25 DE SETEMBRO DE 2023
35ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO FIM DO GOLPE DE ESTADO NO CHILE
Presidência: MAURICI
RESUMO
1 - MAURICI
Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, em "Comemoração do fim do golpe de Estado no Chile", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Nomeia as autoridades presentes. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Chileno".
2 - VERA GERS DIMITROV
Mestre de cerimônias, convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Faz leitura de texto acerca do tema desta solenidade.
3 - PRESIDENTE MAURICI
Ressalta a importância de lembrar o golpe de Estado no Chile para evitar que eventos similares voltem a acontecer. Tece elogio a Salvador Allende.
4 - SEBASTIÁN DEPOLO-CABRERA
Embaixador do Chile, faz pronunciamento.
5 - VERA GERS DIMITROV
Mestre de cerimônias, anuncia apresentação das canções "O direito de viver em paz", "Plegaria a un labrador" e "El alma llena de banderas", do compositor Víctor Jara, interpretadas pelo Grupo EntreLatinos. Anuncia a apresentação de dança tradicional chilena pelo grupo folclórico Quinchamalí, de São Paulo.
6 - PAULO FIORILO
Deputado estadual, faz pronunciamento.
7 - PRESIDENTE MAURICI
Comenta que muitos países representados nesta solenidade passaram por governos ditatoriais no século XX. Diz ser fundamental defender a democracia. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
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- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Maurici.
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A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Eu gostaria de
avisar à TV Alesp que nós vamos iniciar em dois minutinhos. Boa noite a todos,
em alguns segundos a gente vai começar. Nós só estamos esperando para que a TV
Alesp dê o sinal para a transmissão do evento.
Senhoras e
senhores, muito boa noite. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo. Hoje, esta sessão solene tem a finalidade de celebrar os 50 anos do
golpe militar no Chile. Comunicamos a todos os presentes que essa sessão está
sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal da Alesp no YouTube.
Eu vou fazer a
composição da Mesa. Convidamos, a compor a Mesa, deputado estadual Maurici,
presidente da Comissão de Relações Internacionais da Alesp. (Palmas.) Deputado
estadual Paulo Fiorilo, membro da Comissão de Relações Internacionais da
Assembleia Legislativa. (Palmas.)
Excelentíssimo
Sr. Sebastián Depolo-Cabrera, embaixador do Chile no Brasil. (Palmas.)
Excelentíssimo Sr. Juan Carlos Salazar Alvarez, cônsul-geral do Chile em São
Paulo. (Palmas.) Podem compor a Mesa.
Com a palavra,
o presidente desta sessão solene, deputado estadual Maurici.
O SR.
PRESIDENTE - MAURICI - PT - Boa noite a todas as
pessoas presentes, agradeço a atenção de todos os que foram convidados e aqui
compareceram. Quero saudar, além dos membros da Mesa, o embaixador Pedro
Monzón, cônsul-geral de Cuba em São Paulo; o diplomata Luis Fernando Giménez,
cônsul-geral do Paraguai; a diplomata Vanessa Pohl, vice-cônsul do Chile.
Diplomata Rodrigo Bastos, cônsul-geral adjunto do México; diplomata Romina
Solari, cônsul-adjunta da Argentina.
A diplomata Lorena
Rosa Piovanotti, cônsul do Uruguai. A diplomata Talita Borges Vicari,
conselheira do Eresp; Sra. Ana Flávia Marques, diretora do Instituto Lula; subtenente
da PM, Paulo. Ele é maestro da sessão de banda do Corpo Musical da Polícia Militar
do Estado de São Paulo.
Alberto Aggio,
acadêmico e escritor da Universidade de São Paulo. E Hugo Corales, diretor do
ProChile em São Paulo.
Declaro
iniciada esta solenidade. Convido a todos e todas presentes para ouvirmos o
Hino Nacional Chileno.
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- É executado o
Hino Nacional Chileno.
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A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Ainda em
posição de respeito, convido a todos os presentes para ouvirmos o Hino Nacional
Brasileiro.
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- É executado o
Hino Nacional Brasileiro.
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A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Agradecemos a
banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a
regência do maestro, subtenente da PM, Paulo. Agora, vamos falar um pouquinho
desta sessão solene.
Chile e o golpe
de Estado de 1973; 50 anos, lições para o futuro. O governo do Chile realizou
uma importante comemoração do quinquagésimo aniversário do golpe de Estado no
Chile, uma vez que esse acontecimento foi um acontecimento trágico para o Chile
e para o mundo, esperando que o novo aniversário nos permita tirar lições para
o futuro e para que as novas gerações valorizem a democracia e o seu
fortalecimento.
Nesta ocasião,
o embaixador do Chile, Sr. Sebastián Depolo-Cabrera, foi convidado pelo
presidente da Comissão de Relações Internacionais da Alesp para acompanhar esta
comemoração na perspectiva de solidariedade do povo brasileiro.
Assim, com as
palavras, o Sr. Maurici. Mário Maurici de Lima Morais.
O SR.
PRESIDENTE - MAURICI - PT - Bem, hoje nós estamos
realizando esta sessão solene com duas atividades. A primeira é a própria
sessão, e a segunda é uma exposição de fotos.
Nosso
companheiro Jorge produziu imagens eloquentes, e como alguém já disse - não sei
se em português, em espanhol, em qualquer outro idioma -, uma imagem diz muito
mais que milhares de palavras.
Então, essa
exposição amanhã deixa aqui o Salão dos Espelhos e vai até o Salão de Mármore,
é isso?
A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Em novembro.
O SR.
PRESIDENTE - MAURICI - PT - Em novembro? E vai
ficar aqui exposta. Mais uma maneira de lembrar o que foi o golpe de Estado há
50 anos no Chile, que inaugurou um período triste da nossa história. Uma
ditadura das mais cruentas, das mais sangrentas, das mais violentas que nós
tivemos a tristeza de assistir.
E fica para nós
como um libelo, um libelo daquilo que não deve, que não pode e que nós devemos
lutar com todas as coisas para evitar que volte a acontecer. Seja no Chile,
seja no Brasil, seja em qualquer outro país da América Latina, seja em qualquer
lugar do mundo.
Por isso a
atividade de hoje é um viva, um viva a Salvador Allende, um viva ao Chile, um
viva à democracia, um viva à liberdade. (Palmas.)
A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Agradecemos as
palavras do deputado estadual Maurici, e com as palavras o Sr. Juan Carlos
Salazar Alvarez, e eu peço que ele se dirija aqui à tribuna.
Peço desculpas,
com as palavras o Sr. Sebastián Depolo-Cabrera, embaixador do Chile.
O SR. SEBASTIÁN
DEPOLO-CABRERA - Estimadas autoridades presentes, queridos
chilenos e chilenas, todos os amigos. Primeiramente, eu gostaria de agradecer a
presença de cada um de vocês, hoje, para comemorar os 50 anos do golpe de
Estado no Chile e da morte do presidente Salvador Allende. É uma honra, para
mim, dirigir-me a esta Assembleia, hoje, para relembrar nossa história e
projetar nosso futuro.
Como é do
conhecimento de muitos, em março deste ano assumi a grande missão que me foi
confiada pelo presidente da República, Gabriel Boric: relançar os lações entre
o Chile e o Brasil.
O Brasil voltou
e as nossas relações também. Recentemente, a comemoração do 50º aniversário do
golpe de Estado no Chile, com os seus acontecimentos em Santiago e no mundo,
nos levou a refletir sobre o nosso compromisso incondicional com os direitos humanos.
Sobre a importância de democracia e como ela se constrói com memória e com
futuro.
O presidente
Salvador Allende, eleito pelo voto popular democrático em 1970, é deposto do
cargo por um golpe civil-militar em 11 de setembro de 1973. Defensor da tese de
que o Chile podia chegar ao socialismo por vias institucionais, democráticas,
Allende morreu no interior do Palácio Presidencial de La Moneda, resistindo ao
ataque dos golpistas que usaram, inclusive, aviões da força aérea e tanques do
exército para bombardear o prédio.
Consumado com o
apoio de parte da sociedade chilena e de governos estrangeiros, incluindo os
dos Estados Unidos e do Brasil - também então sob regime militar - o golpe
levou ao poder o então chefe das forças armadas, o general Augusto Pinochet,
que por 17 anos comandou forte aparato repressivo, resultando em uma das mais
violentas ditaduras latino-americanas.
Organizações
sociais e o próprio Estado chileno calculam que cerca de 40.000 pessoas
sofreram abusos cometidos pelo regime. As forças da segurança pública também
sequestraram ou mataram mais de 3.000 pessoas, das quais ao menos 1.162 seguem
desaparecidas. Só em 1990, ano em que a ditadura chilena chegou ao fim, os
restos mortais de Allende foram levados para Santiago.
Em 4 de
setembro, com a catedral cercada pela multidão, disposta a se despedir e
homenagear Allende, uma cerimônia oficial marcou a transferência da ossada do
ex-presidente para o cemitério geral da capital.
Para mim, isso
representa o quanto nos custou reposicionar a figura do Allende como grande
líder político democrático. Allende sempre apostou na viabilidade de promover
transformações sociais por meios democráticos, fatos negados por muitos anos.
A decisão mais
importante nesta data emblemática é um novo plano nacional de busca mediante o
qual o Estado chileno promete assumir os esforços de busca pelos 1.162
desaparecidos, conforme o presidente Gabriel Boric anunciou em 30 de agosto
passado.
Por décadas, as
próprias famílias das vítimas da repressão foram as principais responsáveis por
tentar localizar os desaparecidos, conseguindo encontrar os restos mortais de
307 pessoas. O plano também estabelece a implementação de medidas de reparação
e que garantam o acesso dos familiares das vítimas às informações obtidas
durante o processo de buscas.
Não somos
movidos pelo rancor, mas sim pela convicção de que a única possibilidade de
construirmos um futuro mais livre (Inaudível.), como a vida e a dignidade
humana, é conhecer toda a verdade.
Neste sentido,
agradecemos imensamente que o ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino, e o
ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, tenham chegado a Santiago como
representantes do Brasil durante esta comemoração. Especialmente que o ministro
Dino pediu desculpas em nome do governo brasileiro ao povo do Chile pelo papel
que a ditadura brasileira teve no golpe de Estado chileno.
Suas
declarações, aliadas à presença dos dois ministros, são um gesto de
fraternidade, que nos reafirma que a relação com o Brasil é baseada em uma
amizade sincera e madura, sustentada no respeito mútuo entre nações irmãs que
constroem seu futuro através dos aprendizados de uma história compartilhada.
Como foi dito
pelo presidente Lula em uma mensagem que enviou ao povo do Chile após o 11 de
setembro, este é um dia para celebrar a democracia, para homenagear a Salvador
Allende e repudiar qualquer tentativa de golpe, seja no Chile, no Brasil, na
América do Sul ou no mundo.
E juntos
podemos fazer a nossa própria história. Uma história de liberdade, de luta
contra a fome e contra todas as formas de desigualdade. No Brasil e no Chile,
democracia sempre. O Chile e o Brasil têm mais de 185 anos de relações
diplomáticas e amizade.
Compartilhamos
desafios e uma visão comum de bem-estar para as nossas nações. Somos diferentes
e, por isso mesmo, nos completamos e lutamos juntos pela integração bilateral e
regional em benefício aos nossos povos.
Desde o Chile,
acreditamos na América do Sul e na importância da integração. Estamos
convencidos que, ao aprofundar as nossas relações bilaterais, também estamos
trabalhando no fortalecimento da nossa região.
Por isso
apoiamos a liderança que o Brasil assumiu com o Consenso de Brasília, e nos
oferecemos para sediar o próximo encontro no Chile para manter um diálogo que
nos permita debater posturas como a migração, o controle do crime organizado
internacional, a integração energética, proteção do meio ambiente, segurança
alimentar e luta contra todas as formas de desigualdade.
Este ano
esperamos concretizar uma reunião política de alto nível, com o ministro de
Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, visitando o Chile para copresidir,
juntamente do ministro de Relações Exteriores, Alberto van Klaveren, a comissão
bilateral que, além do diálogo político, contempla a realização da primeira
reunião da comissão administrativa do Acordo de Livre Comércio e consultas
multilaterais.
Porque povo sem
memória não tem futuro. Relembrar lições do passado nos ajuda a não repetir os
erros no futuro.
Este encontro
solene tem como objetivo relembrar todas as vítimas da ditadura e todas as
lições aprendidas para fortalecer as nossas democracias.
Viva o Chile,
viva o povo, viva os trabalhadores.
Muito obrigado.
(Palmas.)
A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Agora ouviremos
uma canção no violão, chilena, “O direito de viver em paz”, do cantor e
compositor Victor Jara, interpretada pelo Grupo EntreLatinos, composto por Ana
Maria Stinghen, German Rojas e Francisco Prandi.
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- É feita a
apresentação musical.
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A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Agora nós
ouviremos mais duas canções, “Plegaria a um labrador” e “El alma llena de
banderas”, do Grupo EntreLatinos.
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- É feita a
apresentação musical.
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A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Agradecemos ao
Grupo EntreLatinos, e agora vamos apreciar um pouco das danças tradicionais
chilenas.
Apresentaremos
uma dança tradicional do Chile, que se conhece como Cueca Sola, porque é
dançada por uma mulher sozinha, representando a ausência das pessoas que
desapareceram durante o golpe de Estado durante a ditadura.
A dançarina do
grupo Quinchamalí irá apresentar.
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- É feita a
apresentação artística.
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A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - Agora, com a
palavra o deputado estadual Paulo Fiorilo, por favor.
O SR. PAULO
FIORILO - PT - Boa noite a todos e a todas.
Depois de uma manifestação dessas é sempre muito difícil a gente fazer uso aqui
da palavra. Mas eu quero saudar inicialmente a Mesa, o presidente da Comissão
de Relações Internacionais, o deputado Mário Maurici. Quero saudar também o Sr.
Juan Carlos Salazar Alvarez, que é cônsul-geral do Chile aqui em São Paulo. E o
embaixador do Chile, Sebastián Depolo-Cabrera.
Aproveitar
também para fazer aqui uma saudação aos que representam os seus países. Queria
começar aqui pelo cônsul-geral do Paraguai, Luis Fernando Ávalos, que preside
aí no Grulac; o embaixador e cônsul-geral de Cuba, Pedro Monzón.
Também saudar
aqui a presença da Sra. Vanessa Pohl, que é vice-cônsul do Chile; o Sr. Rodrigo
Bastos, cônsul-geral adjunto do México; a Sra. Romina Solari, cônsul adjunta da
Argentina; a Sra. Lorena Rosa Piovanotti, que é cônsul-adjunta em exercício do
Uruguai; a Sra. Talita Borges Vicari, conselheira do Eresp; o Sr. Alberto
Aggio, acadêmico e escritor da USP; o Sr. Hugo Corales, diretor do ProChile em
São Paulo.
Relembrar os 50
anos do golpe, da ditadura chilena, para nós e para vocês que são chilenos tem
uma importância muito grande. Primeiro, a importância de lutar pela democracia
e pela liberdade.
O Chile viveu
um dos períodos mais difíceis de sua história, como o Brasil também viveu. Mas
nós ainda não nos livramos desse risco permanente de volta à ditadura.
O Brasil agora,
no início do ano, viveu de novo um grande risco de manifestações contra as
instituições, talvez de um golpe diferente daquele que nós tivemos aqui, que o
Chile teve lá.
Mas nós não
podemos deixar passar sem esse registro, de que nós temos que continuar lutando
pela democracia, pela liberdade, pelas instituições constituídas. E eu quero
aproveitar para fazer também o registro aqui da presença do Alexandre Pupo, que
aqui representa o Celso Amorim.
Nós temos um
grande desafio: relembrar as ditaduras, relembrar a ditadura chilena,
brasileira, significa manter viva a chama pela luta permanente. Não, como disse
aqui o embaixador, como uma forma de revanche, mas ao contrário. De apurar os
crimes cometidos, e se possível de punir os criminosos.
O trabalho que
vai ser feito agora no Chile tem uma importância muito grande. Aliás, o
embaixador comentava com o deputado Maurici que os assassinos do compositor
Victor Jara foram encontrados. Isso é importante, porque nós também precisamos
ter um momento de apurar, de punir e de viver em paz.
Esta sessão,
deputado Maurici, tem uma importância muito grande, porque o Chile, como o
Brasil, precisa ser sempre lembrado pela liberdade, pelo direito de continuar
livre e de continuar apurando aquilo que foi no passado um crime contra a
humanidade.
Parabéns ao
povo chileno, parabéns ao Chile, e nós estaremos juntos.
Viva o Chile.
(Palmas.)
A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - VERA GERS DIMITROV - E agora, para
as considerações finais, chamamos o deputado estadual Maurici.
O SR.
PRESIDENTE - MAURICI - PT - Se me permitem, vou
falar daqui mesmo. Eu estava pensando agora aqui, porque acho que, de todos nós
que estamos aqui hoje, ninguém está aqui só porque foi convidado, ninguém está
aqui só por dever de ofício.
Todos estamos
aqui porque entendemos que esta é uma data que merece ser comemorada, não pelo
que ela encerra, pelo golpe, mas pelo que ela abre, que é a luta contra a
ditadura.
Todos nós aqui:
uruguaios, argentinos, chilenos, brasileiros, cubanos, por que não? De alguma
maneira - talvez não os mexicanos -, vivemos sob ditaduras sangrentas no século
XX.
Todos nós
sabemos o valor da liberdade, o valor da democracia, e o aprendemos a duros
golpes. O embaixador me dizia agora, Paulo, que os assassinos de Victor Jara
foram descobertos 50 anos depois. Cinquenta anos depois.
Eu não estou
entre aqueles que acham que a história, a vida, o mundo deva ser visto em alto
contraste, para usar uma expressão fotográfica aqui. Não acredito que existam
os bons e os maus.
Mas um dos
assassinos de Victor Jara, ao ser descoberto, suicidou-se, não é isso? Ou seja,
ele sabia. Tinha na sua cabeça, na sua consciência, que ele sim estava do lado
errado da história. Do lado de quem massacra o ser humano.
Então, eu fico
muito feliz de estar aqui hoje com vocês, pelo momento que nós estamos vivendo.
Agradeço muito esta oportunidade, embaixador, e sei que aqui falo em nome de
todos os deputados e deputadas da Assembleia Legislativa de São Paulo. Tenho a
honra de presidir essa Comissão de Relações Internacionais, que já foi
presidida pelo colega Paulo Fiorilo, e nós estamos aqui em um Parlamento.
O Parlamento é
o ícone da democracia, é o ícone do controverso, da antítese permanente que
busca a síntese. Eu aprendi, tenho aprendido muito, mas eu aprendi muito na
comemoração do... foi do 113º aniversário da independência do México, é isso?
Onde eu
esperava um discurso largo - bem mais largo que esse meu agora -, e o
cônsul-geral do México subiu lá ao lado da bandeira depois do hino nacional,
saudou seis ou sete grandes heróis da independência mexicana, gritou: “Viva
México, viva México, viva México”, e encerrou a solenidade. Foi eloquente,
emocionante e sintético.
Oxalá um dia eu
chegue a esse poder de síntese.
E esgotado o
objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, à equipe da Assembleia
Legislativa, à minha equipe. Aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia,
da fotografia, do serviço de atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral
Parlamentar, da imprensa da Casa, da TV Alesp e das assessorias policiais
Militar e Civil, bem como a todos os que, com as suas presenças, colaboraram
para o pleno êxito desta solenidade.
Agradeço a
presença de todas e todos e peço que os convidados e convidadas se dirijam ao
coquetel organizado pelo consulado do Chile.
Aproveitem a
exposição “Imagens Proibidas”, do fotógrafo chileno Jorge Villalobos, e uma
breve apresentação do grupo folclórico Quinchamalí.
Está encerrada
esta solenidade, boa noite a todos e todas. (Palmas.)
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- Encerra-se a
sessão às 20 horas e 33 minutos.
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