27 DE OUTUBRO DE 2023
128ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI, LUIZ CLAUDIO MARCOLINO, GUILHERME CORTEZ e EDUARDO SUPLICY
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - GUILHERME CORTEZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - PRESIDENTE LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência. Parabeniza o deputado Guilherme Cortez por presidir a sessão solene em homenagem ao Dia do Metroviário. Saúda os servidores públicos do estado de São Paulo pelo Dia do Servidor Público.
5 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - GUILHERME CORTEZ
Assume a Presidência.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência. Cumprimenta os estudantes presentes nas galerias.
10 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência. Critica o governo pelo não encaminhamento do projeto que deve flexibilizar as Atividades Pedagógicas Diversificadas - APD's.
11 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
13 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 30/10, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Valdomiro Lopes.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra
Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra a deputada Fabiana Bolsonaro.
(Pausa.)
Com a palavra o deputado Luiz Claudio
Marcolino, que fará o uso regimental da tribuna.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
Sras. Deputadas, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, hoje
nós tivemos acesso a um documento do Instituto Federal do Estado de São Paulo
fazendo um questionamento ao Provão Paulista, que vai ser realizado neste ano.
É importante,
nobre deputado Carlos Giannazi, que preside esta sessão, o Provão Paulista é um
instrumento importante para o estado de São Paulo, em que os alunos de escola
pública terão as suas notas consideradas para o acesso direto às universidades
públicas do estado de São Paulo. Então é uma ação importante, é uma proposta
importante para o estado de São Paulo.
Mas nós
percebemos que, em relação aos alunos do Instituto Federal - e essa informação
foi dada só depois que o processo das inscrições já começou -, vem aqui uma
reclamação de diversos alunos do Instituto Federal de que o Provão Paulista não
foi divulgado de forma adequada para os estudantes de Institutos Federais, com
pouco tempo para realizar as inscrições e muitos dos primeiros e segundos anos sequer
conseguiram, ou conseguirão, fazer essa prova.
Para os alunos
da terceira série do Ensino Médio, as provas acontecerão no dia 28 e 29 de
novembro, pela manhã. No primeiro dia de prova serão aplicados os exames de
linguagens e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. No
segundo dia serão aplicadas avaliações de matemática e ciências humanas e
sociais.
A redação
também será aplicada no segundo dia do Provão. As provas da 2ª série do ensino
médio acontecem nos dias 30 de novembro e 1º primeiro de dezembro, no turno
matutino. A ordem das provas por área de conhecimento será a mesma.
Qual é o problema, nobre
deputado Guilherme Cortez? Os alunos do Instituto Federal não poderão fazer as
provas na sua cidade de origem, terão que se deslocar para a cidade de São
Paulo, tendo, aqui no estado de São Paulo, dois dias de prova. Então isso vai
dificultar bastante que os alunos do Instituto Federal possam fazer essa prova.
Aqui tem uma carta do dia
26 de outubro de 2023, que foi encaminhada pelo Silmário Batista dos Santos,
que é reitor do Instituto Federal de São Paulo. Assunto: solicitação de
realização de prova do Provão Paulista no município de residência dos
estudantes do Instituto Federal de São Paulo.
“Sr.
Secretário, o Instituto Federal de São Paulo é uma instituição de ensino que
tem como missão promover a educação e o desenvolvimento tecnológico, atendendo
a uma ampla diversidade de estudantes em todo o estado de São Paulo.
Ofertamos
cursos técnicos integrados ao ensino médio em 36 cidades do estado, e muitos de
nossos estudantes têm em seus projetos pessoais o prosseguimento dos estudos,
buscando acesso ao nível superior. O Provão Paulista é uma dessas
oportunidades, haja vista que permite acesso aos cursos disponíveis nas
universidades paulistas.
Após a
homologação das inscrições, recebemos a informação de que todos os nossos
estudantes inscritos deveriam ir para a cidade de São Paulo para realizar a
prova. E aqui reside o desafio: muitos de nossos estudantes têm dificuldade de
deslocamento da cidade de sua residência para a Capital a fim de participar do
Provão Paulista.
Diante desse
contexto, solicitamos respeitosamente que a Secretaria Estadual de Educação
avalie a possibilidade de permitir que os estudantes do Instituto Federal de São
Paulo realizem suas provas no município de sua residência.
Isso não apenas
facilitaria o acesso à educação superior para todos os estudantes,
independentemente de sua localização geográfica, mas também reduziria os ônus
financeiros e emocionais associados às viagens, o que contribuiria tanto para a
exclusão quanto para o bom desempenho.
Reconhecemos
que a logística de organizar exames em diversos municípios pode ser
desafiadora, mas acreditamos que, com planejamento adequado e cooperação, essa
iniciativa pode ser concretizada em benefício de todos os envolvidos.
O Instituto
Federal de São Paulo está disposto a colaborar no que for necessário para
viabilizar essa proposta e acredita que, juntos, podemos garantir que os
estudantes do nosso estado tenham a oportunidade de demonstrar seu potencial
sem obstáculos desnecessários.
Agradecemos
antecipadamente por sua atenção a esta solicitação e aguardamos a oportunidade
de discutir e trabalhar em conjunto para aprimorar o sistema educacional em
nosso estado.
Atenciosamente,
Silmário
Batista dos Santos
Reitor”.
Esta carta foi
encaminhada no dia 26 ao Sr. Renato Feder, secretário da Educação do estado de
São Paulo.
Peço, Sr.
Presidente, que esta carta, que já foi encaminhada pelo reitor, a partir do meu
pronunciamento, também seja encaminhada tanto ao secretário da Educação como ao
governador do estado de São Paulo.
Com certeza, o
governador Tarcísio não deve saber desse procedimento que vai deixar de fora
milhares de alunos do Instituto Federal do Estado de São Paulo do Provão
Paulista, que eu avalio que seja um instrumento e uma ação importante para que
os jovens do estado de São Paulo, do ensino médio, possam adentrar também as
universidades do estado de São Paulo a partir desse Provão que este ano se
realizará.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta
Presidência vai acatar o pedido de V. Exa. e fará o encaminhamento ao secretário
da Educação e ao governador Tarcísio de Freitas.
Dando sequência à lista de oradores
inscritos, com a palavra o deputado Reis.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Donato. (Pausa.) Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Professora Bebel. (Pausa.) Com a palavra o deputado Sebastião Santos.
(Pausa.) Com a palavra a deputada Andréa Werner. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Jorge Wilson
Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra
o deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo
Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra a deputada Ediane Maria. (Pausa.) Com a palavra
o deputado Guilherme Cortez, que fara uso regimental da tribuna.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, presidente em exercício -
deputado Carlos Giannazi -, deputado Marcolino, deputado Suplicy. Quero
cumprimentar todos os servidores desta Casa e o público que nos acompanha
através da Rede Alesp.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
* * *
Presidente,
hoje, mais cedo, a gente teve um evento muito feliz, aqui, nesta Assembleia,
onde tantas vezes a gente ouve discursos tentando deslegitimar o trabalho de
metroviários e de metroviárias, sobretudo a luta dessa categoria, que é uma das
mais importantes, mais mobilizadas categorias do estado de São Paulo.
No dia de
ontem, foi celebrado o Dia dos Metroviários, e hoje, como não poderia deixar de
ser, a gente realizou, neste Plenário, uma Sessão Solene para homenagear, para
reverenciar o trabalho de metroviários e metroviárias do estado de São Paulo.
Todos os dias,
são os trabalhadores responsáveis por transportar milhões de paulistas e
paulistanos da sua casa para o trabalho, do trabalho para casa, ou para os mais
diversos cantos da cidade, porque isso também é o direito de mobilidade urbana,
o direito de viver tudo o que a cidade tem a oferecer, que não podia deixar de
ser, também, um ato contra o projeto de privatizar o Metrô, privatizar mais
linhas do Metrô, que é anunciado pelo governador Tarcísio.
E como também
não podíamos deixar de fazer um ato de solidariedade aos trabalhadores
metroviários que estão sendo perseguidos pelo governo, nesta semana, que
anunciou as demissões, numa clara tentativa de intimidar esta categoria, numa
prática antissindical, deputado Suplicy, que a gente não pode tolerar.
Mas eu quero
falar sobre uma outra data importante. No dia 28 de outubro, no dia de amanhã,
é comemorado o Dia do Servidor Público. Eu quero aproveitar, desta tribuna,
para parabenizar e para saudar o trabalho de todos os servidores públicos do
estado de São Paulo, municipais, estaduais, federais...
Todos os
servidores públicos desta Assembleia Legislativa, que fazem esta Casa de Leis
funcionar, que fazem a mensagem, deputados e deputadas, chegar até a população.
Mas,
presidente, acho que é muito importante a gente falar sobre o “Dia do Servidor
Público”, não só como mais uma data comemorativa, mas porque hoje a gente vive
uma disputa sobre o sentido do serviço público.
A gente vê,
aqui, nesta Assembleia, inclusive, vários deputados que constantemente vêm aqui para atacar o serviço
público, para difamar servidoras e servidores públicos, para criticar a
qualidade dos serviços públicos e para defender alternativas de desestatização,
de retirar esses serviços da administração do estado, como a gente vê,
inclusive hoje, quando o governo Tarcísio envia para a Assembleia um projeto, a
meu ver absurdo, de privatizar a maior empresa pública do estado, que presta um
serviço que é essencial para a qualidade de vida de todos os paulistas e
paulistanos do nosso estado, que é a Sabesp.
Então, neste
dia do servidor público, é mais do que necessário a gente reforçar a
importância do serviço público, deputado Marcolino. Os servidores públicos são
os homens e as mulheres que são responsáveis por fazer os direitos da população
serem concretizados porque a nossa Constituição diz ‘todo mundo têm direito à
Educação’, mas, nem todo mundo têm acesso à Educação se a gente não tiver
escolas públicas.
E para a gente
ter escolas públicas, deputado Giannazi, a gente precisa ter professores
concursados, servidores públicos, a gente precisa ter merendeiras, a gente
precisa ter servidores escolares.
A Constituição
diz “todo mundo têm acesso à Saúde”, mas esse direito é garantido, é efetivado,
através de serviços públicos, através do Sistema Único de Saúde, através de
UBS, através de prontos-socorros, através de UPA, através de espaços públicos,
que eles são todos os dias efetivados com o trabalho de servidores e servidoras
públicos.
O serviço
público é, para a maioria da população do nosso estado, a única garantia do
acesso a direitos básicos, ao direito a um transporte público, ao direito à
Educação – de educação básica ao ensino superior, ao direito à Saúde, ao
direito à Cultura, ao direito à Assistência Social...
Todas essas
áreas, elas só existem, todos os dias, porque às vezes têm homens e mulheres
que se dedicam a elas, apesar de toda a desvalorização, de todo o desprestígio,
de todo o desrespeito e de um processo, já há muitos anos, de precarização dos
nossos serviços públicos, que tem um interesse muito bem definido, que é
esgotar o sentido do serviço público, inviabilizar um serviço público, para
poder justificar a privatização.
Como é feito há
muitos anos com o Metrô, como está sendo feito, hoje, com a Sabesp, como é
feito com as nossas universidades e escolas públicas.
Mas, neste Dia
dos Servidores Públicos, é muito importante a gente reforçar a importância do
trabalho dessas pessoas, que se dedicam para que a população possa ser atendida
num posto de saúde, possa ter acesso a um Cras, a um Creas, possa ser recebida
numa escola, possa acessar a universidade, possa se transportar, pelas cidades,
através de ônibus, trens e metrôs, apesar de toda a desvalorização.
Então, nesse 28
de outubro, deixar todo o nosso reconhecimento, todo o prestígio que é devido
aos servidores e servidoras públicas do Estado de São Paulo. Saibam que, aqui
na Assembleia, esta Casa, que deveria ser a Casa do povo, que deveria defender
os direitos e interesses do povo, muitas vezes, lamentavelmente, é uma casa que
atua contra a qualidade e o exercício dos serviços públicos e das condições de
trabalho dos servidores.
Mas saibam que,
no nosso mandato, em toda a bancada da oposição, os servidores e servidoras do
estado de São Paulo podem encontrar trincheiras para defender as suas condições
de trabalho, para defender mais investimentos para esses serviços.
Porque, afinal,
é o que vai garantir o atendimento dos interesses da população. Então, um
grande abraço, e todo o nosso reconhecimento e mérito aos servidores e
servidoras públicas do Estado de São Paulo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Parabéns ao
deputado Guilherme Cortez, pela sessão solene no dia de hoje, parabenizando o
Dia dos Metroviários.
E também, corroborar com o deputado
Guilherme Cortez, deixar os nossos parabéns aos servidores públicos do estado
de São Paulo. Amanhã é o Dia do Servidor, dia 28 de outubro.
Que é importante, o servidor público é
que garante a Educação, a Saúde, a Segurança Pública, instrumentos importantes
pra o funcionamento do nosso estado. Então, deixando os nossos parabéns aos
servidores públicos do estado de São Paulo.
Dando sequência aos oradores inscritos
no Pequeno Expediente, com a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi. Tem V.
Exa. o tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Marcolino, deputado Cortez,
deputado Suplicy, telespectador da TV Assembleia.
Hoje pela
manhã, eu acionei o Ministério Público, juntamente com a deputada federal
Luciene Cavalcanti, do PSOL, professora e supervisora de ensino aqui de São
Paulo e também com o vereador Celso Giannazi, que é membro titular da Comissão
de Educação da Câmara Municipal de São Paulo.
Os nossos três
mandatos acionaram o Ministério Público justamente contra um tema que eu
denunciei ontem aqui. Que foi, e está sendo, na verdade, a exclusão em massa de
pessoas, professores e professoras, sobretudo muitos já da própria rede
estadual de ensino. Muitos professores categoria “O”, que prestaram concurso,
da rede estadual, e foram eliminados.
Uma eliminação
em massa, jamais vista, desse concurso, por conta de um item extremamente
periférico, secundário, de uma exigência extremamente bizarra e patética, que
não tem nada a ver com o concurso público para professor, para o cargo de
professor, para o Magistério estadual.
Que foi a
entrega, o envio, pela internet, de uma videoaula. Olha só o absurdo! O
professor, além de fazer a prova, de entregar os títulos, ele teve também que
entregar, enviar, pela internet, uma videoaula, de aproximadamente cinco
minutos.
O que
aconteceu, Sr. Presidente? Saiu o resultado agora, o edital com o resultado do
concurso. E nós ficamos chocados com a eliminação em massa, de pessoas, só
nesse item. Professores que estão há 20 anos na rede estadual, professores com
doutorado, com mestrado. Tem professora até com pós-doc. No entanto, esses
professores foram eliminados sumariamente nesse item, nessa exigência da
videoaula, por questões técnicas.
Olha o absurdo.
Primeiro que o professor não é youtuber. Ele não tem que dar aula pela
internet. Até porque, o ensino, na Educação básica, é essencialmente
presencial. Não existe Educação online na Educação básica, no Estado de São
Paulo, nas escolas da rede estadual, nem nas escolas das redes municipais. É
uma exigência que não cabe para um concurso como esse.
Nós fomos ao
Ministério Público por isso. Mas também porque nós recebemos várias denúncias.
E há indícios de que foi impossível, para a Vunesp, que realizou esse
concurso... Nós queremos entender como ela, por exemplo, analisou quase 200 mil
vídeos em tão pouco tempo.
Então há
indícios, há denúncias gravíssimas, de que houve a correção pelo dispositivo,
pelo mecanismo da inteligência artificial, através de algoritmos. Olha só o
absurdo. Até porque esse governo Tarcísio, esse governo do Renato Feder é o
governo dos aplicativos.
Ele tentou
tirar o livro didático, recentemente, da rede estadual para colocar livro
digital. Eles só pensam nisso, em digital. Compram aplicativos milionários; a
gente acompanha as compras. Então, tudo é por aplicativo, tudo é por material
digital.
Então, é um
absurdo o que está acontecendo, a exclusão em massa de professores que
deveriam... Eles foram aprovados em todos os itens do concurso, mas foram
eliminados na videoaula. Isso é um absurdo, Sr. Presidente.
Por isso, na
nossa representação, estamos pedindo ao Ministério Público que haja uma
profunda investigação e que a Secretaria da Educação tome providências. Está
aqui a cópia da nossa representação hoje, que nós protocolamos no Ministério
Público.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Guilherme Cortez.
* * *
Então, é um
governo que odeia mesmo os servidores. Parece que ele não quer efetivar os
professores aprovados. Esse concurso foi aberto no ano passado para apenas 15
mil vagas, quando nós temos, na verdade, quase 100 mil professores da categoria
“O” no contrato precarizado.
São poucas
vagas e mesmo assim o governo eliminou milhares e milhares de professores. Tem
outros itens também de eliminação, mas esse foi um dos mais graves, o que mais
nos chama a atenção. É a maldade dentro da maldade, é a exclusão dentro da
exclusão. É isso que estamos vivendo hoje aqui no estado de São Paulo, Sr.
Presidente.
Então, espero
que o Ministério Público tome as providências e obrigue o governo a retirar
esse item de pontuação, que ele cancele a pontuação dessa famosa e famigerada
videoaula que não acrescenta nada para a prática dos professores da rede
estadual de ensino.
E também quero
aqui ressaltar - para concluir o meu pronunciamento de hoje - que estamos preocupados também, pedindo ao
governo estadual para que resolva a situação dos professores da categoria “O”,
dos contratos que vão vencer agora no final do ano - 2018, 2019, 2020 - de tal
forma que eles possam ser prorrogados, até porque nesse concurso público, mesmo
para aqueles que foram aprovados, não há garantia de que serão chamados ainda
no ano de 2023 e, se forem chamados no ano de 2024, há informações de que só
vão assumir em 2025, ou seja, os alunos não vão poder ficar sem aulas e esses
professores não poderão ficar sem emprego.
Então, queremos
a prorrogação imediata de todos esses contratos, até que essa situação toda
seja resolvida. Não queremos nenhum professor desempregado na rede estadual de
ensino.
Então é isso.
Espero que o
Ministério Público tome as providências contra essa famigerada videoaula.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Muito
obrigado, deputado Carlos Giannazi. Chamo agora o deputado Rui Alves. (Pausa.)
Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. Vossa Excelência
tem o tempo regimental para uso da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Guilherme, Srs. Deputados e
Deputadas, saiu hoje um editorial do jornal “O Estado de S. Paulo” que,
acredito, chama atenção de maneira muito adequada da situação da população
infantil em nosso país.
“Uma geração
condenada. Seis em cada dez crianças e adolescentes vivem na pobreza e privados
de direitos básicos”, constata estudo da Unicef.
O Brasil não
pode mais se omitir. O Brasil está fadado ao mais rotundo fracasso se não
investir pesadamente na eliminação das privações de direitos fundamentais de
suas crianças e adolescentes pobres.
Repetida há
décadas, essa óbvia constatação ainda não encontra resposta adequada e
prioritária do poder público, uma omissão que condena milhões de brasileiros a
viverem na pobreza durante seus anos de formação e sem perspectivas para a vida
adulta.
O relatório
Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência, de 2022, elaborado pelo
Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, com base em dados do IBGE, não
deixa margem para tergiversações. O quadro é grave e exige reação urgente.
A lenta queda
na maioria das privações de meninos e meninas de zero a 17 anos no País entre
2019 e 2022 não traz suficiente alento. De fato, houve recuo de 62,9% para
60,3% no período. No entanto, a dura realidade a que seis entre cada dez
crianças e adolescentes continuam expostos é inegável.
São 31,9
milhões de brasileiros com suas potencialidades ceifadas pela raiz. É preciso
priorizá-los nas agendas e nos orçamentos públicos da União, dos Estados e dos
Municípios, recomenda o Unicef. Não se pode condenar essa geração ao fracasso e
à pobreza.
Há de
considerar que o cômputo médio de 60,3% de crianças e adolescentes submetidos a
privações de seus direitos básicos no País oculta realidades regionais muito
mais graves. No Amapá, esse porcentual alcançou 91,6% em 2022, ou seja, quase a
totalidade de meninos e meninas. São Paulo, a unidade mais rica da Federação,
registrou a melhor marca estadual, de 35,7%, que não deixa de ser vergonhosa.
Dentre as
dimensões analisadas pelo Unicef, nenhuma privação se aprofundou tão
escandalosamente quanto o direito à alfabetização. O percentual de crianças de
7 anos sem condições de ler e escrever dobrou de 20,5%, em 2016, para 40,3%, em
2022.
No grupo de
meninos e meninas de dez anos, o analfabetismo avançou de 2,4% para 3,5% no
período. O atraso escolar, acentuado pela pandemia do Covid-19, não foi
recuperado e mostra-se mais acentuado entre crianças e adolescentes negros de 7
a 17 anos.
Embora tenha
havido ligeira melhora nos demais indicadores avaliados, todos se mantêm em
níveis alarmantes. O País não pode fechar os olhos ao fato de que, somente no
ano passado, 9,4% dos brasileiros de zero a 17 anos viviam em moradias
precárias, 5,4% não tiveram acesso à água e 37% não contavam com saneamento
básico.
Na faixa de 4 a
17 anos, 8,3% estiveram longe da escola. A privação de renda atingiu 38% das
crianças e adolescentes, o que se traduziu em insegurança alimentar. Para 20%
delas, a renda familiar esteve abaixo da necessária para a compra de comida
apropriada.
Há dúvidas de
que esse cenário tenha sido substancialmente alterado ao longo de 2023, apesar
das corretas mudanças nas políticas sociais do governo federal. O fato é que os
dados colhidos pelo Unicef põem em evidência outras conhecidas omissões do
poder público, como o combate à violência a que milhões de crianças e jovens
estão expostos dentro e fora de suas casas.
As mortes de 11
delas a tiros no estado do Rio de Janeiro neste ano indicam a suscetibilidade
de todos a uma política de segurança pública incapaz de lhes proporcionar a
mínima proteção. Na outra ponta, o baixo acesso a direitos básicos atua como
alavanca para a cooptação de jovens desalentados pelas múltiplas organizações
criminosas concentradas nos bolsões de pobreza.
O estudo da
Unicef retrata uma tragédia humana e social, que inevitavelmente afetará o
futuro do Brasil como um todo. Os esforços do Estado e da sociedade brasileira
precisam ser multiplicados com máxima eficiência e rapidez, a bem da qualidade
de vida e do potencial de seus cidadãos e de seu desenvolvimento econômico e
social. Trata-se aqui, nem mais, nem menos, de corresponder integralmente às
determinações da Constituição de 1988.”
Está tudo lá
para quem quiser ler, e, certamente - caro presidente Guilherme -, eu tenho a
convicção de que a implantação da universalização da renda básica de cidadania
vai mudar significativamente para melhor esta situação que tanto tem preocupado
a nós brasileiros.
Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Muito
obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Chamo agora o deputado Marcos Damasio.
(Pausa.) Deputado Luiz Fernando Teixeira. (Pausa.) Deputado Conte Lopes.
(Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Emídio de Souza. (Pausa.)
Deputado Mauro Bragato. (Pausa.)
Passando à lista suplementar. Deputado
Sebastião Santos. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Jorge
Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado
Carlos Giannazi.
Vossa excelência tem o tempo regimental
para uso da tribuna, e aproveito para convidar o nobre deputado Eduardo Suplicy
para me substituir na Presidência da sessão.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Guilherme
Cortez. Presidente, eu estive na última segunda-feira acompanhando uma reunião,
uma audiência do Ministério Público Federal na Procuradoria-Geral em Bragança
Paulista.
Estive lá com o
procurador e também com umas militantes, as mulheres de um movimento muito
importante, que luta contra a instalação de uma subestação elétrica na região
de Atibaia, exatamente no bairro de Boa Vista, que está prejudicando a vida e a
saúde de centenas de famílias da região.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.
*
* *
Inclusive, nós realizamos uma audiência
pública aqui na Assembleia Legislativa recentemente, onde nós ouvimos relatos
tenebrosos dos efeitos perversos desses campos eletromagnéticos e elétricos na
saúde das pessoas que moram na região. Não só nas pessoas, mas nos animais
também, no meio ambiente, porque me parece que não há fiscalização alguma.
A Prefeitura
não defende lá a população, a Câmara Municipal também não, a agência reguladora
também não saiu em defesa da população, o Ministério de Minas e Energia também
não. Ou seja, a população está totalmente à deriva, sem um órgão que possa
fazer a defesa efetiva da saúde, da segurança da população e do meio ambiente.
Eu quero aqui
registrar a presença das pessoas que estiveram lá, a Lílian Maria Conceição, a
Ana Maria e a Rosimeire Rodrigues. Também esteve presente a Maria Isabel. Eles
estão aqui. Nós fizemos inclusive depois um vídeo ali para explicar para o
movimento o que aconteceu, os encaminhamentos dessa reunião com o Ministério
Público Federal.
Nós estamos
atacando em várias frentes porque é grave a situação. A deputada federal
Luciane Cavalcante está acionando o Ministério de Minas e Energia, e nós
estamos estudando também outras medidas em defesa da população, que, eu repito,
está adoecendo.
Fui e tive a
oportunidade de conhecer essa subestação, que é enorme, as reclamações são
muitas da população e algo tem que ser feito imediatamente, Sr. Presidente, porque é um absurdo o
que aconteceu naquela região. As pessoas literalmente estão adoecendo, tomando
remédio.
As pessoas não
conseguem mais dormir porque o barulho é intenso, e é constante, dia e noite.
Então, as pessoas estão tendo a sua saúde mental abalada, pessoas estão com
depressão, com síndrome do pânico, com crise de ansiedade, tomando remédios
tarja preta, fazendo tratamento psicológico, tratamento psiquiátrico, porque a
situação lá é grave e as pessoas, famílias e famílias, estão adoecendo.
É uma questão
de Saúde pública. Agora, é importante que a Prefeitura de Atibaia tome as
providências. É no território, é na área da Prefeitura de Atibaia, da cidade de
Atibaia. E nós estamos assistindo a omissão da prefeitura que não está
defendendo.
Como que deixou
essa subestação ser instalada na região sem nenhum estudo de impacto ambiental
e, sobretudo, nas pessoas que moram na região? Então providências devem ser
tomadas imediatamente.
Nós estamos
aqui fazendo um estudo, Sr. Presidente. Nós já acionamos aqui o Ministério
Público Estadual, já tem esse inquérito civil da Procuradoria, do Ministério
Público Federal. A deputada Luciene Cavalcante está já acionando o Ministério
de Minas e Energia, até porque é uma concessão, a energia elétrica, que tem
fiscalização.
A agência
também já foi acionada, mas providências efetivas não foram tomadas até agora e
quem está pagando lá o preço e sofrendo é a população. Então nós vamos
continuar aqui denunciando e exigindo providências do poder público.
E aproveito,
Sr. Presidente, ainda para, antes de terminar aqui o meu pronunciamento, fazer
também uma saudação ao servidores e servidoras públicas de todo o estado de São
Paulo, os estaduais, os municipais e os federais, porque sem servidores
públicos não há efetivação de políticas públicas na área da Educação, da Saúde,
da Assistência Social, o acesso à Justiça.
São os
servidores públicos que estão lá atendendo a população na ponta, são as
professoras, os professores, enfermeiras, médicos, assistentes sociais,
psicólogos, psicólogas, escreventes, enfim, todos os servidores do MP, da
Defensoria Pública, que estão lá na ponta atendendo a nossa população e
efetivando as políticas públicas, sobretudo os direito fundamentais, como o
direito fundamental à educação pública de qualidade.
Tem direito ao
acesso, à permanência, à qualidade de ensino, à saúde através do Sistema Único
de Saúde. Mas, infelizmente, os servidores públicos têm sido satanizados pelos
governos, pelo mercado e pela imprensa comercial, Sr. Presidente, e atacados
sistematicamente como os causadores da crise fiscal do estado. Aqui, em São Paulo,
nem se fala.
Aqui o governo
estadual destruiu várias carreiras de servidores públicos, retirou a falta
abonada na gestão Doria, extinguiu os institutos de pesquisa, prejudicando
milhares de servidores, como o Instituto Florestal, o Instituto Geológico, a
Sucen, o Instituto Botânica.
Os servidores
perderam muito com os governos tucanos e continuam perdendo com o governador
Tarcísio de Freitas, que agora encaminhou um projeto para a Assembleia
Legislativa que vai afetar um setor do funcionalismo público, talvez já preparando
uma outra reforma que possa piorar ainda mais a situação e retirar mais
direitos dos servidores públicos.
Um governo que
não respeita a data-base salarial, que não cumpre a data-base dos servidores,
lei aprovada aqui no plenário da Assembleia Legislativa, e também o próprio
Art. 37 da Constituição Federal, que garante a reposição das perdas
inflacionárias. Nada disso é respeitado pelo governo estadual.
Os nossos
servidores estão desvalorizados do ponto de vista salarial, do ponto de vista
funcional, do ponto de vista das condições de trabalho e a cada ano vão
perdendo direitos. Cada reforma que vem...
A reforma da
Previdência, que retirou direitos previdenciários, que dificultou ainda mais o
acesso dos servidores à aposentadoria, porque aumentou o tempo de contribuição
e a idade mínima para a aposentadoria, confiscou aposentados e pensionistas.
Se não fosse a
nossa luta aqui na Assembleia Legislativa, os servidores aposentados ainda
estariam sendo roubados e assaltados pelo governo através do confisco das
aposentadorias. Agora a nossa luta, Sr. Presidente, é para que haja a devolução
do que foi confiscado até agora de todos os aposentados e pensionistas. Então
essa vai ser a nossa luta.
Então a nossa
homenagem aos servidores. Na verdade, aqui é a renovação da nossa disposição e
do nosso compromisso em continuar lutando pelos direitos e pela dignidade de
todos os servidores e servidoras do estado de São Paulo.
Era isso, Sr.
Presidente.
Quero registrar
a presença dos alunos e professores da Escola de Ensino Fundamental.
Sejam
bem-vindos e bem-vindas.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Sejam muito
bem-vindos os estudantes. Caro deputado Carlos Giannazi, o próximo orador sou
eu. Então, eu pediria que pudesse presidir. Eu serei breve agora.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Enquanto o
deputado Eduardo Suplicy se dirige à tribuna, quero dizer que hoje é dia 27 de
outubro, 14 horas e 40 minutos, e até este exato momento o Governo do Estado
não encaminhou o projeto das APDs para a Assembleia Legislativa. Não houve
ainda o protocolo desse projeto. Hoje é sexta-feira, dia 27 de outubro,
deputado Suplicy.
O governo não cumpre sua palavra de
flexibilizar a realização das atividades pedagógicas diversificadas, para que
os professores possam realizar essas APDs, essas atividades, e local de livre
escolha, porque essas APDs têm prejudicado imensamente o trabalho do magistério
estadual, tem representado um verdadeiro terrorismo psicológico, afetado
inclusive a saúde mental e física do magistério estadual.
Até agora o governo fez várias
promessas, três promessas públicas, e até agora o projeto não chegou aqui na
Assembleia Legislativa.
Nós continuamos exigindo que o governo
faça o encaminhamento do PLC, Projeto de lei Complementar, para flexibilizar as
APDs e aproveite também para revogar essa famigerada Lei n.º 1.374, para que a
gente possa trazer de volta a falta-aula e que a gente possa mudar os critérios
de atribuição de aulas agora para o próximo ano, de tal forma que o tempo de
serviço seja levado em conta, e não a carga horária.
Enfim, são várias as mudanças que devem
ser feitas, Sr. Presidente.
Mas essa das APDs é uma das mais
urgentes.
Tem a palavra o deputado Eduardo
Suplicy.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
telespectador da TV Assembleia, público presente na galeria, funcionários desta
Casa, primeiramente faço aqui perante os estudantes da Escola de Ensino Fundamental,
transmito uma mensagem ao presidente Lula.
Querido
presidente Lula, meus parabéns por seu aniversário de 78 anos e por sua vida
extraordinária, inteiramente dedicada ao maior bem-estar do povo brasileiro, a
realização da Justiça, a promoção da paz entre todos os povos e países do
mundo, a sua atenção para que não haja qualquer desrespeito aos direitos
humanos em todos os lugares do Brasil e da Terra, inclusive dentro do sistema
penitenciário.
Estamos aqui, e
para lá eu vou me dirigir daqui a instantes, tendo um debate aqui na Assembleia
Legislativa sobre o sistema prisional, 31 anos do Massacre do Carandiru. A
violação dos direitos humanos de pessoas privadas de liberdade é uma
preocupação global que envolve questões como acesso à Justiça, tortura,
maus-tratos, discriminação, penas desproporcionais, prisão preventiva
prolongada, violência, entre outros.
Muitas pessoas
privadas de liberdade enfrentam desafios no acesso a um julgamento justo,
incluindo a falta de representação legal adequada e atraso nos processos
judiciais, além de superlotação, más condições de higiene, falta de cuidados
médicos adequados e isolamento prolongado, o que constitui tratamento desumano.
Os grupos
vulneráveis, como mulheres, crianças, adolescentes, população LGBTQIA+ e minorias
étnicas muitas vezes enfrentam discriminação e violência específica nas prisões
e em todos os locais que as privam de liberdade, como comunidades terapêuticas.
A tortura e
maus-tratos físicos e psicológicos são preocupações que afetam a integridade
das pessoas privadas de liberdade em diferentes serviços públicos, pois não
promovem a reinserção social e a participação social, além de gerar mais
traumas às pessoas que são submetidas a essas violações.
Outros casos
que identificamos são as sentenças desproporcionais em relação aos crimes
cometidos, o que viola o princípio da justiça, além das pessoas mantidas em
prisão preventiva por longos períodos sem julgamento, o que fere o direito à
presunção da inocência. A segregação solitária prolongada pode ser prejudicial
à saúde mental e é amplamente considerada uma violação dos direitos humanos.
Por estes
motivos e por denúncias recebidas em meu gabinete, eu resolvi protocolar o
Projeto de lei nº 1.473, de 2023, que institui no estado de São Paulo o serviço
disque-denúncia das comunidades terapêuticas e prevê que o número de denúncias
seja afixado nas Unidades Básicas de Saúde, comunidades terapêuticas e demais
serviços que atendem pessoas que usam drogas.
Eu gostaria de
relatar, Sr. Presidente, que, ainda na manhã de hoje, recebi um telefonema de
meu amigo Mano Brown pedindo atenção da parte do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e de seus ministros, para que o respeito aos direitos humanos aconteça
também na Penitenciária Federal de Brasília, onde estariam havendo problemas
sérios.
Aqui faço a
sugestão. Inclusive, farei agora daqui a instantes, na audiência sobre o
episódio havido há 31 anos no Carandiru, com os responsáveis por estarem sempre
examinando os abusos que ocorrem no sistema penitenciário, porque existe um
mecanismo nacional de prevenção e combate à tortura, e nós vamos aqui saber dos
responsáveis pelo Centro de Detenção Provisória, penitenciária feminina e a
Unidade Federal Penitenciária de Brasília.
Muito obrigado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente,
Carlos Giannazi, eu gostaria de, havendo acordo de lideranças, pedir o
levantamento da sessão.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo
acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora
regimental, sem Ordem do Dia. Está encerrada a sessão.
* * *
- Levanta-se a
sessão às 14 horas e 48 minutos.
* * *