24 DE NOVEMBRO DE 2023

143ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: PAULA DA BANCADA FEMINISTA, CARLOS GIANNAZI, EDUARDO SUPLICY e REIS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - PRESIDENTE PAULA DA BANCADA FEMINISTA

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.   

        

6 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Manifesta apoio ao pronunciamento do deputado Eduardo Suplicy.

        

7 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência. Endossa o pronunciamento da deputada Paula da Bancada Feminista

        

9 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

10 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Parabeniza a Presidência efetiva pela adoção de medidas contra ações ofensivas a parlamentares, nesta Casa.

        

11 - MAJOR MECCA

Por inscrição, faz pronunciamento.   

        

12 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

14 - REIS

Assume a Presidência.

        

15 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

16 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

17 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

18 - REIS

Assume a Presidência.

        

19 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

20 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

21 - PRESIDENTE REIS

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/11, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Paula da Bancada Feminista.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - Solicito à TV Alesp que inicie a transmissão, por favor.

Presente o número regimental de Sras. Deputas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o Expediente.

Leitura de oradores inscritos para o Pequeno Expediente. Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.)

Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.

Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL – SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Deputada Paula da Bancada Feminista, deputado Suplicy, telespectador da TV Assembleia.

Sra. Presidente, eu quero aqui repudiar, veementemente, a fala, o comportamento do secretário estadual de Justiça e Cidadania do estado de São Paulo, que ontem, Sra. Presidente, cometeu um grave erro. Na verdade, cometeu um grave ataque ao Magistério estadual.

Um ataque repugnante, Sra. Presidente, que nós temos que repudiar com muita veemência. E, também, ao mesmo tempo já aproveito para dizer que ele não tem condições mais de estar no cargo.

Ele esteve ontem na cidade de Olímpia, na 4ª Conferência Estadual de Juventude e fez um discurso, uma fala contra o Magistério. Eu quero mostrar primeiro para depois comentar e dizer que nós estamos pedindo a saída dele, a exoneração deste secretário de Justiça e Cidadania. Primeiro, eu gostaria de colocar a fala dele, para que V. Exas. pudessem ver a gravidade da situação.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

Então, ele foi vaiado. Inclusive, a juventude presente não aceitou este ataque às as disciplinas de filosofia, sociologia e todas as outras, menos português e matemática. E a juventude, os jovens que estavam na 4ª Conferência reagiram à altura, repudiando essa nefasta e perversa fala do secretário Fábio Prieto, que ainda afirma que foi juiz de direito, foi juiz federal.

Deveria ele saber a importância da filosofia. Ele não quer filosofia para a juventude, mas ele teve, com certeza, quando fez o seu curso de Direito, filosofia do direito, teve filosofia geral. No entanto, para a juventude, não há filosofia, não há sociologia, mas ele comete vários equívocos, vários erros e várias agressões ao mesmo tempo.

Não sei como que ele passou no concurso, deputada Paula, para ser juiz federal, mas aquele Moro também, passou, não é? E mal sabe falar o português, e comete erros gravíssimos. Eu não sei como é que ele passou no concurso público desconhecendo, por exemplo, que filosofia e sociologia são duas disciplinas obrigatórias.

Não é o sindicato que dá aula de filosofia e sociologia, são duas disciplinas obrigatórias no currículo escolar. O que nós temos é que, no passado, quando houve a ditadura militar no Brasil, quando houve a quebra do estado democrático de direito, foi implantada a tortura como política do estado brasileiro.

Os militares fizeram uma reforma educacional e retiraram essas disciplinas de filosofia e sociologia, porque são disciplinas que têm a ver com o desenvolvimento do senso crítico dos nossos alunos e da nossa juventude.

E governos autoritários, governos protofascistas e totalitários têm medo da filosofia. Eles atacam a filosofia, a sociologia, a história. É o que está acontecendo agora.

O governo Tarcísio acabou de publicar uma resolução reduzindo o número de aulas de filosofia e sociologia. Só não retirou porque não é permitido. Está na LDB, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Lei nº 9.394, viu, juiz federal? A lei é a lei. Acho que ele não conhece a legislação.

Esse ex-juiz, não sei se ele continua, acho que ele é aposentado, deve ser, para estar exercendo o cargo... Deputada Paula, só para terminar aqui. Tem também os conteúdos da BNCC, dessas duas disciplinas, mas os militares retiraram porque eles tinham medo.

Os governos autoritários que querem dominar o povo atacam a filosofia, a sociologia e a história. E, voltando aqui ao que eu disse, o Tarcísio reduziu as aulas de filosofia e sociologia no ensino médio, reduziu as aulas de história e de artes também, no próprio ensino médio e no ensino fundamental também.

Quer dizer, o que eles querem mesmo é formar mão de obra barata, alunos, uma juventude sem senso crítico. Então nós estamos repudiando com veemência essa fala do secretário de justiça e cidadania, deputada Paula, deputado Mecca, deputado Suplicy, e nós exigimos a imediata exoneração.

Ele não tem condições de ficar no cargo. Foi a secretaria que organizou o evento em Olímpia, essa 4ª Conferência, e a Conferência vaiou, repudiou também, do jeito que eu estou repudiando aqui, em nome do Magistério estadual, aqui (Inaudível.) o Magistério estadual, aliás, todos os professores.

E me associo aqui ao que disse em uma matéria na Uol agora o presidente do Sindicato dos Professores, o Sinpro de São Paulo, Celso Napolitano, que exige também a exoneração desse secretário porque ele diz o seguinte, que ele desqualificou todas as disciplinas, todos os professores, exceto os de português e de matemática, mas tenho certeza de que esses professores estão também solidários aos professores e professoras das outras disciplinas e, com certeza, defendendo também a exoneração desse secretário.

Muito obrigado. E dizer que nós estamos ingressando com uma representação no Ministério Público estadual contra essa agressão perversa, covarde e repugnante contra os professores e as professoras do estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - Obrigada, deputado Carlos Giannazi. Me somo à sua indignação. Seguindo a lista de inscritos, deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Querida deputada Paula da Bancada Feminista, que estava presidindo a sessão, mas agora passou para o deputado Carlos Giannazi; caro deputado Major Mecca.

Eu quero nesta tarde fazer um convite muito especial para cada um dos 94 deputados e deputadas estaduais de São Paulo para que compareçam, estejam presentes, participando da instalação da Frente Parlamentar em Defesa da Renda Básica de Cidadania, que um dia vai se tornar universal e incondicional para todos os residentes no Brasil, não importa sua origem, raça, sexo, idade, condição civil ou mesmo socioeconômica.

Trata-se daquilo que está previsto na Lei nº 10.835, de 2004, sancionada pelo presidente Lula em 8 de janeiro de 2004, após ter sido aprovada - foi por minha iniciativa - primeiro, no Senado Federal, em dezembro de 2002; depois, em novembro de 2003, na Câmara dos Deputados, praticamente com poucas objeções. Mas, do ponto de vista dos partidos, todos aprovaram.

E quando foi para o presidente Lula sancionar, ele - considerando que se tratava de uma proposta para ser instituída por etapas, a critério do Poder Executivo, começando pelos mais necessitados, como fazia o Bolsa Família - sancionou a lei em uma cerimônia tão bela, onde estavam presentes, dentre outros, a minha mãe, aos 95 anos - Filomena Matarazzo Suplicy -, estava presente o maior economista e conhecedor deste tema - convidado especialmente -, professor Philippe Van Parijs, fundador da Basic Income Earth Network, da Universidade Católica de Louvain.

E, neste dia, um dos maiores - senão o maior - economista brasileiro, Celso Furtado, encaminhou uma mensagem ao presidente Lula, cumprimentando-o pela aprovação deste projeto e até afirmando que o Brasil - que havia sido um dos últimos países a abolir o trabalho escravo - se tornaria agora pioneiro na implantação de um projeto de tamanha abrangência, do ponto de vista da solidariedade entre todos os membros do povo brasileiro.

E o número de países onde se realizam experiências, onde se estão realizando debates a respeito da renda básica, tem se multiplicado, inclusive a partir da Covid-19, que fez com que quase todos os países tivessem adotado formas de distribuição de recursos - inclusive o Brasil -, mas não ainda de forma universal.

Eu estava pesquisando um pouco a respeito da história da renda básica e tive uma boa notícia. Sabem de onde? De Taiwan. A notícia diz o seguinte, está na Basic Income Earth Network: “(Pronunciamento em língua estrangeira.)”.

Diz aqui que Taiwan está realizando história porque passa a pagar, universalmente, uma renda básica em dinheiro, na ordem de seis mil dólares de Taiwan, para cada cidadão moço ou de qualquer idade, moço ou mais idoso. É a primeira vez que o país está implementando uma política dessa natureza.

Na verdade, Taiwan segue outra ex-colônia - bom, primeiramente, era parte da China - Macau que hoje tem pouco mais de 700 mil habitantes, mas, desde 2008, querida deputada Paula, Taiwan vem pagando a cada um dos seus habitantes permanentes, primeiro quatro mil, cinco mil, seis mil, dez mil patacas, já ultrapassou dez mil patacas, que são mais de 1.300, 1.500 dólares por ano, para cada um dos seus habitantes.

Pois bem, Maricá, no Brasil, começou a pagar gradualmente uma renda básica para toda sua população. Eu estive presente há duas semanas atrás quando o prefeito resolveu estender o pagamento da renda básica para 93 mil habitantes, correspondendo a mais da metade da população.

Um exemplo notável para todos os municípios brasileiros. É bem verdade que Maricá tem o benefício dos royalties do petróleo de uma plataforma da Petrobras, que está diante de Maricá.

Mas, nos Estados Unidos da América, Stockton e cerca de 100 cidades estão realizando experiências com a renda básica universal. Em inúmeros lugares do mundo, alguns dos quais eu visitei pessoalmente, como o Quênia, nas vilas rurais do Quênia, visitei resultados tão positivos do pagamento da renda básica para todos os adultos de 18 anos ou mais, 22 dólares apenas para cada um, mas causando enormes vantagens, inclusive, do ponto de vista das mulheres, causando maior autonomia e muito menor grau de violência contra as mulheres.

Enfim, deputada Maria Paula, deputado Major Mecca, deputado Carlos Giannazi e todos os demais, venho reforçar aqui o pedido que estou... o convite que estou fazendo a todos os 94 deputados para estarem presentes na reunião do lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Renda Básica aqui no estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Suplicy. Conte com o nosso total apoio. Com a palavra o deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Com a palavra o deputado Guilherme Cortez. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rui Alves. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Conte Lopes. (Pausa.) Na Lista Suplementar agora. Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra o deputado Itamar Borges. (Pausa.)

Com a palavra a deputada Paula da Bancada Feminista que fará uso regimental da tribuna.

 

A SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde. Obrigada, Sr. Presidente em exercício, deputado Carlos Giannazi. Quero cumprimentar os deputados aqui presentes, os trabalhadores desta Casa, as pessoas que nos acompanham, especialmente, pela Rede Alesp.

Eu quero dizer, Sr. Presidente, que eu denunciei, registrei um boletim de ocorrência e também denunciei publicamente na imprensa, na última quarta-feira, uma ameaça que eu sofri no meu e-mail institucional, uma ameaça de estupro e ataques racistas.

O caso foi registrado na Polícia Civil do Estado de São Paulo, no Decradi, como um caso de violência política. E foi encaminhado, recentemente, à Polícia Federal. Isso por si só, ameaças como essas, que as parlamentares sofrem, de violência política, isso por si só já é um grave atentado à democracia, à democracia brasileira.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

* * *

 

Por isso nós fizemos questão de registrar essa denúncia, e exigir que um caso como esse seja investigado. Mas qual foi a minha surpresa quando, um dia depois do registro dessa ocorrência, ou seja, ontem à tarde, eu não estava no meu gabinete, eu estava numa agenda externa. Mas a minha equipe, inclusive, apenas mulheres, estavam no gabinete, e foram surpreendidas com um ataque gravíssimo.

Basicamente, elas estavam dentro do gabinete e começaram a ouvir pessoas esmurrando o vidro do gabinete. Quando elas abriram a porta, e viram que tinham cinco homens, na porta do meu gabinete, gritando que queriam falar comigo, perguntando sobre mim, dizendo que eu era uma hipócrita.

E vejam só: levaram uma pessoa, supostamente vestida de pessoa em situação de rua, simulando uma pessoa em situação de rua, forçando a entrada no meu gabinete, dizendo que queriam entrar porque o meu partido, o PSOL, era um partido que fazia ocupação. E que, por isso, era necessário que as pessoas entrassem no meu gabinete, porque queriam ocupar o gabinete.

Ou seja, as pessoas forçaram a entrada no meu gabinete. Bateram na porta e também no vidro, tentando forçar uma entrada no gabinete, ameaçando a minha equipe, me ameaçando, me xingando.

Tudo isso, dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Nós imediatamente chamamos a Polícia Militar, que fez um ótimo trabalho, retirando as pessoas. Eu quero agradecer muito à Polícia Militar desta Casa Legislativa, por ter feito esse ótimo trabalho.

Nós também, imediatamente, fomos à Polícia Civil e registramos mais um boletim de ocorrência. Dessa vez, por ameaça, por injúria. E o caso vai ser encaminhado para o 26º Distrito Policial da Vila Mariana. Nós já sabemos quem são os autores. Nós já temos esses dados.

Esses dados já foram fornecidos também para a Polícia Civil. Inclusive, um deles confessou a autoria nas redes sociais. Eu quero mostrar o vídeo. Só para vocês terem noção do que eu estou falando, e do nível de barbaridade que a gente chegou. Por favor.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

Como vocês podem ver, uma pessoa, ou melhor, um, grupo de cinco pessoas se sentem no direito de tentar invadir o meu gabinete, de bater repetidas vezes no vidro do meu gabinete. Me ameaçando, ameaçando as pessoas que estavam dentro do meu gabinete, e coragem de postar um vídeo como esse, nas redes sociais, tentando justificar o injustificável.

Eu liguei ontem para o presidente desta Casa, o presidente deputado André do Prado. Ele foi muito solícito, e me disse que esta Casa vai tomar providências com relação a bloquear a entrada destas pessoas aqui dentro da Alesp.

Eu quero dizer que eu tenho muitos opositores políticos nesta Casa. Todo mundo sabe disso. Sou uma deputada que não se furta de dizer a minha opinião a nenhum momento. Muitos deputados escutam a minha opinião e sabem que são os meus opositores políticos.

Mas eu nunca teria a coragem, assim como sei que cada um dos meus colegas aqui nunca teria a coragem, de fazer ou permitir que aconteça algo desse tipo dentro desta Casa.

A partir do momento em que a gente legaliza que uma ação como essa enquanto pessoas estão trabalhando dentro de uma Casa Legislativa aconteça, nós estamos legalizando a barbárie.

Então eu quero agradecer também ao presidente desta Casa, deputado André do Prado, que me disse que providências serão tomadas. Quero reiterar: o caso está com a Polícia Civil, o caso vai ser investigado e essas pessoas vão ter que responder uma a uma pela ameaça que fizeram na porta do meu gabinete. A gente não vai deixar que esse caso passe impune.

Obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente. Para uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Permita-me apenas, deputado Carlos Giannazi, que eu expresse a minha solidariedade à deputada Paula da Bancada Feminista do PSOL. Considero extremamente grave o ocorrido, a ameaça feita por esse conjunto de rapazes, que tentaram invadir, ocupar falando ofensas para a deputada Paula.

Não é esse o método aqui de podermos conversar, trocar ideias. Na Assembleia Legislativa, é sempre com respeito para com os nossos adversários, e não dessa maneira. Deputado Carlos Giannazi tem a palavra pela ordem.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Obrigado, Sr. Presidente. Também queria prestar toda a solidariedade e apoio à deputada Paula da Bancada Feminista, que é uma deputada combativa, uma das deputadas mais combativas do estado de São Paulo, Sr. Presidente.

Olha, deputada Paula, esses grupelhos, MBL - nem sei se ele é do MBL -, mas é esse pessoal que fica pavimentando o terreno e a estrada para o protofascismo no Brasil, é isso que eles representam. Eles não têm projeto para o Brasil, não tem nada.

Eles querem visibilidade e usam, inclusive, o PSOL como escada para aparecer, porque a população não está nem aí mais para eles. Eles querem visibilidade, holofotes. Não há proposta nenhuma para a Educação. Eles ficam usando estereótipos sobre a esquerda, ele nem sabe o que é esquerda.

Enfim, então não podemos tolerar. Espero e tenho certeza de que o deputado presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado, tomará todas as providências para coibir e punir qualquer tipo de ato semelhante que aconteça agora aqui na Assembleia Legislativa. Estamos com você, deputada Paula.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Também quero, deputado Carlos Giannazi, transmitir ao presidente André do Prado meus cumprimentos pelas medidas que já foram anunciadas aqui pela deputada Paula para impedir que essas pessoas retornem a esta Casa para realizarem ações tão ofensivas a todos nós, parlamentares, e não apenas à deputada Paula.

Tem a palavra agora o Major Mecca, pelo tempo regimental.

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, todos que nos acompanham pela TV Alesp, pelas redes sociais, nossos irmãos policiais militares, que se encontram aqui no plenário zelando pelo bom encaminhamento dos nossos trabalhos.

Também aos nossos policiais civis, a todos que protegem o povo do estado de São Paulo ao longo do dia, pois nós sabemos que sem a presença dos nossos policiais, sem um soldado como sentinela zelando pela paz no nosso estado e no nosso país, nenhum de nós sai de dentro de Casa.

Não sai o comerciante para abrir o seu comércio, não sai o motorista de ônibus para trabalhar, não sai o motorista do táxi, do Uber, não sai o médico, não sai o professor.

Ou seja, não há paz social, não há organização, se não houver um soldado cuidando do nosso estado, nas ruas da nossa cidade, do nosso bairro, fazendo patrulhamento ostensivo e combatendo o crime.

E nesse viés de reconstrução das Polícias, Sr. Presidente, na semana passada, nós tivemos um foco bastante intenso em relação ao transporte dos policiais do estado de São Paulo, os policiais militares, policiais civis, policiais penais, técnico-científicos. Saiu uma nota, uma circular da Artesp que suspende o transporte dos policiais militares à paisana, reduzindo o número de policiais dentro do ônibus, dois policiais, tendo que ser fardados.

Agora pela manhã, eu recebi uma ligação do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, convidando-nos para participar de uma reunião, na próxima terça-feira. Hoje é dia 24 de novembro, no dia 27 de novembro, na terça-feira, nós participaremos de uma reunião na Artesp para tratar dessa pauta e procurar dar um bom encaminhamento, a título de proteger os nossos policiais militares.

Aos deputados que não conhecem esse número, à população que, muitas vezes, desconhece esse número. Somente este ano, de 2023, até agora, no dia 24 de novembro, nós tivemos 31 policiais militares assassinados no estado de São Paulo. É um número extremamente preocupante.

É um número que mostra que os nossos policiais no estado são alvos constantes do crime, e nesse deslocamento que o policial militar faz da sua casa para o quartel, e do quartel para casa, é um período extremamente crítico, onde o policial tem a sua vida colocada em risco, e o policial fazer esse deslocamento fardado potencializa esse risco.

No início dessa semana, nós tivemos um subtenente da Polícia Militar que foi assassinado dentro de um de um supermercado. Ele estava no caixa, pagando a despesa. Foi surpreendido por dois ou três criminosos, e quando o identificaram como policial, ele de pronto foi executado com um tiro na cabeça. Então é importante que dentro do estado as empresas, todas as empresas de transporte, a Artesp...

O nosso governador já está sensível a essa pauta, pois nós fizemos a explanação para ele do que é a rotina dos nossos policiais, dos nossos policiais militares, e a nossa preocupação nesse deslocamento que eles terão que fazer fardados, para que possam ter a gratuidade, é uma pauta extremamente cara, extremamente importante para todos nós, policiais do estado de São Paulo, muito preocupante para toda a população.

Porque quando um policial está em deslocamento, esse policial encontra-se de serviço. Esse policial, quando ele está até no seu horário de folga, ele está de serviço, e ele é constantemente solicitado pela sociedade a atuar em nome do estado.

Então cabe a todos nós, como autoridades, nós, deputados, como representantes da população, representantes desses policiais, nos preocuparmos e trabalharmos no sentido de que essa categoria seja atendida em relação ao seu transporte gratuito e os policiais militares poderem fazê-lo à paisana.

Então fica aqui a nossa prestação de contas, levar ao conhecimento dos nossos policiais que na próxima terça-feira nós estaremos...

Todos os deputados que integram a bancada da Segurança Pública, nós estamos trabalhando nesse sentido e participaremos de uma reunião na Artesp junto com o secretário de Segurança Pública, o comandante geral, o coronel Cássio, que venho conversando com ele - e inclusive conversei hoje pela manhã.

E ele estará nessa reunião onde nós trataremos essa pauta extremamente importante para a integridade física, para a vida dos nossos policiais militares e de todos os policiais do estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Major Mecca, V. Exa. mencionou terça-feira, dia 27, mas terça-feira é dia vinte e oito.

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado, Sr. Presidente, pela correção.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Pode novamente fazer o convite.

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado.

Fica registrado, então, o dia vinte e oito.

Grato pela atenção, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - E vai ser onde? O horário e onde?

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - Vou passar. Acompanhem nas nossas redes, que nós vamos passar. Estou em tratativa com o secretário. Está bom?

Muito obrigado, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Está bem. Tem a palavra agora o deputado Reis.

 

O SR. REIS - PT – Quero saudar o presidente Suplicy, o deputado Carlos Giannazi, o deputado Major Mecca, o público presente, os integrantes da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Técnico-Científica, da Polícia Penal e todos aqueles e aquelas que nos acompanham pela Rede Alesp.

Presidente, ontem eu falei aqui sobre a Lei Orgânica da Polícia Civil que o presidente deveria, quer dizer, na data de ontem, iria sancioná-la e isso aconteceu bem tarde da noite. Numa edição extra do “Diário Oficial”, foram publicados os vetos e foi publicada a Lei Orgânica da Polícia Civil que os estados deverão seguir.

Mas, lamentavelmente, praticamente 37 dispositivos foram vetados e isso traz uma indignação para toda a nossa categoria. Várias notas de repúdio foram elaboradas pelas associações representativas, as associações classistas, as confederações, os sindicatos, Adepol, Cobrapol, questionando, porque foi uma lei construída por essas instituições junto com vários integrantes do governo federal.

Então, foram muito ruins esses vetos, mas a gente espera que o Congresso possa derrubá-los. Em que pese que há uma acusação ao chefe da Casa Civil, Rui Costa, e ao Advogado-Geral, o Messias, que atrapalhou, e muito, na sanção dessa lei. Mas, eu entendo que tem que se movimentar o Congresso porque a última palavra não é do governante; a última palavra sempre será a do povo.

É o que eu sempre tenho dito aqui para os deputados. Muitos deputados acham que é o governo que dá a última palavra. Não, quem dá a última palavra é o Parlamento.

Então, se o presidente vetou, cabe ao Congresso derrubar os vetos. Nós não podemos deixar de mencionar que 86,64% foi aprovada e 13,36% de toda a legislação, de toda a lei, foram vetados.

Realmente, os vetos prejudicam bastante a nossa categoria, mas nós temos também que entender que 86% da lei que foi sancionada pelo presidente Lula também são bastante significativas para a categoria. É claro, o nosso desejo, o nosso objetivo era que a lei fosse sancionada na sua integralidade, uma sanção plena.

Mas isso acabou não acontecendo, e não aconteceu porque não é só a questão da Casa Civil, do Rui Costa, que está sendo muito atacado, do advogado-geral da União. É por conta também do lobby dos governadores. Os governadores ficaram ligando, pressionando o governo federal, para que houvesse esses vetos.

Mas eu quero, assim, deixar registrado que, por exemplo, o Art. 9º traz o Conselho Superior de Polícia Civil, com participação de representantes de todos os cargos efetivos da corporação, pois, atualmente, em São Paulo, somente os delegados que participam do conselho.

Esse é um ponto muito importante que a Lei Orgânica traz. Agora não será um conselho só de delegados de polícia. Será um conselho da Polícia Civil. Vai ser um conselho que os investigadores, os escrivães, os agentes poderão, deverão, compor.

O Art. 17 autoriza os estados a instituírem unidades de saúde para a categoria, destinadas a fornecer assistência ambulatorial, clínica, psicológica, psiquiátrica e terapêutica aos policiais civis.

Hoje, a Polícia Civil de São Paulo não tem um sistema de saúde dela, exclusivamente dela; todos, se precisarem de atendimento de saúde, têm que recorrer ao Hospital do Servidor Público. Então o Art. 17 foi preservado.

O Art. 20, exigência de nível superior para todos os cargos, que serão: oficial investigador de polícia, perito oficial criminal e delegado de polícia. Isso é um avanço, porque aqui no estado de São Paulo nós conseguimos, sim, desde 2008, que para ser investigador, escrivão de polícia, ou seja, para poderem participar do concurso público, devem ter o nível superior.

Em que pese que, até hoje, o governo exige quando faz o concurso, mas o salário ainda não foi equiparado porque, a exigência de curso superior pressupõe que os investigadores e os escrivães de polícia tenham um salário de 84% do salário da autoridade policial. E isso ainda não foi oficializado, não foi regularizado pelos governos que passaram.

A figura do oficial investigador, quer dizer, agora não é mais só investigador de polícia, a Lei Orgânica traz a denominação “oficial investigador”, com atribuições apuratórias, cartorárias, procedimentais, obtenção de dados, operação de inteligência, execução de atividade investigativa. A função de perito oficial: atribuições de perícia oficial de natureza criminal, assegurar a sua autonomia técnico-científica funcional.

E o Art. 25 também, que trata de cessão, de permuta temporária para outros estados da Federação. É fato que nossa categoria estava esperando 100% da sanção ao projeto, isso não aconteceu. Mas também não podemos desprezar os 86,64% do texto legal que foram sancionados.

E, ademais, é cobrar o Congresso, é fazer gestão junto ao Congresso Nacional para que derrube, sim, esses vetos, frutos de lobby dos Srs. Governadores de estados, porque eles não trabalham por uma polícia de qualidade, por uma polícia que realmente dê resultados para aquilo que a nossa população espera, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Reis. Tem a palavra agora o deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, quero aqui parabenizar o Magistério Municipal do município de Bauru.

Sr. Presidente, as professoras e professores conseguiram, através de uma ação civil pública, através do seu sindicato, que o governo municipal seja obrigado a pagar o Piso Nacional do Magistério, conforme está disposto na Lei Federal nº 11.738, de 2008, aprovada no Congresso Nacional, sancionada pelo presidente da República e confirmada, validada pelo Supremo Tribunal Federal.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

* * *

 

É uma conquista importante de toda a categoria, de todo o Magistério de Bauru. Eu tenho acompanhado as lutas que o Magistério tem travado na cidade. Participei de algumas audiências e manifestações e agora, enfim, houve essa vitória importante na Justiça.

Eu queria dizer, Sr. Presidente, que não cabe nem mais recurso, na verdade, porque o Supremo Tribunal Federal já julgou que a lei é constitucional e recentemente julgou também que o reajuste é constitucional.

A fórmula do reajuste, as portarias do MEC, que anualmente são publicadas com percentual do reajuste, são consideradas legais. Então, caiu aquela tese de que não tinha respaldo na lei, de que a fórmula, o critério do reajuste, era inconstitucional por conta da aprovação da nova lei do Fundeb, em 2020.

Isso não existe mais, o Supremo já julgou. Então não cabe aqui questionamento mais em relação a isso. O Supremo está dizendo que a lei é constitucional e o reajuste também, porque a prefeitura tem alegado que não, mas o Supremo já decidiu. Não tem desculpa. Até mesmo a prefeitura tem alegado que isso vai de encontro à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Não tem nada a ver uma coisa com a outra. A prefeitura pode chegar no limite prudencial muito próximo do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mesmo que chegue, não tem problema nenhum chegar perto. Não pode ultrapassar. Nós temos os limites, o limite global, o limite de alerta, o limite prudencial. São três os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

A Lei de Responsabilidade Fiscal é uma lei federal, mas a lei do piso nacional também é uma lei federal, que é, inclusive, citada na própria Constituição e na LDB, Sr. Presidente.

Então tem que pagar o piso. A prefeitura diz que isso pode levar a uma crise financeira, alguma coisa assim. Não tem. A prefeitura recebe as regras do Fundeb, ela tem que investir no mínimo 25% do seu orçamento em Educação. Ela tem dinheiro, não é possível.

Ela diz que tem uma questão da previdência, uma dívida com a previdência, com fundo previdenciário. Tem uma crise ali. Agora, essa crise foi criada pela própria prefeitura, então ela tem que sanar, ela tem que colocar aporte financeiro do Tesouro Municipal para sanar. A culpa não é do Magistério, não é do funcionalismo público de Bauru. O fato é que o piso tem que ser pago e retroativo, está aqui na ação civil pública de 2022.

 Tem essa questão. Se não tem dinheiro, tem que diminuir o número de cargos de confiança da prefeitura, os cargos políticos, o gasto com propaganda da prefeitura, as isenções fiscais que beneficiam grupos econômicos da cidade. Tem que buscar outras alternativas. Agora, usar essa desculpa para não pagar o piso, não funciona. O Judiciário não vai aceitar.

Nós não aceitamos, porque a lei já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal e o critério do reajuste também, então a prefeitura de Bauru tem que pagar. Eu quero, Sr. Presidente, aqui da tribuna da Assembleia Legislativa...

Eu tenho aqui uma matéria da “Contraponto”, olhe: “Justiça manda pagar o piso nacional do Magistério”. Gostaria de mostrar aqui no telão da Assembleia Legislativa. Foi ontem, dia 23 de novembro.

“Prefeitura adverte para explosão da despesa.” Se todo prefeito e todo governador fizer isso, usar esse fundamento sem base nenhuma, aí ninguém vai pagar o piso nacional.

Então, isso não procede, Sr. Presidente. A prefeitura de Bauru tem que pagar o piso nacional do Magistério para todas as professoras e professores do município, da rede municipal. Então, parabéns, Magistério de Bauru.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo na lista de oradores, chamamos para fazer uso da palavra o deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro deputado Reis, que preside esta sessão, eu quero reiterar o convite, que é não apenas meu, mas da deputada Marina Helou, que também é membro da Frente Parlamentar em Defesa da Renda Básica.

Esse nosso encontro, na próxima segunda-feira, coincidirá com o lançamento dos livros “Transferência de renda no Brasil: entre a herança recebida e a direção prometida” e “Renda básica e economia solidária: o exemplo de Maricá”, elaborados por Aldaíza Sposati e Paulo de Tarso Meira, e o segundo pelo Fabio Waltenberg e Paul Katz, ambos publicados pela editora Cortez.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

Esses livros fazem parte da coleção “Renda básica em debate”, organizada pela professora Aldaíza e também pelo presidente da Rede Brasileira da Renda Básica, Leandro Ferreira, em parceria com a Open Society Foundations, e abordam o passado, o presente e o futuro da renda básica no Brasil e a experiência ambiciosa de políticas públicas que vêm sendo implementadas há dez anos pela Prefeitura de Maricá.

Esse evento é aberto ao público, contará com a presença minha, da deputada Marina Helou, da professora Aldaíza Sposati, de Paulo de Tarso, dos professores Fábio Waltenberg e Paul Katz, também do presidente da Rede Brasileira da Renda Básica, Leandro Ferreira, e, ainda, com presenças ilustres de pesquisadores políticos envolvidos com o tema da renda básica.

Inclusive, eu aqui reitero o convite aos 94 deputados estaduais e deputadas estaduais para estarem presentes no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Renda Básica de Cidadania, que terá, em breve, um caráter universal e incondicional.

Então, a Frente Parlamentar será instalada no dia 27 de novembro, segunda-feira, aqui na Alesp, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, no Plenário Dom Pedro I, às 18 horas.

É importante observar que, em oito de janeiro de 2024, completará 20 anos da sanção da Lei 10.835, de 2004, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aprovada por todos os partidos no Congresso Nacional. O que diz a lei?

Que a renda básica de cidadania se constituirá no direito de todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros aqui residentes há cinco anos ou mais, não importando sua condição socioeconômica, de receberem um benefício monetário para atender às suas necessidades vitais.

A renda básica será alcançada em etapas, a critério do Poder Executivo, começando pelos mais necessitados, portanto, como faz o programa “Bolsa Família”, que foi reinstituído pelo presidente Lula na Lei 14.601, de 19 de julho de 2023.

Quero assinalar que, três semanas atrás, encaminhei ao presidente Lula, ao vice-presidente Geraldo Alckmin e aos principais ministros da área econômica, social e de defesa dos direitos humanos, uma carta em que sugiro que o governo Lula crie um grupo de trabalho para estudar as etapas de implementação da universalização da renda básica universal.

Então, convido a todos aqueles que queiram melhor saber como essa política será implementada. É uma política que, cada vez mais, vem ganhando terreno e apoio nos mais diversos países do mundo.

Inclusive, por exemplo, na Ásia, temos a notícia de que Macau, desde 2008, instituiu uma renda básica universal. Agora, veio a notícia de que, no ano que vem, Taiwan também vai pagar a todos os seus habitantes 6 mil dólares anuais.

Não importa a condição, idade, sexo, qualquer pessoa ali em Taiwan estará tendo o direito de receber a renda básica em caráter universal.

Muito obrigado.

 

 O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna pelo tempo remanescente.

 

O SR. REIS - PT - Presidente, eu volto à tribuna e quero expressar a minha solidariedade à deputada Paula, uma deputada atuante. Nós não podemos, de forma alguma, compactuar com agressões, principalmente, dentro desta Casa.

Não é possível que isso esteja acontecendo. Aqui nós temos recebido elogios de que esta legislatura está sendo muito melhor do que a -anterior. A gente não pode, de forma alguma, aceitar que o ódio de pessoas que tumultuaram no passado, venha para esta Casa tumultuar. Então, total solidariedade à deputada Paula da Bancada Feminista.

Presidente, eu quero voltar aqui para repercutir alguns vetos da Lei Orgânica. O que eu achei muito interessante é o veto ao Art. 48. Pode-se ver que isso é uma coisa dos governos de estados, porque a Lei Orgânica, no seu texto original, deu um prazo de 12 meses para que ela fosse implementada pelos estados. Esse artigo foi vetado.

Quer dizer, não tem mais prazo. Nós temos uma lei, mas não temos prazo para ela ser implementada. Ou seja, podem passar “n” governos e não se implementar essa lei, porque o prazo que o Art. 48 estabeleceu foi vetado. Lá diz: “Os estados e, no caso da Polícia Civil do Distrito Federal, a União devem adequar-se ao disposto nesta lei no prazo de 12 meses.”.

“Razões de veto. No mesmo sentido vai o Art. 48 do projeto de lei, ao impor ao chefe do Poder Executivo de cada ente da Federação o dever de encaminhar propostas de adequação em prazo estipulado.”.

Então, se não tem prazo, quando que essa lei vai ser implementada? Toda lei tem um prazo. Essa lei entra em vigor na data de sua publicação. Essa lei tem tanto tempo para produzir os seus resultados. Esse artigo foi vetado.

Então, esse é um dos vetos que precisa ser derrubado. Não dá para aceitar esse veto. Repito: é um dos vetos que precisa ser derrubado. Não dá para aceitar de forma alguma. Os governadores, se quiserem ficar o resto da vida sem fazer nada, eles ficam, porque não tem prazo para implementar a lei.  

O § 2º do Art. 44 também foi vetado. Esse eu até entendo que ele excede um pouquinho, porque estabelece que haja assento do conselho das polícias, o Conselho Nacional da Polícia Civil, no Ministério da Justiça e Segurança Pública, “bem como nos demais órgãos colegiados federais, estaduais e distrital que deliberem sobre políticas públicas da área de suas competências constitucionais e legais.”.

Então, a razão de veto aqui, é que esse § é inconstitucional, por implicar verdadeira ingerência do Poder Legislativo no Poder Executivo. A pretexto de criar colegiado federal, o legislador avançou sobre competências organizacionais do Poder Executivo.

O parágrafo único também do Art. 17: “Os quadros das unidades de Saúde criados para fim deste Artigo devem ser contratados exclusivamente por um processo seletivo específico vigente ou mediante contrato de gestão com organizações sociais de Saúde. Esse também é um artigo que eu acho que extrapola o poder do legislador ao impor que se tenha que contratar por OSs.

Então os quadros de Saúde têm que ser por OS? Podem ser públicos, podem ser funcionários públicos de carreira. Tem alguns vetos com os quais eu tenho concordância, mas tem alguns vetos que eu entendo que têm que ser derrubados, e esse do prazo é fundamental, porque, se não tiver um prazo para implementar essa lei, eu não vejo os governadores fazendo a sua lição de casa.

Como não há mais tempo, eu agradeço aqui esse pequeno período, esse pequeno espaço no tempo remanescente do Pequeno Expediente, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Reis. Chamo V. Exa. para continuar presidindo esta sessão, para que eu possa utilizar a tribuna pelo Art. 82 do Regimento Interno.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

* * *

 

 O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Assumindo a Presidência, eu encerro o Pequeno Expediente.

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, eu posso utilizar a tribuna pelo Art. 82 do Regimento Interno?

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental. Tem V. Exa. o tempo de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, eu tenho uma notícia muito importante aqui para todo o Magistério estadual. A Secretaria da Educação, a Seduc, após críticas que ela tem recebido de todo o Magistério, das entidades representativas - da Apeoesp, da Udemo, de todas elas - e do nosso mandato aqui, sobretudo pela tribuna da Assembleia Legislativa, Sr. Presidente, fez um pequeno recuo, não ainda suficiente.

Ela acabou de enviar para as diretorias de ensino um comunicado colocando o óbvio, Sr. Presidente, em relação à questão da assiduidade. Nós tínhamos criticado que ela estabeleceu agora esse critério. Nesse critério, ela pune os professores, continua punindo ainda porque, por exemplo, licença médica continua como punição para os professores da rede estadual no processo de atribuição de aulas, mas eles recuaram, a Secretaria recuou.

 Eu mandei aqui, vamos colocar aqui o comunicado. Está aqui, Sr. Presidente. O Cemov encaminhou aqui para as diretorias de ensino. Vamos só adiantar um pouquinho, eu quero mais para o final. Um pouquinho mais ainda, um pouquinho mais. Tem uma outra parte, mais ainda, outra parte. Voltando só mais um pouco...

Bom, eu tenho aqui também, então vamos lá. O que ela está dizendo aqui? “Atualização no critério de presença”, isso nos interessa. “Também serão considerados como dias letivos os dias de licença-maternidade, licença-paternidade, licença-adoção e serviços obrigatórios por lei, como TRE e júri.”

É óbvio que o governo tinha que voltar atrás, porque ele estava agredindo, violando a legislação brasileira, sobretudo o estatuto do funcionalismo público estadual. Mas ele não voltou atrás ainda em relação à licença-médica, que o professor ainda continua sendo punido.

Porque é um absurdo, Sr. Presidente, um professor que precisa tirar uma licença-médica, que ficou doente, ele é punido duas vezes, primeiro porque adoeceu e depois porque vai ser descontado na sua pontuação para a atribuição de aulas.

Então, esse comunicado tem que ser aperfeiçoado, ainda. Nós vamos continuar insistindo, Sr. Presidente, em relação às outras faltas, para que a licença-saúde, sobretudo, não seja, também, um instrumento de punição do professor.

Então, foi um avanço importante, porque o Magistério criticou, houve muita pressão, muita mobilização do Magistério estadual e o governo teve que fazer um pequeno recuo.

Pequeno, mas importante recuo nesta área da assiduidade punitivista, tem esse nome, que ele introduziu agora para prejudicar os professores no processo de atribuição de aulas. Então, é uma notícia importante para todo o Magistério estadual.

E, por fim, Sr. Presidente, eu quero aqui chamar toda a população para fazer parte do movimento que nós estamos organizando com as entidades representativas, não só dos servidores públicos do estado de São Paulo, mas de vários setores da sociedade civil organizada.

No dia 28, na semana que vem, na próxima terça-feira, nós vamos realizar um grande ato aqui na frente da Assembleia Legislativa, contra a privatização da Sabesp, contra a redução do orçamento da Educação... O governador Tarcísio de Freitas encaminhou uma PEC para a Assembleia Legislativa reduzindo de 30 para 25%, retirando quase dez bilhões de reais da Educação do estado de São Paulo.

Nós também estamos mobilizados contra a Reforma Administrativa que vai prejudicar os servidores públicos, contra a privatização da Fundação Casa, contra a privatização da Educação...

O governo já anunciou que vai fazer PPPs para construir escolas e vai entregar a gestão administrativa para estas empresas. Olhe só o absurdo, Sr. Presidente.... Contra a privatização do Metrô, da CPTM, contra este pacotaço de privatizações.

Porque o governador me parece que se tornou, Sr. Presidente, um dono de imobiliária, que está vendendo todo o nosso patrimônio estadual. Ele virou, na verdade, um verdadeiro corretor de imóveis.

Como ele não tem compromisso com São Paulo, mesmo, nem daqui ele é e ele vai embora... Mas ele vai, e depois vai deixar um rastro de destruição para o estado de São Paulo. Mas São Paulo não vai aceitar.

Por isto estamos mobilizados, na próxima terça-feira, às 15 horas, uma grande mobilização será feita aqui na frente da Assembleia Legislativa contra todos estes ataques ao povo do estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o requerimento de Vossa Excelência. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

Tenham todos uma excelente tarde.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 15 horas e 08 minutos.

           

* * *