26 DE ABRIL DE 2024

22ª SESSÃO SOLENE PARA OUTORGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO AO DR. LUIZ ROBERTO LIZA CURI

        

Presidência: DELEGADO OLIM

        

RESUMO

        

1 - DELEGADO OLIM

Assume a Presidência e abre a sessão às 10h14min. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, para fazer a "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao Dr. Luiz Roberto Liza Curi", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia as autoridades presentes.

        

3 - PRESIDENTE DELEGADO OLIM

Expressa sua satisfação por conceder o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação. Faz resumo da trajetória do homenageado.

        

4 - ANDRÉ LEMOS JORGE

Presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - Conaes, faz pronunciamento.

        

5 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de um vídeo sobre Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação. Lê currículo do homenageado.

        

6 - PRESIDENTE DELEGADO OLIM

Outorga o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação.

        

7 - LUIZ ROBERTO LIZA CURI

Presidente do Conselho Nacional de Educação, faz pronunciamento.

        

8 - PRESIDENTE DELEGADO OLIM

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 11h17min.

        

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Delegado Olim.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Daremos início, neste momento, à sessão solene de Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Dr. Luiz Roberto Liza Curi. Comunicamos aos presentes que esta sessão está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal do YouTube.

Convidamos, para compor a Mesa de Honra, o deputado estadual Delegado Olim, proponente desta sessão solene. (Palmas.) Convidamos o Dr. André Lemos Jorge, o sempre desembargador do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que atualmente é conselheiro nacional de Educação e presidente do Conaes. (Palmas.)

E vamos receber calorosamente o homenageado do dia, o Dr. Luiz Roberto Liza Curi, sociólogo e doutor em economia, conselheiro e presidente do Conselho Nacional de Educação, MEC. (Palmas.)

Convidamos o Deputado Delegado Olim para declarar a abertura oficial desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - DELEGADO OLIM - PP - Bom dia a todos. Sejam todos muito bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior. Declaro aberta esta sessão solene, que foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo a minha solicitação, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Dr. Luiz Roberto Liza Curi.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos a todos os presentes para, em sinal de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela Camerata da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro, primeiro sargento PM, Ivan Berg.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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Agradecemos a Camerata da Polícia Militar e ao maestro, primeiro sargento PM, Ivan Berg. Registramos e agradecemos a presença das seguintes autoridades e personalidades que se apresentaram a este cerimonial: Dr. Marco Tullio de Castro Vasconcelos, reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Agradecemos a presença do Dr. Cleverson Pereira de Almeida, pró-reitor de extensão e cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Agradecemos a presença do Dr. Aluisio Augusto Cotrim, pró-reitor de Graduação da USP.

Agradecemos a presença da Dra. Susana Córdoba Torresi, pró-reitora adjunta de pesquisa da Universidade de São Paulo. Agradecemos a presença Dr. Anderson Luiz da Silveira, conselheiro do Conselho Nacional de Educação.

Agradecemos a presença Dr. Arthur Sperandéo de Macedo, presidente da Associação Nacional dos Centros Universitários. Agradecemos a presença Dr. Ednilson Guioti, diretor-presidente da Redag. Agradecemos a presença do Dr. Marcos Borges, presidente da Univesp.

Agradecemos a presença do Dr. Paulo Fossatti, vice-presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação. Agradecemos a presença da Dra. Maria Helena Guimarães de Castro, vice-presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.

Agradecemos a presença do Sr. Alysson Massote Carvalho, diretor-geral do Instituto Presbiteriano Gammon. Agradecemos a presença Dr. Bruno Coimbra, diretor da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior.

Agradecemos a presença Dr. Francisco Stark, representando, neste ato, o reitor da Belas Artes, Dr. Paulo Antônio Cardim. Agradecemos a presença da Dra. Flávia Marçal, representando, neste ato, a UFRA e a OAB do Brasil.

Agradecemos a presença da Sra. Rita Maria Lino Tárcia, professora do Departamento de Informática e Saúde. Agradecemos a presença da Sra. Roberta Lins, representando a professora Lúcia Teixeira, presidente do Semesp. E agradecemos a presença da advogada Dra. Aurélia Calsavara Takahashi.

Agradecemos ainda a presença do Sr. Felipe Sigollo, ex-secretário do MEC. Gostaríamos de registrar a presença Dr. Mozart Neves Ramos, educador, escritor e químico brasileiro e ex-conselheiro do Todos pela Educação.

Anunciamos as palavras do presidente proponente da sessão, o deputado estadual Delegado Olim.

 

O SR. PRESIDENTE - DELEGADO OLIM - PP - Primeiramente, eu quero falar primeiro, antes dessas duas feras aqui... o discurso mais bonito que eu vi. Olha que eu já fui em discurso - eu estou aqui no terceiro mandato - de várias pessoas, mas igual ao discurso dele, na posse dele no TRE, eu nunca vi igual.

Então, vou deixar para falar primeiro e para deixar você falar depois. Senão depois o meu discurso ninguém vai nem ouvir aqui. Aliás, professor, eu levantei a sua vida aqui como delegado de polícia. Se fosse falar tudo o que eu tenho que falar aqui, ia ficar uns três dias. Então, é bem rápido aqui, umas rápidas palavras.

Eu quero primeiro agradecer e, olha, estou muito feliz aí quando o Dr. André e o nosso presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado, me procuraram e falaram para fazer uma homenagem para o senhor.

Então, acho que tem um fã do senhor aqui, é o André Lemos Jorge. Aí eu falei, vou fazer, porque eu sou de fazer poucas homenagens aqui, eu sou o que menos faço homenagem aqui. Não porque eu não quero, é porque é difícil.

E este colar é colar muito, muito... Poucas pessoas recebem na Assembleia Legislativa. Primeiro, que tem que ser... Todos os deputados têm que estar de acordo, e a Mesa, as diretoras, também.

Então, na hora que o seu nome caiu lá... mas assim, foi a coisa de três ciclos, em outros, você tem que ficar cobrando: “e aí, vai sair o colar, não vai?” O do senhor não teve nenhum problema, viu? O do senhor foi muito rapidamente.

Então, quero cumprimentar, quero agradecer ao Dr. Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação, e ao Dr. André Lemos Jorge, que é do Conselho Nacional de Educação e presidente do Conaes.

Cumprimento todos aqui, tem vários amigos meus aqui presentes, e pessoas importantes na área da educação. Então, bom dia mais uma vez a todos. É uma grande alegria promover esta sessão solene que homenageia o Dr. Luiz Roberto Liza Curi.

Ao conceder o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, a mais alta honraria que esta Casa Legislativa destina às personalidades de destaque da nossa sociedade paulista.

“Não há nada que expresse mais a realidade de uma nação e da sua sociedade do que os incentivos e cuidados com a educação. Nada é capaz de se sobrepor ao conhecimento como definidor do processo civilizatório, do bem-estar, da competitividade econômica e da inclusão social”.

Essa frase foi publicada pelo Dr. Luiz Roberto, no site da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior - Andifes -, e reflete a responsabilidade desse profissional na área da educação.

Sua formação em sociologia e economia fundiram-se, dando início a uma carreira brilhante. Basta observar o seu trabalho dedicado à trajetória educacional, desde a alfabetização até o final do ensino superior, para construir um futuro melhor para todos.

Observar as necessidades de mudanças, de adequações, a formação de professores, a aplicação de tecnologias, são apenas alguns fatores englobados nesse nobre exercício. Sua atuação no desenvolvimento da educação certamente trará os frutos que todos desejamos: jovens bens preparados para o mercado de trabalho e para a nossa sociedade.

Promover esta homenagem, justamente com o nosso presidente da Alesp, e o meu amigo aqui, Dr. André, demonstra a nossa gratidão. Acredito que seu trabalho é uma inspiração para todos que buscam a excelência da educação.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, convidamos para fazer uso da palavra o Dr. André Lemos Jorge, sempre desembargador do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que atualmente é conselheiro nacional de Educação e presidente do Conaes.

 

O SR. PRESIDENTE - DELEGADO OLIM - PP - Doutor, faça favor. Local dos deputados, dos amigos e das pessoas importantes.

 

O SR. ANDRÉ LEMOS JORGE - Bom, bom dia a todos. Uma grande alegria ocupar novamente esta tribuna, deputado Olim, que, antes de mais nada, é meu amigo, amigo pessoal.

Quero dizer da minha honra, já que nós estamos ao vivo hoje na TV Assembleia, em falar pela primeira vez sobre a Presidência de um grande deputado, o deputado André do Prado, que me ligou pouco antes do início desta sessão, pediu desculpas, está hoje com o governador Tarcísio. Mas pediu que eu transmitisse ao Roberto Liza Curi, nosso presidente do CNE, o seu grande abraço.

E realmente, isso que o deputado acabou de dizer, o deputado Olim, sobre a propositura, foi muito bem aceita nesta Casa. Como o meu nome constava da indicação, alguns deputados amigos me ligaram, líderes das suas respectivas bancadas, e disseram: “foi realmente uma indicação muito feliz do deputado Olim”, como tudo que o deputado Olim vem fazendo nesses três mandatos.

Eu tenho a alegria de ter acompanhado o Olim desde a primeira eleição. E eu não me recordo, como ele se recordou, do meu discurso de posse no TRE de São Paulo.

Eu quero relembrar da primeira apuração do deputado Olim. Ele me ligava ansiosamente: “como é que está aí, meu irmão? Como é que está aí?”. Eu não queria dizer que ele já tinha passado dos 100 mil votos. Quantos votos foram, deputado?

 

O SR. PRESIDENTE - DELEGADO OLIM - PP - A primeira, 197 mil.

 

O SR. ANDRÉ LEMOS JORGE - Cento e noventa... Eu queria esperar, eu falei: “vai chegar aos 200”. Era uma coisa... Para deputado estadual, alguns não são do estado de São Paulo, para deputado estadual, 200 mil votos é algo assim, portentoso, portentoso.

Então, deputado, primeiro, hoje o discurso não é meu, é do Curi, nosso presidente. Queria agradecer muito, muito, com toda a fraternidade que nos une. Queria saudar aqui muito especialmente os conselheiros do CNE, de hoje e de ontem. Conselheiro Alysson. Vou tentar por ordem alfabética aqui.

Anderson, obrigado, Anderson, conselheiro do Rio de Janeiro, professor da federal do Rio, federal rural; Prof. Alysson Massotti; Prof. Paulo Fossatti, ali quietinho, mas sempre atento. Quieto, mas sempre atento; e a Prof.ª Maria Helena, sempre conselheira, nossa presidente. Com uma grande alegria, vi hoje a senhora aqui.

Quero fazer discurso muito breve sobre a educação, porque hoje este é momento de congraçamento em torno da educação brasileira. Porque o nosso homenageado tem, Olim, nesses anos todos, e são muitos, não vou aqui dizer quantos, porque depois o Curi puxa a minha orelha, porque ainda é o nosso presidente... pode vetar lá e não pautar os meus processos. O poder da caneta é dele.

São mais de três décadas dedicadas ao ensino superior. Mas não só ao ensino superior, porque o Conselho Nacional de Educação - alguns aqui não vivem diariamente o conselho - julga também processos relacionados e normatiza também processos relacionados ao ensino básico, ao ensino fundamental.

E vivemos hoje, infelizmente, no nosso País, uma polaridade inacreditável. Em pleno século XXI, caminhando para a era... Hoje, a grande dúvida nas próximas eleições, e eu nunca deixo de tangenciar um pouco o eleitoral, a grande dúvida é sobre a inteligência artificial.

Cada eleição, cada pleito que se avizinha, nós temos uma preocupação. Já foi o caixa dois, já foi a publicidade sem controle, já foi a compra de votos. Hoje, o que se avizinha para 2024? Um pleito logo ali. A inteligência artificial. Nesse momento de tanta tecnologia, nós convivemos com uma polarização inacreditável.

Então, se eu sou de uma ala ideológica, eu não acredito em absolutamente nada, conselheira Maria Helena, da outra ala. Tudo que aquele diz é ruim e tudo que eu digo é bom.

Ou seja, o outro, deputado Olim, não tem nada, será, de bom? Eu não consigo dialogar com o outro, eu não consigo mudar a minha opinião, eu não consigo evoluir no meu pensamento. Eu não consigo, talvez, reconhecer o meu erro e avançar.

Nós precisamos disso, e essa revolução, essa mudança só virá através de uma educação sólida, através de uma educação responsável. E isso passa por todos os senhores que hoje vejo neste Plenário e vejo também... Soube de tantos outros que nos acompanham hoje pela TV Alesp.

São os educadores que poderão levar este País à frente. O que eu sinto, pessoalmente, e ouço de tantos outros, é que o nosso País, infelizmente, por conta dessa polaridade maluca, em que o meu vizinho nada sabe, e tudo só eu sei, é que nós não avançamos.

Há políticas, há políticas, e aqui me refiro e me direciono aos meus amigos, colegas, sei que o deputado Olim é um dos deputados mais equilibrados, responsáveis, inteligentes que esta Casa já viu. E eu vivo nesta Casa há muito tempo.

Hoje, acabei de dizer que o... Vi aqui um senhor excepcional, que trabalha aqui auxiliando o Plenário com o café, com a água. Eu vim para cá, logo formado na faculdade, trabalhar com um grupo deputados, Curi. Era aqui o rapaz que corria com os projetos de lei, que elaborava os projetos, que acompanhava a votação. Isso foi em 2002.

Então, são 22 anos que eu acompanho este Plenário e conheço a história de muitos deputados, acompanhei todos os governadores de São Paulo desde lá. E sei que hoje há um bloco aqui nesta Casa, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, de pessoas do bem.

Homens e mulheres do bem, absolutamente preparados, que não concordam com os rumos que o nosso País segue. Estão calados, mas estão pensando e estão se reestruturando para que, talvez, nós tenhamos políticas de Estado. E era isso que eu gostaria de falar hoje sobre o nosso homenageado, políticas de Estado.

Nós precisamos pensar que algumas políticas do governo atual, seja de X, de Y, de Z, devem continuar no próximo governo. Políticas de Estado e políticas de Governo são temas absolutamente distintos, absolutamente distintos.

Eu me lembro muito de uma frase do sempre e saudoso governador André Franco Montoro - falando dos Andrés hoje. O Montoro dizia: “você pode ter uma derrota eleitoral, mas a derrota eleitoral não simboliza a derrota política”. Talvez a sua ideia tenha ficado plantada: trabalho em grupo.

Hoje, nós estamos entre educadores. Nós um temos grupo. E a nossa missão, daqui para frente, é transformar boas ideias educacionais de ensino-aprendizagem em políticas de Estado.

Nós não podemos deixar que, na transformação, aliás, na sucessão de um governo para o outro, tudo seja deixado para trás, e é isso que nós temos visto, conselheiro Alysson.

Entra um governo, tudo que o outro fez é ruim. Mas não é possível isso, minha gente. Muitas coisas são boas, muitas coisas são válidas, e a plantação fica. É isso que Curi faz nos seus últimas 30 anos. Foi o presidente do Inep, que é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, que é responsável pela pesquisa de campo, é quem traz os dados do ensino brasileiro.

Foi da Sesu, Secretaria de Ensino Superior. Foi responsável pela regulação brasileira; foi secretário de Cultura; foi conselheiro, por três mandatos, do Conselho Nacional de Educação. E tem contribuído de maneira muito vigorosa, muito responsável, muito sensata e muito equilibrada.

Nós vemos aqui os conselheiros que convivem e os que conviveram com o Curi, a respeito da sua qualidade. Eu gosto de ouvir o Curi, porque o Curi sempre, em todas as suas intervenções, traz ensinamento. E eu aprendi aqui com esses deputados de ontem, aprendi também com o meu saudoso pai, que nós temos de ouvir a voz da experiência.

Quando cheguei ao Conselho Nacional de Educação, para mim foi uma surpresa, porque achei que não seria mais o meu caminho vinculado à Educação, e sim à Justiça Eleitoral.

Eu ouvia o Curi e me sentia maravilhado, me sentia absorto, assim, com as palavras, porque sabia que ele trazia, em cada fala sua, em cada intervenção, um pouco da história da educação brasileira e um pouco do que todas essas pessoas, que ele hoje simboliza, trouxeram para o Brasil. E fizeram o Brasil avançar muito, muito, no ensino.

Então, eu queria, com toda a alegria... Hoje, o discurso não é meu, acho que me estendi demais, é que eu vejo esse microfone aqui, deputado Olim, e vejo esta Casa, gosto de falar um pouco mais.

Mas quero, Curi, com toda a força, sim, da minha gratidão, da minha emoção, da minha amizade por você, dizer que o deputado Olim foi absolutamente feliz, foi absolutamente correto na propositura desta homenagem com a mais alta comenda da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Quero agradecer, deputado Olim, pela acolhida de sempre, a mim, a todas essas pessoas que pensam que o outro também pode ter razão. Sempre uma voz ponderada no estado de São Paulo, quem sabe um dia em Brasília, quem sabe um dia dirigindo a nossa cidade, quem sabe dia dirigindo o nosso estado. Mas eu quero agradecer profundamente e dizer ao Curi que eu me sinto hoje realizado, Curi.

Poderia terminar hoje o meu mandato no Conselho Nacional de Educação, por ter feito a primeira ligação ao deputado Olim e proposto esta homenagem a você.

Boa tarde a todos, foi uma grande alegria poder dividir a manhã com todos os senhores e senhoras. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaríamos de registrar e agradecer a presença do Dr. Gilberto Gonçalves Garcia, reitor da Universidade de São Francisco e ex-presidente do Conselho Nacional de Educação.

E, neste momento, convidamos a todos para assistirem ao vídeo em homenagem ao Dr. Luiz Roberto Liza Curi.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Convidamos o deputado Delegado Olim e o homenageado Dr. Luiz Roberto Liza Curi, para se posicionarem à frente para a outorga do colar de honra.

O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a pessoas ou instituições que contribuam para o desenvolvimento social, cultural e econômico do nosso estado, como forma de prestar-lhes pública e solenemente uma justa homenagem.

Dr. Luiz Roberto Liza Curi, natural de Bragança Paulista, São Paulo, sociólogo e doutor em economia pela Unicamp, é conselheiro do Conselho Nacional da Educação desde 2016, tendo sido reconduzido em 2020.

Foi presidente da Câmara de Educação Superior por dois mandatos, de agosto de 2016 a agosto de 2018, e presidente do Conselho Nacional de Educação de outubro de 2018 a julho de 2020.

É membro do conselho superior da Capes e da Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Pós-Graduação. Foi membro do Conselho do Iphan até 2019, no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. É analista de desenvolvimento científico e tecnológico sênior três, aposentado do CNPq.

Foi ainda, no CNPq, chefe de gabinete adjunto e substituto e chefe da assessoria especial do presidente. Foi diretor da “Revista Brasileira de Tecnologia” e secretário executivo do “Programa de Avaliação e Perspectivas em Ciência e Tecnologia”, tendo participado da organização de projetos estruturantes de ciência e pesquisa no País.

No Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, foi chefe de gabinete e assessor especial do presidente, responsável por programas de formação de recursos humanos em ciência, tecnologia e inovação.

No Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, participou do programa de ciência, que trata da criação de projeto de formação graduada de recursos humanos de alta qualificação vinculado à ciência, tecnologia e inovação.

No Ministério da Educação, foi presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e diretor-geral de Políticas de Educação Superior, onde foi responsável pela proposta de regulamentação da LDB no âmbito da avaliação, regulação e supervisão da educação superior e responsável pelo processo avaliativo e regulatório das instituições de educação superior.

Foi membro do Comitê de Avaliação da OEA e responsável pela representação brasileira do Comitê Mercosul de Educação Superior. No Governo do Estado de São Paulo, foi membro do Conselho Superior da Unicamp; diretor-geral de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciências, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico; e chefe da Cooperação Internacional em Ciência e Tecnologia da Secretaria de Cooperação Internacional do Estado de São Paulo.

Na Prefeitura de Campinas, ocupou o cargo de secretário de Cultura; presidente do Conselho do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural; e presidente da Companhia do Polo de Alta Tecnologia de Campinas, o Ciatec.

Na Companhia Paulista de Força e Luz, CPFL, foi sociólogo e responsável pelo projeto cultural “Força e Luz”, onde a Lei de Extensa Programação Cultural implantou o centro de memória da CPFL, os projetos de carros-biblioteca e de espaços culturais móveis.

Nossas homenagens ao Dr. Luiz Roberto Liza Curi. (Palmas.)

 

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- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

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Posicione-se para a foto oficial. Nós gostaríamos de registrar e agradecer a presença de Priscila Cruz, presidente de Todos pela Educação.

E, neste momento, ouviremos as palavras do nosso homenageado, o Dr. Luiz Roberto Liza Curi.

 

O SR. LUIZ ROBERTO LIZA CURI - Bom, eu queria agradecer a presença dos que puderam estar aqui hoje, de professores, professoras, amigos e amigas, especialmente. O meu assistente distribuiu cinco mil convites, mas é assim mesmo. Na oficina da agricultura, você convidava 12 mil pessoas para vir oitenta.

Então, acho que essa sempre é a relação entre a chamada e a chegada. De qualquer maneira, todos que estão aqui são pessoas muito queridas. Eu vou tentar citar, e eu peço desculpas prévias pelos que eu não citar, porque eu tenho uma memória péssima, confundo nomes e troco, inclusive, o nome do filho pelo do cachorro. Então, eu peço desculpas prévias de alterar alguma coisa ou esquecer outras.

Mas eu queria começar aqui a saudar as pessoas por tempo de amizade. Eu começo pelo meu querido amigo Chaim Zaher e Adriana Zaher, que eu conheço desde os anos 90, desde 1993, quando era secretário de Cultura.

Eu, como prefeito, uma grande (Inaudível.), fomos organizar um grande evento cultural, etc. e recebemos a visita do Prof. Chaim Zaher e Adriana - um grande educador e responsável por uma imensa revolução na educação básica brasileira, ambos.

Queria também agradecer a presença da Maria Helena Castro, que conheci em 1992. Ela é a secretária de Educação e de Cultura de São Paulo. Eu falo pouco, mas hoje, como é uma comemoração, vou falar um pouco mais, viu, Anderson? Eu queria, então... E é convívio intenso com a Maria Helena.

Desde então, a nossa amizade só cresce. Estivemos em ambientes opostos na gestão, mas isso nunca representou nada a não ser alianças, reflexões, ordenamentos conjuntos e uma troca imensa de conhecimento e de sabedorias acumuladas nesses anos todos do trabalho da Maria Helena. Eu queria...

Agora vou também citar a presença dos conselheiros Alysson Massotti, - eu ia falar Alysson Paulinelli, os dois de São Paulo - e do Anderson Silveira, dois grandes amigos do Conselho Nacional de Educação, que ingressaram comigo em 2020.

Queria agradecer também a presença do conselheiro Paulo Fossatti, que também ingressou no CNE agora, já em 2022 para 2023, e já se tornou grande amigo meu. Paulo Fossatti, que vem aqui também abençoar o nosso evento, já que ele é padre, talvez o único padre em um raio de 500 quilômetros aqui do Ibirapuera. Isso é muito importante para nós aqui.

Queria agradecer profundamente a presença do Gilberto Gonçalves Garcia, que, amigo também, foi presidente do Conselho Nacional de Educação, convivi com ele por dois mandatos. Marina Castro também, que foi presidente do Conselho Nacional de Educação, dentre outros 500 cargos que ela ocupou. O Felipe Sigollo, que foi secretário-executivo adjunto dela, na época do MEC.

Queria agradecer ao meu grande amigo Arthur, filho de grande amigo meu, foi reitor da UNESP, e que hoje preside o Conselho Nacional de Centros Universitários, Arthur Roquete de Macedo - eu vou devagar -, e também expressa aqui a presença do pai dele, com quem eu convivi desde 1989, quando ele era reitor da Unesp.

Queria cumprimentar o Mozart Neves Ramos, que também é um irmão que eu tenho durante a vida, e nos conhecemos já também há décadas. Ele, que foi duas vezes o conselheiro de Educação, presidiu o Todos pela Educação, presidiu o Instituto Ayrton Senna e hoje ocupa uma cátedra na Universidade de São Paulo, no campus de Ribeirão Preto, igualmente a Marilena Castro.

Queria agradecer muito a presença da Priscila Cruz, atual presidente do Todos pela Educação, também uma amiga de longos anos. Obrigado pela presença, Priscila.

Queria agradecer à Dra. Aurélia, advogada, que defende a causa dos revalidantes de diplomas estrangeiros na educação superior - nos conhecemos assim. É uma causa bastante densa no CNE, são milhares de estudantes que vêm do exterior sem diploma revalidado, e esperam, muitas vezes, outras décadas aqui para revalidar.

Eu queria agradecer muito a presença dos professores da Universidade de São Paulo - a Prof.ª Suzana, o Prof. Paulo - por estarem presentes. O Prof. Paulo, que é reitor... Paulo, falei certo? Sr. Segurado. (Inaudível.) Pois é, eu estou dizendo, quem que falou? Eu não sei de onde apareceu Paulo. Sr. Segurado ficaria mais fácil.

Pró-reitor de graduação da USP, muito me honra a tua presença aqui. Eu que fiz graduação na Universidade de São Paulo, me sinto muito bem acolhido por tua presença.

Prof.ª Suzana, pró-reitora adjunta de pesquisa, também, com quem a gente já vem conversando há tempos. Prof. Marcos, o reitor da Universidade Estadual Virtual de São Paulo, é a primeira universidade pública à distância, integralmente à distância, do País. Obrigado pela presença, Marcos.

E queria, por fim, agradecer a presença da pessoa que veio de mais longe aqui me prestigiar, que é a Prof.ª Flávia Marçal, veio do estado do Pará. Ela que é professora da Universidade Federal Regional da Amazônia e lidera nacionalmente o movimento de maior relevância, que é o “Movimento de Inclusão de Crianças com Deficiência Notoriamente Autistas”.

Ela é mãe de autista e vem desenhando um trabalho há décadas, ajudou muito o Conselho Nacional da Educação na redação do parecer recente. Deveria estar aqui também a Prof.ª Sueli, do Pará, mas ela deve ter se perdido no Espírito Santo, porque não chegou ainda. Não sei se ela chega.

De qualquer maneira, agradeço muito a presença, a sua presença aqui, o esforço que você fez, largando a sua família etc., por estar aqui, em uma sexta-feira de manhã. As manhãs de sextas-feiras são sempre bem animadas, eu gosto muito das sextas-feiras de manhã.

Deixei para o fim o deputado Olim, que - junto do André, e profundamente o André - me conheceu agora, há menos de ano e pouquinho, mas já se tornou um grande amigo a ponto de me indicar para uma honraria desta, que muito me emocionou.

Eu achei no começo, André, que era uma espécie de bala perdida do bem. Eu falei: “nossa, de onde vem esta homenagem? Ela veio do nada”. Aí, aos poucos, eu fui desvendando - viu, deputado Olim, André - depois a presença do senhor na outorga, generosa, sem me conhecer pessoalmente.

As coisas que a gente faz de maneira, assim, mais relevante, mais profunda, são aquelas que a gente faz pela intenção fundamental e não por motivos de convivência, nada disso.

E eu me sinto muito agradecido por nós nos termos conhecido hoje; o senhor ter me aceito; a sua homenagem pela minha trajetória, sem me conhecer pessoalmente. De certa forma, me orgulha muito esse posicionamento. Muitas coisas na minha vida aconteceram assim.

Eu fui convidado para ser presidente do Inep, tendo convivido com o ministro Mercadante pouquíssimo. Aliás, o pouco que eu convivi com o ministro Mercadante foi de lados opostos. Naquela hora, eu era do Partido Comunista Brasileiro e ele era do PT, e não eram agremiações muito amistosas, vamos dizer assim, na época da política brasileira.

E não havia nenhum elo pessoal entre nós. E eu iniciei no Conselho Nacional de Educação em 2012, não foi em 2016, é que no final desse mandato, no finalzinho de 2015, eu fui convidado para ser presidente do Inep, interrompi meu mandato e retornei, em 2016, na escolha presidencial.

E também, em 2012, eu me surpreendi muito de ter sido escolhido para o CNE, porque eu não conhecia pessoalmente as pessoas que faziam as escolhas. E sempre referenciado em trajetórias, eu sempre tive a sorte de ter esse tipo de perspectiva. Se eu esquecer alguém, levanta a mão, fica mais fácil.

Eu queria agradecer também a representação da Prof.ª Lúcia Teixeira, da Semesp, o Sindicato de Entidades Mantenedoras da Educação do Estado de São Paulo, que é uma entidade séria, consistente, realiza estudos de bases relevantes para a política pública de educação brasileira. Transmita aí à diretoria do Semesp a minha gratidão por sua presença.

Bom, eu queria... Levanta a mão, se eu esquecer alguém, é mais fácil. Quem? Fala alto, já que está falando. O Mackenzie, claro. Não adianta (Inaudível.). Eu queria agradecer muito a presença do reitor do Mackenzie, claro. Estou vendo o senhor aqui... Esse é o meu problema.

E do pró-reitor de graduação do Mackenzie. Muito me honro a presença de vocês, Sr. Túlio, porque... Meu irmão estudou no Mackenzie, meu irmão já falecido, prematuramente falecido. Ele estudou no Mackenzie.

E, na época, eu dividia com a USP o banco da Escola de Sociologia e Política, que ficava, assim, a (Inaudível.) do Mackenzie. E embora havia uma certa injusta disputa entre o Comando de Caça aos Comunistas e as escolas de sociologia e política, isso tudo ficou para trás.

Portanto, é uma honra muito grande ter os senhores do Mackenzie aqui. Eu sempre tive muito carinho pela universidade, também pelo fato do meu irmão ter estudado lá. Bom, fiquei muito comovido com... Eu tinha um professor de filosofia e política na graduação, aí já na Unicamp.

Eu fiz a graduação em três lugares, Escola de Sociologia e Política na USP e na Unicamp, tive que ficar zanzando por conta dessa política de ser preso, não ser preso. E aí acabei fechando o curso na Unicamp, me transferindo em concurso interno etc. para fechar a graduação na Unicamp, e lá eu fiz o mestrado e doutorado.

Na USP, notadamente, eu fiz letras, na Escola Superior de Política e Ciências Sociais; e na Unicamp eu me formei em sociologia, no mestrado, e doutorado em Economia.

E tinha um professor na sociologia, a Maria Helena vai lembrá-lo, (Inaudível.), dava aula de sociologia política. Ele dizia assim: “tem horas na vida que não adianta, nós temos que chorar, seja quem for. Mas, se a cena da novela for apropriada, não há quem não chore”. Eu mesmo choro, e todos choramos.

E quero dizer que me emocionei profundamente com a trajetória e agradeço essa pessoalidade intensa de ter passado aquele vídeo ali, imagens que eu nem me lembrava, e eu também não me lembrava que eu tive cabelo algum dia na vida. Foi um reencontro bastante emocionante.

Eu queria também, por fim, abrindo um pouco aqui essa questão mais educacional. Todo mundo sabe aqui que o Conselho Nacional da Educação é um órgão do Estado, não um órgão de Governo.

Todos sabem que nós aqui somos nomeados por decreto presidencial, temos mandato presidencial por quatro anos, e isso tem uma razão de ser. A razão de ser é que nós construímos políticas perenes, nós construímos políticas estruturadas e estruturantes para a educação brasileira.

E o governo participa desse processo, recebendo do Conselho Nacional da Educação, digamos assim, essa assessoria, essa ação mobilizatória em relação à sociedade brasileira.

Como no caso da resolução que trata da proposta de adicionar e incrementar a política atual de inclusão educacional, especialmente aos que mais precisam desses direitos. No caso aqui, os deficientes, crianças e jovens.

Mas também outras questões muito importantes, como diretrizes curriculares nacionais, que a gente atualiza. E, sem essa atualização, os cursos de graduação perdem completamente o sentido, o impacto e a razão de ser junto à sociedade brasileira.

E o governo recebe, portanto, todas essas ações do CNE, que resultam de imensas mobilizações nacionais, de toda a comunidade interessada, não só da comunidade educacional em si, deputado, mas também da sociedade que recebe educação, do conjunto da sociedade - dos que empregam, dos que demandam conhecimento para se desenvolver economicamente e desenvolver as políticas públicas deste País.

Portanto, essa missão do Conselho Nacional de entregar esse ordenamento regulatório, normativo, indicador de políticas públicas, que podem inaugurar políticas públicas e podem incrementar as já existentes - pode adicionar às já existentes um trabalho já consolidado e relevante.

Cabe ao governo aceitá-las ou reenviá-las de volta ao CNE, não pode recusá-las. E quando as devolve, nós reavaliamos em função das peculiaridades que é a gestão e a implantação de uma política pública - o que é a tarefa do governo, não é do CNE.

Então, o governo pode dizer: “olha, essa política é muito complexa e ela concorre com outras aqui etc., vamos ajustá-la, para que o governo possa implantá-la”. Isso acontece com frequência em relação à Conselho Nacional da Educação.

Mas eu queria, com isso, destacar a relevância, não por mim, mas a relevância institucional do Conselho Nacional da Educação, que foi criado em 1901, e teve seu primeiro presidente na pessoa de Benjamin Constant.

Então, é importante nós termos a noção de órgão tão perene, tão permanente, que já mudou de nome duas vezes. Começou como Conselho Nacional, passou para Conselho Federal, depois voltou a ser o Conselho Nacional. Sempre o mesmo órgão, sempre com a mesma missão de garantir direitos aos que mais precisam de direitos, de garantir direitos à educação.

E, assim, garantir direitos à inclusão, ao emprego, à renda, à recuperação social, ao reordenamento das sociabilidades, que são tão relevantes em ambientes muitas vezes regidos pela violência, regidos por fatores independentes da vontade das pessoas, que motivam e se estruturam na violência, por meio da cessação dos direitos dos outros. Isso é muito importante que a gente tenha em mente.

Essa é a tarefa da escola básica brasileira, inclusive, de acolher essas crianças desses ambientes, que muitas vezes têm dificuldade de levantar a cabeça na escola, o professor (Inaudível.), porque aprenderam na comunidade que elas não podem olhar para as pessoas, para não as reconhecerem.

E elas têm dificuldade, muitas delas, de olhar para os professores. E os professores acham que elas estão sendo mal-educadas, não estão sendo adequadas. Mas são hábitos vindos das comunidades, vindos das sociedades inclusivas, de onde elas, obviamente, se originam, e que a escola tem que ampliar, tem que transformar.

A escola tem que adicionar cultura, conhecimento e perspectivas de sociabilidade, socioafetivas, para essas crianças, para esses jovens. Todos sabemos aqui que... E esse é um dos temas mais relevantes. Tudo que o Conselho Nacional de Educação faz se refere a isso, direto ou indiretamente.

Quando a gente propõe adicionar ou tornar mais, digamos assim, complexa uma política como a da inclusão, ou uma política como a de formação de engenheiros, ou uma política como a de ampliação dos estrangeiros que querem estudar no Brasil; qualquer política que nós fazemos não é para aquela comunidade, é para a sociedade.

A gente não faz a política de avaliação da educação superior brasileira para as instituições continuarem existindo. A gente faz para a sociedade receber das instituições o que a sociedade precisa. Nós avaliamos a educação superior brasileira para a sociedade; não é para a instituição comemorar que tirou uma nota alta, tirou um cinco, não.

É para a sociedade comemorar que aquela instituição forma agentes transformadores, que vão gerar mais emprego; que vão gerar mais desenvolvimento; que vão gerar mais incremento nas políticas públicas sociais quando forem trabalhar nos governos; que vão ser novos pesquisadores e novos professores universitários.

É por isso que a gente avalia a educação superior. Às vezes, é o próprio Estado e o próprio Governo que se esquecem disso. Às vezes, o Estado acha que regula as instituições de educação superior para que elas não façam mal à sociedade. Não.

Nós temos que regular as instituições de educação superior para que elas façam bem à sociedade, para que elas transformem a sociedade, para que elas acionem e desenvolvam este País. Porque sem esse espaço, sem esse setor, sem esse campo, não há desenvolvimento possível.

Desafio qualquer um a achar país que tenha se desenvolvido apesar da educação. Eu desafio. Eu desafio a comparação de economias relativas ao desenvolvimento educacional entre uma e outra. Qual é a maior? Eu desafio. O Brasil teve um desempenho mundial, talvez não aceitável, mas razoável na educação, e é por isso que nós chegamos aonde chegamos.

É por isso que nós chegamos no PIB a que chegamos. Por isso que nós chegamos a ser a sétima economia mundial. Pela educação, que é criticada, incipiente, que poderia ser muito melhor.

Mas a que já tem nos construiu e nos levou a isso. A que precisaríamos ter vai nos colocar, evidentemente, na vanguarda do desenvolvimento mundial. Não é isso, Mariana? É a que precisamos ter, está certo?

E o Brasil hesita em ter uma política direcionada à regulação que desenvolva de fato o País, ou que proteja a sociedade de malfeitos da instituição do sujeito. “Então, vamos fazer limites para ela não fazer besteira”. E aí, ao se fazer limites para ela, se faz limites para todas. Aí, ninguém faz besteira, mas também ninguém faz o que o País precisa.

Então, nós temos que deixar para os órgãos de controle brasileiro, para que elas não façam besteira. E deixar para o Ministério da Educação, para o Conselho Nacional da Educação, o espaço das políticas para que elas desenvolvam o País.

Não dá para a avaliação brasileira cercear as instituições, para elas que não façam besteira. A avaliação brasileira tem que garantir que elas façam o melhor, não que elas deixem de fazer o pior.

Quem faz isso é o TCU, é a Promotoria Pública, são as Assembleias Legislativas, é o Congresso Nacional e órgãos de controle do próprio MEC. A regulação tem que olhar para o futuro do País e dizer: “olha, a educação superior em 2024 tem que seguir esse caminho. A medicina, a engenharia etc., essas áreas sem crescer, essas não precisam crescer demais. Nós não vamos fechar, mas não vamos incentivar. Essas precisamos incentivar, para que a gente chegue em 2030 com outra cara”.

No entanto, a regulação vem por anos desenhando apenas um papel normativo, regulatório, burocrático, e arrasta a avaliação para uma espécie de auditoria insana e ineficiente neste País. Eu acho que essas coisas têm que mudar, vem mudando.

Eu queria aproveitar aqui esse ambiente público para saudar a chegada do ministro Camilo Santana e da sua equipe, que vem reconfigurando a educação brasileira, vem reordenando a trajetória de jovens, crianças na educação, especialmente a pública brasileira.

Vocês sabem que são 40 milhões de estudantes na educação pública brasileira básica. Dos 48 milhões, 40 estão na pública. Dos 7.800.000 do ensino médio, seis milhões são da pública. Só no ensino médio, a taxa de evasão no primeiro ano, deputado Olim, é de 480 mil estudantes. Só no primeiro ano, todos os anos. O senhor imagina o acumulado disso.

No conjunto da educação básica, entre a alfabetização e o fundamental um, são 500 mil crianças que saem da escola pública, e sempre os de mais baixa renda, sempre tendo que suportar, apoiar e se associar às famílias, muitas vezes, a negócios não adequados, geradores de violência. Não é isso? É importante que nós tenhamos essa ideia.

Dos jovens que saem do ensino médio público, nem 20% entram em uma universidade. Nós reclamamos que tem muita gente na universidade. Nem 20% desses jovens chegam à universidade à distância, que seja. E talvez 5% alcançam a universidade pública brasileira.

Isso é um escândalo. Tem que haver cooperação entre as entidades, entre as instituições, entre as políticas institucionais com a política nacional. A política nacional tem que dar margem à política institucional, e que se corrija esse processo para que haja inclusão.

É o que o ministro Camilo vem desenvolvendo, da educação da primeira infância até a educação superior, reordenando essa trajetória, reconhecendo a primeira infância. Está aqui a Prof.ª Priscila, que representa o grupo de trabalho da primeira infância no Conselho Nacional da República, o famoso “Conselhão”, e que sabe que, obviamente, descreve a primeira infância como a fase mais sustentável do futuro brasileiro.

Se nessa fase, que é uma fase que precisa de cuidados intersetoriais para a criança, as coisas não funcionam, nunca mais vão funcionar. Essa criança não vai ser alfabetizada adequadamente, não vai aprender no fundamental um, não vai aprender no fundamental dois.

E depois não adianta dizer que o ensino médio é ruim, porque as crianças do fundamental um e fundamental dois já chegam sem condições de aprendizado no ensino médio.

Depois, não vai dizer que os ingressantes da universidade são ruins, porque não sabem. Em alguma hora, esses níveis têm que dialogar, e esses desaprendizados têm que ser corrigidos.

Em alguma hora, as instituições têm que cooperar entre si, entre os níveis, para que façam um reordenamento e um acolhimento de quem chegou em um nível sem adequação para o próximo. Não pode evitar o próximo por isso, tem que alcançar o próximo.

E esse é o trabalho ao que eu rendo aqui homenagem ao ministro Camilo Santana e à sua equipe, que vêm ordenando desde a primeira infância até a educação superior, e está agora anunciando um novo processo regulatório brasileiro; alterou a avaliação em diversos sentidos, em diversos níveis. Nós sabemos que um item importante da avaliação é o Enade - o Exame Nacional de Desempenho Estudantil, que, aliás, ontem fez 20 anos de existência -, que foi uma grande ideia.

Mas foi uma grande ideia, talvez, não implantada como o Brasil precisava. Foi uma grande ideia que agora se aperfeiçoa em uma ação mais adequada do Inep, que faça sentido ao resultado.

É o que eu sempre digo, “não adianta ter uma boa avaliação que sirva a estatísticas, que sirva às comparações internas, que sirva a medalhas das instituições”. O Enade tem que servir à sociedade brasileira. O Enade tem que ser impacto para a sociedade brasileira. O Enade tem que ser um controle social da sociedade brasileira sobre as instituições. A avaliação tem que gerar controle social sobre as instituições.

Mas, mais que controle social, a avaliação tem que gerar compromissos entre as instituições e a sociedade para que os que saem de lá sejam empregados. Para que nós não tenhamos, por exemplo, 5,8 milhões de diplomas, de diplomados e diplomadas sem emprego vinculado ao diploma neste País. Essa conta é de fevereiro de 2023, feita pelo Instituto e Dados. Cinco milhões e 800 mil. Isso deve ter aumentado. Não é isso?

Nós temos, pelo Censo Escolar Brasileiro, que saiu agora, há meses, o indicador de 68 milhões de brasileiros que ou largaram ou não cursaram a escola. Sessenta e oito milhões de brasileiros e brasileiras.

É claro que esse número se concentra na faixa etária mais alta. Mas, se a gente for olhar dos 15 aos 30 anos, nós vamos encontrar nove milhões de pessoas que nem estudam e nem trabalham, 9,4 milhões para ser exato. De 15 a trinta.

Se a gente for olhar o desemprego dos jovens brasileiros, ele é estruturalmente 40% maior que o desemprego geral da Nação. Não é isso? Isso é muito grave. Está certo?

E se nós formos adicionar a esses milhões aqueles que se formaram, mas não sabem; que se formaram, mas não aprenderam; se formaram, mas não conseguem exercer nenhuma profissão com o que aprenderam nos níveis educacionais em que se formaram, nós vamos ter 76 milhões de brasileiros em situação de EJA, de educação de jovens adultos; 76 milhões de pessoas que devem voltar a estudar ou reiniciar seus estudos.

Em uma população de 212 milhões de pessoas, isso é muito alto. Nós temos que ter a maior responsabilidade na imaginação de políticas públicas amplas. Eu quero citar a Universidade de São Paulo aqui, o reitor Carlotti, que, por acaso, é meu primo.

Ele não está aqui, mas ele não está aqui por motivos evidentemente justificáveis - ele é médico, inclusive. O reitor Carlotti vem desenvolvendo ações na Universidade de São Paulo de combate a essa desigualdade, de ampliação do emprego e de colocação da universidade outra vez na perspectiva do suporte e do apoio à população.

Isso é muito importante, porque, quando eu entrei na Universidade de São Paulo, eu tinha 18 anos. E, quando eu tinha 14, 16, eu vim do interior de São Paulo - nessa época, eu morava em Amparo - e ficava olhando as placas da Universidade de São Paulo.

Falei “eu quero estudar aqui”. “Mas quer fazer o que, meu filho?”. “Não me interessa o que eu quero fazer, eu quero estudar na Universidade de São Paulo e acabou. Seja o que for”. Porque a universidade nos convocava, era um espaço de transformação, não importava o curso.

Eu fiz letras e ciências sociais, mas eu fiz 40 cursos na história, fiz até um curso de biologia marítima, biologia oceânica, no Instituto de Oceanografia de São Paulo. Eu fiz o diabo lá. O problema é que o diabo lá é que você tinha que passar, senão você se formava - o diabo era exigente.

Mas, de qualquer maneira, nós estudamos e fizemos toda uma trajetória proposta pela Universidade, que não era só disciplinas, era cultura. Tinha o Paulo Vanzolini, que era professor da biologia, mas que dava concertos de música popular aos domingos de manhã. Para quem não sabe, ele foi o autor de Ronda. Eu não canto Ronda, porque ninguém aguentava mais ouvir Ronda.

Tínhamos grupos culturais, premeditando o Breque, grupos que nasceram na Universidade de São Paulo. A Universidade atraía a orquestra, a Osesp para lá, no campus. Era um universo cultural, a biblioteca era imensa.

Eu fui levado a fazer letras, digamos assim. Eu fiz sânscrito e hebraico na Universidade de São Paulo. Eu escolhi porque não haveria outro lugar para eu fazer aquilo. Obviamente, não era pensando em profissão, mas era pensando em conhecimento.

Aí, eu pude estudar grego, pude estudar latim, pude estudar outras línguas etc., obrigado. Por causa de um professor de coreano na USP - agora, que demitiram - fiz coreano.

A Universidade de São Paulo tem essa característica de transformar e adicionar cultura e dar visões. Sem contar na política, que era o campo da política brasileira, acontecia na Universidade de São Paulo, a polícia invadia aquilo quatro ou cinco vezes. Outra época, deputado Olim, evidentemente.

A hora que o senhor falou que me avaliou como delegado, eu lembrei das estadias do DOPS que eu tive. Mas, assim, evidentemente, era um outro campo, era um outro mundo. E a Universidade expressava essa transformação e esse futuro.

Infelizmente, a universidade perdeu, nos últimos anos, esse poder de convocação, esse poder de chamamento da universidade e essa resolubilidade que dava a estudantes, professores, funcionários, a quem participava da comunidade. Isso é muito importante.

Não só a Universidade de São Paulo, que é a maior e melhor universidade brasileira - eu sou da Unicamp, mas reconhecemos isso; como a Unicamp, que é uma grande universidade de classe mundial brasileira, está entre as melhores do mundo também.

Como a Universidade Federal de Minas Gerais; como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul; como a Universidade Federal de São Paulo, que é a antiga Escola de Medicina, todos perderam esse poder de convocação.

A sociedade pensa em lá... pensando em emprego, pensando em greve, pensando em coisinhas; mas não pensa que emprego depende dessa cultura, dessa formação ampla, não entende que emprego depende de transformação, da capacidade do egresso transformar.

Isso a universidade deixou de falar, os currículos deixaram de falar, porque essas universidades conversavam conosco pelos seus currículos, pelos seus grandes professores, pela leitura, pela escrita, pela poesia, pelo exercício cultural. Isso não acabou, deu uma minguada.

Esperemos agora que retornem. A Unicamp tem várias manifestações, a USP também. Tem outras universidades que estão se reorganizando para isso, porque a universidade volta a florescer e, ao florescer, floresce o País.

Então, ao receber esta homenagem como integrante do Sistema Educacional Brasileiro... Trabalhei muitos anos na Ciência e Tecnologia, fui pesquisador do CNPq durante 35 anos, me aposentei como pesquisador do CNPq. Tenho a maior honra da ciência, fui subsecretário, da Ciência e Tecnologia, do Prof. Belluzzo, aqui em São Paulo.

Estive nesta Casa, nessa época, defendendo ações como, por exemplo, a autonomia das universidades públicas paulistas, conseguida pelo governador Quércia, na época. O Belluzzo era secretário dele, eu era subsecretário.

Se não fosse esta Casa aqui, toda a mobilização feita, não haveria hoje o exemplo nacional e mundial da de autonomia, que fez com que as universidades se transformassem no que são hoje, as mais intensas e produtivas construtoras de pesquisa e de formação do País, da América Latina e do mundo. Claro, todos sabemos disso.

Aqui nesta Casa discutimos, debatemos o percentual da Fapesp, que passou de 0,5% para 1%, e transformou a Fapesp em grande centro de fomento, mas também de criativa perspectiva de programas e projetos em ciência, tecnologia e inovação, focados para o desenvolvimento do estado, mas acaba também rebatendo no desenvolvimento nacional.

Estar nesta Casa, para receber esta honra, para mim é algo inigualável. Para mim, talvez, eu certamente não vou ter outra homenagem - embora seja novo, muito novo -, eu duvido. Não é, Maria Helena? A gente começou desde os 11 anos, nossa trajetória.

Eu certamente não terei outra oportunidade de ter esta satisfação, de ter esta honraria, de ser homenageado por esta Casa, nessa perspectiva.

Muito obrigado. Desculpe o tempo que eu levei de vocês.

É, mais uma vez, uma honra estar aqui. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos o deputado Delegado Olim para fazer suas considerações finais e declarar o encerramento da sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - DELEGADO OLIM - PP - Primeiramente, quero agradecer a presença de toda assessoria da Polícia Militar, da Polícia Civil, que nos apoiou, da Polícia Militar, que tocou aqui o nosso Hino Nacional.

 

O SR. LUIZ ROBERTO LIZA CURI - Posso propor uma salva de palmas para a orquestra que veio aqui, a gente não bateu, foi maravilhosa. (Palmas.)

E quero dizer que as instituições militares - olha, que eu falando tem um peso - que têm orquestras e têm atividades culturais são de primeira linha e primeira qualidade.

E aqui, ouvindo a banda da Polícia Militar, eu fiquei emocionado. Depois, mandem meu cumprimento ao maestro.

 

O SR. - Deputado, eu queria também registrar minha homenagem à Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - DELEGADO OLIM - PP - Os meus assessores, aqui também, os assessores da Assembleia Legislativa.

Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço a todos pela realização desta solenidade, e agradeço, mais uma vez, a presença de todos.

Está encerrada esta sessão solene.

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 17 minutos.

 

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