10 DE JUNHO DE 2024

36ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DE COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO A ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS NETO

        

Presidência: ANDRÉ DO PRADO e TOMÉ ABDUCH

        

RESUMO

        

1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Abre a sessão às 20h19min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

        

3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Informa que convocara a presente sessão solene para "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto De Oliveira Campos Neto", por solicitação do deputado Tomé Abduch. Tece considerações sobre o trabalho do homenageado no Bacen.

        

4 - TOMÉ ABDUCH

Assume a Presidência. Lê e comenta texto de Roberto De Oliveira Campos, avô do homenageado.

        

5 - GUTO ZACARIAS

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

6 - GILBERTO NASCIMENTO

Deputado federal, faz pronunciamento.

        

7 - LEONARDO SIQUEIRA

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

8 - EDUARDO SUPLICY

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

9 - CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE

Secretário estadual de Gestão e Governo Digital, faz pronunciamento.

        

10 - RICARDO NUNES

Prefeito de São Paulo, faz pronunciamento.

        

11 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de vídeo sobre o homenageado.

        

12 - TARCÍSIO DE FREITAS

Governador do estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

13 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto De Oliveira Campos Neto.

        

14 - ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS NETO

Presidente do Bacen - Banco Central do Brasil, faz pronunciamento.

        

15 - PRESIDENTE TOMÉ ABDUCH

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h51min.

        

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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, boa noite, uma vez mais. Eu sou Adalberto Pioto e quero agradecer a presença de todos. Todos são muito bem-vindos a esta Casa de Leis, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Esta sessão solene tem a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Roberto de Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. Quero comunicar também a todos que esta sessão solene está sendo transmitida, como já informei anteriormente, ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.

Eu quero convidar também, para que componham a Mesa Diretora, o Exmo. Sr. Governador, não sei se já chegou, mas está vindo, está a caminho, o governador Tarcísio de Freitas; Roberto de Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil e homenageado da noite. Por favor, uma salva de palmas. (Palmas.) À autonomia do Banco Central, com um líder à frente que foi aplaudido agora, parabéns, presidente.

Deputado estadual André do Prado, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.) Deputado estadual Tomé Abduch, proponente desta homenagem. (Palmas.) Dr. Fernando Antonio Torres Garcia, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. (Palmas.) Ricardo Nunes, prefeito da cidade de São Paulo. (Palmas.)

Como extensão da Mesa Diretora, quero convidar também o deputado Gilberto Nascimento Jr. e o deputado Cezinha de Madureira, por gentileza. (Palmas.) O presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. (Palmas.) Renato Martins Costa, presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. (Palmas.) Secretário de Estado, Gestão e Governo Digital, Caio Mario Paes de Andrade. (Palmas.) Os ex-governadores do estado de São Paulo, Rodrigo Garcia e João Doria. (Palmas.)

Preciso citar aqui também - muito obrigado senhores -, a presença de Gilberto Nascimento, deputado federal; Cezinha de Madureira, que eu já fiz a menção e compõem a Mesa conosco também; os deputados estaduais Carlão Pignatari; Mauro Bragato; Jorge Wilson Xerife do Consumidor; Leo Siqueira; Oseias de Madureira; Guto Zacarias.

Os secretários de Estado: o secretário Gilberto Kassab - que está aí porque eu já, inclusive, o vi -, de Governo e Relações Institucionais; Fábio Prieto, Justiça e Cidadania; Eleuses Paiva, da Saúde; Guilherme Afif Domingos, Projetos Estratégicos; Dr. Caio Mario Paes de Andrade, que eu já menção também e Arthur Lima, chefe da Casa Civil.

Os ex-ministros: Flavio Arruda, Joaquim Álvaro Pereira Leite, Walton Alencar Rodrigues, Luiz Henrique Mandetta; Edinho Araújo, prefeito de São José do Rio Preto; Gustavo Henrique Costa, prefeito de Guarulhos; Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo e vice-presidente do Hospital Albert Einstein; os familiares do homenageado; a esposa Adriana Buccolo; Maria Eduarda e Enzo Buccolo, os filhos e Márcia Buccolo, a sogra do nosso homenageado de hoje, em nome de quem cumprimentamos todos os familiares e amigos do homenageado aqui presentes.

Familiares do deputado Tomé Abduch; Caroline Moreira Abduch, a esposa; Gerson e Magda Pedro, sogros; Camila e Nicola Abduch, os irmãos. Felipe Tamega Fernandes, economista-chefe da Absolut Investimentos; Susanna do Val, presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo; Alexis Fonteyne, sempre deputado. Alexis, boa noite.

Deixe-me seguir aqui. Também: Isaac Sidney Menezes Ferreira, presidente da Febraban-Federação Brasileira dos Bancos; Manuel Henríquez García, o professor Maneco também, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil; Claudio Lottenberg, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Do Banco Central do Brasil: Carolina de Assis Barros, diretora; Renato Dias de Brito Gomes, diretor; Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, consultora-sênior; Cristiano de Oliveira Lopes Cozer, procurador-geral, em nome de quem cumprimentamos todos os colaboradores do Banco Central do Brasil.

Presidentes de bancos: Mário Leão, do Santander; Roberto Sallouti, do BTG Pactual; Marcelo Noronha, do Bradesco; Silvio Aparecida de Carvalho, do Safra, em nome de quem cumprimentamos todos os sócios, “chairmen” e “chairwomen”, CEOs e demais autoridades de bancos.

Delegada Margarete Barreto, delegada titular da Polícia Civil da Assembleia Legislativa de São Paulo; Gilberto Nascimento, deputado federal, como já citei, Cezinha Madureira.

São tantas as fichas aqui, quero agradecer, portanto, a presença de todos neste momento. Temos mais fichas ainda? Não há problema, a gente faz ao vivo aqui. Há também o presidente da RedeTV!, o Dr. Amilcare Dallevo. Muito obrigado pela presença de todos.

Bom, como me orientou aqui, o presidente da Assembleia Legislativa, quero convidar a todos agora, uma vez que já anunciei a presença das autoridades, para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela camerata do Corpo Musical da Polícia Militar do estado de São Paulo, sob a regência do maestro 1º Sargento Ivan Beck.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos à Camerata do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência brilhante do maestro 1º sargento Ivan Bergue, e aos músicos. Muito obrigado pela apresentação lindíssima. Este hino é sempre lindo. Quanto mais a gente ouve, mais lindo ele fica. Muito obrigado, senhores, muito obrigado pela gentileza. Às senhoras também, muito obrigado.

Eu preciso chamar também o deputado Carlão Pignatari para compor a Mesa aqui, a extensão da Mesa. Deputado, por gentileza. (Palmas.) Muito obrigado, deputado. Eu quero convidar o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado André do Prado, para que proceda à abertura solene desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Boa noite a todos. Boa noite! (Manifestação nas galerias.) Dia de festa, não é, Roberto? É uma honra muito grande fazer a abertura desta sessão solene.

Farei a abertura e, logo em seguida, passarei a Presidência desta sessão solene ao meu amigo, companheiro, deputado Tomé Abduch, que é o proponente desta sessão solene, que foi aprovada por todos, as Sras. e os Srs. Deputados desta Casa. Vamos dar início aos nossos trabalhos, nos termos regimentais.

Senhoras, senhores, esta sessão solene foi convocada por mim, presidente desta Casa de Leis, atendendo à solicitação do deputado estadual Tomé Abduch, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra do Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto de Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central.

Gostaria de agradecer a todas as senhoras e os senhores presentes, começando pelo nosso presidente do Tribunal de Justiça, Dr. Fernando Torres. Cumprimentar também, ao lado do Dr. Fernando Torres, nosso prefeito da Capital, Ricardo Nunes, e, na pessoa do prefeito Ricardo Nunes, cumprimentar a todos os demais prefeitos aqui presentes.

Em nome do nosso secretário Caio, cumprimentar a todos os nossos secretários de Estado aqui presentes. Eu estou vendo aqui os nossos secretários Guilherme Afif, Arthur Lima, Gilberto Kassab, Fábio Pietro, o nosso secretário Caio também presente.

Cumprimentar os nossos ex-governadores do nosso estado, governador João Doria, governador Rodrigo Garcia, cumprimentar os deputados federais aqui presentes conosco também, deputado Cezinha de Madureira, deputado Gilberto Nascimento.

Cumprimentar o nosso ministro do TCU, Bruno Dantas, cumprimentar os nossos deputados estaduais aqui presentes. Está aqui o nosso ex-presidente da Casa compondo a Mesa também, deputado Carlão Pignatari, deputado Oseias de Madureira, deputado Guto Zacarias, deputado Jorge Wilson, que é o líder do Governo nesta Casa, deputado Leo Siqueira também conosco e o nosso decano da Casa, com 11 mandatos, o deputado Mauro Bragato. Em nome desses deputados nós queremos agradecer a presença de todas as autoridades já citadas e nominadas pelo nosso Cerimonial.

De maneira especial, cumprimentar o nosso convidado hoje para receber esta homenagem de Colar de Honra ao Mérito, que é a maior honraria desta Casa que representa 45 milhões de habitantes do estado de São Paulo, faz a honra hoje de homenagear essa ilustre figura que fez e faz tanto pelo nosso País. Gostaria até de ler, para eu expressar um pouco o meu sentimento, a minha gratidão e tecer as minhas palavras com relação ao nosso presidente do Banco Central.

É com grande honra e imenso prazer que nos reunimos hoje para prestar uma merecida homenagem a um dos mais destacados economistas e servidores públicos do nosso País, o atual presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto.

A concessão do Colar de Honra ao Mérito é uma justa celebração das suas notáveis contribuições ao fortalecimento e à estabilidade da economia brasileira. Parabéns ao deputado estadual Tomé Abduch, que propôs esta justa homenagem.

Roberto Campos Neto traz consigo um legado de competência e inovação. Desde que assumiu a presidência do Banco Central, em 2019, tem enfrentado grandes desafios econômicos e incertezas globais, mas tem sido um pilar de estabilidade e confiança. Sua atuação firme e criteriosa na condução da política monetária, na regulação do sistema financeiro e na promoção da inclusão financeira tem gerado resultados expressivos.

Um dos marcos da sua gestão tem sido a ênfase na modernização do sistema financeiro brasileiro. A implementação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos, é um exemplo concreto de como a inovação pode ser aliada à eficiência e à inclusão financeira.

Sob sua liderança, o Banco Central tem mantido um firme compromisso com a estabilidade econômica e o controle da inflação. A política monetária prudente e as reformas estruturais promovidas durante a sua gestão têm sido fundamentais para garantir um ambiente econômico saudável, que favorece o crescimento sustentável e a geração de empregos.

A presença de expressivas personalidades políticas, do setor financeiro e da sociedade paulista e brasileira demonstra seu prestígio e o apoio ao seu trabalho na condução da Economia do nosso país. Por tudo isso, é com grande satisfação que reconhecemos e celebramos as contribuições inestimáveis do homenageado desta noite.

Em nome da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, parabenizo Roberto Campos Neto por esta honraria mais do que merecida. Que o seu trabalho continue a inspirar e a construir um Brasil mais próspero e justo para todos.

Muito obrigado.

Parabéns, Roberto Campos. (Palmas.) Neste momento, então, passo a Presidência desta sessão solene ao autor da propositura, meu amigo, deputado Tomé Abduch. (Palmas.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. Tomé Abduch.

 

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O SR. PRESIDENTE - TOMÉ ABDUCH – REPUBLICANOS - Boa noite a todos.  É uma satisfação muito grande estar aqui esta noite podendo homenagear um homem tão importante para a nossa nação.

Eu gostaria de cumprimentar o excelentíssimo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que está chegando daqui a pouco; a quem estendo os cumprimentos aos Srs. Secretários estaduais, destacando aqui a presença do excelentíssimo presente secretário de Gestão e Governo Digital, Caio Paz de Andrade, além dos demais membros do Poder Executivo.

Cumprimento o excelentíssimo Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, André do Prado, a quem estendo os meus cumprimentos aos meus colegas deputados estaduais. Cumprimento os demais membros do Poder Judiciário, em nome do nosso presidente.

É um grande prazer, presidente, e uma satisfação ter o senhor aqui conosco. Cumprimento o excelentíssimo Sr. Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, a quem estendo os meus cumprimentos aos secretários municipais e demais membros do Poder Executivo.

Por fim, cumprimento o homenageado da noite, o excelentíssimo Sr. Presidente do Banco Central, doutor Roberto Campos. Encho-me de emoção de dirigir algumas palavras ao excelentíssimo Sr. Roberto Campos Neto.

Farei algumas colocações que, para aqueles que me conhecem pouco, podem parecer até profundas demais, muito bem lapidadas em termos conceituais, mas até o final deste pronunciamento eu explicarei porque preferi iniciar desta forma tão qualificada.

Sempre achei que um dos mais graves problemas dos subdesenvolvidos é a sua incompetência na descoberta dos verdadeiros inimigos. Assim, por exemplo, os responsáveis pela nossa pobreza não são o liberalismo nem o capitalismo, em que somos noviços destreinados, e sim a inflação, a falta de Educação básica e um assistencialismo governamental incompetente que faz com que os assistentes passem melhor que os assistidos.

Os inimigos do desenvolvimento não são os integristas, que, aliás, só poderiam entregar miséria e subdesenvolvimento, e sim os monopolistas, que cultivam ineficiências e criaram uma nova classe de privilegiados: os burgueses do Estado.

Os promotores da inflação não são a ganância dos empresários ou a predação das multinacionais, e sim este velho safado que conosco convive desde o albor da República: o déficit do setor público.

Infelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades. A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor. Definitivamente, Deus não era comunista, pois não fez os homens iguais. O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar.

Agora, tenho que revelar que não sou o autor desses pensamentos tão atuais e tão pertinentes. Eles são de autoria de um dos maiores homens públicos, um dos maiores estadistas, um dos maiores pensadores que o Brasil já teve o privilégio de possuir: o inesquecível Roberto Campos. (Palmas.)

Menciono a figura grandiosa de Roberto Campos, cujo neto, Roberto Campos Neto, hoje preside o Banco Central, não para destacar o parentesco que os une. O ponto comum entre eles é que Roberto Campos foi duramente atacado em sua época por defender as ideias certas em momentos incertos; por se manter fiel a princípios no mundo polarizado da Guerra Fria, literalmente dividido de forma extrema com o muro de Berlim, que dividia o capitalismo do comunismo.

Assim, invoco a memória de Roberto Campos pela semelhança da coerência intelectual que marca a atitude de Roberto Campos Neto. Hoje, por muitas vezes, vemos que o presidente do Banco Central autônomo é criticado justamente pelos erros que não comete, assim como fizeram com seu avô.

Mais notável na trajetória de Roberto Campos Neto é que ele se tornou um grande banqueiro central, eleito, por algumas vezes, como o melhor presidente de banco central do mundo, mostrando que mesmo sobre a sombra colossal (Palmas.) de uma figura maior que o tempo, como a de Roberto Campos.

Ele conseguiu, pelo seu esforço, pela dedicação, pela sua competência, criar o seu próprio espaço e se afirmar pelo seu próprio esforço, talento, brilhantismo, o que é notável. Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de constatar que há algumas coisas entre os dois Robertos que se assemelham.

Primeiro, uma enorme dedicação ao Brasil. Segundo, a coragem de se manterem fortes diante das ideologias, perseguindo sempre a razão e nome de um bem comum. Roberto Campos, o avô, tão questionado, tão atacado, deixou sua marca de brasileiro, que lutou por um Brasil mais soberano, mais justo socialmente e mais forte na sua economia.

Um país só pode avançar quando constrói instituições fortes, como foi o caso da nossa máxima autoridade monetária, o Banco Central. Não podemos esquecer jamais, devemos isso a Roberto Campos.

Atualmente, temos o primeiro presidente de um banco central independente. O que identifica outro grande salto civilizatório sobre a condução por Roberto Campos Neto, com serenidade e sabedoria. Só existem bancos centrais autônomos nas economias mais prósperas nas sociedades mais avançadas, ou seja, esse foi um passo a mais na direção do progresso do Brasil.

Vemos que tudo isso começou na saga de outro Roberto, que, como o atual, tem a tenacidade de nunca desistir do Brasil. Destaco ainda que Roberto Campos Neto é um dos maiores exemplos de meritocracia que esse País já viu. E é por isso que eu tomei a iniciativa de conferir a mais prestigiosa homenagem da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ao doutor Roberto Campos Neto.

Na condução do Banco Central do Brasil, ele vem demonstrando que o rigor técnico e a autonomia devem sempre nortear o caminho a ser seguido, longe de qualquer ideologia. Em 1989, com a queda do Muro de Berlim, o falso dilema entre comunismo e capitalismo desmoronou e as ideias de Roberto Campos foram adotadas até na China.

Isso confirma que nós podemos ter um capitalismo mais inclusivo, um capitalismo aperfeiçoado, nós não temos outro modo de riqueza alternativa, como alguns passaram o século XX inteiro procurando, desperdiçando décadas com aquilo que o Roberto Campos apontava como o único caminho possível.

A grande lição de Roberto Campos e o grande mérito de Roberto Campos Neto são de nos ensinarem que os princípios devem nos guiar e não as ideologias quando se trata do sensível setor da economia. O resultado de dois mais dois não é de esquerda. Dois mais dois não é de centro. Dois mais dois não é de direita. Dois mais dois é igual a quatro.

E qualquer autoridade monetária que, por qualquer motivo, se desvie do resultado aritmético da soma de dois mais dois, para mais ou para menos, para atender essa ou aquela corrente ideológica, poderá estar prestando um favor político passageiro, poderá estar fazendo uma concessão temporária e populista. Mas, estruturalmente, em longo prazo, estará destruindo as bases do interesse nacional, da justiça social, da estabilidade econômica e do futuro do Brasil.

E é por isso que o outro Roberto, há 50 anos, tinha a clareza de denunciar, e é essa a coragem que hoje, tantas vezes desafiada, como ocorreu com seu avô, que Roberto Campos Neto continua a exercer com extrema firmeza. Eu confesso que, ao prestar essa homenagem ao Roberto Campos Neto, sinto um enorme otimismo e certa preocupação.

A preocupação é de constatar que o Brasil de hoje continua dando destaque a polêmicas atrasadas de meios séculos atrás. Polêmicas já superadas e que são resgatadas apenas para tumultuar o que não deveria ser mais objeto de discussão.

Meu otimismo é perceber que, assim como Roberto Campos Neto, temos estadistas que não se deixam intimidar pelos clamores populistas, buscando os melhores caminhos diante de uma economia global repleta de desafios, fazendo em síntese aquilo que é o mais simples, o mais lógico, o mais básico, o indispensável e que nos nunca podemos deixar de nenhuma autoridade monetária possa renunciar ao dever de fazer.

Reitero, em um país polarizado, fazer o mais simples é o mais difícil e o mais desafiador. Dois mais dois sempre será igual a quatro.

Qualquer coisa diferente disso terá como resultado o atraso, a inflação, estagnação da economia, aumento da pobreza, desigualdade social, fuga de capitais, aumento do desemprego e o fim do Brasil, como uma ideia de uma nação soberana e que tem tudo para ser o país que todos nós acreditamos que pode ser.

Agradeço ao nosso presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por nunca desistir do Brasil. Sua coragem ficará sempre, e não se preocupe que seus críticos virarão fumaça que o tempo irá dissipar.

Muito obrigado a todos.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Polêmicas ultrapassadas. Mas é incrível como esse País dá mostras com muita frequência também, Tomé, de que esse País decidiu dar certo e não vai abrir mão disso. A manutenção, a premiação, a cerimônia de hoje, hoje, a Roberto Campos Neto, um homem público dedicado ao que eu chamaria de função social, viu, presidente?

Porque competência o Roberto tem, rigor técnico, capacidade teórica, prática, isso tudo já o levaria ao Banco Central. Mas agora eu vou dar um depoimento como jornalista: permanecer no Banco Central até este momento, estar sendo homenageado aqui, e que será lembrado porque foi o esteio justamente do que temos de política monetária, da estabilidade duramente conquistada após a redemocratização deste País, isso é compromisso com função social, presidente. Parabéns antes de tudo. (Palmas.)

Preciso citar aqui também a presença do deputado Eduardo Suplicy, deputado estadual; o advogado-geral da União Bruno Bianco; a ex-ministra Flávia Lima; e também os ex-ministros, acho que já citei o Dr. Mandetta também, Luiz Henrique Mandetta, e Fábio Faria, que também está presente. Todos esses estão presentes.

Bom, vamos seguir aqui, porque nós temos também, eu quero convidar o deputado estadual Guto Zacarias para fazer também o uso da palavra e ter um discurso agora. Deputado, por gentileza. Por favor. Sim, por favor, deputado. O senhor conhece a Casa melhor do que eu.

 

O SR. GUTO ZACARIAS - UNIÃO - Boa noite a todos os presentes. Deputado Tomé, parabenizar o senhor por propor essa grande celebração. Na pessoa do governador Rodrigo Garcia e do governador João Doria, saudar todas as autoridades presentes, seja ela do âmbito político, do âmbito do Estado, seja também da sociedade civil.

Como citado, sou deputado estadual aqui nessa casa, sou o segundo vice-líder do governo aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que muito me honra. E os deputados presentes sabem que eu sou um dos deputados mais combativos desta Assembleia. Quando subo à tribuna, geralmente subo para combater, para defender as minhas ideias de uma maneira muito enérgica. Mas hoje eu vou fazer diferente.

Hoje eu subo aqui para saudar. Tem muita instituição que não funciona no nosso país. Eu não preciso aqui citar todas elas. Mas, das instituições que funcionam, uma talvez seja a que mais funciona, que é o nosso Banco Central.

Gosto muito de um livro da Arend Lijphart, que ela fala sobre modelos de democracia presentes no mundo. E ela vai analisar ali 36 modelos de democracia e quantificar de uma maneira técnica, de uma maneira baseada na ciência, nas estatísticas, nos valores, quais democracias são melhores e o que fizeram essas democracias serem tão boas.

E ali, um livro que é tecnicamente sobre ciência política, ela destaca a autonomia e a qualidade de um banco central. Por que a ciência política vai beber na ciência econômica, na ciência monetária, para falar de melhorias da democracia?

Porque é muito difícil, e os presentes aqui devem saber, é muito difícil que haja uma democracia consolidada, que haja uma democracia existente de uma maneira com qualidade, se você não se importa com os mais pobres, se você não se importa com a fome, se você não se importa com a política monetária e eficiência, sobretudo sobre a inflação.

E, no nosso Brasil, nós temos não só um bom Banco Central, não só um banco central com autonomia, mas um banco central que tem na sua presidência um sujeito como Roberto Campos Neto, que conseguiu a proeza de, no meio de uma pandemia, ser eleito o melhor presidente de banco central que nós temos no mundo. Tenho certeza, Roberto Campos Neto, de que Arend Lijphart estaria muito orgulhosa do seu trabalho à frente do Banco Central.

Não vou me estender, mas gostaria de parabenizar, Roberto Campos Neto, a sua posição no Banco Central, em nome não só de mim, mas de todo o Movimento Brasil Livre, de que eu também sou coordenador, saudar a sua presença aqui hoje.

Muito obrigado a todos.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - O deputado federal, Gilberto Nascimento, também quero convidá-lo para que venha aqui ao púlpito. Por gentileza, deputado. Está aqui? Por favor.

 

O SR. GILBERTO NASCIMENTO - Boa noite a todos, boa noite a todas. Responsabilidade grande poder falar. Eu que já, graças a Deus, estou completando 40 anos de vida pública, já com dez eleições, mas falar diante de um público desse, felizmente, eu agradeço por ter esse ambiente fechado, porque se fosse aberto vocês estariam vendo as minhas pernas trêmulas, principalmente a falar em uma reunião como esta.

Cumprimentar aqui o meu amigo, governador Tarcísio, que parece que está a caminho, não é? Quero cumprimentar aqui o meu amigo, prefeito Ricardo Nunes, cumprimentar também aqui meu amigo Tomé Abduch, cumprimentando-o, quero cumprimentar a todos os deputados estaduais nesta Casa. E cumprimentar também o meu amigo, ex-governador Rodrigo, governador João Dória também, cumprimentando-os, quero cumprimentar todas as demais autoridades nesta Casa.

Falar nesta noite sobre um homem como o nosso Roberto Campos é uma coisa muito fácil. Quem é o Roberto Campos? Roberto Campos é o máximo. Roberto Campos, que agora vê os seus filhos aqui, e como é gostoso ver, Roberto, a família, ver os seus filhos vibrando nesta hora. A alegria de ver um pai que todos podem dizer que realmente ele é o máximo.

E é o máximo por quê? Porque é o homem que conseguiu controlar a inflação neste País. Porque se não fosse o pai de vocês, nós hoje teríamos um governo totalmente descontrolado. Porque exatamente o pai de vocês acabou sendo duro nesta hora e dizendo: “não, nós não vamos deixar com que a inflação venha novamente. Nós não vamos deixar que o Brasil volte a ser aquilo que era”.

Então, graças a Deus e ao pai de vocês, nós temos um Brasil equilibrado. Um país com a inflação muito baixa, um país que cada vez que conversa com o pai de vocês, ele sempre diz o seguinte, nós precisamos manter a moeda forte neste País.

Então, parabenizo a vocês. E um dia, eu tenho certeza, que talvez eu que já estou com quase 70 anos de idade, mas um dia vocês, daqui uns 20, 30 anos, vocês vão dizer: “o meu pai um dia segurou a inflação nesse país e por isso que esse país é muito melhor”.

 Portanto, meu amigo Roberto, eu quero aqui deixar o meu abraço muito especial em nome da Câmara Federal, Roberto. Você que é uma pessoa que até os mais críticos o admiram. Muitas vezes, na Comissão de Finanças e Tributação, da qual faço parte, juntamente com meu amigo Cezinha de Madureira, que aqui falo também em nome dele, falo em nome da Câmara Federal.

As pessoas, quando existem as críticas em relação à economia do país... E todos, mesmo que não tenham muita simpatia pela sua forma de ser, inclusive algumas presidentes de partido neste país, mas todos o respeitam.

Então, Roberto, seja feliz. Receber uma comenda como esta, neste momento, é o mínimo que São Paulo pode fazer por você. São Paulo é um estado que sabe reconhecer aquilo que é feito por alguém como você e que dá estabilidade à moeda.

Deus o ilumine.

Deus o abençoe.

Que Deus lhe dê muitos e muitos anos de vida. Quisera eu que você tivesse sido eleito por pelo menos 20 anos para ser presidente do Banco Central. Quem sabe este país seria muito melhor.

Muito obrigado e uma boa noite a todos vocês. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Vinte anos, deputado? Puxa vida. Precisa ver se a esposa concorda também com isso.

Vamos lá. Olha, como sou um pouquinho só mais jovem que o deputado, esses dias tive que contar para os meus filhos, que já são adultos, adolescentes e adultos, um pouco mais velhos do que vocês, o que era DOC, presidente. Não, não precisamos mais de DOC. Precisei explicar o que era hiperinflação.

Aliás, até um termo que ela tinha visto em um livro de escola: “carestia”. Meu Deus, isso nem do meu tempo é.

Mas, enfim, tudo isso foi superado e, neste momento, a condição do Roberto Campos Neto é justamente para que a gente jamais volte a falar de hiperinflação neste país. Que fique nos livros de história.

Bom, vamos seguir aqui: preciso agradecer também ao Felipe Salto, ex-secretário de estado da Fazenda, pela presença, e chamar o deputado estadual Leo Siqueira também para um discurso.

Por favor, deputado. (Palmas.)

 

O SR. LEONARDO SIQUEIRA - NOVO - Boa noite, primeiramente, a todos os presentes. Somos nós, paulistas e brasileiros, quem gera riqueza, quem paga impostos, quem sustenta a sociedade. Boa noite a todas as autoridades presentes.

Eu sou deputado aqui da Casa, recém-eleito, mas também sou economista. Fiz economia, fiz mestrado em economia, estou terminando meu doutorado em economia. Fui orientado, por um tempo, por um dos diretores do Banco Central, Diogo Guillen; tive aula também com João Pinho de Mello, do Insper. Então, vou ser muito breve, vou falar um pouco mais como economista e menos como deputado.

Talvez as pessoas aqui não tenham noção do quão importante é a independência do Banco Central e o quanto isso pode ajudar e fortalecer principalmente os mais pobres deste País. Um governo sempre vai ter a tendência de influenciar nas instituições para que ele seja reeleito e permaneça mais no poder. Com o Banco Central não é diferente.

Para que serve a taxa de juros em uma economia? Quando a inflação está alta, o Banco Central aumenta a taxa de juros. Quando a inflação está baixa, o Banco Central reduz a taxa de juros.

Um governo, próximo da sua eleição, vai tender a colocar a taxa de juros cada vez mais baixa para poder movimentar a economia, mas isso vai prejudicar a inflação da economia de um país.

A partir do momento em que o Banco Central se torna independente, você blinda essa instituição dos políticos que estão no poder. Então, isso não só aumenta a credibilidade, como torna muito mais fácil o trabalho de qualquer diretor ou presidente do Banco Central.

E a quem isso favorece? Não é aos banqueiros, não é ao mercado financeiro. Isso vai favorecer justamente os mais pobres, porque a inflação pesa muito mais no bolso dos mais pobres.

Então, a partir do momento em que a gente implementa um Banco Central independente, o que a gente está fazendo é ajudando os brasileiros e, principalmente, os mais pobres.

Parabéns, deputado Tomé Abduch, por essa medalha e parabéns ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Obrigado, pessoal. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecer a presença também da ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, e chamar o deputado Eduardo Suplicy, que está conosco aqui também.

Por favor, deputado.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Prezado presidente André do Prado, Tomé Abduch, que tomou essa iniciativa, prezados prefeitos e governadores, eu conheci mais pessoalmente o seu avô, Roberto Oliveira Campos, ao tempo que era senador.

Certo dia, fui visitá-lo para trocar ideias sobre uma proposição que consegui que se tornasse lei. Falta ainda ser aplicada. Para que se torne aplicada, a Renda Básica de Cidadania Universal, aprovada por todos os partidos e sancionada há 20 anos, em 8 de janeiro de 2004, mas com uma particularidade que vem sendo confirmada: que será instituída por etapas, a critério do Poder Executivo, começando pelos mais necessitados, como faz o programa “Bolsa Família”, até que um dia se caminhe no sentido de ela se tornar  universal e incondicional.

Vim aqui hoje porque me sinto no dever de transmitir ao presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto, que também precisa conhecer bem. Então, eu lhe trouxe o meu livro, “Renda de Cidadania - A Saída É Pela Porta”. Quero dizer que quando, em algumas ocasiões, tenho visto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter um diálogo respeitoso e construtivo com a sua pessoa, eu me sinto bem e feliz.

E quero lhe dizer que recentemente encaminhei ao presidente Lula uma sugestão composta por mais de 100 nomes dos melhores especialistas no assunto, para que seja constituído um grupo de trabalho para estudar os passos previstos não apenas na Lei nº 10.835, de 2004, mas também na Lei nº 14.601, promulgada em junho do ano passado, que extingue o Auxílio Brasil, reinstitui o Bolsa Família, afirmando que se trata de um caminho na direção da implementação e universalização da renda básica incondicional.

Então, eu aqui vou lhe enviar esse livro pessoalmente, se for permitido.

E meus cumprimentos a todas as pessoas. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, eu quero chamar aqui o secretário de estado de Gestão e Tecnologia, convidar o Caio Mário Paes de Andrade para fazer uso da palavra também. Secretário, por favor.

 

O SR. CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE - Bom, depois de boa noite, depois de tantos profissionais de discursos... Eu não sou um profissional de discurso. Então, vou ler o meu discurso. E dizer que é um grande prazer estar aqui, Alberto, com você. Um prazer imenso. Presidente, um prazer imenso.

Vejo aqui vários amigos que lutaram pelo Pix, lutaram para que as coisas acontecessem; o Pinho, que está ali em cima. Pinho, obrigado. Aqui está o Marcos Troyjo, o Bruno Funchal está aqui, a Dani Marques está aqui. Tem uma turma muito bacana aqui.

O Bruno Serra está ali. Quieto, o Bruno. Então, tem uma turma muito boa aqui, que foi uma turma que trabalhou junto, e todo mundo fez de tudo para trazer um país melhor para a sociedade. Bom, vou ler, senão eu começo a fazer discurso e me atrapalho.

“Em primeiro lugar, eu gostaria de cumprimentar o presidente da Casa, o nosso incansável, competente e sempre elegante André do Prado. Através dele, cumprimento aqui a todos os deputados presentes.

Estendo meus cumprimentos ao meu querido chefe, que ainda não chegou, mas deve estar chegando, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, e também ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Tudo bem, prefeito? E saúdo também o presidente do TJ, o desembargador Fernando Antonio Torres.

Aproveito para cumprimentar também a todos os secretários e autoridades aqui presentes, bem como a meus amigos, ex-ministros, empresários e a todos os cidadãos de São Paulo que estão nos assistindo aqui.

Um agradecimento especial ao deputado Tomé Abduch. Meu amigo, muito obrigado, Tomé, pelo convite para falar aqui, poder dizer algumas palavras em homenagem à nossa estrela de hoje à noite, que é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Roberto, primeiro, eu é que me sinto homenageado em poder estar aqui para falar para você. Eu me sinto homenageado em poder, como seu amigo, dizer algumas palavras, como colega no governo Bolsonaro, como parte da equipe econômica do ministro Paulo Guedes e como seu fã.

Dizer que a única homenagem que eu posso trazer para você é o meu agradecimento, é te falar ‘muito obrigado, Roberto’. Realmente, eu lembro de nossas conversas logo no começo do governo, eu falei que ia fazer a plataforma Gov.Br, você entendeu e apoiou, desde o primeiro dia.

Não pensou nem meia vez. Você falou que ia fazer o Pix; eu mergulhei ali nas equipes técnicas e ajudei, como escudeiro, no mundo misterioso dessa burocracia da TI que existe no governo federal e no governo estadual também. A burocracia é dura.

O fato é que as duas plataformas hoje existem e fazem parte do dia a dia de milhões de brasileiros. Nossas equipes deram vida a um Brasil digital, que simplesmente não existia. Quantas pessoas, Roberto, podem passar pelo setor público e se orgulhar de um legado desse tamanho? Sem você, isso não seria possível, meu amigo. Muito obrigado, Roberto, eu quero aqui... (Palmas.)

Eu lembro ainda que nós queríamos implementar, conversamos bastante sobre a Wallet de Dados, o mecanismo que vai permitir que cada brasileiro possa ganhar dinheiro com seus próprios dados. No começo, só nós dois falávamos nesse assunto. Hoje muita gente fala.

Não deu tempo de implementar, mas tenho certeza de que esse tema vai fazer cada vez mais parte das discussões técnicas e políticas do País. O fato é que, graças a seu trabalho à frente do Banco Central, o Brasil é hoje um país muito mais digital. Obrigado.

Nosso governador Tarcísio, que ainda não chegou, é um entusiasta do poder transformador do digital e cobra resultados da equipe todos os dias. Todos os dias, cobra resultados. Sempre fala: ‘estamos aqui para fazer o estado de São Paulo ser um exemplo de administração pública para todo o País’.

Graças a Deus, continuamos firmes nesse propósito e estamos conseguindo dar esse exemplo. E só estamos conseguindo dar esse exemplo porque contamos com o apoio desta Casa, presidente. Contamos com o seu apoio desta Casa, que também dá o exemplo. Muito obrigado à Alesp.

Hoje, na equipe econômica do governador Tarcísio, e remanescentes do Ministério da Economia, estamos eu, o Afif, Samuel Kinoshita e Jorginho Lima.

Obedecendo ao nosso ideal liberal, e sob o firme comando de Tarcísio, vamos em frente promovendo a aproximação do setor público com o setor privado, cuidando das contas do estado com todo o cuidado, respeitando o equilíbrio fiscal e a liberdade econômica; promovendo desenvolvimento e gerando empregos; atraindo investimentos; combatendo a burocracia; fazendo a racionalização da máquina pública e lutando firme para digitalizar o máximo de serviços possíveis.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Caio, um minutinho só, o nosso governador Tarcísio chegou. (Palmas.)

 

O SR. CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE - Governador, você chegou na hora em que eu estava falando que você é a maior fera de todos daqui, viu? Só para saber.

Então, vamos em frente, promovendo desenvolvimento, atraindo investimento, combatendo a burocracia e lutando firme para digitalizar o máximo de serviços. Nenhuma novidade, nenhuma mágica, não estamos fazendo nenhuma mágica, estamos somente fazendo bem feito o que tem que ser feito. Todo mundo já sabe o que tem que ser feito, não precisa mudar muito, falou muito bem o deputado.

Roberto, esse é o nosso time, e você, para nós, é um ídolo, você saiu do setor privado e veio dar a sua contribuição ao país, você foi eleito diversas vezes o melhor presidente do Banco Central do mundo, não foi à toa, você é reto, você é prestativo, você luta a boa luta, você se preocupa com o social, você é humano e mesmo superocupado, Roberto - não esqueço - mesmo superocupado não esquece de ligar para dar umas palavrinhas de conforto para um amigo na hora em que ele precisa.

Muito obrigado, Roberto, muito obrigado por tudo isso, obrigado por proteger a nossa moeda, obrigado por ser um defensor das melhores práticas de administração pública, às vezes queria um concurso, às vezes a gente lutou para ter o concurso, não vai ter o concurso, um puxa-puxa de um lado para o outro, mas foi muito bacana.

Obrigado por defender que o Estado tem que parar de onerar o setor produtivo, diminuir essa oneração, obrigado por ser uma ponte entre o Brasil e o mundo, um cidadão do mundo de verdade, e obrigado, acima de tudo, pelo Pix, obrigado por você ter feito o Pix, essa não vai sair da sua biografia nunca.

Finalmente, no campo pessoal, obrigado por me deixar ganhar de você no tênis, eu sempre ganho, então fica fácil. Fábio Faria não nos ouça, né? Porque é mais complicado.

Então, obrigado por ser esse pilar de racionalidade, obrigado por ser esse poço de conhecimento, obrigado por conversar, por saber ouvir os pontos dos outros e defender os seus pontos com argumentos sólidos e elegância e muito obrigado, muito obrigado mesmo por ser capaz de transformar ideias em realidade.

Obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - O presidente da Assembleia já fez o anúncio, mas eu tenho que fazê-lo novamente por uma questão de condição de mestre cerimônias. Governador, bem-vindo uma vez mais, boa noite ao senhor.

Bom, deixa eu chamar aqui o prefeito Ricardo Nunes. Prefeito, por favor. Não sei se o senhor vai fazer daí ou daqui, prefeito, o senhor escolhe.

Por favor, prefeito.

 

O SR. RICARDO NUNES - Faço daqui para ganharmos tempo. Boa noite a todos, cumprimentar meu querido amigo, grande parceiro, governador Tarcísio de Freitas; nosso querido homenageado Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central, muito em especial Adriana, sua esposa, seus filhos, a Maria Eduarda e o Enzo, parabéns pelo pai, parabéns pelo marido; nosso querido presidente da Assembleia, deputado André do Prado; meu querido amigo de quem eu tenho muito orgulho e estou, assim, entusiasmado com o trabalho e a sensibilidade do nosso presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia; nossos sempre governadores João Doria e Rodrigo Garcia; enfim, temos aqui muitas autoridades que já foram citadas, permitam-me ser mais econômico aqui nessas citações.

Eu fui vereador durante oito anos e fiquei lá na Comissão de Finanças da Câmara Municipal de São Paulo, desta cidade-país de 12 milhões de habitantes, e acabei, Roberto Campos, entendendo mais ainda, já vinha como empresário entendendo a importância da responsabilidade fiscal, do verdadeiramente olhar para as pessoas no combate à inflação, de saber usar bem os recursos públicos, de saber onde cortar, e você sempre foi para nós um grande exemplo, desde 2018, ou antes já, como profissional, mas desde 2018 em especial, liderando e presidindo o Banco Central do Brasil.

Você sabe que, nas nossas conversas de dia a dia, a gente vai tendo a maior e melhor percepção de como a gente vê as pessoas, né, Prefeito Guti. Pouco tempo atrás eu conversava com Miled e com Marcos, que estão ali, sobre você.

Sabe que quando junta amigo a gente acaba fofocando um pouco, né? Aí a gente comentava da sua capacidade, da sua responsabilidade, meio como um São Jorge, porque o São Jorge é o cara que enfrenta o dragão, e enfrentar dragão não é uma batalha muito fácil.

Não foi à toa que você, com essa sua capacidade, com essa sua dedicação, com toda a sua experiência, uma pessoa supercapacitada, que sempre desenvolveu suas atividades à frente do Banco Central do Brasil, com esse poder de cuidar da nossa moeda, poder de olhar a transformação digital, não à toa foi o criador do Pix, como falou aqui o Caio, grandes prêmios recebeu e levou o Banco Central do Brasil a ser eleito o melhor do mundo pela Revista Central Banking, enfim, melhor presidente de banco central do mundo, que nos orgulha muito.

Então, eu fico muito feliz de poder estar aqui, com uma plateia tão seleta, de pessoas que... Hoje está bom para arrumar empréstimo aqui, viu, Tarcísio? Olha o Trabuco aí, o André Esteves.

A gente poder estar aqui neste momento em que o meu querido amigo, esse grande deputado, esse cara sensacional, Tomé Abduch, teve a iniciativa de propor a maior premiação, a maior comenda da Assembleia Legislativa (Palmas.), acompanhado pelos seus pares que estão aqui de todos os partidos.

Falou aqui um deputado do Novo, do PT, de vários partidos. Qual é o teu partido, Zacarias? União Brasil, enfim, vários partidos aqui. É um presidente do Banco Central do povo.

A minha fala final, para deixar como recado, é que ter um presidente do Banco Central do Brasil que olha pelo futuro do seu país é olhar pelos mais pobres, porque é muito fácil ceder e é muito difícil manter a sua posição firme e ter trabalhado a questão da independência do Banco Central.

Você fica até dezembro, né? É uma pena, mas você vai deixar, como o teu avô, um legado para o nosso país, um orgulho para sua esposa, para seus filhos, mas para cada um dos brasileiros que vivem neste país maravilhoso.

Parabéns. Parabéns, Tomé.

Muito obrigado. (Palmas.) 

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, prefeito, obrigado a todos. A gente está ouvindo depoimentos aqui. Mais que discursos, são depoimentos, né? Bom, nós temos um vídeo sobre o homenageado.

Nós temos estas duas telas laterais e também a tela central. Vamos exibir esse vídeo antes de a gente ter a cerimônia justamente da outorga, o momento da outorga dessa principal comenda aqui da Assembleia Legislativa.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - E aí, Roberto? Essa foi pesada, né? (Palmas.)

 

O SR. ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS NETO - Foi, na verdade, de uma leveza familiar.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Governador, me avisaram que o senhor vai falar agora. Então vou convidar o senhor para fazer o seu discurso agora. Mudaram o cerimonial, mas, por gentileza, governador. 

 

O SR. TARCÍSIO DE FREITAS - Bom, primeiro o meu muito boa noite. É uma alegria enorme estar aqui. Queria iniciar cumprimentando o nosso presidente André do Prado. Parabéns por essa homenagem.

Quero cumprimentar de modo muito especial Roberto Campos Neto, Adriana, Enzo, Maria Eduarda. Viram que a Adriana é ciumenta, né? “Eu sou a fã nº 1.” Eu até ia dizer isso aqui, mas agora é você, não tem problema. (Voz fora do microfone.) Eu posso? Ciumenta... Mas é isso, eu acho que você tem muitos fãs, muitos fãs mesmo. Conhecer a sua família é um presente para nós também. Que família linda! A gente ficou amigo, não tinha como ser diferente.

Meu caro desembargador Fernando Torres Garcia, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que muito nos honra. Eu tenho dito sempre, a gente está com os chefes dos três poderes aqui. São Paulo tem essa característica de ter, de fato, os três poderes independentes e harmônicos.

Cumprimentar o meu amigo, Cezinha de Madureira, deputado federal. Esse grande deputado estadual que está do meu lado, Tomé Abduch, que teve a sacada de fazer essa homenagem de conferir a principal honraria da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Nada mais merecido, nada mais justo. Se soma a tantas outras honrarias, ao nosso grande Roberto Campos Neto. Cumprimentar a Caroline, cumprimentar os seus filhos.

Meus amigos deputados estaduais, o Mauro Bragato, esse patrimônio da Assembleia Legislativa, tantos mandatos, o famoso deputado do Velho Testamento, deputado desde a época do Êxodo. Deputado Jorge Wilson, nosso Xerife do Consumidor, nosso líder. Leo Siqueira, e o Carlão Pignatari, sempre presidente. Guto Zacarias, esse jovem talento. Oseias de Madureira, deputado Eduardo Suplicy.

Meu amigo prefeito Ricardo Nunes, que prazer trabalhar com você. Ministro Bruno Dantas, presidente do nosso Tribunal de Contas da União. Os ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia. Os ex-ministros aqui presentes, o nosso grande conselheiro, Renato Martins Costa, presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Os nossos secretários de estado, enfim.

Obviamente, eu não vim aqui para fazer discurso. O que vou fazer é muito mais um depoimento, e tentar narrar um pouco o que foi conviver com Roberto Campos Neto, no tempo que eu estive no governo do presidente Bolsonaro, da convivência muito feliz, de quanto eu aprendi. Por que eu admiro tanto o Roberto Campos? Hoje de manhã alguém me perguntou: “Puxa, você vai na homenagem ao Roberto Campos?”

Eu disse: “Vou, é meu ET preferido.” É um extraterrestre. Porque tem alguns extraterrestres que a gente tem o privilégio de conhecer, algumas pessoas absolutamente fora da curva. E o Roberto Campos é um desses caras absolutamente fora da curva.

Ele se destaca pela densidade, pela competência técnica. Quando a gente tinha as reuniões do ministério, e ele falava, fazia as suas explanações, falava do cenário, eu fazia questão de anotar tudo o que ele falava, para tentar aprender alguma coisa.

Para tentar reproduzir aonde eu ia. Porque, observem, a gente fazia tanto “roadshow”, tentando vender os nossos projetos, e ninguém vende um projeto sem vender antes o Brasil, sem mostrar que o nosso País vai caminhar na direção certa.

Então a gente sempre tinha uma aula, e eu procurava prestar atenção. Eu não fazia um “roadshow” sem passar no Banco Central antes, entender qual era o cenário que estava vindo por aí.

Ele é o homem dos modelos, é o homem dos números, é um grande econometrista. Ele falava, mostrava para a gente o que ia acontecer. E o que ele falava acontecia. Pouca gente sabe como ele se importava com tudo.

Então é a pessoa responsável pela política monetária, mas estava sempre preocupado com o fiscal, sempre preocupado em dar bons conselhos. Preocupado, por exemplo, com a questão das vacinas.

Pouca gente lembra, ou pouca gente sabe, na verdade, acompanhou ou teve a oportunidade de acompanhar. Eu vi isso de perto: o Brasil fechou o acordo com a Pfizer porque o Roberto Campos intermediou. (Palmas.)

É uma pessoa que nos ensinou a responsabilidade de mexer com a política monetária. Quanta tecnicidade envolvida, por exemplo, na definição da taxa de juros! Como isso foi importante!

Como esse binômio, autonomia do Banco Central e meta de inflação, acabou sendo importante para que a gente pudesse dar previsibilidade para o mercado, permitir solidez, ancoragem de expectativas, reduzir o absorver os choques que a gente acaba tendo, diminuindo a volatilidade!

Foi com ele que a gente aprendeu como a definição dessa tal taxa de juros é técnica, como envolve esforço, como envolve análise. É a análise da inflação corrente, é a expectativa de inflação, é o hiato de produção, é tanta coisa envolvida, é expectativa futura. Quanto ensinamento!

Quantas pessoas, como você quis ajudar o governo passado, como você tenta ajudar esse governo, como você vai além do dever, mostrando o caminho. É uma pessoa extremamente apaixonada pelo que faz. É uma pessoa que procurou, a vida toda, o tempo todo, deixar legado, construir o Brasil. Não tem partido, não tem direita para você, não tem esquerda. Tem Brasil.

Você pensa futuro, você quer fazer a diferença, você quer ajudar, você quer estender a mão, você é amigo. E sorte de quem percebe isso, e consegue trazer, ouvir o que você tem para contar, ouvir o que você tem para dizer, o quanto você tem para ajudar.

Você que tornou vários sonhos realidade, sonhos do seu avô. Sonho, por exemplo, de ter o Banco Central independente, de ter o Banco Central autônomo. Como isso é importante para reduzir volatilidade, para fazer a inflação caminhar dentro da banda certa!

Como isso é importante para dar previsibilidade para os agentes de mercado! Como isso garante estabilidade na política monetária! Essa estabilidade acaba independendo das trocas de governo. Como a autonomia do BC foi importante para nós!

Como o Pix foi importante para nós! Precisava de alguém talentoso, e que gosta de Tecnologia da Informação, para trazer essa modernidade, para tirar esse projeto do papel! Quando você para no sinal, vê alguém pedindo um Pix. Quando você para e alguém vai lavar o carro, pede Pix. Quando você está no interiorzão, alguém hoje movimenta uma conta com Pix. A gente teve a maior bancarização da nossa história.

Quantas pessoas agora movimentam recursos de forma digital, recebem por Pix! Quantas movimentações estão surgindo! Como isso foi relevante para a economia! Como isso proporcionou economia de papel moeda!  E por aí vai. Acima de tudo, um cara bom caráter, um cara do bem, um cara família. Jogador de tênis, mais ou menos, né, Ricardo Faria! Mas, mesmo sendo mais ou menos, é melhor do que eu.

Eu estou aqui hoje para dizer o seguinte: que orgulho de poder dizer não só que eu trabalhei com você, porque isso eu acho que orgulha qualquer pessoa que teve a oportunidade de trabalhar com você.

É um privilégio de fato, porque poucas vezes na minha vida eu vi alguém tão diferenciado, tão brilhante, tão correto, tão apaixonado pelo o que faz. Mas eu estou aqui para dizer que tenho orgulho de ser o seu amigo, de poder dizer: “puxa, eu tenho muito orgulho dessa amizade”.

É uma amizade que para mim enobrece, enaltece. Eu me sinto realmente um privilegiado, um cara diferente por poder dizer que esse monstro, esse cara que foi eleito o maior banqueiro central do mundo, que conduziu o Banco Central a ser o melhor banco central do mundo, que soube segurar o juros na hora certa - e naquele momento se fez poupança, essa poupança virou consumo -, que soube ser corajoso na hora certa e elevar a taxa de juros primeiro do que todo mundo e soube abaixar a taxa de juros primeiro que todo mundo...

Quando todo mundo estava com problema de inflação resiliente, a nossa caiu porque nós temos um presidente do Banco Central absolutamente diferenciado. Que privilégio ter convivido com você, que privilégio poder dizer... Hoje, essa homenagem é muito justa, Tomé acertou para caramba. A gente é muito grato por tudo que você fez.

Você está deixando um grande legado. Você vai poder chegar no final da sua trajetória e dizer uma coisa que a gente falava no quartel e levamos para a vida toda: “Não vivi em vão, fiz a diferença.”

Então, obrigado por ter feito a diferença, obrigado por essa paixão pelo Brasil.

Que Deus te abençoe muito. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, governador Tarcísio de Freitas. Roberto, a gente vai querer ouvi-lo, mas antes a gente precisa lhe conceder o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, que é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Foi criada em 2025 e é concedida a pessoas naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico do nosso estado, como forma de prestar-lhes pública e solenemente essa justa homenagem.

Esta sessão solene homenageia com a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo o Sr. Roberto de Oliveira Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. Eu convido a todos para conceder este Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Roberto, agora é o momento de ouvi-lo. Vai falar lá de cima o presidente do Banco Central, agora já tendo recebido o colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Roberto vai se posicionar novamente lá na Mesa Diretora, justamente para termos esse momento. Vamos ouvir justamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que recebeu todas as homenagens devidas. Roberto, a palavra é sua, fique à vontade.

 

O SR. ROBERTO CAMPOS NETO - Boa noite a todos, muito obrigado. Antes de começar qualquer coisa, eu queria agradecer a minha esposa Adriana, eu te amo. Muito obrigado, porque eu acho que não teria conseguido atingir nada se não fosse pelo seu apoio. Agradecer a minha filha Maria Eduarda e o meu filho Enzo. (Palmas.)

Gostaria de agradecer meu querido amigo governador Tarcísio de Freitas, o deputado André do Prado, muito obrigado. Muito obrigado, deputado Tomé, pela homenagem. Queria agradecer ao prefeito, Ricardo Nunes. Queria agradecer ao presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia.

Eu nunca fui muito bom em nominata, era uma coisa que eu sempre tive dificuldade. Então queria aqui contar um pouco... Eu pensei no que falar hoje, e eu acho que eu tinha que contar um pouco da história do que foram os últimos cinco anos. Eu pensei que, se eu estivesse escrevendo um livro, eu teria alguns capítulos mais importantes. Então, hoje, a história é um pouco falar sobre os capítulos.

Mas, antes disso, eu acho que os verdadeiros homenageados deveriam ser vocês que estão no dia a dia empreendendo, gerando emprego, tomando risco. O nosso trabalho do lado de cá deveria ser fazer a vida de vocês ficar mais fácil, deveria ser dar previsibilidade. (Palmas.) Deveria ser fazer com que o Estado fosse o mínimo suficiente, mas o suficiente para ser indutor de desenvolvimento, gerando previsibilidade e gerando credibilidade.

Eu aprendi muito com cada um de vocês, e acho que vocês têm, nas suas formas de atuar... Eu vejo muita gente aqui ou empreendendo ou servindo como auxílio, às vezes nos bastidores do governo.

Estou olhando aqui para um que está rindo. À todos vocês: eu aprendi muito com vocês e acho que o verdadeiro homenageado, no final das contas, é quem faz o País andar, e quem faz o País andar é o mundo privado, não é o governo. Nossa tarefa é simplesmente fazer com que a vida de vocês fique mais fácil.

Gostaria, então, de iniciar agradecendo. É uma honra receber o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. Gostaria de aproveitar a oportunidade, fazer essa retrospectiva da história, os principais desafios enfrentados ao longo dos últimos anos, algumas das realizações e ganhos para a sociedade. São pouco mais de cinco anos de caminhada que eu vou ilustrar aqui por meio de oito capítulos que considero importantes nesse trabalho.

O primeiro capítulo. Eu fui ler o meu discurso de posse, no dia 13 de março de 2019, porque eu sempre entendi que era importante a gente ter planejamento, seguir o nosso planejamento e fazer as entregas. A gente tinha um plano bem desenhado. Eu comecei trabalhando no plano em 2018 ainda.

A minha esposa sabe, eu acordava e dormia à noite para poder fazer o plano. É um plano que a gente tinha um horizonte, a gente tinha uma sequência de entregas. Eu li o discurso, e quando a gente lê o discurso, já no discurso de posse apareciam embriões do que já fizemos nos últimos anos.

Naquele momento, eu tinha grandes expectativas e ideias gerais, porém bastante claras sobre o que eu pretendia realizar. Em primeiro lugar, obviamente, buscar incansavelmente o cumprimento da missão primordial do Banco Central. A gente falava muito em concentrar na melhoria da comunicação e na transparência.

Aos diversos diretores do Banco Central que me ajudaram nessa tarefa, queria agradecer a todos. A gente precisava segurar a estabilidade do poder de compra, pensar em como seria um sistema financeiro mais inovador, mais digital, mais sólido, ao mesmo tempo.

Além disso, o plano de trabalho que eu elaborei tinha o espírito de ser uma economia livre de mercado. Só em aprimoramento de mercado de capitais foram 35 medidas, desburocratizar o acesso aos mercados, securitização, iniciativas como home equity, as linhas de liquidez para títulos privados, que eu fiz com o meu amigo Bruno, que está ali nos prestigiando.

Nós avaliamos que era importante modernizar o sistema financeiro nacional e desenvolver o mercado de capitais, incentivando empreendedorismo e garantindo o acesso democrático a tomadores e investidores brasileiros e estrangeiros, famílias e empresas grandes, especialmente pequenas.

Eu também estava convencido que a tecnologia e inovação seriam bases para o amplo processo de inclusão e democratização financeira, e falei isso no discurso de posse naquele momento.

Meu plano de ação já mencionava algumas das iniciativas que vieram a ser implementadas durante a minha gestão. No discurso de posse nós falávamos do estímulo ao cooperativismo, que mais do que dobrou de tamanho; ao microcrédito, que fiz na época várias iniciativas, junto com o ministro Marinho, que não pôde estar conosco aqui hoje; o Pix, que na época a gente tinha uma ideia de um sistema de pagamento instantâneo que precisava ser programável; o Open Finance, que na época a gente chamava de Open Banking.

E, no meu discurso, tem uma parte que fala do “blockchain”. A gente não sabia muito bem o que isso ia nos proporcionar, mas a gente falava em uma plataforma integrada. Tudo isso está no discurso de posse. Então, é interessante olhar para trás e ver que a gente via isso cinco anos atrás, e que, no final, grande parte dessas coisas se tornaram realidade.

Por fim, de forma crucial, nós defendíamos a importância de conquistar a autonomia do Banco Central - está também no discurso de posse - para atingirmos as metas que pretendíamos alcançar. Esse era um projeto de 40 anos que nos alçou a um patamar de igualdade com grandes economias. Então, esse é o primeiro capítulo.

O segundo capítulo começa no dia 29 de maio de 2019. Foi quando nós fizemos uma entrevista coletiva da Agenda BC#. O segundo capítulo começa com uma ideia de “Eu preciso pegar todo esse grupo de inovações que nós queremos fazer e colocar em uma agenda de forma que a gente possa fazer as entregas, as pessoas possam seguir as entregas”. Tudo estava em um website onde a gente fazia a atualização semanal de tudo o que a gente estava fazendo.

A agenda teve uma forma muito concreta de desenvolvimento. Ela foi uma evolução da antiga Agenda BC+, que foi reavaliada e ampliada. Naquele momento, as principais premissas eram: aumentar a competitividade do sistema financeiro nacional, promover a democratização do sistema financeiro por meio de tecnologia e desenhar o sistema financeiro do futuro, e aqui a gente falava de intermediação financeira. Para isso, ela foi estruturada em quatro dimensões: inclusão, competitividade, transparência e educação.

De novo, nós tínhamos no website tudo o que a gente fazia. A gente fazia reuniões semanais de acompanhamento para ver, para fazer aquele “check the box” em tudo o que a gente estava fazendo.

Diversas iniciativas foram implementadas dentro dessa agenda ao longo dos últimos anos com enormes ganhos para a sociedade. Implementamos várias medidas relacionadas ao cooperativismo, microcrédito, mercado de capitais, internalização da moeda, o PL Cambial - com a ajuda muito grande, na época, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que foi a aprovação de um projeto que era polêmico, mas que nos ajudou muito e que simplificou muito essa parte do comércio internacional.

Também promovemos uma grande agenda de inovações tecnológicas, em que o Pix hoje é a entrega mais conhecida.

Por fim, cabe destacar também o programa que a gente fez, que chama “Aprender Valor, que era basicamente um programa de educação financeira que pouca gente fala sobre ele, mas atingiu 5,6 milhões de estudantes matriculados em 22 mil escolas, em mais de três mil municípios, mas a gente percebeu que existia uma preocupação com a sustentabilidade, e essa preocupação aumentava, e nós não tínhamos na agenda do Banco Central uma dimensão de sustentabilidade.

Então, em setembro de 2020, nós lançamos uma nova dimensão na agenda BC Hedge, era a Dimensão Sustentabilidade, essa dimensão visava criar condições para favorecer e desenvolver o sistema financeiro de forma que a gente pudesse atingir uma transição climática, pudesse passar mensagem de sustentabilidade. A agenda era dividida em regulação, supervisão, desenvolvimento de políticas e instrumentos, parcerias e ações internas.

Nossa agenda teve várias iniciativas que foram entregues, inclusive rendendo ao Banco Central prêmios na parte de sustentabilidade, entre elas eu destaco o “Bureau Verde”, que é como se fosse um “open finance credit”, que hoje é uma iniciativa que é muito admirada internacionalmente.

Estamos fazendo um trabalho de taxonomia sustentável brasileira, e mais recentemente também estamos trabalhando no provimento de instrumentos de hedge cambial para investimentos sustentáveis.

Aí agora nós vamos para o capítulo 3, nós mudamos para o período da pandemia, e esse capítulo, ministro Mandetta, começa no dia 28 de fevereiro, quando eu ligo para o ministro Mandetta em uma tarde, em uma sexta-feira à tarde, o ministro Mandetta que está ali, e eu tinha conversado com pessoas na Itália, e eu tinha uma preocupação muito grande com o que seria a pandemia no Brasil, e eu liguei para o ministro Mandetta e disse: “ministro, eu estou recebendo aqui uns modelos de contaminação e estão aparecendo uns números bem horrorosos”.

Ele disse: “Roberto, eu também estou muito preocupado, a gente aqui também está fazendo os nossos modelos. Você faz o seguinte. Tem uma reunião de governo no dia três, quando você for fazer a sua apresentação de economia, o ministro Tarcísio estava lá também, você coloca isso e fala e a gente vai ver o que acontece”.

Nós apanhamos para caramba, apanhamos muito naquele momento. Era difícil passar essa mensagem. Não tinha sido nem decretada a pandemia ainda, mas a gente tinha uma preocupação muito grande.

Então esse capítulo aborda esse choque negativo que nós enfrentamos que foi a pandemia Covid, seus desdobramentos. Em poucos dias a doença evoluiria de um problema localizado para uma enorme crise global.

Me recordo também que no mês seguinte fomos chamados ao Congresso, e as pessoas não tinham muita percepção do que isso significava para o Brasil. Até olhei um pouco o que eu falei naquele dia no Congresso, e a gente não tinha muita percepção, mas a gente conseguia ver que a indústria de serviços ia ser gravemente afetada pela falta de mobilidade.

Na época eu, do lado do ministro Paulo Guedes, disse aos congressistas: “Olha, eu acho que a parte de serviços vai sofrer muito”. Não era uma coisa tão óbvia, porque estava muito no começo da pandemia.

Então foram, assim, momentos que me lembram muito esse tema da Covid. Globalmente, como reação ao choque, houve a maior injeção fiscal da história, realizada de forma tempestiva e coordenada entre diversos países para dar sustentação à economia.

Durante a pandemia, o combate à pandemia não foi igual. Os países desenvolvidos gastaram 20% do PIB, praticamente o dobro dos emergentes, que gastaram 10%, e os países de baixa renda gastaram alguma coisa entre 3% e 4% do PIB.

Esses impulsos fiscais atenuaram os impactos econômicos do choque, mas também causaram os grandes desequilíbrios macroeconômicos, que é um tema que abordarei um pouco mais adiante.

No brasil, para conter os efeitos da crise da Covid-19, o governo e o Banco Central agiram de forma rápida, adotando várias medidas, e aqui nós tínhamos uma parte de liquidez e capital que foi desenhada pelo Banco Central, tinha uma parte de programas de crédito e programas de emprego ligados, vamos dizer assim, a linhas de crédito, que foram desenhados junto com os bancos, e que eu agradeço a todos os bancos. Foi um momento muito difícil para a gente, junto com o Ministério da Fazenda, e teve a parte de transferências.

Em um primeiro momento, de modo a evitar a disfuncionalidade de assegurar a confiança dos mercados, o BC adotou esse tipo de medida. Lembrando que a nossa ideia era garantir um sistema capitalizado, porque a gente não sabia quanto tempo ia demorar a Covid, e nem qual era a intensidade.

A gente queria oferecer condições especiais para que os bancos pudessem rolar as dívidas dos setores afetados, garantir que o mercado de câmbio funcionasse sem disfuncionalidade, e manter as condições monetárias estimulativas.

Entre as medidas tomadas pelo Banco Central, gostaria de destacar também a redução da taxa de juros, que de março a agosto de 2020 foi de 4,75% para dois por cento.

Em relação a políticas macrofinanceiras, o Banco Central também demonstrou ampla e rápida capacidade de atuação, sendo um dos primeiros bancos centrais do mundo a adotar medidas de suporte de liquidez ao crédito, antes de ter sido decretada a pandemia.

O Banco Central do Brasil injetou a maior injeção de liquidez e liberação de capital já vista no Brasil. No total, as ações adotadas resultaram em uma liberação de liquidez equivalente 17,5% do PIB e uma deliberação de capital com um potencial aumento de até 20% do PIB, e essas medidas tiveram efeito. Por isso foi mencionado no vídeo que o Banco Central ganhou um prêmio na época.

Entre outubro de 2019 e outubro de 2020, a carteira de crédito para grandes empresas cresceu 15 por cento. Quando a gente olha as microempresas, entre médias, pequenas e microempresas, cresceu entre 28% para médias, 33% para pequenas e 40% para microempresas.

Então, foi um momento muito importante de poder estruturar esses planos, e nós estivemos junto com o setor privado. Todos vocês que trabalham em bancos, nós tivemos inúmeras reuniões para ver como que a gente ia fazer.

Então, é uma prova muito importante de que é preciso estar junto do setor privado. É preciso entender o que realmente nós precisamos fazer juntos para fazer com que a gente gere eficiência na alocação de recursos.

Então, no final das contas, em 2020, houve uma redução do PIB de três por cento. O FMI previa uma queda de 9%, e em 2021 nós observamos um crescimento de 4,8 por cento. Então, já tinha sido revertido.

O quarto capítulo desse livro seria o Pix, nasce o Pix. Então, eu diria que a data de referência para esse é 16 de novembro de 2020, que foi um grande desafio, os funcionários do Banco Central trabalhando até altas horas da noite durante a pandemia para entregar o Pix para a sociedade.

No dia 16 de novembro começou essa revolução na forma como o brasileiro faz o pagamento, que impactou fortemente o dia a dia das pessoas, das empresas, transformou a indústria de pagamentos e o sistema financeiro brasileiro.

O Pix atendeu a grande demanda da sociedade por um meio de pagamento que fosse barato, rápido, seguro, transparente e aberto. E a gente pensou muito na forma de usar, ele tinha que ser fácil de usar.

Então nós gastamos muito tempo pensando que uma pessoa que não tivesse muito acesso à tecnologia poderia usar o Pix de uma forma simples. Apesar das expectativas serem altas, a adoção do Pix foi muito mais rápida do que esperávamos.

O Brasil é hoje o país que teve a adoção de meio de pagamento instantâneo mais rápida do mundo quando consideramos o número de transações per capita. Já temos mais de 750 milhões de chaves registradas.

O número de operações com o Pix já passa de 205 milhões de operações por dia. Se a gente pensar que a gente tem pouco mais de 100 milhões de pessoas bancarizadas, a gente está falando de duas operações por pessoa bancarizada por dia. Isso é quase três vezes e meia o que é a Índia, que é um sistema que já é bem mais antigo do que o Brasil.

Além disso, muitas novas funcionalidades já foram implementadas como o Pix Saque, o Pix Troco, o Pix Agendado e tem muito mais para vir. Eu estou olhando aqui para o Renato, a gente tem o Pix Automático, que ele me prometeu entregar aqui até novembro.

Então o Pix teve essa função muito importante na inclusão financeira; 71,5 milhões de pessoas que não usavam o sistema bancário e passaram a usar depois do Pix.

Dado seu baixo custo, o Pix também viabilizou novos negócios especialmente durante a pandemia.

A gente recebia vídeos de pessoas que fabricavam coisas que tinham um item muito baixo e que era importante ter o Pix, porque como era uma forma muito barata de transferência, viabilizava que as pessoas ficassem em casa produzindo itens de baixo valor.

Outro elemento importante é a possibilidade de integração de sistemas de pagamentos instantâneos internacionais. A gente tem feito isso. Eu vejo, em um período de três, quatro anos o mundo vai integrar muitos pagamentos internacionais. Na Ásia já está acontecendo isso.

Nós temos um sistema chamado Nexus que já conectou a Índia com Singapura, Singapura com Tailândia, com Malásia. Então acho que esse é um futuro e os países que não tiverem a capacidade de se interconectar vão perder muito espaço nesse movimento global de transações e principalmente nesse mundo de fragmentação e realocação.

Por isso estamos trabalhando no G20 numa governança mínima para essa integração. Pensando no Capítulo 5 agora, eu diria que é a ressaca da Covid. Então depois da Covid vem a ressaca da Covid.

Aí eu diria que aqui a data de referência é 17 de março 2021 e eu lembro muito do dia 8 de abril de 2021. Era uma reunião do FMI e eu fiz uma intervenção dizendo que eu achava que a inflação ia ser muito mais persistente do que estava sendo vendido no momento.

Eu achava que era um problema muito mais de demanda do que de oferta. Eu acho que alguns dos bancos centrais que trabalharam comigo, o Arnildo que está aí, que preparava as apresentações, não era uma coisa muito bem vista pelos bancos centrais na época. Tinha uma percepção de que serviços e bens iam se equilibrar de forma rápida; isso não aconteceu.

Durante a pandemia, como consequência dos problemas econômicos de transferência de renda e de políticas globais e de restrição à mobilidade, houve redução do consumo de serviços, mas um grande aumento no consumo de bens. E esse aumento no consumo de bens foi um deslocamento permanente que, aliás, permanece até hoje. Isso gerou aumentos, aumento de perspectiva de preço.

Um outro tema que pouca gente percebeu na época é que quando você substituía serviços por bens você também aumentava a demanda por energia, porque produzir bens consome muito energia do que produzir serviços e a gente começou a ver também um aumento no preço de energia.

Então a gente olhava aquilo aqui do Brasil talvez com a memória inflacionária que todo brasileiro tem e pensava: “Olha, esses bancos centrais não estão acertando o diagnóstico. Provavelmente a inflação vai ser muito mais persistente”. Ao mesmo tempo, a concentração das cadeias de valor em poucos produtores fez com que as interrupções nas cadeias impactassem o fornecimento de bens.

Todos esses elementos agravavam desequilíbrios entre oferta e demanda com gargalos significativos. O resultado desse processo foi a inflação, a pressão na inflação global. O BC foi capaz de reconhecer de forma precoce o caráter mais persistente da inflação, como eu disse, identificando o componente de demanda.

O Banco Central foi um dos primeiros bancos centrais a iniciar o aperto monetário já em março de 2021. Como resultado, a inflação no Brasil começou a diminuir relativamente cedo em comparação com outros países.

O IPCA caiu do seu pico de 12,1% em abril de 2022 para 3,7% em abril de 2024. Atualmente seguimos trabalhando para consolidar esse processo de desinflação e é muito importante entender que esse processo de desinflação é a melhor política social que a gente tem no País.

Agora eu vou em direção ao Capítulo 6 e o Capítulo 6 é um capítulo desafiador porque foi o primeiro teste da autonomia do Banco Central. Eu diria que aqui a data de referência foi 1º de janeiro de 2023, um novo governo. Em 24 de fevereiro de 2021, o Banco Central deu um importante passo com a sanção da lei que garantiu autonomia operacional do Banco Central.

Essa lei representa um marco no desenvolvimento institucional do nosso País. Esse avanço também representa o resultado de um longo processo de amadurecimento institucional que contou com o trabalho dos dirigentes do Banco Central que me antecederam e eu me servi dos servidores da instituição.

As mudanças trazidas pela lei estabeleceram um novo arcabouço institucional que reforçou um importante equilíbrio de forças de caráter técnico, objetivo e imparcial da atuação do Banco Central e aliou a instituição brasileira às melhores práticas internacionais.

No Brasil, os benefícios da autonomia se manifestaram na prática já em 2022, quando o Banco Central do Brasil promoveu o maior aumento de taxa de juros em um ano eleitoral no mundo emergente, na história do mundo emergente.

Posteriormente, esse avanço institucional também contribuiu para que a transição do governo federal ocorresse com maior previsibilidade, sem instabilidades no mercado.

Apesar de uma eleição muito polarizada, quando a gente pensa na transição de um governo para o outro, ela ocorreu de forma relativamente estável.

Eu acho que grande parte isso se deve também à autonomia do Banco Central. Mas com o início do novo governo iniciou-se também o primeiro teste real da autonomia, um período em que a autonomia foi alvo de questionamentos em determinados momentos.

O trabalho do Banco Central foi questionado em muitos momentos, mas estamos convencidos que com o passar do tempo os benefícios da autonomia se tornarão mais claros, bem como o entendimento do caráter técnico das ações que foram adotadas pelo Banco Central.

É importante lembrar que a autonomia do Brasil ainda não está completa. Precisamos de avanços para garantir também a autonomia orçamentária e administrativa da instituição. O Banco Central tem uma enorme capacidade de ajudar o desenvolvimento da sociedade brasileira.

Movendo-se agora para o Capítulo 7 do que seria, vamos dizer assim, esse livro. Aqui é um ponto muito importante para nós, porque foi quando a gente começou a ver os blocos do programa de inovação se juntando. Então, a gente diz que esse capítulo é: “Os quatro blocos se encontram.”

Quais são os quatro blocos? O Pix, o Open Finance, o Drex e a internacionalização da moeda. Apesar desses projetos terem se iniciado de forma muito separada, e era difícil no começo explicar que tudo estava, na verdade, no nosso plano interconectado, de fato, a gente começa a ver hoje uma conexão.

A integração desses projetos culminará com a criação do que chamamos agregador financeiro, que significa que no futuro você vai ter um lugar onde você vai ter todos os seus dados bancários, vai ter todos os seus produtos bancários e você vai ter portabilidade imediata, comparabilidade imediata com a possibilidade de melhorar o sistema com inteligência artificial.

Então, a gente começa a ver os quatro blocos se juntando, a gente começa a ver o benefício do Open Finance, pessoas que recebem mensagem porque têm o dinheiro parado na conta.

A gente já tem uma cifra de 10 milhões de reais economizados de pessoas que têm dinheiro parado na conta, receberam mensagem para ir para uma outra conta ou produtos que têm preços mais competitivos.

Então, aqui a gente quer gerar uma competição verdadeira, entendendo que, na verdade, todo o sistema financeiro cresce, porque a gente bancariza, segmenta. Então, nós entendemos que é uma vitória para todos.

Além disso também, o agregador financeiro poderá incorporar inteligência artificial e funcionar como consultor financeiro. Eu afirmo aqui, categoricamente, que nenhum país terá o que o Brasil está construindo, em termos de inovação tecnológica no mundo financeiro, nenhum, e eu olho bastante o que os outros países estão fazendo. Então, é muito importante entender que o Banco Central vai ser capaz de fazer essas entregas.

Agora, indo para o capítulo final, já estamos falando dos desafios para o futuro em um mundo muito mais incerto, eu diria que a referência é a data de hoje. Nesse capítulo é importante tratar alguns temas que ainda são importantes para a gente.

Em termos de inflação global ainda temos um desafio para a continuidade da desinflação, a conjuntura atual é marcada por um ambiente externo mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente em relação ao que seria o início de um processo de queda de juros nos Estados Unidos.

A velocidade da desinflação ainda está em xeque, existe uma dificuldade de se identificar os fatores que vão contribuir para essa queda de inflação global, lembrando que a gente tem pressão de custo na parte produtiva, a gente ainda tem pressão de custo, porque a mão de obra globalmente está apertada. Então, são vários fatores importantes.

Ao mesmo tempo ainda há outros riscos, como temas estruturais de economia, geopolíticos, o aumento da incidência de eventos climáticos. Nós agora tivemos aqui no Rio Grande do Sul um evento climático muito relevante que afeta a forma como um Banco Central analisa a economia.

Isso nos remete de volta à importância de o Banco Central ter dentro da sua missão a parte de sustentabilidade e a parte climática, não que a transição energética não seja importante. Nós consideramos a coisa mais importante, mas olhando hoje a parte da produtividade, a gente tem uma pressão enorme de custo para todas as empresas.

Acho que vocês que estão aqui podem atestar isso, que é essa fragmentação, que é o que aconteceu no mundo recente, e essa enorme injeção de dinheiro que a gente precisa fazer para a transição energética. Então, isso é muito importante.

Indo para a parte fiscal, é um ponto também que se relaciona especialmente em países avançados. A gente tem um ambiente com dívidas altas e taxa de juros ainda mais altas, o custo de servir a dívida do mundo avançado está muito alto.

Essa combinação de política fiscal e monetária drena liquidez de empresas, economias emergentes de países de baixa renda. O maior risco para esses países vem da possibilidade que a incerteza prolongada leve, em algum momento, a uma forte reprecificação de ativo.

A gente começou a ver um questionamento em relação a investimento em economias emergentes, um pouco já, eu diria, que é o efeito cumulativo da percepção de que os juros vão ficar mais altos com mais tempo.

Em termos de inflação no Brasil, no âmbito doméstico, temos ainda o desafio de assegurar convergência. A reancoragem das expectativas de inflação é um elemento essencial para esse resultado. Isso requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade dos arcabouços fiscais e monetários que contribuem, que compõem a política econômica brasileira.

Em termos de modernização, por fim, gostaria de ressaltar que estamos vivendo um período de grandes transformações, caracterizados principalmente por mudanças tecnológicas sem precedentes. Os bancos centrais vão estar cada vez mais assumindo novas responsabilidades.

Nesse ambiente, para que o Banco Central tenha condições de cumprir suas missões, é preciso que a instituição se modernize; para que o Banco Central possa absorver novas tecnologias, utilizar novas ferramentas e capacitar melhor seus servidores é fundamental avançarmos com autonomia orçamentária e financeira na instituição nos moldes da PEC, que está em discussão no Congresso.

Concluindo, em resumo, ao longo dessa jornada de mais de cinco anos enfrentamos enormes desafios, mas acredito também que realizamos importantes entregas para a sociedade.

Ao longo desse período, o Banco Central sempre primou por uma visão técnica, visando ao absoluto cumprimento de suas missões institucionais. Isso somente foi possível em virtude do elevado engajamento e qualificação dos servidores da instituição.

Tenho muito orgulho de estar liderando o Banco Central, instituição de excelência do estado brasileiro ao longo dos últimos anos. Sem dúvida esse foi o trabalho mais importante na minha vida profissional, e temos ainda muito trabalho a fazer até o fim do ano.

Gostaria de encerrar agradecendo a todos os servidores do Banco Central, muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - TOMÉ ABDUCH - REPUBLICANOS - Roberto, uma grande alegria. Parabéns, você orgulha a nação brasileira. E, nome do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, na presença do nosso desembargador Dr. Fernando Torres eu agradeço a presença de todos.

Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço a todos os envolvidos na realização dessa solenidade, assim como agradeço a presença de todos.

Está encerrada a sessão.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 51 minutos.

 

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