10 DE JUNHO DE 2024
36ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DE COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO A ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS NETO
Presidência: ANDRÉ DO PRADO e TOMÉ ABDUCH
RESUMO
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão às 20h19min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Informa que convocara a presente sessão solene para "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto De Oliveira Campos Neto", por solicitação do deputado Tomé Abduch. Tece considerações sobre o trabalho do homenageado no Bacen.
4 - TOMÉ ABDUCH
Assume a Presidência. Lê e comenta texto de Roberto De Oliveira Campos, avô do homenageado.
5 - GUTO ZACARIAS
Deputado estadual, faz pronunciamento.
6 - GILBERTO NASCIMENTO
Deputado federal, faz pronunciamento.
7 - LEONARDO SIQUEIRA
Deputado estadual, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Deputado estadual, faz pronunciamento.
9 - CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE
Secretário estadual de Gestão e Governo Digital, faz pronunciamento.
10 - RICARDO NUNES
Prefeito de São Paulo, faz pronunciamento.
11 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a exibição de vídeo sobre o homenageado.
12 - TARCÍSIO DE FREITAS
Governador do estado de São Paulo, faz pronunciamento.
13 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto De Oliveira Campos Neto.
14 - ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS NETO
Presidente do Bacen - Banco Central do Brasil, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE TOMÉ ABDUCH
Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h51min.
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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.
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O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores,
boa noite, uma vez mais. Eu sou Adalberto Pioto e
quero agradecer a presença de todos. Todos são muito bem-vindos a esta Casa de
Leis, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Esta sessão solene tem a finalidade de
outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à
Roberto de Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. Quero
comunicar também a todos que esta sessão solene está sendo transmitida, como já
informei anteriormente, ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.
Eu quero convidar também, para que
componham a Mesa Diretora, o Exmo. Sr. Governador, não sei se já chegou, mas
está vindo, está a caminho, o governador Tarcísio de Freitas; Roberto de
Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil e homenageado da
noite. Por favor, uma salva de palmas. (Palmas.) À autonomia do Banco Central,
com um líder à frente que foi aplaudido agora, parabéns, presidente.
Deputado estadual
André do Prado, presidente da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.) Deputado estadual Tomé Abduch,
proponente desta homenagem. (Palmas.) Dr. Fernando Antonio Torres Garcia,
presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. (Palmas.) Ricardo
Nunes, prefeito da cidade de São Paulo. (Palmas.)
Como extensão da Mesa Diretora, quero
convidar também o deputado Gilberto Nascimento Jr. e o deputado Cezinha de
Madureira, por gentileza. (Palmas.) O presidente do Tribunal de Contas da
União, Bruno Dantas. (Palmas.) Renato Martins Costa, presidente do Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo. (Palmas.) Secretário de Estado, Gestão e Governo
Digital, Caio Mario Paes de Andrade. (Palmas.) Os ex-governadores do estado de
São Paulo, Rodrigo Garcia e João Doria. (Palmas.)
Preciso citar aqui também - muito
obrigado senhores -, a presença de Gilberto Nascimento, deputado federal;
Cezinha de Madureira, que eu já fiz a menção e compõem a Mesa conosco também;
os deputados estaduais Carlão Pignatari; Mauro Bragato; Jorge Wilson Xerife do
Consumidor; Leo Siqueira; Oseias de Madureira; Guto Zacarias.
Os secretários de Estado: o secretário
Gilberto Kassab - que está aí porque eu já, inclusive, o vi -, de Governo e
Relações Institucionais; Fábio Prieto, Justiça e Cidadania; Eleuses Paiva, da
Saúde; Guilherme Afif Domingos, Projetos Estratégicos; Dr. Caio Mario Paes de
Andrade, que eu já menção também e Arthur Lima, chefe da Casa Civil.
Os ex-ministros: Flavio Arruda, Joaquim
Álvaro Pereira Leite, Walton Alencar Rodrigues, Luiz Henrique Mandetta; Edinho
Araújo, prefeito de São José do Rio Preto; Gustavo Henrique Costa, prefeito de
Guarulhos; Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Estado de São
Paulo e vice-presidente do Hospital Albert Einstein; os familiares do
homenageado; a esposa Adriana Buccolo; Maria Eduarda
e Enzo Buccolo, os filhos e Márcia Buccolo, a sogra do nosso homenageado de hoje, em nome de
quem cumprimentamos todos os familiares e amigos do homenageado aqui presentes.
Familiares do deputado Tomé Abduch;
Caroline Moreira Abduch, a esposa; Gerson e Magda Pedro, sogros; Camila e
Nicola Abduch, os irmãos. Felipe Tamega Fernandes,
economista-chefe da Absolut Investimentos; Susanna do
Val, presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo; Alexis Fonteyne, sempre deputado. Alexis, boa noite.
Deixe-me seguir aqui. Também: Isaac
Sidney Menezes Ferreira, presidente da Febraban-Federação Brasileira dos
Bancos; Manuel Henríquez García, o professor Maneco
também, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil; Claudio Lottenberg,
presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita
Brasileira Albert Einstein.
Do Banco Central do Brasil: Carolina de
Assis Barros, diretora; Renato Dias de Brito Gomes, diretor; Cristiane Alkmin
Junqueira Schmidt, consultora-sênior; Cristiano de Oliveira Lopes Cozer,
procurador-geral, em nome de quem cumprimentamos todos os colaboradores do
Banco Central do Brasil.
Presidentes de bancos: Mário Leão, do
Santander; Roberto Sallouti, do BTG Pactual; Marcelo
Noronha, do Bradesco; Silvio Aparecida de Carvalho, do Safra, em nome de quem
cumprimentamos todos os sócios, “chairmen” e “chairwomen”,
CEOs e demais autoridades de bancos.
Delegada Margarete Barreto, delegada
titular da Polícia Civil da Assembleia Legislativa de São Paulo; Gilberto
Nascimento, deputado federal, como já citei, Cezinha Madureira.
São tantas as fichas aqui, quero
agradecer, portanto, a presença de todos neste momento. Temos mais fichas
ainda? Não há problema, a gente faz ao vivo aqui. Há também o presidente da RedeTV!,
o Dr. Amilcare Dallevo.
Muito obrigado pela presença de todos.
Bom, como me orientou aqui, o
presidente da Assembleia Legislativa, quero convidar a todos agora, uma vez que
já anunciei a presença das autoridades, para, em posição de respeito, ouvirmos
o Hino Nacional Brasileiro, executado pela camerata do Corpo Musical da Polícia
Militar do estado de São Paulo, sob a regência do maestro 1º Sargento Ivan
Beck.
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- É executado o Hino Nacional
Brasileiro.
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* *
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos à
Camerata do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a
regência brilhante do maestro 1º sargento Ivan Bergue,
e aos músicos. Muito obrigado pela apresentação lindíssima. Este hino é sempre
lindo. Quanto mais a gente ouve, mais lindo ele fica. Muito obrigado, senhores,
muito obrigado pela gentileza. Às senhoras também, muito obrigado.
Eu preciso chamar também o deputado
Carlão Pignatari para compor a Mesa aqui, a extensão da Mesa. Deputado, por
gentileza. (Palmas.) Muito obrigado, deputado. Eu quero convidar o presidente
da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado André do Prado, para
que proceda à abertura solene desta sessão.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Boa noite a
todos. Boa noite! (Manifestação nas galerias.) Dia de festa, não é, Roberto? É
uma honra muito grande fazer a abertura desta sessão solene.
Farei a abertura e, logo em seguida,
passarei a Presidência desta sessão solene ao meu amigo, companheiro, deputado
Tomé Abduch, que é o proponente desta sessão solene, que foi aprovada por
todos, as Sras. e os Srs. Deputados desta Casa. Vamos dar início aos nossos
trabalhos, nos termos regimentais.
Senhoras, senhores, esta sessão solene
foi convocada por mim, presidente desta Casa de Leis, atendendo à solicitação
do deputado estadual Tomé Abduch, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra
do Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto de Oliveira Campos Neto,
presidente do Banco Central.
Gostaria de agradecer a todas as
senhoras e os senhores presentes, começando pelo nosso presidente do Tribunal
de Justiça, Dr. Fernando Torres. Cumprimentar também, ao lado do Dr. Fernando
Torres, nosso prefeito da Capital, Ricardo Nunes, e, na pessoa do prefeito
Ricardo Nunes, cumprimentar a todos os demais prefeitos aqui presentes.
Em nome do nosso secretário Caio,
cumprimentar a todos os nossos secretários de Estado aqui presentes. Eu estou
vendo aqui os nossos secretários Guilherme Afif, Arthur Lima, Gilberto Kassab,
Fábio Pietro, o nosso secretário Caio também presente.
Cumprimentar os nossos ex-governadores
do nosso estado, governador João Doria, governador Rodrigo Garcia, cumprimentar
os deputados federais aqui presentes conosco também, deputado Cezinha de
Madureira, deputado Gilberto Nascimento.
Cumprimentar o nosso ministro do TCU,
Bruno Dantas, cumprimentar os nossos deputados estaduais aqui presentes. Está
aqui o nosso ex-presidente da Casa compondo a Mesa também, deputado Carlão
Pignatari, deputado Oseias de Madureira, deputado Guto Zacarias, deputado Jorge
Wilson, que é o líder do Governo nesta Casa, deputado Leo Siqueira também
conosco e o nosso decano da Casa, com 11 mandatos, o deputado Mauro Bragato. Em nome desses deputados nós queremos
agradecer a presença de todas as autoridades já citadas e nominadas pelo nosso
Cerimonial.
De maneira
especial, cumprimentar o nosso convidado hoje para receber esta homenagem de
Colar de Honra ao Mérito, que é a maior honraria desta Casa que representa 45
milhões de habitantes do estado de São Paulo, faz a honra hoje de homenagear
essa ilustre figura que fez e faz tanto pelo nosso País. Gostaria até de ler,
para eu expressar um pouco o meu sentimento, a minha gratidão e tecer as minhas
palavras com relação ao nosso presidente do Banco Central.
É com grande
honra e imenso prazer que nos reunimos hoje para prestar uma merecida homenagem
a um dos mais destacados economistas e servidores públicos do nosso País, o
atual presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto.
A concessão do
Colar de Honra ao Mérito é uma justa celebração das suas notáveis contribuições
ao fortalecimento e à estabilidade da economia brasileira. Parabéns ao deputado
estadual Tomé Abduch, que propôs esta justa homenagem.
Roberto Campos
Neto traz consigo um legado de competência e inovação. Desde
que assumiu a presidência do Banco Central, em 2019, tem enfrentado grandes
desafios econômicos e incertezas globais, mas tem sido um pilar de estabilidade
e confiança. Sua atuação firme e criteriosa na condução da política monetária,
na regulação do sistema financeiro e na promoção da inclusão financeira tem
gerado resultados expressivos.
Um dos marcos
da sua gestão tem sido a ênfase na modernização do sistema financeiro
brasileiro. A implementação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos, é um
exemplo concreto de como a inovação pode ser aliada à eficiência e à inclusão
financeira.
Sob sua
liderança, o Banco Central tem mantido um firme compromisso com a estabilidade
econômica e o controle da inflação. A política monetária prudente e as reformas
estruturais promovidas durante a sua gestão têm sido fundamentais para garantir
um ambiente econômico saudável, que favorece o crescimento sustentável e a
geração de empregos.
A presença de
expressivas personalidades políticas, do setor financeiro e da sociedade
paulista e brasileira demonstra seu prestígio e o apoio ao seu trabalho na
condução da Economia do nosso país. Por tudo isso, é com grande satisfação que
reconhecemos e celebramos as contribuições inestimáveis do homenageado desta
noite.
Em nome da
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, parabenizo Roberto Campos Neto
por esta honraria mais do que merecida. Que o seu trabalho continue a inspirar
e a construir um Brasil mais próspero e justo para todos.
Muito obrigado.
Parabéns,
Roberto Campos. (Palmas.) Neste momento, então, passo a Presidência desta
sessão solene ao autor da propositura, meu amigo, deputado Tomé Abduch.
(Palmas.)
*
* *
- Assume a Presidência
o Sr. Tomé Abduch.
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* *
O SR. PRESIDENTE - TOMÉ ABDUCH – REPUBLICANOS -
Boa noite a todos. É uma satisfação
muito grande estar aqui esta noite podendo homenagear um homem tão importante
para a nossa nação.
Eu gostaria de
cumprimentar o excelentíssimo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que
está chegando daqui a pouco; a quem estendo os cumprimentos aos Srs.
Secretários estaduais, destacando aqui a presença do excelentíssimo presente
secretário de Gestão e Governo Digital, Caio Paz de Andrade, além dos demais
membros do Poder Executivo.
Cumprimento o
excelentíssimo Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
André do Prado, a quem estendo os meus cumprimentos aos meus colegas deputados
estaduais. Cumprimento os demais membros do Poder Judiciário, em nome do nosso
presidente.
É um grande
prazer, presidente, e uma satisfação ter o senhor aqui conosco. Cumprimento o
excelentíssimo Sr. Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, a quem estendo os meus
cumprimentos aos secretários municipais e demais membros do Poder Executivo.
Por fim,
cumprimento o homenageado da noite, o excelentíssimo Sr. Presidente do Banco
Central, doutor Roberto Campos. Encho-me de emoção de dirigir algumas palavras
ao excelentíssimo Sr. Roberto Campos Neto.
Farei algumas
colocações que, para aqueles que me conhecem pouco, podem parecer até profundas
demais, muito bem lapidadas em termos conceituais, mas até o final deste
pronunciamento eu explicarei porque preferi iniciar desta forma tão
qualificada.
Sempre achei
que um dos mais graves problemas dos subdesenvolvidos é a sua incompetência na
descoberta dos verdadeiros inimigos. Assim, por exemplo, os responsáveis pela
nossa pobreza não são o liberalismo nem o capitalismo, em que somos noviços
destreinados, e sim a inflação, a falta de Educação básica e um
assistencialismo governamental incompetente que faz com que os assistentes
passem melhor que os assistidos.
Os inimigos do
desenvolvimento não são os integristas, que, aliás, só poderiam entregar miséria
e subdesenvolvimento, e sim os monopolistas, que cultivam ineficiências e
criaram uma nova classe de privilegiados: os burgueses do Estado.
Os promotores
da inflação não são a ganância dos empresários ou a predação das
multinacionais, e sim este velho safado que conosco convive desde o albor da
República: o déficit do setor público.
Infelizmente, o
Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades. A burrice no
Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor. Definitivamente, Deus não
era comunista, pois não fez os homens iguais. O bem que o Estado pode fazer é
limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos
pode tirar.
Agora, tenho
que revelar que não sou o autor desses pensamentos tão atuais e tão
pertinentes. Eles são de autoria de um dos maiores homens públicos, um dos
maiores estadistas, um dos maiores pensadores que o Brasil já teve o privilégio
de possuir: o inesquecível Roberto Campos. (Palmas.)
Menciono a
figura grandiosa de Roberto Campos, cujo neto, Roberto Campos Neto, hoje
preside o Banco Central, não para destacar o parentesco que os une. O ponto
comum entre eles é que Roberto Campos foi duramente atacado em sua época por
defender as ideias certas em momentos incertos; por se manter fiel a princípios
no mundo polarizado da Guerra Fria, literalmente dividido de forma extrema com
o muro de Berlim, que dividia o capitalismo do comunismo.
Assim, invoco a
memória de Roberto Campos pela semelhança da coerência intelectual que marca a
atitude de Roberto Campos Neto. Hoje, por muitas vezes, vemos que o presidente
do Banco Central autônomo é criticado justamente pelos erros que não comete,
assim como fizeram com seu avô.
Mais notável na
trajetória de Roberto Campos Neto é que ele se tornou um grande banqueiro central,
eleito, por algumas vezes, como o melhor presidente de banco central do mundo,
mostrando que mesmo sobre a sombra colossal (Palmas.) de uma figura maior que o
tempo, como a de Roberto Campos.
Ele conseguiu, pelo seu esforço, pela
dedicação, pela sua competência, criar o seu próprio espaço e se afirmar pelo
seu próprio esforço, talento, brilhantismo, o que é notável. Mas, ao mesmo
tempo, não podemos deixar de constatar que há algumas coisas entre os dois
Robertos que se assemelham.
Primeiro, uma enorme dedicação ao
Brasil. Segundo, a coragem de se manterem fortes
diante das ideologias, perseguindo sempre a razão e nome de um bem comum.
Roberto Campos, o avô, tão questionado, tão atacado, deixou sua marca de
brasileiro, que lutou por um Brasil mais soberano, mais justo socialmente e
mais forte na sua economia.
Um país só pode avançar quando constrói
instituições fortes, como foi o caso da nossa máxima autoridade monetária, o
Banco Central. Não podemos esquecer jamais, devemos isso a Roberto Campos.
Atualmente, temos o primeiro presidente
de um banco central independente. O que identifica outro grande salto
civilizatório sobre a condução por Roberto Campos Neto, com serenidade e
sabedoria. Só existem bancos centrais autônomos nas economias mais prósperas
nas sociedades mais avançadas, ou seja, esse foi um passo a mais na direção do
progresso do Brasil.
Vemos que tudo isso começou na saga de
outro Roberto, que, como o atual, tem a tenacidade de nunca desistir do Brasil.
Destaco ainda que Roberto Campos Neto é um dos maiores exemplos de meritocracia
que esse País já viu. E é por isso que eu tomei a iniciativa de conferir a mais
prestigiosa homenagem da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ao
doutor Roberto Campos Neto.
Na condução do Banco Central do Brasil,
ele vem demonstrando que o rigor técnico e a autonomia devem sempre nortear o
caminho a ser seguido, longe de qualquer ideologia. Em 1989, com a queda do
Muro de Berlim, o falso dilema entre comunismo e capitalismo desmoronou e as
ideias de Roberto Campos foram adotadas até na China.
Isso confirma que nós podemos ter um
capitalismo mais inclusivo, um capitalismo aperfeiçoado, nós não temos outro
modo de riqueza alternativa, como alguns passaram o século XX inteiro
procurando, desperdiçando décadas com aquilo que o Roberto Campos apontava como
o único caminho possível.
A grande lição de Roberto Campos e o
grande mérito de Roberto Campos Neto são de nos ensinarem que os princípios
devem nos guiar e não as ideologias quando se trata do sensível setor da
economia. O resultado de dois mais dois não é de esquerda. Dois mais dois não é
de centro. Dois mais dois não é de direita. Dois mais dois é igual a quatro.
E qualquer autoridade monetária que,
por qualquer motivo, se desvie do resultado aritmético da soma de dois mais
dois, para mais ou para menos, para atender essa ou aquela corrente ideológica,
poderá estar prestando um favor político passageiro, poderá estar fazendo uma
concessão temporária e populista. Mas, estruturalmente, em longo prazo, estará
destruindo as bases do interesse nacional, da justiça social, da estabilidade
econômica e do futuro do Brasil.
E é por isso que o outro Roberto, há 50
anos, tinha a clareza de denunciar, e é essa a coragem que hoje, tantas vezes
desafiada, como ocorreu com seu avô, que Roberto Campos Neto continua a exercer
com extrema firmeza. Eu confesso que, ao prestar essa homenagem ao Roberto
Campos Neto, sinto um enorme otimismo e certa preocupação.
A preocupação é de constatar que o
Brasil de hoje continua dando destaque a polêmicas atrasadas de meios séculos
atrás. Polêmicas já superadas e que são resgatadas apenas para tumultuar o que
não deveria ser mais objeto de discussão.
Meu otimismo é perceber que, assim como
Roberto Campos Neto, temos estadistas que não se deixam intimidar pelos
clamores populistas, buscando os melhores caminhos diante de uma economia
global repleta de desafios, fazendo em síntese aquilo que é o mais simples, o
mais lógico, o mais básico, o indispensável e que nos nunca podemos deixar de nenhuma
autoridade monetária possa renunciar ao dever de fazer.
Reitero, em um país polarizado, fazer o
mais simples é o mais difícil e o mais desafiador. Dois mais dois sempre será
igual a quatro.
Qualquer coisa diferente disso terá
como resultado o atraso, a inflação, estagnação da economia, aumento da
pobreza, desigualdade social, fuga de capitais, aumento do desemprego e o fim
do Brasil, como uma ideia de uma nação soberana e que tem tudo para ser o país
que todos nós acreditamos que pode ser.
Agradeço ao nosso presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, por nunca desistir do Brasil. Sua coragem ficará
sempre, e não se preocupe que seus críticos virarão fumaça que o tempo irá
dissipar.
Muito obrigado a todos.
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Polêmicas
ultrapassadas. Mas é incrível como esse País dá mostras com muita frequência
também, Tomé, de que esse País decidiu dar certo e não vai abrir mão disso. A
manutenção, a premiação, a cerimônia de hoje, hoje, a Roberto Campos Neto, um
homem público dedicado ao que eu chamaria de função social, viu, presidente?
Porque competência o Roberto tem, rigor
técnico, capacidade teórica, prática, isso tudo já o levaria ao Banco Central.
Mas agora eu vou dar um depoimento como jornalista: permanecer no Banco Central
até este momento, estar sendo homenageado aqui, e que será lembrado porque foi
o esteio justamente do que temos de política monetária, da estabilidade
duramente conquistada após a redemocratização deste País, isso é compromisso
com função social, presidente. Parabéns antes de tudo. (Palmas.)
Preciso citar aqui também a presença do
deputado Eduardo Suplicy, deputado estadual; o advogado-geral da União Bruno
Bianco; a ex-ministra Flávia Lima; e também os ex-ministros, acho que já citei
o Dr. Mandetta também, Luiz Henrique Mandetta, e Fábio Faria, que também está presente.
Todos esses estão presentes.
Bom, vamos seguir aqui, porque nós
temos também, eu quero convidar o deputado estadual Guto Zacarias para fazer
também o uso da palavra e ter um discurso agora. Deputado, por gentileza. Por
favor. Sim, por favor, deputado. O senhor conhece a Casa melhor do que eu.
O
SR. GUTO ZACARIAS - UNIÃO - Boa noite a todos
os presentes. Deputado Tomé, parabenizar o senhor por propor essa grande
celebração. Na pessoa do governador Rodrigo Garcia e do governador João Doria,
saudar todas as autoridades presentes, seja ela do âmbito político, do âmbito
do Estado, seja também da sociedade civil.
Como citado, sou deputado estadual aqui
nessa casa, sou o segundo vice-líder do governo aqui na Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo, que muito me honra. E os deputados presentes sabem que
eu sou um dos deputados mais combativos desta Assembleia. Quando subo à
tribuna, geralmente subo para combater, para defender as minhas ideias de uma
maneira muito enérgica. Mas hoje eu vou fazer diferente.
Hoje eu subo aqui para saudar. Tem
muita instituição que não funciona no nosso país. Eu não preciso aqui citar
todas elas. Mas, das instituições que funcionam, uma talvez seja a que mais
funciona, que é o nosso Banco Central.
Gosto muito de um livro da Arend Lijphart, que ela fala
sobre modelos de democracia presentes no mundo. E ela vai analisar ali 36
modelos de democracia e quantificar de uma maneira técnica, de uma maneira
baseada na ciência, nas estatísticas, nos valores, quais democracias são
melhores e o que fizeram essas democracias serem tão boas.
E ali, um livro que é tecnicamente
sobre ciência política, ela destaca a autonomia e a qualidade de um banco
central. Por que a ciência política vai beber na ciência econômica, na ciência
monetária, para falar de melhorias da democracia?
Porque é muito difícil, e os presentes
aqui devem saber, é muito difícil que haja uma democracia consolidada, que haja
uma democracia existente de uma maneira com qualidade, se você não se importa
com os mais pobres, se você não se importa com a fome, se você não se importa
com a política monetária e eficiência, sobretudo sobre a inflação.
E, no nosso Brasil, nós temos não só um
bom Banco Central, não só um banco central com autonomia, mas um banco central
que tem na sua presidência um sujeito como Roberto Campos Neto, que conseguiu a
proeza de, no meio de uma pandemia, ser eleito o melhor presidente de banco
central que nós temos no mundo. Tenho certeza, Roberto Campos Neto, de que Arend Lijphart estaria muito orgulhosa
do seu trabalho à frente do Banco Central.
Não vou me estender, mas gostaria de
parabenizar, Roberto Campos Neto, a sua posição no Banco Central, em nome não
só de mim, mas de todo o Movimento Brasil Livre, de que eu também sou
coordenador, saudar a sua presença aqui hoje.
Muito obrigado a todos.
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - O deputado federal,
Gilberto Nascimento, também quero convidá-lo para que venha aqui ao púlpito.
Por gentileza, deputado. Está aqui? Por favor.
O
SR. GILBERTO NASCIMENTO - Boa noite a todos,
boa noite a todas. Responsabilidade grande poder falar. Eu que já, graças a
Deus, estou completando 40 anos de vida pública, já com dez eleições, mas falar
diante de um público desse, felizmente, eu agradeço por ter esse ambiente fechado,
porque se fosse aberto vocês estariam vendo as minhas pernas trêmulas,
principalmente a falar em uma reunião como esta.
Cumprimentar aqui o meu amigo,
governador Tarcísio, que parece que está a caminho, não é? Quero cumprimentar
aqui o meu amigo, prefeito Ricardo Nunes, cumprimentar também aqui meu amigo
Tomé Abduch, cumprimentando-o, quero cumprimentar a todos os deputados
estaduais nesta Casa. E cumprimentar também o meu amigo, ex-governador Rodrigo,
governador João Dória também, cumprimentando-os, quero cumprimentar todas as
demais autoridades nesta Casa.
Falar nesta noite sobre um homem como o
nosso Roberto Campos é uma coisa muito fácil. Quem é o Roberto Campos? Roberto
Campos é o máximo. Roberto Campos, que agora vê os seus filhos aqui, e como é
gostoso ver, Roberto, a família, ver os seus filhos vibrando nesta hora. A
alegria de ver um pai que todos podem dizer que realmente ele é o máximo.
E é o máximo por quê? Porque é o homem
que conseguiu controlar a inflação neste País. Porque se não fosse o pai de
vocês, nós hoje teríamos um governo totalmente descontrolado. Porque exatamente
o pai de vocês acabou sendo duro nesta hora e dizendo: “não, nós não vamos
deixar com que a inflação venha novamente. Nós não vamos deixar que o Brasil
volte a ser aquilo que era”.
Então, graças a Deus e ao pai de vocês,
nós temos um Brasil equilibrado. Um país com a inflação muito baixa, um país
que cada vez que conversa com o pai de vocês, ele sempre diz o seguinte, nós
precisamos manter a moeda forte neste País.
Então, parabenizo a vocês. E um dia, eu
tenho certeza, que talvez eu que já estou com quase 70 anos de idade, mas um
dia vocês, daqui uns 20, 30 anos, vocês vão dizer: “o meu pai um dia segurou a
inflação nesse país e por isso que esse país é muito melhor”.
Portanto, meu amigo Roberto, eu quero aqui
deixar o meu abraço muito especial em nome da Câmara Federal, Roberto. Você que
é uma pessoa que até os mais críticos o admiram. Muitas vezes, na Comissão de
Finanças e Tributação, da qual faço parte, juntamente com meu amigo Cezinha de
Madureira, que aqui falo também em nome dele, falo em nome da Câmara Federal.
As pessoas, quando existem as críticas
em relação à economia do país... E todos, mesmo que não tenham muita simpatia
pela sua forma de ser, inclusive algumas presidentes de partido neste país, mas
todos o respeitam.
Então, Roberto, seja feliz. Receber uma
comenda como esta, neste momento, é o mínimo que São Paulo pode fazer por você.
São Paulo é um estado que sabe reconhecer aquilo que é feito por alguém como
você e que dá estabilidade à moeda.
Deus o ilumine.
Deus o abençoe.
Que Deus lhe dê muitos e muitos anos de
vida. Quisera eu que você tivesse sido eleito por pelo menos 20 anos para ser
presidente do Banco Central. Quem sabe este país seria muito melhor.
Muito obrigado e uma boa noite a todos
vocês. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Vinte anos, deputado?
Puxa vida. Precisa ver se a esposa concorda também com isso.
Vamos lá. Olha, como sou um pouquinho
só mais jovem que o deputado, esses dias tive que contar para os meus filhos,
que já são adultos, adolescentes e adultos, um pouco mais velhos do que vocês,
o que era DOC, presidente. Não, não precisamos mais de DOC. Precisei explicar o
que era hiperinflação.
Aliás, até um termo que ela tinha visto
em um livro de escola: “carestia”. Meu Deus, isso nem do meu tempo é.
Mas, enfim, tudo isso foi superado e,
neste momento, a condição do Roberto Campos Neto é justamente para que a gente
jamais volte a falar de hiperinflação neste país. Que fique nos livros de
história.
Bom, vamos seguir aqui: preciso
agradecer também ao Felipe Salto, ex-secretário de estado da Fazenda, pela
presença, e chamar o deputado estadual Leo Siqueira também para um discurso.
Por favor, deputado. (Palmas.)
O
SR. LEONARDO SIQUEIRA - NOVO - Boa noite,
primeiramente, a todos os presentes. Somos nós, paulistas e brasileiros, quem
gera riqueza, quem paga impostos, quem sustenta a sociedade. Boa noite a todas
as autoridades presentes.
Eu sou deputado aqui da Casa,
recém-eleito, mas também sou economista. Fiz economia, fiz mestrado em
economia, estou terminando meu doutorado em economia. Fui orientado, por um
tempo, por um dos diretores do Banco Central, Diogo Guillen;
tive aula também com João Pinho de Mello, do Insper. Então, vou ser muito
breve, vou falar um pouco mais como economista e menos como deputado.
Talvez as pessoas aqui não tenham noção
do quão importante é a independência do Banco Central e o quanto isso pode
ajudar e fortalecer principalmente os mais pobres deste País. Um governo sempre
vai ter a tendência de influenciar nas instituições para que ele seja reeleito
e permaneça mais no poder. Com o Banco Central não é diferente.
Para que serve a taxa de juros em uma
economia? Quando a inflação está alta, o Banco Central aumenta a taxa de juros.
Quando a inflação está baixa, o Banco Central reduz a taxa de juros.
Um governo, próximo da sua eleição, vai
tender a colocar a taxa de juros cada vez mais baixa para poder movimentar a
economia, mas isso vai prejudicar a inflação da economia de um país.
A partir do momento em que o Banco
Central se torna independente, você blinda essa instituição dos políticos que
estão no poder. Então, isso não só aumenta a credibilidade, como torna muito
mais fácil o trabalho de qualquer diretor ou presidente do Banco Central.
E a quem isso favorece? Não é aos
banqueiros, não é ao mercado financeiro. Isso vai favorecer justamente os mais
pobres, porque a inflação pesa muito mais no bolso dos mais pobres.
Então, a partir do momento em que a
gente implementa um Banco Central independente, o que a gente está fazendo é
ajudando os brasileiros e, principalmente, os mais pobres.
Parabéns, deputado Tomé Abduch, por
essa medalha e parabéns ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Obrigado, pessoal. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecer a presença
também da ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, e chamar
o deputado Eduardo Suplicy, que está conosco aqui também.
Por favor, deputado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Prezado presidente
André do Prado, Tomé Abduch, que tomou essa iniciativa, prezados prefeitos e
governadores, eu conheci mais pessoalmente o seu avô, Roberto Oliveira Campos,
ao tempo que era senador.
Certo dia, fui visitá-lo para trocar
ideias sobre uma proposição que consegui que se tornasse lei. Falta ainda ser
aplicada. Para que se torne aplicada, a Renda Básica de Cidadania Universal,
aprovada por todos os partidos e sancionada há 20 anos, em 8 de janeiro de
2004, mas com uma particularidade que vem sendo confirmada: que será instituída
por etapas, a critério do Poder Executivo, começando pelos mais necessitados,
como faz o programa “Bolsa Família”, até que um dia se caminhe no sentido de
ela se tornar universal e incondicional.
Vim aqui hoje porque me sinto no dever
de transmitir ao presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto,
que também precisa conhecer bem. Então, eu lhe trouxe o meu livro, “Renda de
Cidadania - A Saída É Pela Porta”. Quero dizer que quando, em algumas ocasiões,
tenho visto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter um diálogo respeitoso e
construtivo com a sua pessoa, eu me sinto bem e feliz.
E quero lhe
dizer que recentemente encaminhei ao presidente Lula uma sugestão composta por
mais de 100 nomes dos melhores especialistas no assunto, para que seja
constituído um grupo de trabalho para estudar os passos previstos não apenas na
Lei nº 10.835, de 2004, mas também na Lei nº 14.601, promulgada em junho do ano
passado, que extingue o Auxílio Brasil, reinstitui o Bolsa Família, afirmando
que se trata de um caminho na direção da implementação e universalização da
renda básica incondicional.
Então, eu aqui
vou lhe enviar esse livro pessoalmente, se for permitido.
E meus
cumprimentos a todas as pessoas. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, eu
quero chamar aqui o secretário de estado de Gestão e Tecnologia, convidar o
Caio Mário Paes de Andrade para fazer uso da palavra também. Secretário, por
favor.
O
SR. CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE - Bom, depois de
boa noite, depois de tantos profissionais de discursos... Eu não sou um
profissional de discurso. Então, vou ler o meu discurso. E dizer que é um
grande prazer estar aqui, Alberto, com você. Um prazer imenso. Presidente, um
prazer imenso.
Vejo aqui vários amigos que lutaram
pelo Pix, lutaram para que as coisas acontecessem; o Pinho, que está ali em
cima. Pinho, obrigado. Aqui está o Marcos Troyjo, o
Bruno Funchal está aqui, a Dani Marques está aqui. Tem uma turma muito bacana
aqui.
O Bruno Serra está ali. Quieto, o
Bruno. Então, tem uma turma muito boa aqui, que foi uma turma que trabalhou
junto, e todo mundo fez de tudo para trazer um país melhor para a sociedade.
Bom, vou ler, senão eu começo a fazer discurso e me atrapalho.
“Em primeiro lugar, eu gostaria de
cumprimentar o presidente da Casa, o nosso incansável, competente e sempre
elegante André do Prado. Através dele, cumprimento aqui a todos os deputados
presentes.
Estendo meus cumprimentos ao meu
querido chefe, que ainda não chegou, mas deve estar chegando, o governador do
estado, Tarcísio de Freitas, e também ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Tudo bem, prefeito? E saúdo também o presidente do TJ, o desembargador Fernando
Antonio Torres.
Aproveito para cumprimentar também a
todos os secretários e autoridades aqui presentes, bem como a meus amigos,
ex-ministros, empresários e a todos os cidadãos de São Paulo que estão nos
assistindo aqui.
Um agradecimento especial ao deputado
Tomé Abduch. Meu amigo, muito obrigado, Tomé, pelo convite para falar aqui,
poder dizer algumas palavras em homenagem à nossa estrela de hoje à noite, que
é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Roberto, primeiro, eu é que me sinto
homenageado em poder estar aqui para falar para você. Eu me sinto homenageado
em poder, como seu amigo, dizer algumas palavras, como colega no governo
Bolsonaro, como parte da equipe econômica do ministro Paulo Guedes e como seu
fã.
Dizer que a única homenagem que eu
posso trazer para você é o meu agradecimento, é te falar ‘muito obrigado,
Roberto’. Realmente, eu lembro de nossas conversas logo no começo do governo,
eu falei que ia fazer a plataforma Gov.Br, você entendeu e apoiou, desde o
primeiro dia.
Não pensou nem meia vez. Você falou que
ia fazer o Pix; eu mergulhei ali nas equipes técnicas e ajudei, como escudeiro,
no mundo misterioso dessa burocracia da TI que existe no governo federal e no
governo estadual também. A burocracia é dura.
O fato é que as duas plataformas hoje
existem e fazem parte do dia a dia de milhões de brasileiros. Nossas equipes
deram vida a um Brasil digital, que simplesmente não existia. Quantas pessoas,
Roberto, podem passar pelo setor público e se orgulhar de um legado desse
tamanho? Sem você, isso não seria possível, meu amigo. Muito obrigado, Roberto,
eu quero aqui... (Palmas.)
Eu lembro ainda que nós queríamos
implementar, conversamos bastante sobre a Wallet de Dados, o mecanismo que vai
permitir que cada brasileiro possa ganhar dinheiro com seus próprios dados. No
começo, só nós dois falávamos nesse assunto. Hoje muita gente fala.
Não deu tempo de implementar, mas tenho
certeza de que esse tema vai fazer cada vez mais parte das discussões técnicas
e políticas do País. O fato é que, graças a seu trabalho à frente do Banco
Central, o Brasil é hoje um país muito mais digital. Obrigado.
Nosso governador Tarcísio, que ainda
não chegou, é um entusiasta do poder transformador do digital e cobra
resultados da equipe todos os dias. Todos os dias, cobra resultados. Sempre
fala: ‘estamos aqui para fazer o estado de São Paulo ser um exemplo de
administração pública para todo o País’.
Graças a Deus, continuamos firmes nesse
propósito e estamos conseguindo dar esse exemplo. E só estamos conseguindo dar
esse exemplo porque contamos com o apoio desta Casa, presidente. Contamos com o
seu apoio desta Casa, que também dá o exemplo. Muito obrigado à Alesp.
Hoje, na equipe econômica do governador
Tarcísio, e remanescentes do Ministério da Economia, estamos eu, o Afif, Samuel
Kinoshita e Jorginho Lima.
Obedecendo ao nosso ideal liberal, e
sob o firme comando de Tarcísio, vamos em frente promovendo a aproximação do
setor público com o setor privado, cuidando das contas do estado com todo o
cuidado, respeitando o equilíbrio fiscal e a liberdade econômica; promovendo
desenvolvimento e gerando empregos; atraindo investimentos; combatendo a
burocracia; fazendo a racionalização da máquina pública e lutando firme para
digitalizar o máximo de serviços possíveis.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Caio, um
minutinho só, o nosso governador Tarcísio chegou. (Palmas.)
O
SR. CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE - Governador,
você chegou na hora em que eu estava falando que você é a maior fera de todos
daqui, viu? Só para saber.
Então, vamos em frente, promovendo
desenvolvimento, atraindo investimento, combatendo a burocracia e lutando firme
para digitalizar o máximo de serviços. Nenhuma novidade, nenhuma mágica, não
estamos fazendo nenhuma mágica, estamos somente fazendo bem feito o que tem que
ser feito. Todo mundo já sabe o que tem que ser feito, não precisa mudar muito,
falou muito bem o deputado.
Roberto, esse é o nosso time, e você,
para nós, é um ídolo, você saiu do setor privado e veio dar a sua contribuição
ao país, você foi eleito diversas vezes o melhor presidente do Banco Central do
mundo, não foi à toa, você é reto, você é prestativo, você luta a boa luta,
você se preocupa com o social, você é humano e mesmo superocupado,
Roberto - não esqueço - mesmo superocupado não
esquece de ligar para dar umas palavrinhas de conforto para um amigo na hora em
que ele precisa.
Muito obrigado, Roberto, muito obrigado
por tudo isso, obrigado por proteger a nossa moeda, obrigado por ser um
defensor das melhores práticas de administração pública, às vezes queria um
concurso, às vezes a gente lutou para ter o concurso, não vai ter o concurso,
um puxa-puxa de um lado para o outro, mas foi muito bacana.
Obrigado por defender que o Estado tem
que parar de onerar o setor produtivo, diminuir essa oneração, obrigado por ser
uma ponte entre o Brasil e o mundo, um cidadão do mundo de verdade, e obrigado,
acima de tudo, pelo Pix, obrigado por você ter feito o Pix, essa não vai sair
da sua biografia nunca.
Finalmente, no campo pessoal, obrigado
por me deixar ganhar de você no tênis, eu sempre ganho, então fica fácil. Fábio
Faria não nos ouça, né? Porque é mais complicado.
Então, obrigado por ser esse pilar de
racionalidade, obrigado por ser esse poço de conhecimento, obrigado por
conversar, por saber ouvir os pontos dos outros e defender os seus pontos com
argumentos sólidos e elegância e muito obrigado, muito obrigado mesmo por ser
capaz de transformar ideias em realidade.
Obrigado. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - O presidente da
Assembleia já fez o anúncio, mas eu tenho que fazê-lo novamente por uma questão
de condição de mestre cerimônias. Governador, bem-vindo uma vez mais, boa noite
ao senhor.
Bom, deixa eu chamar aqui o prefeito
Ricardo Nunes. Prefeito, por favor. Não sei se o senhor vai fazer daí ou daqui, prefeito, o senhor escolhe.
Por favor, prefeito.
O
SR. RICARDO NUNES - Faço daqui para
ganharmos tempo. Boa noite a todos, cumprimentar meu querido amigo, grande
parceiro, governador Tarcísio de Freitas; nosso querido homenageado Roberto
Campos Neto, Presidente do Banco Central, muito em especial Adriana, sua
esposa, seus filhos, a Maria Eduarda e o Enzo, parabéns pelo pai, parabéns pelo
marido; nosso querido presidente da Assembleia, deputado André do Prado; meu
querido amigo de quem eu tenho muito orgulho e estou, assim, entusiasmado com o
trabalho e a sensibilidade do nosso presidente do Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia; nossos sempre
governadores João Doria e Rodrigo Garcia; enfim, temos aqui muitas autoridades
que já foram citadas, permitam-me ser mais econômico aqui nessas citações.
Eu fui vereador durante oito anos e
fiquei lá na Comissão de Finanças da Câmara Municipal de São Paulo, desta
cidade-país de 12 milhões de habitantes, e acabei, Roberto Campos, entendendo
mais ainda, já vinha como empresário entendendo a importância da
responsabilidade fiscal, do verdadeiramente olhar para as pessoas no combate à
inflação, de saber usar bem os recursos públicos, de saber onde cortar, e você
sempre foi para nós um grande exemplo, desde 2018, ou antes já, como
profissional, mas desde 2018 em especial, liderando e presidindo o Banco
Central do Brasil.
Você sabe que, nas nossas conversas de
dia a dia, a gente vai tendo a maior e melhor percepção de como a gente vê as
pessoas, né, Prefeito Guti. Pouco tempo atrás eu conversava com Miled e com Marcos, que estão ali, sobre você.
Sabe que quando junta amigo a gente
acaba fofocando um pouco, né? Aí a gente comentava da sua capacidade, da sua
responsabilidade, meio como um São Jorge, porque o São Jorge é o cara que
enfrenta o dragão, e enfrentar dragão não é uma batalha muito fácil.
Não foi à toa que você, com essa sua
capacidade, com essa sua dedicação, com toda a sua experiência, uma pessoa supercapacitada, que sempre desenvolveu suas atividades à
frente do Banco Central do Brasil, com esse poder de cuidar da nossa moeda,
poder de olhar a transformação digital, não à toa foi o criador do Pix, como
falou aqui o Caio, grandes prêmios recebeu e levou o Banco Central do Brasil a
ser eleito o melhor do mundo pela Revista Central Banking, enfim, melhor
presidente de banco central do mundo, que nos orgulha muito.
Então, eu fico muito feliz de poder
estar aqui, com uma plateia tão seleta, de pessoas que... Hoje está bom para
arrumar empréstimo aqui, viu, Tarcísio? Olha o Trabuco aí, o André Esteves.
A gente poder estar aqui neste momento
em que o meu querido amigo, esse grande deputado, esse cara sensacional, Tomé
Abduch, teve a iniciativa de propor a maior premiação, a maior comenda da Assembleia Legislativa (Palmas.),
acompanhado pelos seus pares que estão aqui de todos os partidos.
Falou aqui um
deputado do Novo, do PT, de vários partidos. Qual é o teu partido, Zacarias?
União Brasil, enfim, vários partidos aqui. É um presidente do Banco Central do
povo.
A minha fala final, para deixar como recado, é que ter um
presidente do Banco Central do Brasil que olha pelo futuro do seu país é olhar
pelos mais pobres, porque é muito fácil ceder e é muito difícil manter a sua
posição firme e ter trabalhado a questão da independência do Banco Central.
Você fica até dezembro, né? É uma pena, mas você vai
deixar, como o teu avô, um legado para o nosso país, um orgulho para sua
esposa, para seus filhos, mas para cada um dos brasileiros que vivem neste país
maravilhoso.
Parabéns. Parabéns, Tomé.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - Muito obrigado, prefeito, obrigado a todos. A gente está
ouvindo depoimentos aqui. Mais que discursos, são depoimentos, né? Bom, nós
temos um vídeo sobre o homenageado.
Nós temos estas duas telas laterais e também a tela
central. Vamos exibir esse vídeo antes de a gente ter a cerimônia justamente da
outorga, o momento da outorga dessa principal comenda aqui da Assembleia
Legislativa.
* * *
- É exibido o vídeo.
* * *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - E aí, Roberto? Essa foi pesada, né? (Palmas.)
O SR. ROBERTO DE
OLIVEIRA CAMPOS NETO - Foi,
na verdade, de uma leveza familiar.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS
- Governador, me
avisaram que o senhor vai falar agora. Então vou convidar o senhor para fazer o
seu discurso agora. Mudaram o cerimonial, mas, por gentileza, governador.
O SR. TARCÍSIO DE
FREITAS - Bom, primeiro o meu muito boa noite. É uma alegria enorme estar
aqui. Queria iniciar cumprimentando o nosso presidente André do Prado. Parabéns
por essa homenagem.
Quero cumprimentar de modo muito especial Roberto Campos Neto, Adriana, Enzo, Maria Eduarda. Viram que a Adriana é ciumenta, né? “Eu sou a fã nº 1.” Eu até ia dizer isso aqui, mas agora é você, não tem problema. (Voz fora do microfone.) Eu posso? Ciumenta... Mas é isso, eu acho que você tem muitos fãs, muitos fãs mesmo. Conhecer a sua família é um presente para nós também. Que família linda! A gente ficou amigo, não tinha como ser diferente.
Meu caro desembargador Fernando Torres
Garcia, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que muito nos
honra. Eu tenho dito sempre, a gente está com os chefes dos três poderes aqui.
São Paulo tem essa característica de ter, de fato, os três poderes
independentes e harmônicos.
Cumprimentar o meu amigo, Cezinha de
Madureira, deputado federal. Esse grande deputado estadual que está do meu
lado, Tomé Abduch, que teve a sacada de fazer essa homenagem de conferir a
principal honraria da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Nada mais
merecido, nada mais justo. Se soma a tantas outras honrarias, ao nosso grande
Roberto Campos Neto. Cumprimentar a Caroline, cumprimentar os seus filhos.
Meus amigos deputados estaduais, o
Mauro Bragato, esse patrimônio da Assembleia Legislativa, tantos mandatos, o
famoso deputado do Velho Testamento, deputado desde a época do Êxodo. Deputado
Jorge Wilson, nosso Xerife do Consumidor, nosso líder. Leo Siqueira, e o Carlão
Pignatari, sempre presidente. Guto Zacarias, esse jovem talento. Oseias de
Madureira, deputado Eduardo Suplicy.
Meu amigo prefeito Ricardo Nunes, que
prazer trabalhar com você. Ministro Bruno Dantas, presidente do nosso Tribunal
de Contas da União. Os ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia. Os
ex-ministros aqui presentes, o nosso grande conselheiro, Renato Martins Costa,
presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Os nossos secretários
de estado, enfim.
Obviamente, eu não vim aqui para fazer
discurso. O que vou fazer é muito mais um depoimento, e tentar narrar um pouco
o que foi conviver com Roberto Campos Neto, no tempo que eu estive no governo
do presidente Bolsonaro, da convivência muito feliz, de quanto eu aprendi. Por
que eu admiro tanto o Roberto Campos? Hoje de manhã alguém me perguntou: “Puxa,
você vai na homenagem ao Roberto Campos?”
Eu disse: “Vou, é meu ET preferido.” É
um extraterrestre. Porque tem alguns extraterrestres que a gente tem o
privilégio de conhecer, algumas pessoas absolutamente fora da curva. E o
Roberto Campos é um desses caras absolutamente fora da curva.
Ele se destaca pela densidade, pela
competência técnica. Quando a gente tinha as reuniões do ministério, e ele
falava, fazia as suas explanações, falava do cenário, eu fazia questão de
anotar tudo o que ele falava, para tentar aprender alguma coisa.
Para tentar reproduzir aonde eu ia.
Porque, observem, a gente fazia tanto “roadshow”, tentando vender os nossos
projetos, e ninguém vende um projeto sem vender antes o Brasil, sem mostrar que
o nosso País vai caminhar na direção certa.
Então a gente sempre tinha uma aula, e
eu procurava prestar atenção. Eu não fazia um “roadshow” sem passar no Banco
Central antes, entender qual era o cenário que estava vindo por aí.
Ele é o homem dos modelos, é o homem
dos números, é um grande econometrista. Ele falava,
mostrava para a gente o que ia acontecer. E o que ele falava acontecia. Pouca
gente sabe como ele se importava com tudo.
Então é a pessoa responsável pela
política monetária, mas estava sempre preocupado com o fiscal, sempre
preocupado em dar bons conselhos. Preocupado, por exemplo, com a questão das
vacinas.
Pouca gente lembra, ou pouca gente
sabe, na verdade, acompanhou ou teve a oportunidade de acompanhar. Eu vi isso
de perto: o Brasil fechou o acordo com a Pfizer porque o Roberto Campos
intermediou. (Palmas.)
É uma pessoa que nos ensinou a
responsabilidade de mexer com a política monetária. Quanta tecnicidade
envolvida, por exemplo, na definição da taxa de juros! Como isso foi
importante!
Como esse binômio, autonomia do Banco
Central e meta de inflação, acabou sendo importante para que a gente pudesse
dar previsibilidade para o mercado, permitir solidez, ancoragem de
expectativas, reduzir o absorver os choques que a gente acaba tendo, diminuindo
a volatilidade!
Foi com ele que a gente aprendeu como a
definição dessa tal taxa de juros é técnica, como envolve esforço, como envolve
análise. É a análise da inflação corrente, é a expectativa de inflação, é o
hiato de produção, é tanta coisa envolvida, é expectativa futura. Quanto
ensinamento!
Quantas pessoas, como você quis ajudar
o governo passado, como você tenta ajudar esse governo, como você vai além do
dever, mostrando o caminho. É uma pessoa extremamente apaixonada pelo que faz.
É uma pessoa que procurou, a vida toda, o tempo todo, deixar legado, construir
o Brasil. Não tem partido, não tem direita para você, não tem esquerda. Tem
Brasil.
Você pensa futuro, você quer fazer a
diferença, você quer ajudar, você quer estender a mão, você é amigo. E sorte de
quem percebe isso, e consegue trazer, ouvir o que você tem para contar, ouvir o
que você tem para dizer, o quanto você tem para ajudar.
Você que tornou vários sonhos
realidade, sonhos do seu avô. Sonho, por exemplo, de ter o Banco Central
independente, de ter o Banco Central autônomo. Como isso é importante para reduzir
volatilidade, para fazer a inflação caminhar dentro da banda certa!
Como isso é importante para dar
previsibilidade para os agentes de mercado! Como isso garante estabilidade na
política monetária! Essa estabilidade acaba independendo das trocas de governo.
Como a autonomia do BC foi importante para nós!
Como o Pix foi importante para nós!
Precisava de alguém talentoso, e que gosta de Tecnologia da Informação, para
trazer essa modernidade, para tirar esse projeto do papel! Quando você para no
sinal, vê alguém pedindo um Pix. Quando você para e alguém vai lavar o carro,
pede Pix. Quando você está no interiorzão, alguém hoje movimenta uma conta com
Pix. A gente teve a maior bancarização da nossa
história.
Quantas pessoas agora movimentam
recursos de forma digital, recebem por Pix! Quantas movimentações estão
surgindo! Como isso foi relevante para a economia! Como isso proporcionou
economia de papel moeda! E por aí vai.
Acima de tudo, um cara bom caráter, um cara do bem, um cara
família. Jogador de tênis, mais ou menos, né, Ricardo Faria! Mas, mesmo
sendo mais ou menos, é melhor do que eu.
Eu estou aqui hoje para dizer o
seguinte: que orgulho de poder dizer não só que eu trabalhei com você, porque
isso eu acho que orgulha qualquer pessoa que teve a oportunidade de trabalhar
com você.
É um privilégio de fato, porque poucas
vezes na minha vida eu vi alguém tão diferenciado, tão brilhante, tão correto,
tão apaixonado pelo o que faz. Mas eu estou aqui para dizer que tenho orgulho
de ser o seu amigo, de poder dizer: “puxa, eu tenho muito orgulho dessa
amizade”.
É uma amizade que para mim enobrece,
enaltece. Eu me sinto realmente um privilegiado, um cara diferente por poder
dizer que esse monstro, esse cara que foi eleito o maior banqueiro central do
mundo, que conduziu o Banco Central a ser o melhor banco central do mundo, que
soube segurar o juros na hora certa - e naquele momento se fez poupança, essa
poupança virou consumo -, que soube ser corajoso na hora certa e elevar a taxa
de juros primeiro do que todo mundo e soube abaixar a taxa de juros primeiro
que todo mundo...
Quando todo mundo estava com problema
de inflação resiliente, a nossa caiu porque nós temos um presidente do Banco
Central absolutamente diferenciado. Que privilégio ter convivido com você, que
privilégio poder dizer... Hoje, essa homenagem é muito justa, Tomé acertou para
caramba. A gente é muito grato por tudo que você fez.
Você está deixando um grande legado.
Você vai poder chegar no final da sua trajetória e dizer uma coisa que a gente
falava no quartel e levamos para a vida toda: “Não vivi em vão, fiz a
diferença.”
Então, obrigado por ter feito a
diferença, obrigado por essa paixão pelo Brasil.
Que Deus te abençoe muito. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado,
governador Tarcísio de Freitas. Roberto, a gente vai querer ouvi-lo, mas antes
a gente precisa lhe conceder o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, que é a
mais alta honraria conferida pela Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
Foi criada em 2025 e é concedida a
pessoas naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares
que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social,
cultural e econômico do nosso estado, como forma de prestar-lhes pública e
solenemente essa justa homenagem.
Esta sessão solene homenageia com a
outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo o Sr. Roberto
de Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. Eu convido a
todos para conceder este Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao presidente
do Banco Central, Roberto Campos Neto. (Palmas.)
*
* *
- É feita a outorga do Colar de Honra
ao Mérito Legislativo do Estado de São
Paulo.
*
* *
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Roberto, agora é o
momento de ouvi-lo. Vai falar lá de cima o presidente do Banco Central, agora
já tendo recebido o colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, a mais alta
honraria da Assembleia Legislativa
do Estado de São
Paulo.
Roberto vai se posicionar novamente lá
na Mesa Diretora, justamente para termos esse momento. Vamos ouvir justamente o
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que recebeu todas as
homenagens devidas. Roberto, a palavra é sua, fique à vontade.
O
SR. ROBERTO CAMPOS NETO - Boa noite a todos,
muito obrigado. Antes de começar qualquer coisa, eu queria agradecer a minha
esposa Adriana, eu te amo. Muito obrigado, porque eu acho que não teria
conseguido atingir nada se não fosse pelo seu apoio. Agradecer a minha filha
Maria Eduarda e o meu filho Enzo. (Palmas.)
Gostaria de agradecer meu querido amigo
governador Tarcísio de Freitas, o deputado André do Prado, muito obrigado.
Muito obrigado, deputado Tomé, pela homenagem. Queria agradecer ao prefeito,
Ricardo Nunes. Queria agradecer ao presidente do Tribunal de Justiça de São
Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia.
Eu nunca fui muito bom em nominata, era
uma coisa que eu sempre tive dificuldade. Então queria aqui contar um pouco...
Eu pensei no que falar hoje, e eu acho que eu tinha que contar um pouco da
história do que foram os últimos cinco anos. Eu pensei que, se eu estivesse
escrevendo um livro, eu teria alguns capítulos mais importantes. Então, hoje, a
história é um pouco falar sobre os capítulos.
Mas, antes disso, eu acho que os
verdadeiros homenageados deveriam ser vocês que estão no dia a dia
empreendendo, gerando emprego, tomando risco. O nosso trabalho do lado de cá
deveria ser fazer a vida de vocês ficar mais fácil, deveria ser dar
previsibilidade. (Palmas.) Deveria ser fazer com que o Estado fosse o mínimo
suficiente, mas o suficiente para ser indutor de desenvolvimento, gerando
previsibilidade e gerando credibilidade.
Eu aprendi muito com cada um de vocês,
e acho que vocês têm, nas suas formas de atuar... Eu vejo muita gente aqui ou
empreendendo ou servindo como auxílio, às vezes nos bastidores do governo.
Estou olhando aqui para um que está
rindo. À todos vocês: eu aprendi muito com vocês e
acho que o verdadeiro homenageado, no final das contas, é quem faz o País
andar, e quem faz o País andar é o mundo privado, não é o governo. Nossa tarefa
é simplesmente fazer com que a vida de vocês fique mais fácil.
Gostaria, então, de iniciar
agradecendo. É uma honra receber o Colar de Honra ao Mérito Legislativo.
Gostaria de aproveitar a oportunidade, fazer essa retrospectiva da história, os
principais desafios enfrentados ao longo dos últimos anos, algumas das
realizações e ganhos para a sociedade. São pouco mais de cinco anos de
caminhada que eu vou ilustrar aqui por meio de oito capítulos que considero
importantes nesse trabalho.
O primeiro capítulo. Eu fui ler o meu
discurso de posse, no dia 13 de março de 2019, porque eu sempre entendi que era
importante a gente ter planejamento, seguir o nosso planejamento e fazer as
entregas. A gente tinha um plano bem desenhado. Eu comecei trabalhando no plano
em 2018 ainda.
A minha esposa sabe, eu acordava e
dormia à noite para poder fazer o plano. É um plano que a gente tinha um
horizonte, a gente tinha uma sequência de entregas. Eu li o discurso, e quando
a gente lê o discurso, já no discurso de posse apareciam embriões do que já
fizemos nos últimos anos.
Naquele momento, eu tinha grandes
expectativas e ideias gerais, porém bastante claras sobre o que eu pretendia
realizar. Em primeiro lugar, obviamente, buscar incansavelmente o cumprimento
da missão primordial do Banco Central. A gente falava muito em concentrar na
melhoria da comunicação e na transparência.
Aos diversos diretores do Banco Central
que me ajudaram nessa tarefa, queria agradecer a todos. A gente precisava
segurar a estabilidade do poder de compra, pensar em como seria um sistema
financeiro mais inovador, mais digital, mais sólido, ao mesmo tempo.
Além disso, o plano de trabalho que eu
elaborei tinha o espírito de ser uma economia livre de mercado. Só em
aprimoramento de mercado de capitais foram 35 medidas, desburocratizar o acesso
aos mercados, securitização, iniciativas como home equity,
as linhas de liquidez para títulos privados, que eu fiz com o meu amigo Bruno,
que está ali nos prestigiando.
Nós avaliamos que era importante
modernizar o sistema financeiro nacional e desenvolver o mercado de capitais,
incentivando empreendedorismo e garantindo o acesso democrático a tomadores e
investidores brasileiros e estrangeiros, famílias e empresas grandes,
especialmente pequenas.
Eu também estava convencido que a tecnologia
e inovação seriam bases para o amplo processo de inclusão e democratização
financeira, e falei isso no discurso de posse naquele momento.
Meu plano de ação já mencionava algumas
das iniciativas que vieram a ser implementadas durante a minha gestão. No
discurso de posse nós falávamos do estímulo ao cooperativismo, que mais do que
dobrou de tamanho; ao microcrédito, que fiz na época várias iniciativas, junto
com o ministro Marinho, que não pôde estar conosco aqui hoje; o Pix, que na
época a gente tinha uma ideia de um sistema de pagamento instantâneo que
precisava ser programável; o Open Finance, que na
época a gente chamava de Open Banking.
E, no meu discurso, tem uma parte que
fala do “blockchain”. A gente não sabia muito bem o
que isso ia nos proporcionar, mas a gente falava em uma plataforma integrada.
Tudo isso está no discurso de posse. Então, é interessante olhar para trás e
ver que a gente via isso cinco anos atrás, e que, no final, grande parte dessas
coisas se tornaram realidade.
Por fim, de forma crucial, nós
defendíamos a importância de conquistar a autonomia do Banco Central - está
também no discurso de posse - para atingirmos as metas que pretendíamos
alcançar. Esse era um projeto de 40 anos que nos alçou a um patamar de
igualdade com grandes economias. Então, esse é o primeiro capítulo.
O segundo capítulo começa no dia 29 de
maio de 2019. Foi quando nós fizemos uma entrevista coletiva da Agenda BC#. O
segundo capítulo começa com uma ideia de “Eu preciso pegar todo esse grupo de
inovações que nós queremos fazer e colocar em uma agenda de forma que a gente
possa fazer as entregas, as pessoas possam seguir as entregas”. Tudo estava em
um website onde a gente fazia a atualização semanal de tudo o que a gente
estava fazendo.
A agenda teve uma forma muito concreta
de desenvolvimento. Ela foi uma evolução da antiga Agenda BC+, que foi
reavaliada e ampliada. Naquele momento, as principais premissas eram: aumentar
a competitividade do sistema financeiro nacional, promover a democratização do
sistema financeiro por meio de tecnologia e desenhar o sistema financeiro do
futuro, e aqui a gente falava de intermediação financeira. Para isso, ela foi
estruturada em quatro dimensões: inclusão, competitividade, transparência e
educação.
De novo, nós tínhamos no website tudo o
que a gente fazia. A gente fazia reuniões semanais de acompanhamento para ver,
para fazer aquele “check the
box” em tudo o que a gente estava fazendo.
Diversas iniciativas foram
implementadas dentro dessa agenda ao longo dos últimos anos com enormes ganhos
para a sociedade. Implementamos várias medidas relacionadas ao cooperativismo,
microcrédito, mercado de capitais, internalização da moeda, o PL Cambial - com
a ajuda muito grande, na época, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que foi
a aprovação de um projeto que era polêmico, mas que nos ajudou muito e que
simplificou muito essa parte do comércio internacional.
Também promovemos uma grande agenda de
inovações tecnológicas, em que o Pix hoje é a entrega mais conhecida.
Por fim, cabe
destacar também o programa que a gente fez, que chama “Aprender Valor, que era
basicamente um programa de educação financeira que pouca gente fala sobre ele,
mas atingiu 5,6 milhões de estudantes matriculados em 22 mil escolas, em mais
de três mil municípios, mas a gente percebeu que existia uma preocupação com a
sustentabilidade, e essa preocupação aumentava, e nós não tínhamos na agenda do
Banco Central uma dimensão de sustentabilidade.
Então, em setembro de 2020, nós
lançamos uma nova dimensão na agenda BC Hedge, era a Dimensão Sustentabilidade,
essa dimensão visava criar condições para favorecer e desenvolver o sistema
financeiro de forma que a gente pudesse atingir uma transição climática,
pudesse passar mensagem de sustentabilidade. A agenda era dividida em
regulação, supervisão, desenvolvimento de políticas e instrumentos, parcerias e
ações internas.
Nossa agenda teve várias iniciativas
que foram entregues, inclusive rendendo ao Banco Central prêmios na parte de
sustentabilidade, entre elas eu destaco o “Bureau Verde”, que é como se fosse
um “open finance credit”,
que hoje é uma iniciativa que é muito admirada internacionalmente.
Estamos fazendo um trabalho de
taxonomia sustentável brasileira, e mais recentemente também estamos
trabalhando no provimento de instrumentos de hedge cambial para investimentos
sustentáveis.
Aí agora nós vamos para o capítulo 3,
nós mudamos para o período da pandemia, e esse capítulo, ministro Mandetta,
começa no dia 28 de fevereiro, quando eu ligo para o ministro Mandetta em uma
tarde, em uma sexta-feira à tarde, o ministro Mandetta que está ali, e eu tinha
conversado com pessoas na Itália, e eu tinha uma preocupação muito grande com o
que seria a pandemia no Brasil, e eu liguei para o ministro Mandetta e disse:
“ministro, eu estou recebendo aqui uns modelos de contaminação e estão
aparecendo uns números bem horrorosos”.
Ele disse: “Roberto, eu também estou
muito preocupado, a gente aqui também está fazendo os nossos modelos. Você faz
o seguinte. Tem uma reunião de governo no dia três, quando você for fazer a sua
apresentação de economia, o ministro Tarcísio estava lá também, você coloca
isso e fala e a gente vai ver o que acontece”.
Nós apanhamos para caramba, apanhamos
muito naquele momento. Era difícil passar essa mensagem. Não tinha sido nem
decretada a pandemia ainda, mas a gente tinha uma preocupação muito grande.
Então esse capítulo aborda esse choque
negativo que nós enfrentamos que foi a pandemia Covid, seus desdobramentos. Em
poucos dias a doença evoluiria de um problema localizado para uma enorme crise
global.
Me recordo também que no mês seguinte
fomos chamados ao Congresso, e as pessoas não tinham muita percepção do que
isso significava para o Brasil. Até olhei um pouco o que eu falei naquele dia
no Congresso, e a gente não tinha muita percepção, mas a gente conseguia ver
que a indústria de serviços ia ser gravemente afetada pela falta de mobilidade.
Na época eu, do lado do ministro Paulo
Guedes, disse aos congressistas: “Olha, eu acho que a parte de serviços vai
sofrer muito”. Não era uma coisa tão óbvia, porque estava muito no começo da
pandemia.
Então foram, assim, momentos que me
lembram muito esse tema da Covid. Globalmente, como reação ao choque, houve a
maior injeção fiscal da história, realizada de forma tempestiva e coordenada
entre diversos países para dar sustentação à economia.
Durante a pandemia, o combate à
pandemia não foi igual. Os países desenvolvidos gastaram 20% do PIB,
praticamente o dobro dos emergentes, que gastaram 10%, e os países de baixa
renda gastaram alguma coisa entre 3% e 4% do PIB.
Esses impulsos fiscais atenuaram os
impactos econômicos do choque, mas também causaram os grandes desequilíbrios
macroeconômicos, que é um tema que abordarei um pouco mais adiante.
No brasil, para conter os efeitos da
crise da Covid-19, o governo e o Banco Central agiram de forma rápida, adotando
várias medidas, e aqui nós tínhamos uma parte de liquidez e capital que foi
desenhada pelo Banco Central, tinha uma parte de programas de crédito e
programas de emprego ligados, vamos dizer assim, a linhas de crédito, que foram
desenhados junto com os bancos, e que eu agradeço a todos os bancos. Foi um momento
muito difícil para a gente, junto com o Ministério da Fazenda, e teve a parte
de transferências.
Em um primeiro momento, de modo a
evitar a disfuncionalidade de assegurar a confiança dos mercados, o BC adotou
esse tipo de medida. Lembrando que a nossa ideia era garantir um sistema
capitalizado, porque a gente não sabia quanto tempo ia demorar a Covid, e nem
qual era a intensidade.
A gente queria oferecer condições
especiais para que os bancos pudessem rolar as dívidas dos setores afetados,
garantir que o mercado de câmbio funcionasse sem disfuncionalidade, e manter as
condições monetárias estimulativas.
Entre as medidas tomadas pelo Banco
Central, gostaria de destacar também a redução da taxa de juros, que de março a
agosto de 2020 foi de 4,75% para dois por cento.
Em relação a políticas
macrofinanceiras, o Banco Central também demonstrou ampla e rápida capacidade
de atuação, sendo um dos primeiros bancos centrais do mundo a adotar medidas de
suporte de liquidez ao crédito, antes de ter sido decretada a pandemia.
O Banco Central do Brasil injetou a
maior injeção de liquidez e liberação de capital já vista no Brasil. No total,
as ações adotadas resultaram em uma liberação de liquidez equivalente 17,5% do
PIB e uma deliberação de capital com um potencial aumento de até 20% do PIB, e
essas medidas tiveram efeito. Por isso foi mencionado no vídeo que o Banco
Central ganhou um prêmio na época.
Entre outubro de 2019 e outubro de
2020, a carteira de crédito para grandes empresas cresceu 15 por cento. Quando
a gente olha as microempresas, entre médias, pequenas e microempresas, cresceu
entre 28% para médias, 33% para pequenas e 40% para microempresas.
Então, foi um momento muito importante
de poder estruturar esses planos, e nós estivemos junto com o setor privado.
Todos vocês que trabalham em bancos, nós tivemos inúmeras reuniões para ver
como que a gente ia fazer.
Então, é uma prova muito importante de
que é preciso estar junto do setor privado. É preciso entender o que realmente
nós precisamos fazer juntos para fazer com que a gente gere eficiência na
alocação de recursos.
Então, no final das contas, em 2020,
houve uma redução do PIB de três por cento. O FMI previa uma queda de 9%, e em
2021 nós observamos um crescimento de 4,8 por cento. Então, já tinha sido
revertido.
O quarto capítulo desse livro seria o
Pix, nasce o Pix. Então, eu diria que a data de referência para esse é 16 de
novembro de 2020, que foi um grande desafio, os funcionários do Banco Central
trabalhando até altas horas da noite durante a pandemia para entregar o Pix
para a sociedade.
No dia 16 de novembro começou essa
revolução na forma como o brasileiro faz o pagamento, que impactou fortemente o
dia a dia das pessoas, das empresas, transformou a indústria de pagamentos e o
sistema financeiro brasileiro.
O Pix atendeu a grande demanda da sociedade
por um meio de pagamento que fosse barato, rápido, seguro, transparente e
aberto. E a gente pensou muito na forma de usar, ele tinha que ser fácil de
usar.
Então nós
gastamos muito tempo pensando que uma pessoa que não tivesse muito acesso à
tecnologia poderia usar o Pix de uma forma simples. Apesar das expectativas
serem altas, a adoção do Pix foi muito mais rápida do que esperávamos.
O Brasil é hoje
o país que teve a adoção de meio de pagamento instantâneo mais rápida do mundo
quando consideramos o número de transações per capita. Já temos mais de 750
milhões de chaves registradas.
O número de
operações com o Pix já passa de 205 milhões de operações por dia. Se a gente
pensar que a gente tem pouco mais de 100 milhões de pessoas bancarizadas,
a gente está falando de duas operações por pessoa bancarizada
por dia. Isso é quase três vezes e meia o que é a Índia, que é um sistema que
já é bem mais antigo do que o Brasil.
Além disso,
muitas novas funcionalidades já foram implementadas como o Pix Saque, o Pix
Troco, o Pix Agendado e tem muito mais para vir. Eu estou olhando aqui para o
Renato, a gente tem o Pix Automático, que ele me prometeu entregar aqui até
novembro.
Então o Pix
teve essa função muito importante na inclusão financeira; 71,5 milhões de
pessoas que não usavam o sistema bancário e passaram a usar depois do Pix.
Dado seu baixo
custo, o Pix também viabilizou novos negócios especialmente durante a pandemia.
A gente recebia
vídeos de pessoas que fabricavam coisas que tinham um item muito baixo e que
era importante ter o Pix, porque como era uma forma muito barata de
transferência, viabilizava que as pessoas ficassem em casa produzindo itens de
baixo valor.
Outro elemento
importante é a possibilidade de integração de sistemas de pagamentos
instantâneos internacionais. A gente tem feito isso. Eu vejo, em um período de
três, quatro anos o mundo vai integrar muitos pagamentos internacionais. Na
Ásia já está acontecendo isso.
Nós temos um
sistema chamado Nexus que já conectou a Índia com
Singapura, Singapura com Tailândia, com Malásia. Então acho que esse é um
futuro e os países que não tiverem a capacidade de se interconectar vão perder
muito espaço nesse movimento global de transações e principalmente nesse mundo
de fragmentação e realocação.
Por isso
estamos trabalhando no G20 numa governança mínima para essa integração.
Pensando no Capítulo 5 agora, eu diria que é a ressaca da Covid. Então depois
da Covid vem a ressaca da Covid.
Aí eu diria que
aqui a data de referência é 17 de março 2021 e eu lembro muito do dia 8 de
abril de 2021. Era uma reunião do FMI e eu fiz uma intervenção dizendo que eu
achava que a inflação ia ser muito mais persistente do que estava sendo vendido
no momento.
Eu achava que
era um problema muito mais de demanda do que de oferta. Eu acho que alguns dos
bancos centrais que trabalharam comigo, o Arnildo que
está aí, que preparava as apresentações, não era uma coisa muito bem vista
pelos bancos centrais na época. Tinha uma percepção de que serviços e bens iam
se equilibrar de forma rápida; isso não aconteceu.
Durante a
pandemia, como consequência dos problemas econômicos de transferência de renda
e de políticas globais e de restrição à mobilidade, houve redução do consumo de
serviços, mas um grande aumento no consumo de bens. E esse aumento no consumo
de bens foi um deslocamento permanente que, aliás, permanece até hoje. Isso
gerou aumentos, aumento de perspectiva de preço.
Um outro tema
que pouca gente percebeu na época é que quando você substituía serviços por
bens você também aumentava a demanda por energia, porque produzir bens consome muito energia do que produzir serviços e a gente começou a
ver também um aumento no preço de energia.
Então a gente
olhava aquilo aqui do Brasil talvez com a memória inflacionária que todo
brasileiro tem e pensava: “Olha, esses bancos centrais não estão acertando o
diagnóstico. Provavelmente a inflação vai ser muito mais persistente”. Ao mesmo
tempo, a concentração das cadeias de valor em poucos produtores fez com que as
interrupções nas cadeias impactassem o fornecimento de bens.
Todos esses
elementos agravavam desequilíbrios entre oferta e demanda com gargalos
significativos. O resultado desse processo foi a inflação, a pressão na
inflação global. O BC foi capaz de reconhecer de forma precoce o caráter mais
persistente da inflação, como eu disse, identificando o componente de demanda.
O Banco Central
foi um dos primeiros bancos centrais a iniciar o aperto monetário já em março
de 2021. Como resultado, a inflação no Brasil começou a diminuir relativamente
cedo em comparação com outros países.
O IPCA caiu do
seu pico de 12,1% em abril de 2022 para 3,7% em abril de 2024. Atualmente
seguimos trabalhando para consolidar esse processo de desinflação e é muito
importante entender que esse processo de desinflação é a melhor política social
que a gente tem no País.
Agora eu vou em
direção ao Capítulo 6 e o Capítulo 6 é um capítulo desafiador porque foi o
primeiro teste da autonomia do Banco Central. Eu diria que aqui a data de
referência foi 1º de janeiro de 2023, um novo governo. Em 24 de fevereiro de
2021, o Banco Central deu um importante passo com a sanção da lei que garantiu
autonomia operacional do Banco Central.
Essa lei representa
um marco no desenvolvimento institucional do nosso País. Esse avanço também
representa o resultado de um longo processo de amadurecimento institucional que
contou com o trabalho dos dirigentes do Banco Central que me antecederam e eu
me servi dos servidores da instituição.
As mudanças
trazidas pela lei estabeleceram um novo arcabouço institucional que reforçou um
importante equilíbrio de forças de caráter técnico, objetivo e imparcial da
atuação do Banco Central e aliou a instituição brasileira às melhores práticas
internacionais.
No Brasil, os
benefícios da autonomia se manifestaram na prática já em 2022, quando o Banco
Central do Brasil promoveu o maior aumento de taxa de juros em um ano eleitoral
no mundo emergente, na história do mundo emergente.
Posteriormente,
esse avanço institucional também contribuiu para que a transição do governo
federal ocorresse com maior previsibilidade, sem instabilidades no mercado.
Apesar de uma
eleição muito polarizada, quando a gente pensa na transição de um governo para
o outro, ela ocorreu de forma relativamente estável.
Eu acho que
grande parte isso se deve também à autonomia do Banco Central. Mas com o início
do novo governo iniciou-se também o primeiro teste real da autonomia, um
período em que a autonomia foi alvo de questionamentos em determinados
momentos.
O trabalho do
Banco Central foi questionado em muitos momentos, mas estamos convencidos que
com o passar do tempo os benefícios da autonomia se tornarão mais claros, bem
como o entendimento do caráter técnico das ações que foram adotadas pelo Banco
Central.
É importante
lembrar que a autonomia do Brasil ainda não está completa. Precisamos de
avanços para garantir também a autonomia orçamentária e administrativa da
instituição. O Banco Central tem uma enorme capacidade de ajudar o
desenvolvimento da sociedade brasileira.
Movendo-se agora para o Capítulo 7 do
que seria, vamos dizer assim, esse livro. Aqui é um ponto muito importante para
nós, porque foi quando a gente começou a ver os blocos do programa de inovação
se juntando. Então, a gente diz que esse capítulo é: “Os quatro blocos se
encontram.”
Quais são os quatro blocos? O Pix, o
Open Finance, o Drex e a
internacionalização da moeda. Apesar desses projetos terem se iniciado de forma
muito separada, e era difícil no começo explicar que tudo estava, na verdade,
no nosso plano interconectado, de fato, a gente começa a ver hoje uma conexão.
A integração desses projetos culminará
com a criação do que chamamos agregador financeiro, que significa que no futuro
você vai ter um lugar onde você vai ter todos os seus dados bancários, vai ter
todos os seus produtos bancários e você vai ter portabilidade imediata,
comparabilidade imediata com a possibilidade de melhorar o sistema com
inteligência artificial.
Então, a gente começa a ver os quatro
blocos se juntando, a gente começa a ver o benefício do Open Finance, pessoas que recebem mensagem porque têm o dinheiro
parado na conta.
A gente já tem uma cifra de 10 milhões
de reais economizados de pessoas que têm dinheiro parado na conta, receberam
mensagem para ir para uma outra conta ou produtos que têm preços mais
competitivos.
Então, aqui a gente quer gerar uma
competição verdadeira, entendendo que, na verdade, todo o sistema financeiro
cresce, porque a gente bancariza, segmenta. Então,
nós entendemos que é uma vitória para todos.
Além disso também, o agregador
financeiro poderá incorporar inteligência artificial e funcionar como consultor
financeiro. Eu afirmo aqui, categoricamente, que nenhum país terá o que o Brasil
está construindo, em termos de inovação tecnológica no mundo financeiro,
nenhum, e eu olho bastante o que os outros países estão fazendo. Então, é muito
importante entender que o Banco Central vai ser capaz de fazer essas entregas.
Agora, indo para o capítulo final, já
estamos falando dos desafios para o futuro em um mundo muito mais incerto, eu
diria que a referência é a data de hoje. Nesse capítulo é importante tratar
alguns temas que ainda são importantes para a gente.
Em termos de inflação global ainda
temos um desafio para a continuidade da desinflação, a conjuntura atual é
marcada por um ambiente externo mais adverso, em função da incerteza elevada e
persistente em relação ao que seria o início de um processo de queda de juros
nos Estados Unidos.
A velocidade da desinflação ainda está
em xeque, existe uma dificuldade de se identificar os fatores que vão
contribuir para essa queda de inflação global, lembrando que a gente tem
pressão de custo na parte produtiva, a gente ainda tem pressão de custo, porque
a mão de obra globalmente está apertada. Então, são vários fatores importantes.
Ao mesmo tempo ainda há outros riscos,
como temas estruturais de economia, geopolíticos, o aumento da incidência de
eventos climáticos. Nós agora tivemos aqui no Rio Grande do Sul um evento
climático muito relevante que afeta a forma como um Banco Central analisa a
economia.
Isso nos remete de volta à importância
de o Banco Central ter dentro da sua missão a parte de sustentabilidade e a
parte climática, não que a transição energética não seja importante. Nós
consideramos a coisa mais importante, mas olhando hoje a parte da
produtividade, a gente tem uma pressão enorme de custo para todas as empresas.
Acho que vocês que estão aqui podem
atestar isso, que é essa fragmentação, que é o que aconteceu no mundo recente,
e essa enorme injeção de dinheiro que a gente precisa fazer para a transição
energética. Então, isso é muito importante.
Indo para a parte fiscal, é um ponto
também que se relaciona especialmente em países avançados. A gente tem um
ambiente com dívidas altas e taxa de juros ainda mais altas, o custo de servir
a dívida do mundo avançado está muito alto.
Essa combinação de política fiscal e
monetária drena liquidez de empresas, economias emergentes de países de baixa
renda. O maior risco para esses países vem da possibilidade que a incerteza
prolongada leve, em algum momento, a uma forte reprecificação de ativo.
A gente começou a ver um questionamento
em relação a investimento em economias emergentes, um pouco já, eu diria, que é
o efeito cumulativo da percepção de que os juros vão ficar mais altos com mais
tempo.
Em termos de inflação no Brasil, no
âmbito doméstico, temos ainda o desafio de assegurar convergência. A reancoragem das expectativas de inflação é um elemento
essencial para esse resultado. Isso requer uma atuação firme da autoridade monetária,
bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade dos arcabouços fiscais e
monetários que contribuem, que compõem a política econômica brasileira.
Em termos de modernização, por fim,
gostaria de ressaltar que estamos vivendo um período de grandes transformações,
caracterizados principalmente por mudanças tecnológicas sem precedentes. Os
bancos centrais vão estar cada vez mais assumindo novas responsabilidades.
Nesse ambiente, para que o Banco
Central tenha condições de cumprir suas missões, é preciso que a instituição se
modernize; para que o Banco Central possa absorver novas tecnologias, utilizar
novas ferramentas e capacitar melhor seus servidores é fundamental avançarmos
com autonomia orçamentária e financeira na instituição nos moldes da PEC, que
está em discussão no Congresso.
Concluindo, em resumo, ao longo dessa
jornada de mais de cinco anos enfrentamos enormes desafios, mas acredito também
que realizamos importantes entregas para a sociedade.
Ao longo desse período, o Banco Central
sempre primou por uma visão técnica, visando ao absoluto cumprimento de suas
missões institucionais. Isso somente foi possível em virtude do elevado
engajamento e qualificação dos servidores da instituição.
Tenho muito orgulho de estar liderando
o Banco Central, instituição de excelência do estado brasileiro ao longo dos
últimos anos. Sem dúvida esse foi o trabalho mais importante na minha vida
profissional, e temos ainda muito trabalho a fazer até o fim do ano.
Gostaria de encerrar agradecendo a
todos os servidores do Banco Central, muito obrigado a todos. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - TOMÉ ABDUCH - REPUBLICANOS - Roberto,
uma grande alegria. Parabéns, você orgulha a nação brasileira. E, nome do Poder
Executivo, Legislativo e Judiciário, na presença do nosso desembargador Dr.
Fernando Torres eu agradeço a presença de todos.
Esgotado o objeto da presente sessão,
eu agradeço a todos os envolvidos na realização dessa solenidade, assim como
agradeço a presença de todos.
Está encerrada a sessão.
Muito obrigado. (Palmas.)
*
* *
- Encerra-se a sessão às 21 horas e 51
minutos.
*
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