26 DE OUTUBRO DE 2023
127ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO,
CARLOS GIANNAZI e REIS
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
4 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência.
7 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - REIS
Assume a Presidência.
10 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
GRANDE EXPEDIENTE
12 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, faz pronunciamento.
13 - CONTE LOPES
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
14 - DONATO
Por inscrição, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE REIS
Comenta o pronunciamento do deputado Donato. Critica o
governo estadual por dificuldade de diálogo com seu mandato.
16 - DONATO
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
17 - PRESIDENTE REIS
Defere o pedido. Faz aditamento à Ordem do Dia. Convoca os
Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/10, à hora regimental, sem
Ordem do Dia. Levanta a sessão.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
*
* *
-
Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Dando
início ao Pequeno Expediente, oradores no dia 26 de outubro de 2023, com a
palavra o nobre deputado Carlos Giannazi. Tem V. Exa. o tempo regimental de
cinco minutos no Pequeno Expediente.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Marcolino, deputado Suplicy,
telespectador da TV Assembleia, ontem saiu o edital com o resultado do concurso
para o cargo de professor da rede estadual de ensino.
O estado abriu
apenas 15 mil vagas para esse concurso, sendo que nós temos quase 100.000
professores da categoria “O” contratados em caráter precarizado pela Lei nº
1.093. Então o governo, após dez anos sem realizar concurso público, houve um
concurso que abriu apenas 15 mil vagas.
Mas a política
de ódio, de intolerância e a política perversa e sádica da Secretaria da
Educação contra o Magistério é tão grande, Sr. Presidente, que mesmo nesse
concurso...
Ontem no
resultado nós percebemos que milhares de professores foram excluídos, foram
eliminados nesse concurso público porque ele estabeleceu critérios extremamente
obscuros, mas sobretudo num item que está, Sr. Presidente, gerando muita
indignação - e com razão -, que é a famosa videoaula que os professores foram
obrigados a enviar para a Vunesp, que realizou esse concurso, que contava
também pontuação.
O professor tem
que virar youtuber agora para poder passar no concurso público. Nós fomos
totalmente contra esse item do concurso, do edital, fizemos várias
manifestações contrárias, inclusive aqui pela tribuna da Assembleia
Legislativa, fazendo um apelo para que a Secretaria da Educação tomasse
providências e retirasse essa exigência da videoaula.
Isso é um
absurdo total, um escárnio querer exigir isso. Então muitos professores que já
estão há 20 anos, 25 anos na rede estadual, professores inclusive com formação,
com mestrado, com doutorado, até “pós-doc” não conseguiram ser aprovados porque
foram reprovados no YouTube, porque não são youtubers, ou seja, foram
reprovados nessa videoaula. Olhe que absurdo!
Esse concurso
nega, deixa de lado toda a experiência, toda a trajetória acadêmica do
professor e, sobretudo, a trajetória dele dentro da rede estadual, toda a sua
experiência, toda a sua contribuição, porque teve algum defeito ali às vezes na
hora da gravação da videoaula.
Então é
lamentável. E para piorar a situação, Sr. Presidente, há um recurso. O próprio
edital diz que os professores podem entrar com recurso, mas até amanhã. O
resultado saiu ontem, dia 25, - hoje é dia 26 - e até amanhã. Só que os
professores estão entrando, porque são milhares. Milhares de professores foram
excluídos porque o professor não é youtuber.
Eles estão
entrando, mas o site nem abre, eles não conseguem. Tem um defeito aí, eu acho
nesse site, e eles não conseguem recorrer. Então é de uma perversidade, é de um
descaso tão grande que isso só me leva a crer que não é incompetência. É na
verdade uma política deliberada contra o Magistério estadual o que está
acontecendo agora nesse concurso público.
Repito, há dez
anos que não tem concurso; quando tem, nós assistimos a todas essas
irregularidades. Então nós queremos aqui da Assembleia Legislativa, agora,
exigir que a Seduc mude os critérios, talvez retirando esse item da exigência
do concurso, porque foram milhares de pessoas excluídas.
É algo jamais
visto aqui na rede estadual de ensino num concurso público dessa maneira, por
um item que não é fundamental para que um professor possa exercer. O professor
não vai fazer videoaula. Ele vai dar aula presencial na Educação Básica,
sobretudo no Ensino Fundamental.
É muito clara a
LDB, que o ensino fundamental é presencial. O ensino médio também, tem ali
alguma margem de manobra, mas o professor vai trabalhar presencialmente no
ensino fundamental e no ensino médio.
Então tem que
ser mudado isso, é grave a situação. Faço aqui um apelo e uma exigência, para
que a secretaria da Educação entre em contato com a Vunesp, e, primeiramente,
que haja a prorrogação da data para que as pessoas possam entrar com recurso,
porque até amanhã não dá.
Até porque todo
mundo está entrando, o site não está funcionando, e as pessoas serão
prejudicadas duas vezes: uma, porque foram eliminadas por um item extremamente
supérfluo, que é essa videoaula, e depois porque não estão conseguindo entrar.
Então, Sr.
Presidente, a Seduc tem que tomar providências imediatas em relação a esse
item, fazer uma revisão e ir atender todos os recursos que estão sendo agora
protocolados, e os que serão.
Mas a
prorrogação é fundamental neste momento. Muito obrigado, Sr. Presidente. Que
cópias do meu pronunciamento sejam encaminhadas em caráter de extrema urgência
para o secretário da Educação e para o governador Tarcísio de Freitas.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - É
regimental, nobre deputado Carlos Giannazi. Será encaminhado para o secretário
e para o governador do estado de São Paulo. Solicito a V. Exa. que assuma a
Presidência dos trabalhos. Dando sequência aos oradores inscritos no Pequeno
Expediente, tem a palavra o nobre deputado Carlos Cezar. (Pausa.)
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - O próximo
orador é o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputada Thainara Faria. (Pausa.)
Deputado Luiz Claudio Marcolino.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
telespectador da TV Assembleia, público presente na galeria, funcionários desta
Casa, quero trazer uma demanda importante.
Já tenho, nos
últimos meses, reiterado o quanto os municípios têm perdido de ICMS no estado
de São Paulo em virtude da redução do ICMS, principalmente pelas desonerações
fiscais que o governador - tanto o Doria, depois o Rodrigo Garcia, e na
sequência o Tarcísio - acabou fazendo no estado de São Paulo, que tem reduzido
mês a mês. E, com certeza, muitos municípios não conseguirão fechar as contas
de 2023 por falta de um olhar por parte do Governo do Estado de São Paulo para
os municípios.
A desoneração
nos setores, sem efetivamente a gente definir quais são os setores que estão
sendo desonerados, quais são as empresas que estão sendo beneficiadas com isso,
o estado de São Paulo tem perdido bilhões de reais. E isso impacta,
diretamente, na receita dos municípios pela queda da arrecadação do ICMS e do
IPVA.
Mas no dia de
ontem o presidente Lula sancionou o Projeto de lei Complementar n.º 136, de
2023, que garante uma medida que tanto aos estados, quanto aos municípios - que
sofreram também com perdas de receitas resultado das medidas eleitoreiras pelo
governo anterior, na tentativa de ganhar as eleições - agora o governo Lula está recompondo essa
perda de ICMS, tanto em relação aos combustíveis e energias para os estados e
para os municípios.
Essa mesma
medida que o Governo Federal está fazendo, seria muito importante que o Governo
do Estado também o fizesse, porque em relação ao estado de São Paulo, como terá
agora a recomposição da arrecadação, essa adequação aos municípios seria muito
importante.
Queria
rapidamente pedir para que fosse passado aqui um vídeo que demonstra um pouco
dessa assinatura no dia de ontem no Palácio do Governo.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Sr. Presidente,
então essa recomposição totaliza 3,9 bilhões de reais, sendo 2,3 para o Fundo
de Participação dos Municípios e 1,6 para o Fundo de Participação dos Estados.
Desse recurso, 25% são retomados e depois são repassados para os municípios,
mas é importante que o governador do estado de São Paulo também faça a sua
parte.
Nós já
aprovamos aqui dois projetos de lei, um de recomposição do ICMS e um outro, em
virtude de um debate que nós fizemos, para que as dívidas do estado pudessem
ser renegociadas tanto em relação a pessoa jurídica como pessoa física. Agora
está na hora de o governo do estado de São Paulo também fazer a sua parte para
recompor as perdas que os municípios perderam em relação ao ICMS.
Então eu
queria, Sr. Presidente, solicitar que o meu pronunciamento, inclusive mostrando
já o que o governo federal tem feito, tanto ao governador como ao secretário da
Fazenda do estado de São Paulo, cobrando providências para que o estado de São
Paulo também possa ajudar os municípios a fechar o Orçamento de 2023 e
organizar melhor as finanças para 2024.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - O pedido de V.
Exa. será encaminhado. Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)
Deputado Reis. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Enio Tatto.
(Pausa.) Deputado Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) Deputado Delegado Olim.
(Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.)
Deputada Andréa Werner. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.)
Deputado Paulo Mansur. (Pausa.)
Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputada Márcia Lia.
(Pausa.) Deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.)
Deputado Agente Danilo Balas. (Pausa.) Deputada Solange Freitas. (Pausa.)
Deputada Letícia Aguiar. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado
Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, Carlos Giannazi, caro deputado Luiz
Claudio Marcolino, uma ótima notícia: Maricá está aumentando,
significativamente, o número de beneficiários do Programa Renda Básica de
Cidadania.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
* * *
A prefeitura de
Maricá vai incluir mais de 50 mil pessoas no Programa Renda Básica de
Cidadania, e os novos beneficiários poderão retirar o seu cartão Mumbuca nos
próximos dias dois, três e quatro de novembro, em um espaço montado em
Araçatiba, ao lado do Fórum.
O benefício,
com valor de 200 mumbucas, ou reais, por mês, será concedido a cerca de 26 mil
chefes de família moradores da cidade que tenham atualizado o Cadastro Único
até o último mês de junho de 2023.
O mês de
atualização no cadastro passará de maio para junho após alteração na lei, que
será feita em votação na Câmara Municipal de Maricá.
Quem já estava
inscrito no RBC segue recebendo mensalmente, não havendo necessidade de buscar
novo cartão. O beneficiário poderá confirmar sua
inclusão consultando pelo número do seu CPF no portal www.marica.rj.gov.br ou pelo WhatsApp (21) 96775-6868.
A
previsão é que o número de beneficiários aumente dos atuais 42,5 mil para mais
93 mil moradores, de acordo com dados atualizados no Cadastro Único federal, o
que representa uma ampliação de 119% no número de pessoas atendidas pelo
programa do município. As secretarias de Economia Solidária e Assistência
Social lembram que será entregue apenas um cartão por família, ou seja, não há
necessidade da presença de todos os beneficiários, apenas o chefe de família.
A
entrega dos cartões mumbuca será feita por letras iniciais do primeiro nome em
dois horários: às 9h e às 16h, em área montada na Rua Jovino Duarte de
Oliveira, s/nº, no bairro Araçatiba, ao lado do fórum.
A
estrutura possui capacidade para receber cerca de cinco mil pessoas por
período, com mais de 200 guichês de atendimento, painéis luminosos com
orientação, papa-filas, orientadores, segurança e banheiros.
Então,
aqui está no comunicado: aquelas pessoas que poderão entregar a sua
documentação dia dois de novembro, dia três de novembro e dia quatro de
novembro, quinta, sexta e sábado.
Com
o aumento de 119% do número de beneficiários, a Prefeitura de Maricá passará a
injetar um total de 242 milhões de reais por ano de investimento no programa,
que serão revertidos diretamente na economia local com o uso do cartão mumbuca.
A
medida depende de uma alteração na lei que rege o programa social,
estabelecendo novos critérios de avaliação. Entre as mudanças propostas na
legislação está a aprovação do beneficiário, tendo como referência sua última
atualização do Cadastro Único, para quem estava inscrito até o mês de junho de
2023 e a exigência de tempo de moradia, que antes era de 3 anos, mas agora
deixará de existir para a inclusão de mais moradores no programa.
Eu
quero cumprimentar o prefeito pioneiro Washington Quaquá e o prefeito atual,
que está levando adiante essa proposição e enaltecer como Maricá se torna um
exemplo pioneiro da renda básica em um dos municípios brasileiros.
É
tão importante esse exemplo e fico muito feliz que isso possa repercutir por
todo o Brasil e, sobretudo, para que possa o presidente Lula aceitar a minha
sugestão de criar um grupo de trabalho para estudar os passos para a
universalização da renda básica de cidadania.
Eu
só peço uma atenção porque, como saiu há pouco da cabeça o nome do atual
prefeito de Maricá, eu faço questão de citá-lo aqui, presidente Marcolino.
Fabiano Horta, lembrei. Fabiano Horta levou adiante o pioneirismo de Washington Quaquá.
Certo dia, era dezembro de 2015, eu fiz uma palestra em São Paulo sobre
direitos humanos e a renda básica de cidadania.
Quando eu
terminei, o prefeito Washington Quaquá disse: “Eu quero aplicá-lo em Maricá.”.
E assim o fez gradualmente, de 2016 para 2017, para 2019 e agora com este novo
passo que faz com que mais da metade da população de Maricá esteja sendo
beneficiária. Acredito que até o final da gestão, em 2024, toda a população
estará sendo beneficiária, em um exemplo formidável para o Brasil e para o
planeta Terra.
Muito obrigado,
deputado presidente Marcolino.
O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Muito
obrigado, nobre deputado Eduardo Suplicy. Dando sequência aos oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o nobre deputado Gil Diniz. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada
Professora Bebel. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Alex Madureira.
(Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Jorge
Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Valeria
Bolsonaro. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Guilherme Cortez. (Pausa.)
Com a palavra a nobre deputada Fabiana Barroso. (Pausa.) Com a palavra o nobre
deputado Conte Lopes. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Mauro Bragato.
(Pausa.)
Encerrando a lista dos oradores
inscritos, dando sequência à Lista Suplementar, com a palavra o nobre deputado
Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com
a palavra o nobre deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada
Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Professora Bebel. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Sebastião Santos. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Jorge
Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Agente
Federal Danilo Balas. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Ediane Maria.
(Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Reis. Tem V. Exa. o tempo regimental de
cinco minutos, na Lista Suplementar do Pequeno Expediente.
Com a palavra o nobre deputado Reis.
O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Saudar
o presidente Luiz Claudio Marcolino, saudar todos os funcionários desta Casa, o
deputado Carlos Giannazi, o deputado Suplicy, os integrantes da Polícia Penal,
da Polícia Científica, da Polícia Militar, da Polícia Civil, saudar também o
público presente e todos aqueles e aquelas que estão em suas residências, em
seus afazeres, e estão nos acompanhando pela Rede Alesp, presidente, deputado
Luiz Claudio Marcolino.
E quero aqui
declarar em público, presidente, porque eu até tinha colocado o meu nome para
avaliação a uma pré-candidatura a vice-prefeito na chapa do Boulos, que é o
nosso pré-candidato a prefeito da cidade de São Paulo, e na última reunião eu
fiquei sabendo também da candidatura do Eduardo Suplicy, do nosso deputado
Eduardo Matarazzo Suplicy, e quero declarar aqui, para todos, que eu estou
retirando a minha pré-candidatura, em apoio ao Suplicy para ser o pré-candidato
a vice-prefeito da chapa do Guilherme Boulos. Desejo boa sorte para Vossas
Excelências. É... seguindo a orientação do deputado Carlos Giannazi.
Mas quero
repercutir também nesta data, presidente Luiz Claudio Marcolino, que esta
semana foi aprovada, no Senado da República, a Lei Orgânica Nacional das
Polícias Civis. Esse projeto de lei vinha tramitando desde 2007, já na gestão
também do nosso, então na época, presidente Lula. E quis Deus que ele agora,
novamente no exercício da Presidência, tenha a função de sancionar essa lei.
A norma vai
balizar as leis dos estados e do Distrito Federal sobre o funcionamento das
polícias em todo o País. Então ela é uma lei orgânica nacional, a que os
estados e o Distrito Federal vão se adequar. É uma lei de iniciativa da
Presidência da República, que estabelece direitos e garantias para a carreira
dos policiais civis.
Olha, eu
aprovei aqui o PLC 61, estabelecendo que o policial pudesse se aposentar no
cargo em que ele estivesse. No cargo e na classe, porque hoje, se ele não tiver
cinco anos na classe, ele tem que voltar à classe anterior. Agora, é fato que
essa lei tem prazo para aplicação, não é imediata. Depois da sua sanção, os
estados terão cerca de um ano para fazer as adequações.
Mas, na lei
veio a garantia, o direito, de se aposentar com a totalidade da remuneração
recebida no seu último cargo. Então, derruba a lei inconstitucional que foi
aprovada aqui nesta Casa, de autoria do João Agripino Doria, em que o servidor
público, não só o policial, mas o agente penitenciário, os agentes prisionais,
o policial penal, os professores e as outras categorias que tem nível, que tem
classe, de voltar no tempo.
Então, para a
Polícia Civil, ela traz esse fato novo, em que pese que nós... Como ela tem um
prazo para ser aplicada, nós vamos continuar a nossa luta para derrubar o veto
nesta Casa aqui. O deputado Giannazi já se comprometeu lutar junto para a gente
derrubar o veto. Estamos indo também ao procurador-geral de Justiça para que seja
ajuizado uma Adin, porque esse Art. 12, da 354, é inconstitucional.
Eu, também,
marquei uma reunião com o presidente desta Casa e todas as entidades de classe
da Polícia Civil. Semana que vem vai acontecer essa reunião. Ele se comprometeu
em recebê-los, e, nós também vamos levar esse pleito para que a Assembleia
Legislativa, através da Mesa Diretora, também possa nos ajudar em uma pauta de
reivindicações que tem a Polícia Judiciária.
Aqui, a lei diz
também, “receber reajuste dos mesmos percentuais concedidos aos policiais na
ativa”. Então, ela mantém a paridade e a integralidade. Em caso de morte do
policial civil por agressão, doença ocupacional, contaminação por moléstia
grave ou em razão da função policial, os dependentes terão direito à pensão
vitalícia, no caso do cônjuge.
Então, o cônjuge vai ter direito à pensão
vitalícia, equivalente à remuneração do cargo em que o policial se encontrava e
da classe mais elevada, e nível, à época do falecimento.
Então, está
dizendo aqui, deputado Marcolino, que não vai ser cortado mais pela metade,
como é na reforma que fizeram da Previdência, na qual o dependente, o cônjuge,
passa a receber 50% do salário, direito à indenização por periculosidade, por
insalubridade, em caso de exposição a agentes nocivos ou risco de contágio por
atividade em local de difícil acesso.
Hoje os
policias recebem a insalubridade, mas não recebem a periculosidade. Então, a
lei está trazendo essa questão de que periculosidade é diferente de
insalubridade.
Insalubridade
é, por exemplo, essa questão, um local onde tem drogas guardadas, tem
armamento, é um local insalubre. Então... E, a atividade de polícia é
periculosa.
Então, está
trazendo essas questões importantíssimas. Coisas que o Governo do Estado não fez.
Coisas que durante muito tempo não foram resolvidas, a Lei Orgânica Nacional
está trazendo.
Sobre aviso e
escalas extraordinárias de serviços por trabalho noturno, licença de três meses
a cada cinco anos, ou seja, está mantendo a licença-prêmio. O governador,
agora, o Tarcísio, privatizador, no projeto que ele manda aqui para a reforma
para os funcionários de confiança, ele está tirando - não sei se V. Exa. já leu
- a licença-prêmio, o direito à licença-prêmio. Ele está tirando os
quinquênios, está tirando a sexta-parte. Começa assim, quando tira de um, daqui
a pouco, tira de todos. Por isso que a gente tem que lutar.
Porte de arma
de fogo em todo o território nacional mantido mesmo após a aposentadoria. Por
quê? Porque o policial se aposenta e continua policial, só recebe um azinho na
carteira, mas ele tem a obrigação de agir caso se deparar com um fato que a lei
define como crime. Ele não pode se omitir.
Então, a lei
orgânica está trazendo essa questão que é muito importante para os policiais,
porque depois que se aposentam têm que entregar a arma e correm todos os
riscos.
Prisão
especial; ingresso e livre trânsito em qualquer recinto em razão da função,
ressalvadas as garantias constitucionais; prioridade em serviço de transporte
quando é missão emergencial; carga horária será de oito horas diárias e 40
horas semanais. Nós temos que parar com esse negócio de pensar que o policial
tem que trabalhar 12, 48, 24 horas.
Então, vem
trazendo essas regras, com direito a recebimento de horas-extras - já vou terminar,
Sr. Presidente -, porque muitas vezes você pega uma ocorrência, fica ali 12,
14, 20 horas, e não recebe por isso. Então, a lei está dizendo: “olha, se você
trabalhou mais do que é o seu tempo, você tem que receber por elas”. E, para
todos fins, inclusive, contagem de tempo para aposentadoria.
O projeto
considera o exercício em cargo de natureza estritamente policial toda atividade
realizada nos órgãos que integram a estrutura orgânica da Polícia Civil, além
da atividade exercida em outros órgãos públicos no interesse da Segurança
Pública ou institucional.
Porque pode um
servidor da Segurança Pública, da Polícia Civil, ser convidado, por exemplo,
para trabalhar no Ministério da Justiça, na área da Segurança Pública, e em
alguma prefeitura, comandando uma Guarda Municipal.
Então, aqui
está dizendo que esse tempo também será contado para todos os direitos. Tempo
de mandato classista também será contabilizado.
Cria um
Conselho Nacional da Polícia Civil. E uma novidade que traz o Art. 9º,
presidente Luiz Claudio Marcolino, é que o Conselho Superior da Polícia Civil,
que hoje é o conselho formado pelos cardeais, também terá participação dos
demais policiais.
É uma novidade,
uma grande novidade que a lei orgânica que foi aprovada em Brasília traz, e eu
quero, nas próximas sessões, repercutir esse projeto que foi aprovado, e
aguardar tão logo o presidente possa sancioná-lo, para que ele produza os seus
efeitos.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
Obrigado, nobre deputado Reis. Dando sequência aos oradores inscritos no
Pequeno Expediente, pela Lista Suplementar, com a palavra o nobre deputado
Carlos Giannazi. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos no Pequeno
Expediente, pela Lista Suplementar.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Marcolino, deputado Reis,
deputado Suplicy, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, o governo
estadual, o governo Tarcísio anunciou recentemente a intenção, na sua sanha privatista,
de desmonte do patrimônio público, de também privatizar até mesmo a Fundação
Casa. Fundação Casa que já vinha sendo desmontada e atacada, justamente pelos
governos do “tucanistão”, do PSDB.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Reis.
* * *
Agora, com esse
novo governo “bolsotucano”, isso se intensifica ainda mais. E o governo promete
privatizar também a Fundação Casa. Além de privatizar a água, a Sabesp, o
Metrô, a CPTM, mais rodovias com pedágios, o governo avança também contra a
Fundação Casa.
E também já há
anúncios e indícios de que haverá redução de unidades da Fundação Casa.
Sobretudo, nós estamos acompanhando, em especial, uma que é exatamente o
complexo que fica no São Luís, ali no Jardim Vergueiro, próximo ao bairro do
Socorro e também ao bairro Guarapiranga, uma reunião onde eu atuo bastante.
Lá tem uma
unidade, já antiga, e há uma ameaça, há um indício de que essa unidade será
fechada. Mas a comunidade é contra; há uma mobilização, sobretudo dos
servidores da Fundação Casa, contra a extinção, contra o fechamento dessa
unidade. Me parece que isso pode se tornar algo constante - fechamento de
unidades da Fundação Casa.
E aí, Sr.
Presidente, hoje haverá uma manifestação importante lá na região, com
funcionários, com entidades que se colocam contra o fechamento dessa unidade.
Eu quero aqui manifestar o meu total apoio aos servidores e às servidoras
daquela unidade, e a todas as pessoas que estão abraçando essa causa em defesa
de uma Fundação Casa pública, que não seja privatizada.
Então, nós
estaremos apoiando aí, como sempre, a luta dos servidores e das servidoras da
Fundação Casa.
Quero ainda, Sr. Presidente, aproveitar aqui
no Pequeno Expediente para manifestar o meu total repúdio a uma circular, à
Circular nº 5, de 2023, que foi anunciada agora, recentemente.
É uma circular
do gabinete da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo, Sr.
Presidente, que está sendo também criticada pelo professor Dr. Eduardo Donizeti
Girotto, que é o presidente da Comissão de Graduação da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, a FFLCH, da USP.
Então, ele faz aqui uma carta aberta,
distribuiu uma carta aberta à comunidade da USP. Muito boa essa carta, muito
didática e crítica, até refletindo aqui a indignação de toda a comunidade
acadêmica da USP. Porque, o que diz essa... Olha só, nunca vi algo parecido,
deputado Suplicy. Nem na ditadura militar, acho que houve uma situação como
essa.
O que a
Reitoria, a Pró-Reitoria da Universidade de São Paulo está dizendo - não é a
FFLCH nem também o Girotto, que nós conhecemos, um professor extremamente
crítico, progressista, que tem dado uma grande contribuição para a educação,
para o debate crítico sobre a educação brasileira -, está dizendo é o seguinte:
se não terminar a greve, Sr. Presidente - olha só a gravidade da situação - os
alunos vão perder o ano letivo.
Ele não fala
mais nem em reposição de aula, já fala que os alunos serão prejudicados no
sentido de que eles serão todos reprovados por faltas. Olha o absurdo, toda
greve tem negociação e tem reposição. Nós já tivemos greves de mais de 100
dias, 140 dias, tanto na rede pública como nas universidades.
O que acontece
após uma greve? É negociação dos dias parados, calendário de reposição, é assim
que funciona. Mas essa Reitoria, essa Pró-Reitoria parece que não conhece mais,
não respeita o direito de greve e faz uma ameaça dessa, gravíssima. Uma ameaça
jamais vista, pelo menos eu não conheço.
Já fui aluno da
USP também, fiz meu mestrado, meu doutorado lá, participei de vários movimentos
e, como deputado, acompanho várias greves desde o ano 2000, 2001, como vereador
e depois como deputado estadual. Nunca nós presenciamos uma ameaça autoritária
e perversa como essa, contra o direito de greve dos alunos.
Isso é grave,
essa circular tem que ser imediatamente revogada. É um ataque direto ao
movimento estudantil, ao direito de lutar dos nossos alunos, Sr. Presidente.
Então, quero repudiar veementemente essa decisão, essa circular, que tem que
ser revogada, porque nós vamos à Justiça, nós vamos ao Ministério Público, ao
Tribunal de Justiça, porque isso aqui é inconcebível em um Estado Democrático
de Direito.
Uma ameaça
dentro de uma das maiores universidades do Brasil e do mundo, Sr. Presidente,
uma universidade que tem luta, tem manifestação, tem diversidade. Agora, essa
circular realmente não combina com a história da Universidade de São Paulo, e
nós não vamos tolerar isso, deputado Suplicy.
Veja bem: aluno
não pode mais fazer greve, vai ser jubilado e vão ainda ter prejuízo, diz a
circular aqui, na Assistência Estudantil. Olha só, é uma ameaça jamais vista.
Nós vamos
reagir à altura. Fica aqui o nosso total repúdio a esse comportamento.
Inclusive, nós já estamos pedindo a convocação do reitor, para que ele venha
depor aqui na Comissão de Ciência e Tecnologia, para explicar essa medida
extremamente perversa, sádica e autoritária, que coloca em risco a imagem da
Universidade de São Paulo.
Era isso, Sr.
Presidente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Chamamos o deputado
Suplicy para fazer o uso da palavra.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Presidente Reis, primeiramente quero externar o meu apoio à
manifestação aqui expressa pelo deputado Carlos Giannazi, com respeito à carta
tão bem elaborada pelo Professor Eduardo Donizetti Girotto que, diante das
preocupações, exorta a pró-reitoria da graduação da USP a revogar a referida
medida, ao mesmo tempo em que se coloca aberto para o diálogo para construir um
plano de reposição das atividades após o fim da greve estudantil, que respeite
o calendário acadêmico ao mesmo tempo em que considere as especificidades da
comunidade da USP.
Gostaria aqui,
Sr. Presidente, de falar de um artigo tão bem feito a respeito da privatização
da Sabesp, publicado na revista “Piauí” pelo jornalista Roberto Andrés.
“O governador
Tarcísio de Freitas enviou à Assembleia Legislativa de São Paulo, em regime de
urgência, um projeto de lei que propõe a privatização da Sabesp, a companhia de
saneamento básico do estado. A empresa dispõe da concessão do serviço em 375
municípios paulistas e atende 70% da população urbana do estado.
Tem um modelo
peculiar no setor. As companhias estaduais de saneamento foram criadas durante
a ditadura militar. A partir da Constituição de 1988, a responsabilidade sobre a
rede de água e esgoto migrou para os municípios. Estes, então, passaram a
realizar contratos de concessão com as companhias estaduais.
Nos anos
seguintes, alguns estados privatizaram parcialmente ou integralmente as
empresas de água e esgoto. A Sabesp é um caso de parcial: abriu capital na
Bolsa de Valores, com o estado mantendo a maioria das ações. A empresa aufere
lucro e distribui dividendos anualmente, parte para os acionistas privados,
parte para o estado de São Paulo.
O projeto de
Tarcísio de Freitas prevê que o estado deixe de controlar a companhia,
reduzindo sua participação para cerca de 15 a 30% das ações, segundo membros do
governo.
A forma de
conduzir a proposta, porém, contradiz uma das palavras de ordem do governador:
aumentar a segurança jurídica dos investidores. Se a segurança jurídica é
uma preocupação, é imprudente apresentar um projeto que fere a Constituição
Estadual.
Em seu Art.
216, parágrafo 2º, a carta obriga o estado a gerir os ‘serviços de saneamento
básico prestados por concessionária sob seu controle acionário’. O texto não
deixa margem para interpretação. A mudança proposta por Tarcísio teria de
ocorrer via projeto de emenda à Constituição (PEC), o que demandaria maioria
qualificada para aprovação.
O novo marco do
saneamento, aprovado há alguns anos no Congresso Nacional, aumentou as
possibilidades de participação de empresas privadas no setor. A premissa de
fundo é de que, aumentando a competitividade, melhora-se a qualidade do
serviço. Este é, grosso modo, o argumento mais utilizado na defesa das
privatizações.
Mais uma vez, a
prática do governador vai na contramão do discurso. Nos bastidores, Tarcísio
tem operado para evitar que as prefeituras utilizem de sua prerrogativa de
fazer uma nova licitação do saneamento após a venda. O esforço não parece ser
pelo aumento da competitividade, mas pela garantia do monopólio para uma
empresa privatizada. Mais um capítulo do capitalismo à brasileira.
A própria forma
como o estudo da desestatização foi feito contraria as premissas de livre
competição na contratação pública. O governo do estado contratou sem licitação
a consultoria da IFC e assinou com ela um contrato com remuneração diferente,
conforme a conclusão.
Caso o estudo
recomendasse não privatizar a Sabesp, a IFC receberia 8 milhões de reais; caso
sugerisse o contrário, o pagamento da consultoria iria para 45 milhões (já que,
em tese, demandaria mais trabalho).
Ao final, a
empresa entregou um relatório de 100 páginas recomendando a privatização, a um
custo de 450 mil reais por página.
A privatização
do saneamento não é, nem de longe, um consenso no setor. Ao contrário, há um
movimento internacional forte em sentido oposto. A onda de desestatizações dos
anos 1980 e 1990 vem sendo revertida.
Mais de
oitocentas cidades reestatizaram seus sistemas de água e esgoto nos últimos
vinte anos. Dentre elas, Berlim, Paris, Buenos Aires, Atlanta e La Paz. As
razões? As concessões pioraram os serviços, as tarifas aumentaram e as empresas
usavam de diversas artimanhas para driblar a fiscalização e a regulação.
Se as
referências internacionais forem levadas a sério, a defesa da privatização do
saneamento é difícil de ser sustentada. Trata-se mais de argumentação
ideológica do que baseada em evidências ou na bibliografia consistente.
A ideia de
melhora de serviço pelo aumento de competitividade, que pode funcionar bem para
itens de consumo individual, mostra-se muitas vezes falaciosa para serviços que
demandam monopólio em certas áreas para maior eficiência, como é o caso de água
encanada e do transporte público.
Claro que a
morosidade no avanço do saneamento no país deve levar à busca por soluções, mas
daí a adotar, com três décadas de atraso, um modelo de privatização que já foi
dispensado na maior parte do mundo, há um abismo.
Seria mais proveitoso
olharmos para as experiências de reestatização, que estão em voga, para buscar
aprimorar nossas empresas públicas, aumentando a transparência, o controle
social e a eficiência na gestão.
Comparada a
cidades em que o saneamento não é oferecido por empresas públicas, a Sabesp
possui tarifas mais baixas e uma taxa de cobertura melhor. Em alguns casos, a
diferença da tarifa social pode ser de mais de 100%, como foi apontado em
Audiência Pública realizada recentemente no Congresso Nacional.
Para evitar que
a tarifa aumente no curto prazo, Tarcísio propõe usar parte dos recursos
obtidos com as vendas de ações. A ideia, claro, não se sustenta – quando esses
recursos acabarem, as tarifas vão subir, mas aí talvez o governador já tenha
cumprido seus objetivos políticos.
Há quem
argumente que a privatização da companhia era uma agenda de campanha do
governador nas eleições de 2022, e que por isso ele teria carta branca para
levá-la adiante.
Há dois erros
aí. O primeiro é que a democracia não é um regime bissexto. Para concretizar a
agenda apresentada nas eleições, é preciso obedecer às leis, conquistar o
debate público e seguir os ritos da política.
O segundo erro
é mais elementar: Tarcísio não propôs a privatização da Sabesp em sua campanha
– após dar declarações ambíguas sobre o tema, sua assessoria negou que
estivesse nos planos.
Em suma, o PL
de Tarcísio de Freitas fere a Constituição estadual, aumenta a insegurança
jurídica dos investidores, baseia-se em estudo feito sem licitação e cuja
empresa teve maior remuneração ao indicar a licitação, contradiz os princípios
de aumento da competitividade entre concessionárias, ignora as referências
internacionais e o comparativo de valor tarifário com outras cidades
brasileiras. Por trás do martelo midiático do governador está essa avalanche de
contrassensos.”
Parabéns ao
Roberto Andrés, urbanista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais,
que é diretor da Rede Nossas Cidades, autor de “A Razão dos Centavos”. E
cumprimento também a revista “Piauí” por ter publicado este artigo. E agradeço
muito a atenção e tolerância do deputado Reis, que preside esta sessão, em
virtude da relevância deste artigo.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - O próximo orador é o
deputado Carlos Giannazi. Vamos em frente.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Reis, quero fazer uma
gravíssima denúncia contra a reitoria da Unesp, que foi trazida à Assembleia
Legislativa pelo Sindicato dos Procuradores do Estado de São Paulo.
Tive conversas
com as representantes desse importante e combativo sindicato, que tem dado uma
grande contribuição para a luta em defesa do estado de São Paulo, em defesa dos
servidores em geral.
Conversei com a
Márcia Semer, com a Ana Cristina, em relação a um processo de assédio, de
perseguição política a uma procuradora que trabalha exatamente na Unesp, na
reitoria da Unesp. Refiro-me aqui à Bárbara Machado Pires, que é uma servidora
concursada, que entrou no cargo de procuradora através do concurso público.
Ela foi, em
algum momento, ao Ministério Público estadual prestar esclarecimentos sobre
irregularidades na contratação de procuradores através não de concurso, mas
pelo dispositivo do comissionamento. A Unesp tem alguns cargos de procuradores
comissionados, o que, em tese, é proibido, porque existe uma carreira de
procurador do estado, e não pode ser pela via da indicação de comissionados.
Isso é um
absurdo total, tanto é que o próprio Ministério Público já entrou com uma ação
contra essa medida, e a servidora, procuradora Bárbara Machado, exatamente
confirmou isso, que há também cargos comissionados, sendo que o Ministério
Público já estava investigando isso e me parece que já tem até condenação em
relação a esse tema.
Olha só o que
aconteceu então com a Bárbara Machado. A Dra. Bárbara Machado foi exonerada do
seu cargo, uma servidora concursada que falou a verdade no Ministério Público,
denunciou as irregularidades que o próprio Ministério Público está
investigando, e essa procuradora foi exonerada sumariamente, sem processo
administrativo, sem direito à defesa, sem direito ao contraditório.
Olha só, na
Unesp, uma universidade importante, estadual, uma das melhores do Brasil e da
América Latina. É um ato extremamente autoritário que tem que ser repudiado
imediatamente.
Ela acionou a
Justiça e conseguiu voltar com um mandado de segurança. Ela foi reintegrada ao
cargo, porque é tão claro e tão patente que é irregular demitir uma pessoa que
fala a verdade no Ministério Público, ficou tão patente que é perseguição
política, que é assédio contra a servidora, a procuradora Bárbara Machado
Pires, que a Justiça concedeu logicamente um mandado de segurança, e ela foi
reintegrada na carreira, mas continua sendo perseguida.
Então, quero
aqui repudiar essa medida da Unesp e pedir que providências sejam tomadas
imediatamente, garantindo que a procuradora Bárbara possa trabalhar sem nenhum
tipo de assédio ou perseguição.
Inclusive, eu
já até fiz aqui um pedido, um requerimento convocando o reitor para prestar
esclarecimentos em relação a essa gravíssima denúncia, para que ele venha à
Comissão de Ciência e Tecnologia e explique essa perseguição, esse assédio
contra a procuradora Bárbara Machado Pires, Sr. Presidente.
Até a OAB está
acompanhando esse caso, e o Sindicato dos Procuradores do Estado de São Paulo.
Então, é gravíssima essa situação e queremos providências imediatas.
Aproveito
ainda, Sr. Presidente, deputado Reis, já que está terminando a sessão, eu quero
voltar ao tema aqui da situação do concurso dos professores, que foi realizado
recentemente para apenas 15 mil vagas.
Tem várias
denúncias de que milhares de professores foram excluídos desse concurso pela
videoaula, que é um absurdo. Nós sempre fomos contra essa videoaula, ela não
deveria ser uma exigência para o ingresso no Magistério, porque o professor não
é youtuber.
Mas há também, Sr. Presidente, muita insegurança,
falta de informação e falta de transparência em relação ao que vai acontecer
aos professores categoria “O” dos contratos de 2018, 2019 e 2020. Nós estamos
defendendo que haja a prorrogação de todos esses contratos, que nenhum
professor categoria “O” fique sem aula, fique desempregado.
E também, Sr. Presidente, é um absurdo o que
estão fazendo com as professoras do ensino fundamental, do primeiro ao quinto
ano, as PEB I. Estão dizendo - isso não é oficial, mas tem uma boataria - que
elas que não fizeram o concurso não poderão escolher aulas.
Isso é um
absurdo, até porque o concurso foi só para PEB II, não foi para PEB I, não
teria o mínimo sentido. Então tem muita desinformação, Sr. Presidente. A Secretaria da Educação tem que resolver essa
situação.
O pior de tudo
é que o concurso foi realizado, Sr.
Presidente, e agora as informações que nós estamos tendo aqui -
inclusive, conversando com alguns supervisores - é de que a Seduc só vai chamar
no ano que vem, para que esses professores só possam assumir em 2025. Olha só a
que ponto nós chegamos.
E apenas 15 mil
vagas, além de todo esse terrorismo psicológico em cima dos professores
categoria “O”, não sabem se vão ficar ou não. Nós defendemos a prorrogação de
todos os contratos, Sr. Presidente.
É simples, é só o governador enviar um projeto de lei, um PLC, aqui para a Assembleia Legislativa, nós vamos
aprovar em caráter de extrema urgência.
Ou aprovar o
meu projeto, o PLC, o Projeto de lei Complementar nº 24/2015, que já foi
aprovado em todas as comissões com pareceres favoráveis, e ele está em regime
de urgência, tem até um regime de urgência já aprovado que resolve essa
situação.
O PLC nº 24
acaba com a interrupção dos contratos, acaba com a quarentena, com a duzentena,
e garante ainda que o professor categoria “O” possa usar o Iamspe, porque hoje
ele não tem esse direito, não tem assistência médica no Estado.
E, por conta da
não informação do estado ou depósito... Ninguém sabe porque é algo obscuro do
desconto do INSS, porque o professor tem o desconto no seu holerite, mas
ninguém sabe se o governo está repassando ou não para a Receita Federal e ele
não informa o INSS sobre isso. Então, os professores também não têm direito.
Eles têm
dificuldade de se aposentar pelo INSS, têm direito de conseguir licença médica
também pelo INSS, Sr. Presidente.
Então o estado está abandonando os professores. Lembrando, que nós temos quase
100 mil professores categoria “O” no estado de São
Paulo, é quase
metade da rede nessa situação.
Nós queremos
providências imediatas, Sr. Presidente,
para concluir, que seja imediatamente prorrogado o prazo, para que os
professores que foram excluídos do concurso possam entrar com recurso. Porque o
edital foi publicado ontem, 25, o edital com o resultado dos aprovados, e
amanhã é o prazo final para entrar com recurso, só que o site não está
funcionando.
Os professores
não conseguem acessar o site para entrar com recurso, então tem que prorrogar
mais uma semana, ou duas, o prazo. Ou acabar com essa exigência da videoaula,
isso é um absurdo. Professor não vai dar aula... Não é youtuber. Essa não pode
ser uma exigência para excluir milhares de professores e professoras com
experiência na rede.
E que se
resolva rapidamente, Sr. Presidente,
a situação de todos os contratos dos professores categoria “O”.
É isso, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Encerrado o Pequeno
Expediente. Pela ordem, deputado Conte Lopes.
*
* *
- Passa-se ao
GRANDE
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. CONTE LOPES - PL - Presidente, como
vice-líder do PL, falar pelo Art. 82.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o pedido
de Vossa Excelência.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presidente,
enquanto...
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Uma comunicação para o
deputado Carlos Giannazi, enquanto o deputado comandante Conte Lopes se dirige
à tribuna.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
PARA COMUNICAÇÃO - Rapidamente, Sr.
Presidente. Eu quero dizer que hoje, dia 26 de outubro, 14 horas e 59
minutos, já entrando no Grande Expediente aqui da Assembleia Legislativa, até agora o governo não cumpriu a sua
palavra e não encaminhou ainda o famoso projeto de lei complementar, o PLC para
que as APDs, as Atividades Pedagógicas Diversificadas possam ser feitas em
local de livre escolha pelos professores.
O governo se
comprometeu várias vezes, através do secretário Renato Feder, dono da
Multilaser, aqui na Comissão de Educação, ainda no semestre passado, em uma
audiência que eu tive com ele no gabinete, na Seduc, e depois ele fez um vídeo
ainda, uma live anunciando. Sr.
Presidente Reis, hoje é dia 26 de outubro, a gente vai encerrar o ano
letivo e os professores continuam sofrendo nas escolas, são aterrorizados, são
vítimas desse terrorismo psicológico.
É inviável
fazer APDs nas escolas, como o governo está exigindo, e a saída é alterar a Lei
nº 1.374. Nós queremos a revogação inteira dela, mas nesse ponto da APD tem que
revogar imediatamente o artigo, flexibilizando, e o governo até agora não
encaminhou o projeto.
Ele encaminha
outras maldades, encaminhou a PEC para reduzir o orçamento da Educação, que
será derrotada aqui, eu tenho certeza, aqui neste plenário, com a mobilização
que haverá da sociedade.
O governo
prejudica os professores no concurso público, excluindo milhares de professores
e professoras com experiência, através de uma exigência totalmente descabida da
videoaula. Então, para isso o governo é rápido. Agora, para ajudar o
Magistério, o governo demora milhões de anos.
Então nós
exigimos que o governo, Sr. Presidente,
faça o encaminhamento em caráter de extrema urgência para a Assembleia
Legislativa o projeto de lei complementar que vai flexibilizar as APDs nas
escolas, garantindo de tal forma que os professores façam essas APDs em local
de livre escolha.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
Obrigado,
deputado Conte Lopes.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Deputado Conte Lopes.
O
SR. CONTE LOPES - PL -
PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
queria cumprimentar aqui a Polícia de São Paulo. Porque acontece o seguinte,
leis frouxas, bandidos fortes. Essa é a realidade.
Por que o cara
com 16 anos resolve pegar uma arma e matar os colegas dentro da escola? Porque
não acontece nada com ele. Se houvesse prisão perpétua, ele faria isso aí? Não,
ele não faria. Iria pensar dez vezes antes de matar a moça e outros colegas de
escola. Tranquilamente, ele não faria.
Aqueles que
mataram os médicos de São Paulo no Rio de Janeiro, erraram. Acharam que era uma
pessoa, e aí foram lá e mataram. Lá, pelo menos os bandidos tomaram atitude.
Houve justiça. Mataram os caras também. Se é que mataram também, não sei.
Aqui a Polícia
Civil consegue apreender as armas que o Exército brasileiro deixou roubar.
Vinte e uma armas de grosso calibre: .50, fuzis 7,62. A polícia foi lá, a
polícia que pegou. Parabéns aos policiais civis.
É importante
colocar que o Exército brasileiro nem o BO fez, mas assim mesmo a polícia de
São Paulo e a polícia do Rio de Janeiro conseguiram aprender 17 das armas,
faltam quatro.
Então, a
polícia faz das tripas coração para tentar agir. Em contrapartida, a imprensa
mete o pau o dia inteiro. É bom ser bandido em São Paulo, no Brasil. É bom. O
cara tem direito à mulher, tem direito a um salário.
Olha, o cara
ter um salário reclusão. Veja o que nós pagamos para o cara. Ele mata a gente
dentro da nossa casa, estupra, e ele recebe um salário reclusão. Visita íntima,
tem a saidinha temporária. Tudo é feito de bom para o bandido.
Ontem mesmo,
assistindo ao programa - se não me falha a memória - do Datena, estava Santos,
Morro de São Bento, os bandidos dando tiro de fuzil para cima, homenageando um
bandido que tinha morrido em tiroteio com a polícia.
Eles fazendo o
enterro do bandido dando tiro de fuzil e metralhadora pra cima. Olha a situação
que nós estamos, e nós estamos deixando uma coisa a crescer cada vez mais.
Veja o
desespero do Rio de Janeiro, totalmente dominado pelo crime. Veja a Bahia,
totalmente dominada pelo crime. Veja Pernambuco. Até desembargadores estão
sendo assassinados.
Aqui ainda a
polícia faz das tripas coração, para tentar manter... Antes de ontem mesmo um
bandido que matou um policial na porta da casa dele, o policial varrendo a rua
de calção, desarmado.
O bandido
morreu ontem; ontem teve tiroteio com o pessoal do COE. Então a polícia tenta,
a Rota está nas ruas trabalhando, o Baep, Polícia Civil como eu falei. Então
pelo menos a polícia está tentando aqui. Parabéns nesse aspecto ao governador Tarcísio
de Freitas, ao secretário Derrite, ao Comando da Polícia Civil e Militar, que
estão unidas nesse combate.
Pela primeira
vez na história de São Paulo que eu lembre, que na polícia eu estou desde 1967
- que eu entrei como soldado lá, 50 e tantos anos, 55 - nunca houve no comando
da Segurança Pública um policial. Foram generais, foram coronéis, juristas,
promotores, juízes, mas pela primeira vez são homens da polícia comandando a
polícia e estão trabalhando.
Só que com
essas leis é difícil e a imprensa, pelo amor de Deus, né? A Rede Globo de
Televisão torce para o bandido piamente. Todo dia a Globo está falando das
câmeras, que o governador não comprou mais câmeras. Olhe a preocupação. Se
preocupe com as vítimas, gente.
Se preocupe com
as pessoas sendo assaltadas e volto a repetir: por que muitos bandidos no
primeiro dia da audiência de custódia, que são ouvidos pelo juiz, o juiz põe na
rua de novo, solta, quando não são grandes bandidos também, hein? Como o Artur
do Rap que foi solto.
Um dos maiores
criminosos foi solto lá no Supremo Tribunal Federal num belo sábado à tarde. Os
patriotas, os terroristas que foram presos lá, umas velhinhas, uns velhinhos
como eu com a Bíblia embaixo do braço estão tudo em cana, mas o André do Rap
saiu pela porta da frente liberado pelo Supremo Tribunal Federal. Quando
souberam que era o André do Rap, o desembargador fala de novo, o Mello:
“Prenda-se”.
Ele soltou!
Você fica seis meses - está aí o deputado Reis, que é policial. Você fica seis
meses, seis anos, dez anos para prender o cara. O juiz vai lá e solta numa
canetada sem perguntar quem é. Só para colocar, há tempos atrás - eu era
deputado aqui -, há 20 anos atrás, uma menina de 16 anos que estava com o
namorado foi sequestrada por um tal de Champinha.
Essa menina foi
estuprada durante dois, três dias e o namorado foi morto. Depois esse Champinha
matou a menina. Faz 20 anos que ele está em cana. Inclusive o pai da menina, o
Friedenbach, foi deputado, foi vereador conosco, o Ari. Ele brigou muito e uma
promotora... Faz 20 anos. Ele cometeu o crime com 16 anos. Até hoje está na
cadeia.
Obrigado, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Vamos chamar para
fazer uso da palavra o deputado Donato, por permuta com o deputado Suplicy.
O
SR. DONATO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos
que nos acompanham pelas redes sociais da Assembleia Legislativa, pela TV Alesp
também, nós vamos ter um tema muito importante em debate durante esse fim de
ano, já que o governador Tarcísio mandou para esta Casa um projeto de lei que,
enfim, privatiza a Sabesp.
Eu queria fazer
rápidos comentários. Primeiro, que a gente continua achando que um projeto de
lei é o mecanismo errado, porque está escrito na Constituição textualmente que
a Sabesp é uma empresa pública com controle acionário do Estado.
Portanto, teria
que mudar a Constituição para ela deixar de ter o controle acionário do Estado,
que é o que está em discussão, a venda de ações da Sabesp para os privados
deixando que o Governo do Estado tenha a maioria das ações.
Hoje ele tem
50,3% das ações. Mas esse debate que está sendo feito de maneira absolutamente
açodada está sendo embasado por um estudo, um dito estudo. E é isso que eu
quero discutir aqui hoje porque eu tenho novos dados para apresentar para os
senhores e para as senhoras.
Foi contratado
sem licitação o IFC, que é um organismo ligado ao Banco Mundial e com essa
qualificação ele não precisa ser licitado. O IFC propôs, fez um contrato com o
Governo do Estado.
Tem duas fases:
a primeira fase, caso ele constate que a privatização é boa... A primeira fase
é um estudo, teoricamente, se a privatização é boa ou não; custa oito milhões.
Caso ele diga que a privatização é boa, o resto do estudo custa mais 34
milhões, são 42 milhões.
A fase chamada
de “fase zero” do estudo foi feita e foi entregue recentemente, e ele já
recebeu os oito milhões - e até já estavam empenhados, desde o início, os 42
milhões.
Mas quero
mostrar o seguinte: a justificativa para a escolha do IFC, International
Finance Corporation - que é um braço privado do Banco Mundial - é que ele conta
com uma equipe de especialistas globais. Ele teve o contrato assinado em 10 de
abril de 2023. Nesse contrato, ele permite contratar consultores externos, e
isso nos chamou a atenção.
Vamos para o
próximo slide para a gente entender o que aconteceu.
* * *
- É exibido o
slide.
* * *
O contrato está
aí, a planilha do contrato, o estudo de 71 páginas, 8 milhões e 616 mil reais.
Setenta e uma páginas contando tudo, mas tem página que é só o nome do
capítulo.
Mas vamos
contar que sejam 71 páginas escritas: dá mais de cem mil reais por página.
Quando a gente vai ver quem escreveu o estudo, você acha: “Bom, deve ter algum
Prêmio Nobel, para cobrar isso”. Na verdade, é um monte de trainee de uma
terceirizada que a gente vai explicar quem é.
É um relatório
muito fraco, reconhecidamente fraco, por muitas pessoas que são especialistas
da área, sem método. As referências das tabelas, não está referenciado onde é a
fonte primária daqueles dados, de onde surgiram aqueles números.
Portanto, é um
estudo bem precário, e ele não compara se é bom privatizar ou não. Ele já parte
do pressuposto de que tem que privatizar. Então, ele não fez um estudo
comparativo entre a Sabesp que existe e a Sabesp privatizada. Mas vamos lá, que
as coisas vão piorar.
Vamos para o
próximo slide.
* * *
- É exibido o
slide.
* * *
Fizemos algumas
perguntas à Secretaria de Parcerias em Investimentos, do secretário Benini, se
houve alguma subcontratação na realização da fase zero. Aí eles falam: houve
complementação das capacidades com a equipe estendida, o que envolveu
consultorias externas especializadas.
Depois, quantos
consultores externos à IFC foram contratados para a concretização da fase zero?
Eles não encaminharam o que a gente pediu, que era o relatório com as horas
técnicas por profissional. Mas eles, de novo, falam que teve duas consultorias
externas especializadas, jurídica e estratégica. Vamos ao termo “estratégica”.
E a terceira, a
gente perguntou o que significa a sigla BCG, citada como fonte na maior parte
do relatório da fase zero. Porque nos gráficos não tinha lá “Fonte: IBGE”,
“Fonte:” pesquisa tal. Tinha BCG. BCG, era essa a fonte.
E eles
confirmam que a sigla BCG significa Boston Consulting Group, consultoria
contratada pelo IFC para auxiliar na parte estratégica da transação. Não era
uma parte lateral, era a parte estratégica da transação. Aí vamos para o
próximo slide.
Aí a gente vê
que toda a base do relatório, todos os gráficos e tabelas do estudo, possui
como fonte a BCG, incluindo a figura que compara os modelos entre Sabesp
estatal e desestatizada.
O que nos leva
a crer que toda a base do relatório está fundada em estudos da BCG, e não do
IFC, que foi um mero compilador. Mas quem é a BCG? É uma consultoria na Faria
Lima, no centro do capital financeiro aqui da cidade de São Paulo.
Então quem fez
o estudo não foi o Banco Mundial; foi o mercado financeiro na Faria Lima. É
disso que se trata a privatização da Sabesp. É render dividendos ainda maiores,
porque ela já rende dividendos. A Sabesp dá mais de três bilhões de lucro,
metade desse lucro são dividendos para os privados, que têm 49,7% das ações, e
agora o objetivo é dar mais lucro.
É por isso que
o mercado está todo excitado com a privatização da Sabesp, para ter mais lucro.
Para isso, contrata-se uma consultoria de quem? Da Faria Lima, que organiza o
mercado financeiro.
Então, mais uma
vez, a raposa vai tomar conta do galinheiro. A gente sabe como termina esse
filme. Esse filme termina com o consumidor final pagando a conta, e os lucros
bilionários serão rateados para meia dúzia de grandes investidores, inclusive
de fundos internacionais.
Já estão se
movimentando fundos canadenses, fundos americanos. Vai ser como na Enel, a
nossa empresa de energia privatizada, um monopólio como a Sabesp, você não tem
alternativa.
A Enel é uma
estatal italiana, aliás, é um paradoxo, privatizou a Eletropaulo para uma
estatal italiana, cujo comando está lá em Roma. Eles estão vendo planilha, eles
não estão vendo como está a situação de energia elétrica, se está caindo muito
a rede, se na favela tal não tem luz, se na comunidade tal a energia não está
bem instalada. Ela está vendo a planilha de lucros.
E é disso que
se trata, mais uma vez. Então, mais uma informação para os Srs. Deputados e as
Sras. Deputadas, não tem nada de Banco Mundial, IFC, como se fosse uma coisa
neutra, um instituto neutro que analisou.
É isso que se
vende, o Banco Mundial, como se fosse uma instituição neutra, com um braço
privado que também seria neutro, mas, na verdade, esse braço privado é só uma
fachada para não ter licitação, para poder contratar diretamente, mas quem fez
o estudo foi o pessoal da Faria Lima, o mercado financeiro, que mais uma vez
quer ganhar muito dinheiro às custas da exploração do povo brasileiro, em
particular daqueles que consomem um bem essencial, que é a água.
Um monopólio essencial
ser privatizado é um crime. Eu tenho esperança de que esta Assembleia não
cometa esse crime, porque as gerações futuras pagarão caro, como estão pagando
em Manaus, que a empresa é privatizada, em Campo Grande, que a empresa é
privatizada, e no próprio Rio de Janeiro, que foi privatizada há dois anos, e a
tarifa é 70 % mais cara que em São Paulo, o número de reclamações aumentou
500%, e os investimentos prometidos, que sempre é a desculpa, nós vamos
alavancar mais investimentos, vão ter mais recursos para investir, eles nunca
chegam, deputado Reis, nunca chegam, presidente.
Os
investimentos vão sendo jogados para frente, e a máquina de arrecadação, de
aumentar a tarifa, isso é que de fato acontece para aumentar o lucro de meia
dúzia às custas do sacrifício de milhões de paulistas, no caso, que são os
consumidores da Sabesp.
Então é isso
que eu tinha para informar.
Muito obrigado
pela oportunidade, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE -
REIS - PT - Que bom que V. Exa. traz essas
informações. Eu fiquei, assim, bem pasmo, porque V. Exa. conseguiu que o
governo respondesse, porque esse governo tem dificuldade para responder
requerimento de informações.
O SR. DONATO - PT - Fique mais pasmo ainda, requerimento de informação o
governo não responde, ele está respondendo, eu fiz isso por Lei de Acesso a
Informação, pela LAI. E ainda pediram prazo, demoraram para responder, mas
acabaram respondendo, deram um “sambarilove” para responder algumas coisas, mas
responderam aquilo que a gente já sabia, mas a gente precisava de uma resposta
oficial, que o Boston Consulting Group, da Faria Lima, foi quem fez o estudo,
não foi o IFC coisa nenhuma, que foi só uma fachada.
O
SR. DONATO - PT - Sr. Presidente, eu queria
solicitar o levantamento da sessão.
O SR. PRESIDENTE - REIS - PT -
É regimental o pedido de Vossa Excelência. Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
esta Presidência, cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia o
Projeto de lei nº 673, de 2023, vetado.
Havendo acordo entre líderes, antes de dar
por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de
amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão. Tenham todos
uma excelente tarde.
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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 19
minutos.
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