi nem uma, nem duas vezes que entraram no meu gabinete, como entraram no gabinete da deputada Paula semana passada, chutando a porta, dizendo que o bebê dela deveria morrer, como xingaram a Ediane pelos corredores em uma ação racista.

Eu considero que o confronto da opinião pública faz parte da política, claro que com seus limites, mas em nenhum desses momentos a gente chegou a sugerir que as galerias fossem fechadas.

Em nenhum desses momentos a gente chegou a sugerir que as portas da Alesp fossem fechadas. Em nenhum desses momentos a gente pediu ao policiamento da Casa que não deixassem as pessoas acessarem os nossos gabinetes ou nos acessarem, muito pelo contrário.

A gente parte para identificar os culpados. Os meninos que chutaram a porta do gabinete da Paula saíram pela porta da frente, assim como o senhor que foi racista com a Ediane.

A Polícia nos respondeu que ele é um incapaz que sofre de transtornos, que passa nos gabinetes causando, e até hoje ele está circulando pelos gabinetes da Casa, pelo corredor, até hoje.

Em nenhum momento a gente devolve violência com violência. A gente é a favor de toda justiça, e sempre buscamos, mas o que a gente assistiu ontem e o que eu pedi, e fiz questão, para depor é que, em alguns casos, as pessoas abusam da autoridade que têm.

Na comissão, no congresso de comissões, eu vi deputado partir para cima do público. Aqui eu vi deputado chamar público para a porrada. Da última vez que isso aconteceu, que foi quando o Arthur subiu aqui para chamar os policiais penais para a porrada, a gente teve violência generalizada, porque cabe a nós cuidar da segurança de nós mesmos, arcarmos com as consequências da democracia e cuidar das pessoas que estão sob nossa responsabilidade.

Por isso eu vou dizer: semana passada, o que a gente sofreu foi a dificuldade desta Casa de se permear da legítima indignação popular, foi abuso de poder daqueles que, atrás do vidro - sabiam que não iam ser tocados -, provocaram e levaram a situação até os limites.

Então os servidores da Casa que respiraram gás, os jornalistas que foram expulsos dos seus trabalhos, os policiais que saíram daqui machucados, tudo isso foi responsabilidade da dificuldade como a gente conduziu o debate da Sabesp, que o povo legitimamente queria discutir. Minha solidariedade a todos e todas, desculpa a todos e todas. 

Eu volto a dizer, presidente: a gente enfrenta todos os dias uma pedreira, mas de nós, da nossa bancada, você nunca vai ver a gente revidar um tapa de quem nos chama para a briga, porque a gente tem que ser consequente com o cargo que a gente ocupa.

Os debates são duros e difíceis, mas nós também temos que evitar a violência todas as vezes que convidados para a violência, porque isso faz parte do debate democrático. Eu acho que, se houve excesso, o excesso começou aqui embaixo, entre nós, quando, diante de um público daquele, a gente permite provocações.

Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Não havendo mais oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Há sobre a mesa um requerimento de método de votação, apresentado pelo líder do Governo.

 

O SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, Deputado Jorge Wilson.

 

O SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - Havendo acordo de lideranças, eu peço o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental. Havendo acordo entre as lideranças, está levantada a presente sessão.

 

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            - Levanta-se a sessão às 18 horas e 24 minutos.

 

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