4 DE AGOSTO DE 2023

20ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO À PROFESSORA VERA MONEZZI

        

Presidência: CARLOS GIANNAZI

        

RESUMO

        

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene para "Entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Professora Vera Monezzi”, a pedido deste deputado. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

        

2 - ANTÔNIO ALVES NETO

Representante do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, faz pronunciamento.

        

3 - NILZA PEREIRA ALMEIDA

Secretária-geral da Intersindical, faz pronunciamento.

        

4 - DIRCE MARIA FREITAS PRANZETTI

Funcionária do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo, faz pronunciamento.

        

5 - MARCELO CARDAGI

Representante dos funcionários da USP junto ao Conselho Diretor de Base do Sintusp - Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo, faz pronunciamento.

        

6 - CELSO GIANNAZI

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, faz pronunciamento.

        

7 - ANTÔNIO CORDEIRO

Advogado da Intersindical e diretor do Sindicato dos Bancários, faz pronunciamento.

        

8 - BIANCA ZUPIROLLI

Membro da Coordenação de Mulheres da Fasubra e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Unicamp, faz pronunciamento.

        

9 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Tece considerações sobre visita à Pirassununga em greve de 2014, e em manifestação contra usina a ser instalada na Cachoeira de Emas, em Mogi Guaçu.

        

10 - VIVIANE

Funcionária na USP, faz pronunciamento.

        

11 - LÉO

Membro do ICB, faz pronunciamento

        

12 - FÁBIO

Funcionário da USP de Pirassununga, faz pronunciamento.

        

13 - EDSON

Funcionário da USP, faz pronunciamento.

        

14 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Discorre sobre defesa de servidores e funcionários da USP. Anuncia a exibição de vídeos a favor da homenageada.

        

15 - LUCIENE CAVALCANTE

Deputada federal, faz pronunciamento.

        

16 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Tece considerações regimentais sobre o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. Relata o currículo e comenta proximidade com a militância da homenageada. Anuncia a entrega da comenda à professora Vera Monezzi.

        

17 - VERA HELENA MONEZZI

Professora homenageada, faz pronunciamento.

        

18 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

        

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Boa noite a todos e a todas, senhoras e senhores, sejam todos bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à servidora da Universidade de São Paulo Vera Monezzi.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pelo canal aberto da Alesp e no canal da Alesp no YouTube. Eu quero fazer aqui o convite para a composição da nossa Mesa. Logicamente que a primeira convidada é a nossa homenageada, a Vera Monezzi. Por favor, Vera. Seja bem-vinda à Assembleia Legislativa.

Quero chamar ainda para compor a Mesa o Antônio Alves Neto, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, que veio especialmente de Campinas. Chamo ainda para compor a nossa Mesa a Nilza Pereira Almeida, secretária-geral da Intersindical, da nossa combativa Central Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras.

Chamo também para compor a Mesa o Marcelo Cardagi, representante dos funcionários da USP junto ao conselho diretor de base do Sintusp, Sindicato dos Trabalhadores da USP, Universidade de São Paulo.

Chamo ainda para compor a Mesa o vereador da cidade de São Paulo, membro da Comissão de Educação, vereador Celso Giannazi. E, ainda para compor a Mesa, a Dirce Maria Freitas Pranzetti, funcionária do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo. Bem-vinda. Vamos chegar, vamos nos acomodar aqui nas cadeiras. Agora sim, já com a transmissão ao vivo.

Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, senhoras e senhores, esta sessão solene atende à minha solicitação, deputado Carlos Giannazi, com a finalidade de homenagear a professora - estão falando que ela é professora, mas ela é professora da luta, da resistência, grande defensora que nos ensina, é professora sim - Vera Monezzi, com a Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, que é a maior honraria aqui do estado de São Paulo, do Poder Legislativo. (Palmas.)

É como se fosse... Na Câmara Municipal tem a Medalha Padre Anchieta, tem o Título de Cidadão ou de Cidadã, Paulistano ou Paulistana. Aqui na Alesp nós temos... A homenagem que existe na Alesp é este colar que a Vera hoje vai receber, que foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Foi uma iniciativa do nosso mandato, mas teve a aprovação da Mesa Diretora aqui da Alesp.

Então, seguindo aqui o cronograma do ritual da sessão solene, eu convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, entoado pelo Coro Masculino do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro 2º Sargento Helder.

 

***

 

- É entoado o Hino Nacional Brasileiro.

 

***

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência agradece imensamente a presença do Coro Masculino do Corpo Musical da Polícia Militar. Muito obrigado a vocês. Uma salva de palmas. (Palmas.)

Dando continuidade aqui à nossa sessão solene, eu gostaria de fazer o registro de algumas pessoas presentes, que estão aqui prestigiando este importante evento na nossa Assembleia Legislativa: Antônio Cordeiro, diretor da Intersindical, está aqui presente e vai fazer uso da tribuna, também, para homenagear a Vera.

Quero registrar a presença do Índio, da Intersindical, também aqui presente; do Fernando, funcionário da Faculdade de Medicina Veterinária da USP; e do Kiko, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp.

Então, eu quero aqui esclarecer que nós faremos uma rápida intervenção pela Mesa e depois nós vamos franquear a palavra a todos os presentes, para que vocês possam utilizar a tribuna - as pessoas interessadas, logicamente - para fazer uma homenagem, uma fala à nossa querida Vera.

Então, seguindo aqui ainda o nosso roteiro, eu quero já então entrar com as... Quem quer começar aqui? Vamos começar com a Mesa? O Toninho, vou começar com o Toninho. Vai passar pra ele, já... Aqui, Toninho.

 

O SR. ANTÔNIO ALVES NETO - Boa noite a todos, todas e todes. Saúdo a Mesa aqui, a pessoa da companheira Vera Monezzi, todas as companheiras presentes, o deputado Carlos Giannazi, a todos os companheiros presentes aqui na Mesa.

E dizer que, para mim, é uma satisfação estar presente em uma justa homenagem a uma companheira histórica, de luta incansável na defesa da universidade pública do País - não só das estaduais, mas do País - e, também, na defesa da Educação deste País.

A trajetória de luta da Vera, eu particularmente vivenciei em alguns anos - nós fomos jovens há mais tempo, não é, Vera? Vivenciamos desde o processo da autonomia das universidades, uma luta histórica na década de 80.

Posteriormente, na defesa dos trabalhadores das universidades públicas, mas na defesa, acima de tudo, da universidade brasileira, na defesa da democracia, dos direitos dos trabalhadores, e na defesa também, por que não dizer, dos estudantes que passaram e passam pelas nossas mãos, como técnicos administrativos das universidades.

Somos colaboradores de um processo de formação do conjunto de estudantes das universidades. Hoje, vários deles já se formaram e contribuem para a construção de um País mais crítico, autônomo, independente. Acho que isso é fundamental, porque nessa trajetória de luta da Vera também passou a trajetória de luta pela defesa da democracia deste País.

Nós recentemente vivemos um processo de obscurantismo, de ataques aos direitos, de negacionismo, de ataque às universidades públicas, de uma guerra cultural de um governo anterior que tentou destruir a Educação no País e a universidade pública.

Sem dúvida nenhuma, pessoas como a Vera contribuíram para que a gente resistisse a esse processo de ataque e de desmonte da Educação e das universidades do País, para que nós pudéssemos viver essa retomada da democracia no País.

Então, acho que essa trajetória histórica de mais 30 anos de luta incansável pelas universidades, pela Educação, tem que ser comemorada. E que importante é a gente reconhecer os nossos companheiros e companheiras, militantes históricos, ainda em vida. Isso é fundamental, porque resgata um processo, inclusive, de valorizar aqueles que lutam e defendem a universidade pública no País. Então, parabéns, Vera.

Sem dúvida nenhuma, é um momento de muita emoção não só para você, mas para todos nós que acompanhamos essa trajetória. Eu estava olhando as fotos aqui, antes de começar o ato, resgatando a história desde a década de 80, década de 90, sua participação na federação, na Fasubra, que é a Federação dos Técnicos Administrativos das Universidades Públicas do País, sua contribuição histórica.

Sem dúvida nenhuma, acho que esta homenagem nós temos que espalhar não só aqui em São Paulo, não só na USP, mas pelo País, pelo reconhecimento do seu papel, da sua defesa, em defesa da universidade pública e da Educação do País.

Parabéns, Vera. E que venham várias outras homenagens a partir desta, reconhecendo seu papel de luta e de história no movimento sindical e da universidade pública. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Antônio Alves Neto, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp. Para nós, o Toninho, sempre Toninho. Fez uma intervenção importante resgatando a luta da Vera também em relação às outras universidades. Ela está no Fórum das Seis, enfim, em tantas outras lutas.

Vou chamar agora para fazer uso, eu diria da tribuna - vocês fiquem à vontade aqui, porque vocês podem utilizar a tribuna -, a Nilza Pereira Almeida, secretária-geral da Intersindical. Pode falar lá, é melhor até. Vamos usar a tribuna para as intervenções.

 

A SRA. NILZA PEREIRA ALMEIDA - Boa noite, companheiras, companheiros, deputado Giannazi. Vera, é uma honra e uma responsabilidade falar aqui. A honra é falar em nome da Intersindical e de uma militante que conheceu a Vera também há trinta anos. Eu brinco que sou um pouco precoce, porque entrei no movimento sindical bem jovem, bem jovem mesmo, eu tinha 21 anos de idade.

Então, conheço a Vera também há 30 e poucos anos. Nós construímos juntas a “CUT pela Base”, fizemos toda a luta de resistência e uma questão admirável é a coerência, porque nós nos encontrarmos depois, na Intersindical - Central da Classe Trabalhadora, coloca que a gente manteve a coerência daquela construção inicial.

Então, fiquei muito feliz em ser convidada para vir falar nesta homenagem e queria contar um fato de hoje que me deixa mais feliz ainda - feliz no sentido da homenagem. Triste pelo fato e feliz pela homenagem. Ontem, infelizmente, faleceu uma companheira, diretora do nosso sindicato.

Uma companheira que estava com a gente desde 2008, aquela companheira querida, que tem todo um trabalho na fábrica. E a gente pôde ver hoje, no enterro dela, o quanto as companheiras dela de trabalho choraram e se desesperaram pela perda daquela companheira. E ela se foi sem uma justa homenagem.

Então, quando eu vinha para cá, eu vinha pensando: olha que privilégio que é a gente poder homenagear a pessoa, o trabalho dela, em vida. E dizer: “Olha, você é importante. Você foi importante para a luta e você é importante para a luta em vida, e não póstuma”.

Eu acho que fiquei mais emocionada e mais alegre em relação a isso, porque... Vera, parabéns por você conseguir esta homenagem. Giannazi, muito obrigada por esta oportunidade de estar aqui falando e apresentando uma coerência de vida, porque o que nos uniu no passado foi a gente pensar na defesa da democracia, defesa - como o Toninho falou - das universidades públicas, defesa do trabalho pela base, de a gente organizar os trabalhadores e as trabalhadoras junto a eles, não por eles e não acima deles, como a gente viu muito por aí no movimento sindical e ainda vê.

Então, foi essa unidade que nos colocou lá atrás e nos coloca hoje de novo dentro da mesma central. E dizer para você: parabéns, curta bastante esta homenagem, porque é uma alegria poder fazer esta homenagem para você em vida.

Hoje, infelizmente, a gente teve que fazer a homenagem para a nossa amiga já em morte. Ela não pôde ouvir as nossas palavras de carinho e de amor que a gente sentia por ela.

Então, parabéns, e obrigada por esta oportunidade de vir aqui falar para vocês. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Nilza, da Intersindical. Quero convidar também para fazer uso da tribuna a Dirce Maria Freitas Pranzetti, funcionária do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo. Fique à vontade para falar daqui, da tribuna, de onde você achar melhor.

 

A SRA. DIRCE MARIA FREITAS PRANZETTI - Vou falar daqui mesmo.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Fique à vontade.

 

A SRA. DIRCE MARIA FREITAS PRANZETTI - Eu escrevi, é como se fosse uma cartinha. Se eu não pudesse vir, eu teria mandado para ela por escrito com minha letra, talvez eu mande ainda.

Vera, para mim você é uma daquelas pessoas prontas para o que der e vier, sempre apoiando, surpreendendo na sua força e luta. Recordo claramente quando a conheci, logo depois de ir trabalhar no mesmo instituto lá na USP, foi em uma greve, na greve de 2014. Você nos acolheu depois de tudo o que passamos na Estação Ciência e saímos de lá daquele jeito.

Você escutou, debateu com a gente e deu a direção naqueles mais de 100 dias. Depois, quantas reuniões, cafés da manhã - sempre você levava aqueles biscoitinhos mentirinha -, assembleias, passeatas, conversas, encontros, e por que não desencontros? Mas você sempre presente, sempre.

Vera, um dia, depois da sua saída da USP, que você se aposentou daquela forma, você escreveu um brevíssimo texto sobre sua trajetória de luta contra a injustiça, a infâmia, a maldade e a discriminação que você viveu lá na USP.

Fiquei muito emocionada com toda sua trajetória de luta. Isso tem que ser conhecido por todas as pessoas, principalmente, por todas as mulheres que enfrentam e combatem toda forma de violência; você tem que escrever esse livro.

Você é e sempre será, para mim e para muitas funcionárias e funcionários da USP, uma referência de mulher guerreira, que luta pelos direitos de todos. Sou muitíssimo grata por ter te conhecido, continuar a te conhecer, compartilhar e ter compartilhado momentos de luta na USP com você.

Poucos, mas intensos - poucos para mim, porque para ela é sempre uma imensidão. Poucos, pois nem sempre estive totalmente presente, mas sempre acreditando e sempre partilhando as suas direções ao movimento que, infelizmente, hoje está fragilizado pelas divisões.

Agradeço muito por ter te conhecido, espero que você continue sendo para nós essa mulher que vive em seu cotidiano, sempre lutando pelas reivindicações justas de todos e todas.

Como disse a companheira, curta esta homenagem, você merece.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Dirce. Dando continuidade à nossa solenidade, à nossa sessão solene, agora faço chamado ao Marcelo Cardagi, representante dos funcionários da USP junto ao Conselho Diretor de Base do Sintusp - Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo.

Marcelo, fique à vontade. Ele vai para tribuna. O Marcelo aqui é o que mais conhece a história de resistência da Vera; ele é suspeito até para falar, viu? Por razões óbvias. Vamos lá.

 

O SR. MARCELO CARDAGI – Vera e eu somos companheiros e, quando você tem a companheira que é de luta, que faz o movimento, que sofre, a gente acaba sofrendo junto, essa é uma desvantagem.

Mas, por outro lado, eu reparei que não tem esse problema de você sair em um domingo, em uma reunião, e deixar a companheira em casa, ou o contrário. Isso evita maiores problemas ou, então, você fica discutindo em casa o que aconteceu.

Mas eu acho que a gente conseguiu construir uma relação muito importante, porque a gente acabou, enquanto funcionários... a gente entrou em uma luta, tanto em ser um bom profissional, quanto em investir e entender o funcionamento da universidade.

Então, nesse sentido, a Vera... Nessa luta conjunta, a gente defendeu muito a universidade. Como disse o Toninho, a gente não é docente, não é aluno. E você... no meio acadêmico, não é fácil construir a universidade. A gente acaba, em algumas ocasiões, se tornando invisível.

Então, esta homenagem... Homenagear uma trabalhadora que está se aposentando não é muito comum. O trabalhador se aposenta e acabou. Então, esta homenagem acaba se estendendo às trabalhadoras, aos aposentados, às aposentadas, porque a universidade, na sua correria, acaba não prestando atenção, muitas vezes, em seus trabalhadores.

A USP é uma universidade que está - uma das maiores do Brasil - nos rankings, mas os trabalhadores também construíram isso. E a gente tem que estar muito atento ao funcionamento da engrenagem da universidade, porque senão a gente fica fora. Nós sofremos uma série de problemas com a terceirização; os processos de democracia da universidade, a gente quase não participa.

Então, a luta que nós travamos lá, que a Vera esteve à frente, é de buscar um espaço, de defender a universidade pública para os trabalhadores, você mantê-la com pesquisa, com o seu potencial, inclusive, para atender a população.

A universidade ficou muito conhecida por conta da pandemia. A Ciência, a importância da universidade em construir as vacinas, como é tratada a questão do vírus, que foi uma coisa horrorosa essa pandemia.

Foram 700 mil pessoas que morreram com um governo que, por exemplo, ajudou nisso. E a universidade estava lá, pesquisando, buscando, e os funcionários estavam juntos.

Então, nesse sentido, eu acho que o Giannazi consegue fazer uma homenagem que homenageia os trabalhadores e as trabalhadoras. Eu queria agradecer ao Giannazi por esta oportunidade, agradecer aos presentes e a todos os companheiros da Mesa.

E a gente continua, mesmo aposentados a luta não termina. Nós vamos continuar defendendo a universidade pública, o ensino público, a Saúde pública - que está numa crise medonha.

E o nosso trabalho, também, é motivar as pessoas a pensar, a parar um pouco da sua correria do seu dia a dia para pensar nessas coisas mais coletivamente, porque é uma dificuldade que a gente está vendo, que está individualizando as coisas e dificultando que a gente se junte. Acho que isso é uma questão, uma reflexão importante que nós temos que fazer.

Então, é isso. Mais uma vez, agradecer ao Giannazi, aos companheiros e companheiras da Mesa, aos presentes.

E, mais uma vez, agradecer a esta homenagem, que é muito importante, está bom?

É isso. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Marcelo. Passo agora a palavra ao representante da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Celso Giannazi, que é da Comissão de Educação. Ele não precisa falar da tribuna, porque ele já está acostumado, porque para a tribuna ele vai automaticamente.

 

O SR. CELSO GIANNAZI - Parlamentar, quando vê um microfone assim, já vai para a tribuna, já quer falar. Boa noite.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sindicalista também gosta.

 

O SR. CELSO GIANNAZI - Boa noite a todas, boa noite a todos. Gostaria de fazer uma saudação especial para a nossa homenageada, a Vera Monezzi. Saudar os companheiros da Mesa, parabenizar aqui a iniciativa do deputado Carlos Giannazi, que faz uma justa homenagem à Vera. A Vera é uma grande trabalhadora, grande guerreira, uma lutadora em defesa dos trabalhadores.

Eu conto uma história: eu conheci a Vera e o Marcelo não há tanto tempo quanto os colegas aqui que militam na luta sindical, na luta trabalhista na USP, mas o meu conhecimento deles, dessa luta, vem de um tempo mais recente. Eu morava ali - nós somos da zona sul, nascidos na zona sul -, depois eu mudei, nós fomos para a zona oeste, ali na Vila Indiana, do lado da USP.

Aí, em meados dos anos 2000... Não vou falar as datas, porque vai esclarecer as nossas idades aqui. Mas, no início deste século, nos anos 2000, nas campanhas políticas, nas campanhas das eleições, a gente passava por ali, nas ruas do Butantã, da Vila Indiana, e tinha uma casa ali que sempre tinha... Naquela época, na campanha política, a gente podia colocar cartaz no poste, em tudo quanto é lugar, no portão. Era diferente, tinha outras regras.

Eu passava em frente a uma casa, e tinha sempre lá um banner fazendo propaganda do deputado Carlos Giannazi, sempre tinha. E uma vez eu perguntei para o Carlos, deputado Carlos Giannazi: quem é que faz? Aí ele contou sobre a Vera e o Marcelo, que tinham essa militância, apoiando o mandato, apoiando as lutas dos trabalhadores, dos servidores públicos, e sempre eles estavam ali.

Depois, eu acabei conhecendo-os mais de perto, e aí já foi na militância, acompanhando os dois e uma grande parte aqui dos colegas que militam dentro da USP em defesa do serviço público, em defesa da Educação, em defesa dos direitos dos trabalhadores.

É uma luta constante. A Vera é uma militante também da região ali, nós temos lá o Hospital Universitário. E tantas lutas em que nós estivemos juntos, a Vera sempre à frente da defesa dos direitos dos trabalhadores, contra o assédio na universidade.

Nós tivemos tantas oportunidades ali, e ela sempre presente, sempre atuando na defesa dos trabalhadores, que é uma coisa muito importante - dos servidores da USP, da universidade - para que a gente tenha um serviço público de qualidade, um servidor valorizado, um trabalhador valorizado, e na garantia dos direitos dos trabalhadores.

Então, conheço a Vera dali. E dizer que a Vera... O deputado Carlos Giannazi, ao propor esta justa homenagem à Vera, aqui na Assembleia Legislativa, ela passa para a história da Assembleia Legislativa também, porque, tal qual a Câmara Municipal, quando a gente propõe uma honraria como esta - este aqui é o Colar do Mérito, a maior honraria da Assembleia Legislativa -, a gente submete à aprovação. Lá na Câmara Municipal, é dos vereadores. Então, tem que ter a aprovação dos vereadores.

E tem votação para isso aqui, também. O ato administrativo aqui é um pouco diferente, o procedimento é um pouco diferente, mas ela passa para os Anais da Assembleia Legislativa. Ela vira quase que uma lei aqui dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com esta justa homenagem, Vera.

Então, a pessoa que vai procurar o seu nome, Vera Monezzi, no estado de São Paulo, vai ver que você foi aprovada aqui pela Assembleia Legislativa em uma homenagem, esta justa homenagem que a gente faz.

E, como diz a colega, uma homenagem em vida a uma trabalhadora que representa muitos trabalhadores ali da Universidade de São Paulo, que é um equipamento público de qualidade que a gente tem que lutar para que ele permaneça. A gente luta contra a terceirização daquele espaço. E você, Vera, sempre nessa militância.

Então, merece os nossos aplausos, nossas honras. Você nos representa na luta em defesa dos trabalhadores. Por isso, esta justa homenagem que a gente faz a você na Assembleia Legislativa. É muito importante.

Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, vereador Celso Giannazi. Agora eu quero... Vera, a gente vai falar por último. Ela é a última a falar aqui. Então, não adianta ansiedade; ninguém vai ouvir a Vera antes da entrega da honraria a ela. Agora eu quero franquear a palavra a vocês.

Eu quero chamar já o Cordeiro para falar. Cordeiro, venha cá. Advogado da Intersindical, que sempre acompanhou a luta, também conhece bastante a luta da Vera e de todo o coletivo. (Palmas.) É diretor do Sindicato dos Bancários também. Eu o conheci quando ele era vereador ainda, em Carapicuíba.

 

O SR. ANTÔNIO CORDEIRO - Boa noite aqui a todos e todas. Parabenizar o nosso deputado Giannazi pela iniciativa desta homenagem à nossa querida companheira Vera, a qual a gente conhece há um bom tempo. O Celso falou de não denunciar a idade, mas não tem jeito. No nosso caso aqui, é pelo menos mais de 40. Então, é toda uma trajetória.

Eu lembro que tanto o Toninho quanto o Marcelo, a Vera, outros companheiros e companheiras que estão aqui, sempre lutaram em defesa das universidades públicas no estado de São Paulo.

E também a nível nacional, porque essa luta é articulada em defesa de todas as universidades públicas. E a Vera tem esse mérito de, além dessas décadas de muitas lutas, valorizar muito aquilo que a Nilza falou: o trabalho de base.

Eu lembro que há uns quatro meses nós estivemos lá na USP, no ICB - onde a Vera trabalha -, em uma reunião com os trabalhadores para discutir as mudanças nas atribuições das Cipas, que agora também combatem o assédio sexual e moral.

E sempre fizeram reunião com os trabalhadores de base, ela, o seu companheiro - o Marcelo, que também conheço de longa data. Esse, Giannazi, ajudou na minha campanha de vereador em 1982. Tenta fazer o cálculo, 1982, a primeira disputa eleitoral do PT. Isso faz muito tempo, não é? Então, todos aqui se conhecem há muitos anos. A gente teve a oportunidade de conhecer o pessoal aqui da USP através da Vera, através da luta que ela trava, e para mim é um motivo de muito orgulho.

Para nós, da Intersindical, Vera, também é um motivo de muito orgulho, tanto que está do seu lado aí a nossa secretária-geral, que é o cargo mais importante da Intersindical, a primeira central sindical dirigida por uma mulher, tem uma mulher no cargo principal.

A Intersindical não tem o cargo de presidente, então a secretária-geral é quem cumpre esse papel. A Nilza está presente, nosso companheiro Ribamar, que é coordenador da Intersindical aqui no estado de São Paulo, também está presente.

Então, nós temos orgulho de ter você como militante da Intersindical. Não só da Intersindical, porque nós conhecemos a sua militância no movimento social e no movimento sindical.

Citaram aqui a sua luta no Hospital Universitário, não só para atendimento dos trabalhadores da USP, mas especialmente da comunidade que muito utiliza aquele hospital.

Então, estão de parabéns todos vocês aqui por terem a companhia da Vera. Acho que a Nilza disse certo: muitas vezes é melhor a gente homenagear as pessoas em vida para que as pessoas sejam reconhecidas.

Por isso, Giannazi, mais uma vez cumprimento o seu mandato, cumprimento também o mandato do Celso, que eu sei que tem uma relação muito forte com a Educação.

Sempre nos encontramos lá na USP, em debates, na militância. Cumprimentos todos que estão aqui, que têm esse compromisso em lutar por um mundo melhor, para que as pessoas tenham vidas melhores, mas, fundamentalmente, priorizar a luta pela Educação pública gratuita de qualidade e pela Saúde pública.

Esses são os nossos principais instrumentos, além de combater a pobreza e a desigualdade. Eu acho que todos nós estamos juntos nessa luta. Valeu, boa noite.

Parabéns, Vera. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Cordeiro. Quero anunciar e também já chamar para fazer uso da tribuna a Bianca Zupirolli, que é da coordenação de mulheres da Fasubra e também da Unicamp, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Unicamp, em luta contra a instalação do ponto eletrônico - o vigiar e punir da Unicamp. Aqui tem o vigiar e punir do Feder, do Tarcísio, e lá vai ter também... Não vai ter, porque vocês não vão deixar.

 

A SRA. BIANCA ZUPIROLLI - Espero que não, né? Boa noite a todes. Então, como o Giannazi disse, sou coordenadora das Mulheres Trabalhadoras, representante da Fasubra. Eu faço parte de uma geração, Vera, que é um pouco mais recente nas lutas das universidades, uma geração que eu posso dizer que é um tanto preguiçosa comparada a tantos lutadores que a gente tem aqui presentes.

Ver uma mulher sindicalista neste mundo machista que a gente vive, que sofreu tantas perseguições, sendo homenageada pela sua luta, pela sua história, pela defesa da democracia nas universidades, para nós, que estamos chegando agora, aos poucos, no movimento, é uma grande honra, porque isso nos dá força para lutar. Para nós, o exemplo é muito gratificante.

Então, a minha fala é para dizer muito obrigada por todos esses anos de dedicação, pela sua luta e pela sua história. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Bianca. A palavra continua aberta ainda. Quem gostaria? Cadê os nossos colegas de Pirassununga? Queriam fazer uma homenagem, vieram de longe. Cadê Pirassununga? Vocês não querem fazer uma saudação aqui em nome do coletivo de vocês?

Eu conheci o grupo de Pirassununga na greve de 2014. Eu fui com a Vera, fui com o Marcelo até lá. Inclusive, estivemos lá recentemente agora em uma outra luta, contra a instalação daquela usina no Rio Mogi Guaçu, na famosa Cachoeira de Emas, que está sendo totalmente destruída.

Parabéns pela luta de vocês, fiquem à vontade para também fazer aqui uma homenagem. Quem mais? A palavra está aberta. Viviane, a Vivi, a nossa colega da universidade, sempre nas lutas também.

 

A SRA. VIVIANE - Bom, eu gosto um pouco de microfone, então eu vou vir aqui mesmo. A luta às vezes faz a gente até perder a vergonha - não é, Vera? Eu sou suspeita para falar dessa companheira tão querida que me honra na minha história, também de militância. Com ela, eu aprendi muita coisa, cresci muito também, inclusive nas lutas de mulheres, não é, companheira?

Nós, que somos mulheres, que todos os dias enfrentamos coisas que até assustam quando a gente pensa, muitas vezes a gente não sabe como expressar ou medir a nossa dor diante da violência sendo mulher, em assédio, em estupro.

Então, isso é uma coisa que... às vezes, a gente se perde no caminho, mas é segurando na mão das outras que a gente cresce e que a gente ajuda a próxima, que também precisa de nós.

E com a Vera a gente aprendeu isso na USP, que uma mulher, quando segura a mão da outra e caminha junto, segue e socorre quem precisa, atua e cresce. Então, isso é um passo, uma das coisas mais importantes que eu preciso falar dessa companheira. A luta de mulheres na USP tem uma grande importância, e esse nome é uma das grandes vozes lá, Vera Monezzi.

A gente não pode esquecer isso, jamais, na Universidade de São Paulo. Como disse o companheiro Marcelo, muitas vezes o estudante e o professor têm alguma visibilidade na universidade, e o funcionário não. Mas é esse funcionário que também garante que os estudantes tenham um bom serviço para eles. Isso a gente tem que falar.

Outra coisa que é muito importante sempre dizer na Universidade de São Paulo - e ir nas lutas em todas as universidades e na escola pública, e eu, que sou militante na periferia de São Paulo, coordenadora da Rede Emancipa a nível nacional, estadual, municipal e coordenadora hoje, há dois anos, do Cursinho Popular do Rio Pequeno -, é que a luta na USP também tem a ver com a luta da inserção dos alunos cotistas, dos alunos de escola pública e a gente hoje batalha ainda para que eles estejam lá.

Mas, sem os funcionários, nós também não conseguimos levantar essas bandeiras. Sem as histórias de greve e as histórias de chamar até os estudantes, não é, Vera? A gente chamou.

Quantas vezes a gente foi falar com os estudantes na USP, tanto os que ainda não tinham entrado, como a gente faz muitas vezes pela Rede Emancipa, que é fazer um dia na USP com os estudantes, para que eles saibam que aquele lugar é deles, que aquele lugar é da periferia, que aquele lugar a gente tem que sempre dizer: “É nosso. É nosso espaço. Nós temos o direito de estar lá.”

A periferia, principalmente, tem o direito de estar lá, entendeu? E quando a gente levantou muitas bandeiras de luta na Universidade de São Paulo, a gente levantou essa luta de quem é que também merece estar na Universidade de São Paulo. E é o pobre, é o preto, é o periférico.

É esse trabalho que a Rede Emancipa faz, que os cursinhos fazem, e que funcionárias e funcionários importantes como a Vera, o Marcelo e tantos outros fazem; que o lugar da mulher também é na universidade. Para enfrentar o patriarcado, nós temos também que dar às mulheres a condição de ter uma educação pública, gratuita e de qualidade, inclusive no âmbito universitário.

Então, nossa independência também depende disso. Nosso direito de mulher também é estar lá. Mesma coisa os indígenas, as LGBTQIA+, as pretas e os pretos, e aí vamos.

Hoje, para mim, é de extrema importância. Estou aqui me segurando para não chorar, porque eu sou uma chorona, sou uma filha de Oxum. Para quem não conhece da umbanda, Oxum é a mãe do amor, que carrega um amor por tudo o que faz e por tudo o que leva.

Eu estou aqui segurando a minha emoção de filha de Oxum para dizer justamente isto: Vera, obrigada por estarmos sempre juntas na luta, obrigada por tudo o que eu aprendi com você.

Obrigada por tudo o que você fez e faz ainda por uma educação pública gratuita e de qualidade, que é o nosso mote sempre de luta. É muita alegria minha estar com todos vocês e todas aqui, entendeu, com esta Mesa maravilhosa, com o companheiro Giannazi, com o companheiro Celso, o companheiro Toninho, com o Marcelo, com tanta gente linda, porque é isso que importa, que a gente continue sempre na luta, porque a luta é o caminho.

Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Viviane, Vivi. Quero chamar o Léo aqui, do ICB, também, para fazer uma homenagem à Vera. E já chamando para a Mesa, chegou a deputada federal, diretamente de Brasília, Luciene Cavalcante, da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados.

Agora a gente completou aqui, tem representação da Assembleia, da Câmara Municipal e do Congresso Nacional. Está cercada a Vera hoje aqui. Léo, do ICB, militante também de luta.

 

O SR. LÉO - Giannazi, obrigado a todos, boa noite. Segurar primeiro a emoção, porque falar da Vera não é fácil. A Vera acho que ensinou isso para a gente, que a gente precisa ter coragem para se colocar nas situações.

Para mim, pessoalmente, que enfrentei várias dificuldades no trabalho, que tive o apoio da Vera e a orientação da Vera para enfrentar as dificuldades, essa emoção fala alto nessas horas.

Mas eu queria falar de uma coisa mais técnica, que é sobre a política, essa coisa que a gente ouve falar, essa coisa que a gente vê presente nos discursos e não tem uma definição clara do que é. Com o tempo eu passei a entender a política como o ato de conjugar os interesses: interesses coletivos, interesses particulares diante dos coletivos.

Falo isso da Vera porque em qualquer instrumento público - como é a USP, como deve ser aqui na Alesp e os outros lugares, os outros aparelhos do estado - existe uma correlação de forças entre os que coordenam, entre os que detêm a estrutura de poder. Lá na universidade, particularmente, isso é muito forte na mão dos professores, e os funcionários ficam à mercê das vontades dos professores.

Então, a Vera conseguiu me passar essa sensação de que a política é você conseguir se colocar do jeito que você é para fazer a discussão dos seus interesses com os interesses de uma elite, e fazer essa discussão com clareza, com compromisso, com assertividade e com coleguismo.

Quando eu cheguei aqui hoje na Alesp, a moça perguntou se eu era amigo, qual que era a minha relação com a Vera. Eu falei assim: “Ah, eu sou amigo da Vera.”. Ela falou assim: “De longa data?”. Eu pensei assim: “Dez anos”.

Aí passou um filme na minha cabeça, nesses dez anos o que a gente enfrentou como povo. A gente enfrentou obscurantismo, ascensão de fascismo, discursos cínicos de “N” categorias e de diversos caracteres.

E uma coisa que a Vera sempre me falou, sempre falou nas nossas assembleias, nas nossas reuniões, nos nossos encontros: que a gente precisava enfrentar o individualismo, que esse é um mal. E eu, pensando, nesses últimos dez anos, o quanto a gente não ficou mais individualista como sociedade.

Nesse cenário de obscurantismo, de enfrentamento, a Vera foi esse ponto de discussão, de diálogo, de fazer a política uma coisa realmente coletiva com os colegas e sem mudar o caráter das pessoas.

Então, a Vera sempre me incentivou a falar nas reuniões, e hoje às vezes com o tempo eu fui me sentindo com a obrigação de falar nas reuniões. E hoje, além da obrigação, eu queria vir aqui falar e agradecer a Vera, não só por esses dez anos que eu tenho de contato com ela, mas por essa marca que ela vai deixar na USP e nas nossas trajetórias, nas nossas histórias.

A gente vê esta Casa gigante aqui quase... quase não, totalmente luxuosa, e depois de conhecer a Vera e tudo que a gente passou nesses dez anos, certeza que isso aqui não é feito de luxo, é feito de luta, de enfrentamento e de posição.

Obrigado, Vera.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL – Obrigado, Léo, do ICB. A palavra continua aberta para vocês fazerem uso da tribuna. Agora, Pirassununga presente. Fábio, diretamente do campus de Pirassununga.

 

O SR. FÁBIO - Bom, boa noite a todos e a todas. Não sei se vou conseguir falar, gaguejar, alguma coisa assim, porque o que... Eu entrei em 2009 na USP, foi em um concurso de mais de 400 pessoas.

Com meus 15 dias de serviço eu comecei a ser perseguido dentro da USP e queriam me mandar embora nos 90 dias. É até difícil para eu falar o que eu passei dentro da USP. Depois, consegui passar os 90 dias e estavam me perseguindo, perseguindo, perseguindo até que eu conheci a Vera.

Tenho nem palavras para falar, nossa senhora. Ela me ajudou e a gente... Nossa, não vou conseguir terminar, porque a emoção é muito grande. (Palmas.) A Vera sabe o que passei lá dentro, e hoje ninguém passa por cima de mim, não, lá dentro.

Hoje eu sou respeitado. Se vem alguém querer me assediar, fazer alguma coisa, eu passo por cima mesmo.  (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Fábio, obrigado. Quero chamar o Edson, também companheiro histórico de luta na Universidade de São Paulo, sempre aqui participando junto com a Vera, com o coletivo, com o Marcelo.

 

O SR. EDSON - Boa noite, pessoal. Eu me sinto, não na obrigação, mas com muito orgulho e com muito prazer de tentar falar algumas coisas de uma pessoa como a Vera, como o Marcelo e da luta que a gente travou nessa universidade.

Eu estou na USP há 22 anos e há 22 anos eu milito lá nessa luta, orientado, assessorado e apontado tudo que a gente tem que fazer. A certeza que a gente tem é sempre a Vera que faz, porque a Vera não fala como Vera, ela sempre fala muito como um coletivo, como todo mundo.

Olha, Vera, o coletivo que você construiu, que você representa está aqui hoje: de Pirassununga, tem o pessoal lá do ICB, tem o pessoal do IB. Isso é o coletivo que a Vera defende, a Vera sempre faz os discursos, os enfretamentos não como uma militante individual, ela faz questão de frisar sempre na briga com a gente, é sempre pelo coletivo.

Eu não vou falar... em qualquer ação que a gente vai fazer lá, nunca é o Edson que vai falar. Embora eu esteja junto ao Marcelo no Conselho de Diretores de Base no Sintusp, junto à Vera também e ao Leandro, toda vez que a gente vai falar lá, a gente fala em nome de um grupo, de um coletivo.

Não é o que eu penso, não é o que eu sinto, é o que a gente tem que fazer pela categoria, pelos trabalhadores, e a Vera sempre orientou isso muito bem. Além de orientar, eu me sinto muito encorajado quando vinham as orientações do Marcelo, da Vera e da briga que a gente está fazendo.

Estou hoje na universidade há 22 anos, porque há um tempo atrás - eu não lembro a data - apareceu na USP uma ameaça de mandar mais de cinco mil trabalhadores concursados na USP, que estavam ameaçados porque a reitoria fez um concurso ilegal.

Se não fosse o Carlos Giannazi no Ministério do Trabalho, no Ministério Público defender e virar o jogo, eu estaria desempregado hoje. Foi graças à intervenção e ajuda do Giannazi que nós conseguimos virar o jogo e está todo mundo trabalhando lá. (Palmas.)

E na nossa briga hoje... a gente é apoiado não só pelo Giannazi no estado, a gente tem a federal... a Luciene, por Brasília também na Comissão de Educação, pelo Movimento de Educação em Brasília, e a gente também tem o Celso. Isso vai dar força, porque a gente precisa abrir na guerra, na briga e na força mais concursos na universidade. Essa é a nossa briga hoje, precisa de mais trabalhadores.

Toda vez que eu vou falar mais trabalhador na universidade é um pai de família, é uma família tendo seu sustento, tendo sua honra e tendo o seu projeto de vida. A pessoa entra em uma universidade, ela vai fazer: “Eu vou entrar em uma universidade e eu vou chegar lá”.

Então, tem que abrir concursos. A briga hoje é de mais trabalhadores na universidade e a Vera sempre fala isso. Todo movimento que a gente tem, campanha salarial, entra essa questão. Precisa de contratação, precisa abrir concurso público para a universidade.

Esse negócio que está acontecendo da terceirização, os terceirizados são uma briga nossa também que eles sejam admitidos, porque eles já trabalham e já têm experiência com a universidade. E toda essa orientação a gente faz lá pelo coletivo orientado pela Vera.

Então, obrigado, Vera, por tudo isso que você faz e é muito legal a gente ter essa questão, como a Nilza falou, de a gente fazer isso podendo abraçar você, fazer essa homenagem com você em vida, não “in memoriam”.

É isso, gente, obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Edson. Lembrou bem dessa luta que vocês trouxeram aqui para a Assembleia Legislativa, que havia uma ameaça mesmo de demissão em massa de quase cinco mil servidoras e servidores por conta de um parecer. Nós fomos ao Tribunal de Contas, negociamos, fizemos audiências públicas e revertemos, na época, aquela situação.

Mas eu lembrei agora, Vera, e vocês estão acompanhando também, defendemos os trabalhadores do Instituto Oceanográfico, que também estão numa situação muito semelhante. A reitoria queria demitir quase 80 servidores também com contrato “irregular”.

Nós fizemos algumas intervenções, isso foi suspenso por enquanto, mas a gente pode utilizar esta sessão solene para manifestar a nossa solidariedade e todo nosso apoio, que nós já começamos a dar, a eles também, que estão lá em Santos, no navio.

Eu fui até lá, fiz reuniões com os trabalhadores e a situação é um pouco grave, é diferente da de vocês, tanto que a gente conseguiu reverter, mas nós estamos acompanhando e lutando para que eles permaneçam trabalhando. Estão lá há 30 anos, 20 anos. É um absurdo a Reitoria tentar demiti-los.

Eu quero antes de... Eu sei que tem algumas pessoas que talvez queiram falar ainda, mas nós temos aqui uns três vídeos para passar. Eu quero passar esses vídeos, depois a gente volta aqui para as últimas intervenções, a intervenção da deputada federal Luciene Cavalcante, e aí a gente vai para o que interessa aqui. Não é, minha gente? Que é a homenagem e a fala da Vera, que é o mais importante. Vamos lá, tem três vídeos, é isso? O primeiro:

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado Índio, da Intersindical. Tem mais uma homenagem. Próxima:

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Fernando. Próximo:

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Kiko, também da Unicamp.

Mais um vídeo. Já foram os três? Tem aquele outro, agora, que é o do histórico dela. Não tem? Tem mais um? Não é de homenagem, mas é do histórico que eu queria passar antes de voltar aqui para o quarto vídeo.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Isso é um pouquinho da história. Não tem como falar da Vera sem falar nas greves, não é? Perceberam esse pequeno detalhe?

Eu quero, então... nós já estamos partindo para o encerramento, o momento final da nossa sessão solene, mas eu quero agora chamar a deputada federal Luciene Cavalcante para fazer uso da tribuna, fazer a sua homenagem à Vera Monezzi, diretamente de Brasília, chegando agora em São Paulo.

 

A SRA. LUCIENE CAVALCANTE - Boa noite para todo mundo que nos acompanha hoje, que é um dia de alegria, de luta, de honrar a pessoa da nossa querida Vera e todos aqueles que constroem os serviços públicos de qualidade, que garantem os direitos fundamentais do conjunto da população.

Nesta Casa, que é uma Casa que tantas vezes se articula para assassinar o nosso povo, para retirar direitos, para atacar a Educação, Saúde, hoje, graças também à nossa luta, temos aqui o professor e deputado estadual Carlos Giannazi, o deputado mais votado, reeleito, aqui desta Casa, de um estado tão importante, utilizando este espaço para dar luz e visibilidade a essa mulher tão importante na história de luta e resistência da nossa história enquanto classe trabalhadora.

Então, Vera, eu quero fazer aqui uma intervenção bem pontual, primeiramente, te agradecendo: obrigada, Vera, pela sua luta. Obrigada, Vera, por ser uma mulher em luta. Obrigada por fazer da sua atuação uma atuação pedagógica. Obrigada pela sua coragem, Vera.

Vera, obrigada por tantas vezes ter sido a voz de tantas pessoas. Obrigada, Vera, por ter sido um local de esperança, por não ter deixado que aquele espaço tenha ficado sem vida, sem sentido para tantas pessoas. Obrigada pela ousadia de lutar.

Quero também agradecer à sua família, aos seus amigos, porque a gente sabe que quando uma pessoa toma essa opção de existência neste mundo, tem escolhas que precisam ser feitas. Então, agradecer aqui também a sua família.

Dizer também que, quem está na militância, quem está na luta, a gente sempre pergunta assim: quem está nas trincheiras ao seu lado? E isso importa? Isso importa mais do que a guerra, porque são as pessoas que caminham com a gente que vão garantir a construção de uma vida melhor. Você, Vera, é uma companheira fundamental para a gente ter ao lado.

A gente se aposenta do trabalho, mas não da luta. Agora você conseguiu ser dona do seu tempo. O tempo, que é o tecido da vida, que é algo finito, e que estão roubando da gente de forma sistemática através de todas as retiradas de direitos trabalhistas e previdenciários.

Então, Vera, eu quero agradecer a Deus a sua vida, a sua existência aqui. Viva a vida da Vera!

Uma salva de palmas. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputada federal Luciene Cavalcante. Gente, vamos lá. Então, agora eu vou seguir o roteiro, porque eu saio muito do roteiro oficial e eu não posso fazer isso. Vamos lá.

O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Este colar foi criado em 2015, e é concedido a pessoas naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares, que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico do nosso estado, como forma de prestar-lhes pública e solenemente uma justa homenagem.

A Vera Helena Monezzi, a Vera Helena - bonito nome, eu não sabia desse “Helena”, fiquei sabendo agora - iniciou sua vida profissional na Universidade de São Paulo em 24 de março de 1981, no Departamento de Biologia e Genética Médica do Instituto de Biociências, como oficial administrativa. Desde o início teve a oportunidade de trabalhar com dois grandes geneticistas, Dr. Oswaldo Frota-Pessoa e Dr. Crodowaldo Pavan.

 Durante a década de 1980, vivenciou as mudanças na estrutura da Universidade, como algumas mudanças importantes no estatuto dos servidores da USP, através de um amplo debate com a comunidade e assembleias conjuntas das três categorias, além da implantação do projeto de carreira para os funcionários.

Também participou ativamente do movimento que reivindicava a autonomia universitária, no qual funcionários, professores e estudantes defendiam a necessidade de um orçamento específico para a manutenção das universidades estaduais paulistas.

No final da década de 1990, teve a oportunidade de participar de negociações com a reitoria para tratar de reivindicações e demandas dos trabalhadores da USP. Como coordenadora da Secretaria de Saúde do Trabalhador integrou mesas, debates e reuniões com chefias, garantindo o atendimento e o encaminhamento necessário aos funcionários.

Desde seu ingresso na universidade, desenvolveu grande afinidade e interesse pelas áreas de Biológicas e Biomedicina e, assim, em 2015, passou a trabalhar como técnica de laboratório no Instituto de Ciências Biomédicas no departamento de Fisiologia e Biofísica com o Prof. Dr. Ronald Ranvaud no laboratório de psicofísica.

Ali trabalhou auxiliando os alunos de pós-graduação nos experimentos da área de Neurociências e também em sala de aula, no preparo de aulas práticas e montagem de provas, contribuindo para a formação de muitos alunos.

Por essa razão, agora que nós vamos fazer a homenagem, nós vamos chamar aqui a Vera, mas antes eu queria... Esse é o currículo dela aqui, formal, mas eu gostaria de falar sem o currículo, porque eu não gosto de falar com...

Agora como uma pessoa que conhece a Vera também há muitos anos, desde... Eu conheço a Vera desde 2007, quando eu ingressei aqui na Assembleia Legislativa, eu era vereador e ingressei aqui exatamente no dia 15 de março de 2007, quando eu começo... Eu já conhecia a USP, eu estudei na USP, eu fiz o mestrado lá no início dos anos 90, já conhecia e acompanhava.

Como vereador, acompanhei algumas lutas, mas o meu contato com a Vera e com o coletivo, com o Marcelo, com todos vocês, foi a partir de 2007, fazendo o enfrentamento já na greve, quando a reitora era a Suely Vilela, que tinha muita repressão policial, muita tropa de choque, bomba. Depois nós enfrentamos o reitor Rodas, também com muita repressão, que inclusive criminalizava o movimento sindical. Depois veio o Zago.

Enfim, acompanhei todas as lutas. Mas eu percebi em vocês, Vera, no coletivo de vocês, mas eu acho que você é a maior representação desse movimento, você e o Marcelo.

Vocês tinham e têm uma firmeza política, ideológica e ética que poucas pessoas têm na política, no movimento sindical. Não se curvando, não fazendo concessões. Então, essa firmeza de vocês me chamou muito a atenção. A coerência, o compromisso com a palavra.

Isso foi muito forte, e continua sendo, logicamente. E você enfrentou também, individualmente. Tem o seu trabalho coletivo, logicamente, com esse coletivo. Sempre na base, isso é importante. Vocês sempre fizeram um trabalho sindical, mas de base, organizando, no chão do serviço público, as trabalhadoras e os trabalhadores.

Isso é importante. Vocês continuam fazendo isso até hoje. Independentemente de ter cargo ou não no sindicato, de ter estrutura ou não, vocês sempre fizeram essa militância muito importante na construção da luta dos trabalhadores da Universidade de São Paulo.

Também presenciei vocês participando de outros movimentos, que não estavam só restritos à Universidade de São Paulo, mas na luta contra a Reforma da Previdência, contra a Reforma Administrativa, contra a PEC 32. Em todas as lutas, vocês estiveram presentes.

Na luta aqui na Assembleia Legislativa, muitas vezes, vi você lá em cima, Vera. Naquelas cadeias, no outro lado, com as faixas, com os outros servidores e servidoras, nas audiências públicas aqui na Assembleia Legislativa.

Mas eu quero destacar que, além de toda a sua luta política, que foi muito importante, você também, individualmente, enfrentou as mazelas da Universidade de São Paulo.

Você enfrentou o assédio moral, o assédio sexual, a perseguição política. Você foi uma das pessoas mais perseguidas dentro da Universidade de São Paulo. Você foi, eu acompanhei.

Nós, em muitos momentos, denunciamos isso na tribuna, convocamos os diretores do instituto, até o reitor. Enfim, acompanhei todo esse processo. Antes disso, você já era perseguida, acho que desde quando você entrou, porque você luta e você representa esse movimento de luta que é criminalizado o tempo todo.

Ainda mais por ser mulher, aí a perseguição é dobrada. Mas você enfrentou, o tempo todo, e nunca se curvou, nunca abaixou a cabeça, nunca teve medo, sempre denunciou.

Então, é uma honra para nós homenagear uma pessoa com você, do ponto de vista individual e do ponto de vista coletivo também, porque, ao homenagear você, nós estamos homenageando todos os servidores e servidoras em luta da Universidade de São Paulo.

Então é uma honra a gente entregar para você este Colar de Mérito, que é maior honraria que a Assembleia Legislativa tem. Então isso foi aprovado, já é lei, já está carimbado pelo estado de São Paulo. Eu vou pedir para você ir lá na frente. Vamos nós dois, porque tem um ritualzinho. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Agora é ela que vai falar. Chegou o momento mais esperado. Então, agora eu chamo a Vera, nossa homenageada, Vera Helena Monezzi.

 

A SRA. VERA HELENA MONEZZI - Eu sou sindicalista, mas eu não vou para o púlpito. Eu vou ficar aqui, perto dos queridos, todos, aqui na mesa. É difícil, depois de tudo isso, falar. Mas, primeiro, eu quero agradecer muito o deputado Giannazi, que é um parlamentar, que é uma pessoa incrível.

Quantas lutas o Giannazi já teve com a gente, o quanto ele já defendeu as nossas reivindicações, quantos enfrentamentos a gente já teve juntos. Até bomba a gente já tomou junto, de polícia, lá na porta da Reitoria. Então, eu quero agradecer muito, estou muito honrada pela homenagem.

Agradecer muito ao mandato, a todo o pessoal do mandato, a toda a equipe, que ajudou a organizar essa atividade. Agradecer muito a todos. Quero agradecer também todos os presentes, todos aqui da Mesa.

Para mim, é uma honra muito grande estar aqui com o Celso, com a Luciene, muito querida, o Marcelo, Toninho, Nilza. Um orgulho, a Nilza ser a primeira mulher dirigente, na Intersindical, com o cargo que ela tem.

É um orgulho muito grande. Gente, para mim é tão importante a querida Dirce, que trabalha comigo no Instituto de Ciências Biomédicas. Ela não passou bem hoje de manhã e mesmo assim ela conseguiu vir e estar com a gente aqui, fazer essa fala tão linda que ela fez. Então, é uma honra e um orgulho muito grande. E, lógico, agradecer a todos vocês que estão aqui.

Até mesmo essas mensagens que eu recebi, vários colegas que não puderam vir, vários companheiros que tiveram dificuldade para vir aqui hoje... Até mesmo porque a gente tem um ponto eletrônico na USP, e quem vem do interior não é fácil, não é?

Por falar no interior, o pessoal de Pirassununga. Olha, Toninho, Fabinho, para mim, olha, vocês não sabem a emoção que foi ter vocês aqui, companheiros de luta, de greve, de tanta coisa que a gente viveu junto, né? É uma honra muito grande, pessoal.

E assim, o Giannazi falou uma coisa que é interessante. Quantas vezes eu já vim nesta Alesp, lá em cima. Nunca sentei aqui. O negócio é meio doido, estar sentada aqui. E ali, com o Fórum das Seis, do qual durante muitos anos eu fiz parte como representante pelo sindicato, me unia com o Fórum ali para acompanhar as votações da LDO, da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Lembrei de um episódio também interessante, uma greve que eu não sei em que ano foi, eu não lembro, mas estava tão tenso, porque vários deputados eram contra o aumento de repasse e até mesmo a votação da LDO, que houvesse algum repasse. Foi um momento muito difícil.

E aí a gente estava com os estudantes, eu estava ali, com o Fórum. Os estudantes tacaram fogo nessas cadeiras aí, foi uma coisa de louco. Você só via estudante pulando aqui para dentro.

Não tinha o vidro, não tinha os vidros ainda, o Toninho acho que lembra disso, e foi uma coisa de doido. Marcelo, que é o meu companheiro, teve um problema no joelho, em casa, vendo tudo isso de cabelo em pé, imaginando onde eu estava - se eu estava lá em cima tacando fogo ou se eu estava com o Fórum aqui.

Enfim, gente, é uma emoção muito grande. Eu não quero me alongar muito, mas eu quero homenagear. Eu quero dividir, na verdade, esta homenagem com todos os funcionários da USP. Os funcionários da universidade são muito especiais.

Não é fácil trabalhar naquela universidade, uma universidade elitista, conservadora, autoritária, antidemocrática. Só não é pior porque teve muita luta e resistência por parte dos trabalhadores. Mesmo assim, ainda se mantém esse ranço.

Então não é fácil, é uma universidade extremamente complexa, com uma política muito difícil em cima dos funcionários. Por isso, eu quero dividir esta homenagem com todos os funcionários dessa universidade, todos os meus colegas, os meus companheiros de luta, que são tão desvalorizados por essa reitoria.

Quero também dividir com os trabalhadores terceirizados, que são tão escravizados e tão invisíveis pela comunidade universitária. Então, quero dividir também com os trabalhadores terceirizados.

E quero dedicar esta homenagem para alguém que foi, assim, a pessoa que sempre me orientou, que sempre me apoiou e que me ensinou muita coisa, o Marcelo, meu companheiro. (Palmas.) Eu lembro que, em Pirassununga, a gente fez trabalho político lá, trabalho de movimento sindical... que é o que eu gosto, é trabalho de base, eu sempre gostei.

Eu tive cargos de direção em sindicato em dois mandatos, mas o que eu gosto mesmo é o trabalho de base, sempre foi o que eu gostei. Além de gostar de exercer a minha profissão dentro da universidade, também o trabalho de base. Eu estava lembrando... Desculpe, gente, até me perdi aqui, me segurei bastante para não chorar nas falas aqui, desculpa mesmo.

Mas, assim, quero dedicar, sim, ao Marcelo, que é eu meu companheiro. Por muitos anos as pessoas nem sabiam que a gente era companheiro e vivia junto, porque na universidade, no movimento, a gente é militante, a gente está junto como militante, toma borrachada junto, apanha junto, é preso junto, faz o trabalho de base junto e diverge em casa, para não divergir também nas reuniões, que é o mais importante.

Mas assim, rapidamente eu quero dizer que esses 42 anos na universidade para mim foram importantes, tanto pela minha militância quanto pela minha vida profissional.

Eu passei por várias unidades, não por opção, mas porque a cada unidade em que eu trabalhava e que eu denunciava irregularidades, coisas que eu não concordava, coisas abusivas, a diretoria lá me botava para fora.

Mal sabe ele o bem que ele fez para mim e para os funcionários das outras unidades que eu ia, porque, para onde eu ia, eu organizava, e aí melhorava mais ainda para aqueles trabalhadores da outra unidade que eu ia.

Então, para mim nunca foi uma derrota. Não vou dizer que foi uma vitória, mas aquilo para mim foi, na verdade, uma oportunidade de ter um aprendizado a mais na minha vida profissional e conhecer outros colegas de trabalho e ajudar a mobilizar aquela unidade que eu ia para trabalhar.

Na última, na Biociências, no ICB, tenho colegas extremamente queridos, como a Dirce, como o Léo, o Renatinho, o Naíde, vários que estão aqui, o Edison, mas, assim, foi um período profissional para mim muito importante, em que eu trabalhei em sala de aula, trabalhei com pesquisas importantes, foi muito gratificante.

Eu sempre conciliei minha vida profissional com meu trabalho sindical, com meu trabalho de base. Nunca um comprometeu o outro, mas isso não era suficiente para que os dirigentes do local em que eu trabalhava não tentassem me prejudicar, me perseguir ou, de alguma forma, me punir. Eu nunca tive nenhuma punição como uma suspensão, uma advertência. O que eu tive foi, como o Giannazi citou aqui, muitos episódios de perseguição política.

O último foi o pior, porque aí eu não me aposentei, me aposentaram na marra. Eu tive que sair, porque foi antes da pandemia. Eu denunciei uma situação absurda, autoritária em cima dos funcionários, vários episódios de abuso de poder, e acabei sendo colocada para fora em um colegiado, em um conselho de departamento bastante autoritário, sem chance de me defender ou sem chance de argumentar.

Logo depois veio a pandemia, e eu tive grande dificuldade para conseguir reagir à altura, para poder reverter aquele quadro. Então eu tive que sair. Caí num tratamento psiquiátrico, que não me derrubou, mas me abalou bastante.

Mas a minha atuação política continua a mesma, com a diferença agora que eu não tenho as amarras do ponto eletrônico, o que me ajuda bastante. Fico tensa pelos colegas, por viverem uma situação de tanta opressão como têm vivido com esse controle de frequência que é o relógio eletrônico.

Mas, de qualquer forma, eu acho que, assim, é deixar registrado aqui para mim o quanto foi importante e tem sido importante a minha militância do ponto de vista de saber que eu posso contribuir e que eu tenho conseguido fazer coisas não só dentro da universidade, no sentido de melhorar a democracia interna, as condições de trabalho, combater a escravização daqueles que são terceirizados e transformá-los em funcionários definitivos da universidade.

É uma luta permanente manter essa universidade pública, gratuita e de qualidade, tão atacada. Aquele conselho universitário, gente, é uma coisa absurda. É tão elitista que, nas últimas reuniões, as pautas foram: fazer convênio, parceria pública, parceria privada, empreendedorismo - que é a palavra da moda -, e isso se embute na cabeça dos estudantes jovens e de muitas pessoas. E a gente combate isso, a universidade não é uma mercadoria, o ensino público não é uma mercadoria.

Então, é uma luta que se trava, bastante dura, mas necessária, e que a gente faz com gosto, porque tem que ser feito mesmo, para defender a universidade pública, a Educação pública, o serviço público, a Saúde pública. Tem que ser feito isso, sim. É uma luta permanente.

Então, para mim a aposentadoria é mais um episódio, não passa disso. Esta semana mesmo a gente está combinando de fazer outra assembleia no ICB, na semana que vem, para uma série de pautas que a gente tem lá e estão atrasadas, que a gente precisa botar em ordem.

Mas, para concluir, pessoal, é assim: eu acho que a luta é... Alguém falou aqui e é verdade, a gente fica - foi o Léo - bastante preocupado com o individualismo. Infelizmente, o individualismo tem sido uma coisa meio que da moda, o quanto as pessoas estão individualistas, o quanto se esquece a solidariedade.

A gente tem que trazer o pessoal para cá para combater esse individualismo, porque isso é muito ruim. Isso aí trava as lutas, engessa tudo, dificulta a nossa mobilização para todas as lutas, não só a luta dentro da universidade, mas todas as lutas.

Mas, falando da questão da solidariedade, para fechar, eu queria fazer uma homenagem para uma pessoa que foi muito, muito importante na minha vida. Por que é que foi importante na minha vida?

O Marcelo fazia hemodiálise, quase morreu, e o Leandro doou um órgão para ele. Se não fosse o Leandro, que é o nosso companheiro querido, funcionário do IB... (Palmas.) Fica de pé, Leandro. (Palmas.)

O Leandro é uma pessoa muito especial, porque o ato de generosidade do Leandro é de solidariedade, de humanidade, de tudo, gente. Não tem tamanho, não tem nem como falar. É um gesto, assim, que é incrível, ele salvou a vida do Marcelo.

Então, quando eu falo de combater o individualismo e combater qualquer prática que não seja de solidariedade, eu acho que a gente tem alternativas e tem toda a esperança para que isso se modifique, porque o Leandro é um exemplo muito grande nas nossas vidas.

Ele fez toda a diferença na minha vida e na vida do Marcelo. A gente é grato eternamente pelo gesto dele, pela generosidade do Leandro. Onde a gente fala, todo mundo se comove, porque é muito comovente mesmo.

Mas, olha, pessoal, para não alongar muito, eu estou extremamente honrada, orgulhosa, muito feliz com a presença de todos, muita grata ao Giannazi, esse companheiro querido, e a todos vocês. Eu acho que a gente tem que ser muito firme, temos que seguir na luta, a gente não pode deixar nos abater.

Mesmo com essa conjuntura difícil que a gente passou, ainda está passando, mas a gente tem que ser muito firme, porque, aqui, olhe, é uma Mesa de firmes combatentes que tem aqui, firmes combatentes. Eu acho que a gente tem que ser muito firme, porque a luta continua, pessoal.

Agradeço muito a todos, muito mesmo, de coração. Amo vocês.

Obrigada.  (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANAZZI - PSOL - Antes de encerrar, minha gente... (Palmas.) Antes de fazer o encerramento oficial, queria aqui dizer duas coisas: que nós só temos aqui presentes lutadores e lutadoras sociais, só militantes aqui - viu, Vera? Te homenageando -, pessoas de luta. Todo mundo tem uma luta aqui em alguma área, então isso não é qualquer coisa.

E, também, dizer: Leandro, o que você fez, o gesto, a sua atitude é realmente de solidariedade. Olhe, você não precisa fazer mais nada na sua vida, viu? Você é que merece também todas as homenagens aqui, porque é um gesto que comove. Quando eu fiquei sabendo, eu fiquei muito comovido.

Quero fazer uma homenagem a você aqui também, pública, em nome da Assembleia Legislativa, porque é um exemplo. Então, você não precisa falar nada, não precisa fazer mais nada, porque você já fez. Parabéns, Leandro. (Palmas.)

Então, esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, à minha equipe, aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia, da fotografia, do erviço de atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da imprensa da Casa, da TV Alesp, e das Assessorias Policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o pleno êxito desta solenidade.

Está encerrada esta sessão. Parabéns, Vera.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 56 minutos

 

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