23 DE NOVEMBRO DE 2023

54ª SESSÃO SOLENE PARA OUTORGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO A AÍLTON GRAÇA

         

Presidência: TEONILIO BARBA

         

RESUMO

         

1 - TEONILIO BARBA

Assume a Presidência e abre a sessão.

         

2 - JASON

Mestre de cerimônias, anuncia a composição da Mesa.

         

3 - PRESIDENTE TEONILIO BARBA

Saúda as autoridades presentes. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, para realizar a "Outorga do Colar de Honra ao Mérito a Aílton Graça", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. 

         

4 - JASON

Mestre de cerimônias, convida todos a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro", executado pela cantora Célia Nascimento. Lê texto sobre o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

         

5 - EDUARDO SUPLICY

Deputado estadual, faz pronunciamento.

         

6 - XIQUINHA BOZÉLIS

Palhaça, faz pronunciamento.

         

7 - JASON

Mestre de cerimônias, anuncia apresentação de samba.

         

8 - PRESIDENTE TEONILIO BARBA

Agradece a todos pela presença, às autoridades e a TV Alesp. Diz ser o mês de novembro dedicado à consciência negra. Menciona projeto aprovado, de sua autoria, que decretou o Dia da Consciência Negra como feriado em todo o estado de São Paulo. Ressalta que o mesmo foi aprovado por unanimidade pelos deputados desta Casa. Considera esta aprovação como uma reparação do estado de São Paulo e deste Parlamento com os negros trazidos da África para o Brasil. Cita a grande luta do povo negro neste País e da cultura trazida por eles e implantada no Brasil. Discorre sobre o racismo estrutural e institucional. Pede respeito e a unificação do povo negro. Ressalta ser esta homenagem para Aílton Graça uma grande honra.

         

9 - VICENTE CÂNDIDO

Ex-deputado estadual, faz pronunciamento.

         

10 - JUJUBA

Mestre de cerimônias, anuncia a exibição de vídeos com depoimentos de amigos e colegas de trabalho de Aílton Graça.

         

11 - ALFREDINHO

Deputado federal, faz pronunciamento.

         

12 - JUJUBA

Mestre de cerimônias, anuncia a exibição de vídeos com depoimentos de amigos e colegas de trabalho de Aílton Graça.

         

13 - KAXITU RICARDO CAMPOS

Presidente da Fenasamba, faz pronunciamento.

         

14 - JASON

Mestre de cerimônias, anuncia a exibição de vídeos com depoimentos de amigos e colegas de trabalho de Aílton Graça.

         

15 - KÁTIA NAIANE

Esposa de Aílton Graça, faz pronunciamento.

         

16 - JASON

Mestre de cerimônias, anuncia a exibição de vídeos com depoimentos de amigos e colegas de trabalho de Aílton Graça.

         

17 - VINÍCIUS GRAÇA

Filho de Aílton Graça, faz pronunciamento.

         

18 - JASON

Mestre de cerimônias, anuncia a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Aílton Graça e a entrega de flores para Kátia Naiane, a esposa do homenageado.

         

19 - AÍLTON GRAÇA

Ator homenageado, faz pronunciamento.

         

20 - PRESIDENTE TEONILIO BARBA

Convida todos para a atividade de encerramento do seu mandato no dia 02 de dezembro. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

         

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Teonilio Barba.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pessoal, chamar aqui em cima, uma salva de palmas para minha amiga Jujuba. (Palmas.)

Juntos, vamos conduzir aqui. Boa noite, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Boa noite, Jason, tudo bom?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Como você está bonita, Jujuba. Você está formal, você botou um terno, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Coloquei meu terninho. Coloquei até gravata, olha, porque fiquei com medo de me barrarem. Aí pus gravata só para este momento solene.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - A Jujuba está bonita, gente? Então uma salva de palmas para a Jujuba. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Obrigada, gente. Pus até roupa de baixo aqui para vocês. Pensando o quê...

Jason, tem um monte de gente conhecida e que me conhece também, sabia?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Mentira.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É, escuto vozes gritando “Jujuba, Jujuba, vem aqui, vem aqui”. Ganhei beijos, abraços, sentei nessa cadeira fofinha que tem aí. Fofinha essa cadeira.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Deputada Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É, será, será? Deputada Jujuba? Não sei, gosto de ser artista.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba, o que nós vamos fazer aqui hoje? Todo mundo já sabe ou não?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Todo mundo já sabe? Vocês sabem o que vocês vieram fazer aqui hoje? Pessoal do camarote aí, sabe? Ali é VIP, “open bar” aquela parte. Vou dar uma passada ali daqui a pouco para dar um “oi” para vocês.

Hoje é uma noite de graça.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Olha, cheia de graça.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Cheia de graça.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Quem é o nosso homenageado da noite?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É ele, esse artista. Ele, que já está há muito tempo... que a gente acompanha, belo, que tem essa vertente do humor, que tem essa vertente do teatro de grupo...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Espera aí, já sei quem é.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Quem?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - É o Majestade.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Majestade...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - É ele? Não, não, não...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Não.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - É o Mussum?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É ele? Não, não, não, não, não.

Ele é... Ele é o incrível, o “maravilindo”, o sexy, o maravilhoso. (Palmas.) Já apareceu ele? Apareceu. É ele.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Aí, Jujuba. (Vozes sobrepostas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Nossa, é só falar bonito que ele já dá as caras. Cheio de graça.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Então vamos começar, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vamos começar então. Eu posso ficar aqui, Jason, ao seu lado?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pode. Pode ficar ao meu lado, você pode andar...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Isso, isso, isso é... Eu posso fazer essas coisas aqui?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Não, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Aqui não posso?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Decoro parlamentar, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É decoro? Estou infringindo o decoro. Ai, vai ser tão difícil não infringir o decoro hoje. Eu vou me segurar.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Por favor, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Tá bom, Jason.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Esse microfone tá estranho aqui.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Porque hoje é uma noite formal. Vou só fazer “uhu”.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pessoal, vocês já viram aqui. Recebam com uma salva de palmas o nosso proponente, o deputado Barba, e o nosso homenageado Aílton Graça. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Uhu. Eita.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Acompanha eles a Kátia, companheira do nosso Aílton Graça; a Mariana, filha do deputado Barba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Barba.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pessoal, vamos lá. Vamos começar, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vamos começar.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Formalidades.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Formalidades. Senhoras e senhores, boa noite. Vamos, gente, tem que responder.

 

TODOS - Boa noite.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Senhoras e senhores, boa noite.

 

TODOS - Boa noite.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Boa noite.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Sejam todos bem-vindos, todas bem-vindas. A Assembleia Legislativa de São Paulo está fazendo esta sessão solene que tem a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao ator, sambista, humorista, palhaço brasileiro, Aílton Graça. (Palmas.)

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo seu canal no YouTube.

Jujuba, vamos chamar o povo?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vamos. Povos, “povas”, vamos chamá-los.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Então, já chamando aqui para compor a Mesa o nosso deputado estadual proponente desta sessão, deputado Teonilio Barba, que vai presidir esta sessão. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Barba, Barba... E agora com vocês, para compor a Mesa, nada mais nada menos do que a companheira do nosso querido deputado estadual Teonilio Barba...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Não, a companheira do Aílton Graça.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ah, estou errando tudo já.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba. Jujuba, está sendo transmitido ao vivo. Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ah, então. Agora, com vocês, nada mais nada menos do que a incrível, a maravilhosa, Kátia Naiane Fernandes Quaglio. (Palmas.) Aí, a esposa maravilhosa. É ela.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - O Vinicius já chegou? O Vinicius está vindo, com o pessoal ainda do Lavapés. Roberto Monteiro chegou ou não? Acho que também está a caminho.

Então vamos chamar...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vamos chamar o incrível?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Sério?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - O maravilhoso?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Agora?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - O cheio de graça?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Já?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Já?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Cacildes.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Cacildes.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Então vamos chamar aqui pra vocês quem? Quem? Quem? Aílton Graça. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Aílton Graça. Hoje é dia de graça.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Chamar aqui também, para compor a Mesa aqui, a Mariana, filha do nosso companheiro Teonilio Barba.

Por favor, Mariana, vem aqui para a Mesa, ao lado do seu pai. (Palmas.)

Tem gente que está chegando, está no caminho, está chegando. Salve, salve, galera que está chegando aí no fundo.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha. Que beleza, hein?  (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Lavapés, ó.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Tem estandarte e tudo.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - O Vinícius chegou então ou não? Olha lá. Chega para cá, Vinícius.

Vem para cá também compor a Mesa o Vinícius Antônio Januário Graça, filho do nosso companheiro Aílton Graça. Para cá, por favor, vem para cá, Vinícius. Uma salva de palmas para o Vinícius. (Palmas.)

E todo mundo aqui da Lavapés que está chegando agora. Vem para cá, Vinícius.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Quanta elegância, que beleza.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Uma salva de palmas, gente, para a Lavapés, que está aqui. (Palmas.)

Pessoal que está aqui na frente, quem puder ceder os lugares para as baianas aqui da Lavapés, vai ser uma honra tê-las aqui na frente. Então, por favor, para o pessoal que está aqui na frente. Por favor, tem lugar aqui na frente.

Uma salva de palmas para nossas baianas, para nossa ancestralidade, para o Carnaval brasileiro, e para a Escola Lavapés. (Palmas.)

Vinícius, não vou te chamar de novo para você subir na Mesa.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Venha, Vinícius, venha.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pode ir por aqui. Jujuba, formalidades.

Gostaria de chamar, para fazer uso da palavra, o deputado proponente desta sessão e presidente desta sessão solene, deputado Teonilio Barba. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - TEONILIO BARBA - PT - Boa noite a todas as companheiras e todos os companheiros presentes.

Saudar aqui a nossa Mesa; saudar a Kátia, esposa do Aílton Graça; saudar o Vinícius, filho do Aílton Graça; saudar a Mariana, minha filha; saudar este grande amigo e camarada chamado Aílton Graça. Como disse o Rodney, nossa majestade.

Abertura solene. Sob a proteção de Deus, iniciamos... Sob a proteção de Deus, quero pedir licença a todo mundo, e de nossos orixás. (Palmas.) Sob a proteção de Deus e de nossos orixás, porque isso não está... Estou pedindo vênia às outras religiões, porque isso não está no texto. O texto é um protocolo da Casa que eu tenho que seguir.

Então, sob a proteção de Deus e dos nossos orixás iniciamos nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Sras. e Srs. Deputados, minhas senhoras, meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Aílton Graça.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Convido todos, em posição de respeito, a ficar em pé para ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será executado pela cantora Célia Nascimento.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Muito obrigado, Célia.

 

A SRA. CÉLIA NASCIMENTO - Gratidão. Boa noite.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Todos muito gratos aqui pela sua execução belíssima do Hino Nacional.

Queria agradecer algumas presenças aqui: o Nenê da Uesp - União das Escolas de Samba Paulista; Kaxitu Ricardo Campos, em Samba, Federação Nacional das Escolas de Samba.

Rose Marcondes, presidenta de honra da Lavapés; Gutinho, diretor da Lavapés, vice-presidente; Dr. Carlos Isa, representante do defensor público-geral do estado de São Paulo; Genival Guedes da Silva, presidente do Garotos da Vila Santa Maria, obrigado pela presença.

Márcia Chaves, secretária de governo da Prefeitura de Diadema; Josmar Tadeu Inácio, da Irmandade Chaguinhas, Liberdade.

Ué, cadê a Jujuba? Jujuba? Cadê você, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Que emoção. Estou aqui em cima.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Onde?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vim ver melhor aqui o espetáculo.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Onde?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Aqui. Aqui, gente.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Olha, a Jujuba está lá em cima.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vim ver aqui o pessoal de cima.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Você já está aí em cima, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Essa é a (Inaudível.), que está aqui na plateia. Tudo bom com a senhora?

 

A SRA. - Tudo bem. E você?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Está gostando do hino? Foi lindo, foi emocionante, não é?

 

A SRA. - Estou sim.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só, e a senhora ficou emocionada também?

 

A SRA. - Fiquei.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ai, tão emocionante, Jason.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - O que você foi fazer aí, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu gosto de gente, eu vim ver aqui, vim passar a mão para ver como está todo mundo, pegar essa energia boa que está aqui. Que foi? Está emocionada também? Chorou? Chorou, eita.

Jason, tem mais gente aí também para agradecer a presença. Posso falar?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pode, claro.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só, está o Gustavo Henrique, vice-presidente da Associação Recanto da Esperança, está por aí. Toma, moça, você vai ser minha assistente. Aí você segura essa folha?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Você é folgada, hein, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só quem mais está aqui: Arnaldo Ferreira dos Santos, presidente da Associação Comunitária Jardim das Oliveiras. Olha essas associações presentes. Daniel de Jesus, vice-presidente do Conselho do Samba. O Conselho do Samba também está presente.

Maristela do Amaral Freitas, diretora do Conselho do Samba. Acho que vai ter samba hoje, será? Eu acho que vai.

Damásio Soares do Nascimento, também do Conselho do Samba, presidente. Leio mais depois? Quer que eu leia mais?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Gilson Negão, da Embaixada do Samba Paulistano também está aqui, Jujuba. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha, só gente elegante aqui hoje. Aqui está boa esta plateia.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Isaías J. Dutra, vice-presidente do jornal “Gazeta Paulista” também está aqui, Jujuba. Sabia?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só. Olha, o Daniel Calazans, secretário-geral da CUT São Paulo. Está aqui, olha, CUT presente, muito importante.

Nelson Triunfo, artista e dançarino da cultura hip-hop. Nelsão. Olha, os artistas presentes.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Salve, salve, Nelsão.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eita, peguei só as fichas legais aqui.

Olha só, Olavo Thomas Júnior, presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Cultura de Paz. Que importante, Cultura de Paz.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Sabe quem está aqui também, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Quem?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - O Zé Ferreiro Ferreirinha, da Coordenação de Núcleos de Base do PT de São Bernardo do Campo; Ronaldo de Araújo Couto, veterano de São Bernardo do Campo; E está aqui também o Vicente Cândido. Cadê o Vicente?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Está aí?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Vicente Cândido, nosso sempre deputado federal e estadual. E acaba de chegar neste plenário...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu vi, eu vi. Acabou de chegar.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Eduardo Matarazzo Suplicy, deputado estadual. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É ele. “Je t’aime”. “Te quiero”. Ele nem me deu bola, você viu?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Quem mais está aí, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha, está o José Aparecido da Silva, da Associação Comunitária Jardim Eliana, muito importantes as associações aqui presentes; José da Silva Lemes, presidente da Congada, do Parque São Bernardo, Congada também. Olha, muita cultura popular aqui, popular e urbana.

Jefferson Marques, do núcleo do PT do bairro Rudge de Ramos, está aqui presente.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Oi.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Formalidades.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Diga.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Vou pedir para todo mundo prestar atenção.

O Colar de Honra ao Mérito Legislativo... Eles estão conversando aqui, Jujuba. Quer ler mais uns nominhos?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vou ler, que já está acabando. Tem três fichinhas aqui.

Fran, da Associação de Moradores do Riacho Grande, de São Bernardo do Campo; Mari Black, do Fórum Antirracista, de São Bernardo do Campo também; E Francisco Marques de Almeida, presidente do Consulado do Choro. Olha, muita gente da base comunitária, das áreas.

Aqui minha assistente. Deixa eu só perguntar, qual o seu nome?

 

A SRA. MEIRE - Meire.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Meire foi minha assistente aqui. Obrigada, Meire.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Uma salva de palmas para a assistente da Jujuba. (Palmas.) Agradecer a presença do deputado federal Alfredinho, presidente da Frente Parlamentar das Culturas Periféricas, também aqui presente. (Palmas.)

Pessoal, vamos lá? Só preciso ler um textinho aqui. O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Foi criado em 2015 e é concedido às pessoas naturais ou jurídicas brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares, que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico de nosso estado.

Como forma de prestar-lhes, pública e solenemente, uma justa homenagem, esta sessão solene homenageia, com a entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo, a mais alta honraria da Alesp, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o Sr. Aílton Graça. (Palmas.)

Antes de a gente seguir a nossa programação, Jujuba, vamos passar aqui, com um tempo de três minutos, para o nosso querido senador e deputado estadual, Eduardo Matarazzo Suplicy. O “Supla”, “papito”. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - “Papito”. É incrível.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Olha, que coisa bonita, deputado Barba, porque eu fiquei emocionado ao assistir à vida do nosso querido Mussum. E eu que, quando menino, adolescente, tantas vezes assisti e acompanhei os trapalhões, tinha, assim, por ele uma admiração formidável.

Então, eu quero dizer que este colar, esta condecoração que você está recebendo, Mussum, Aílton Graça, é uma coisa tão merecida, inclusive que isso esteja sendo realizado na semana em que se comemora o Zumbi de Palmares e todo o povo negro, povo afro-brasileiro. Você nos deixa muito contentes.

E eu acho que você ainda vai nos alegrar muito com outros filmes, outras novelas ou outras aparições que você venha a fazer, está bem?

Um grande abraço (Inaudível.), porque eu estou com outro compromisso hoje, daqueles que... Tem dias aqui que a gente precisa ser três, quatro pessoas ao mesmo tempo, mas eu fiz questão de passar aqui antes de ir para esse compromisso, tá bom?

Felicidades a vocês.

Parabéns, Barba. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - TEONILIO BARBA - PT - Obrigado, deputado estadual Suplicy. Muito obrigado pela sua presença.

O senhor é um homem muito atarefado, nós sabemos, mas você dedicou um tempo a passar aqui para cumprimentar todo o pessoal aqui, tá bom?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pessoal, já está aqui com a gente, nós anunciamos ele, o nosso sempre deputado Vicente Cândido já se encontra aqui presente. Uma salva de palmas. (Palmas.)

Também está aqui na Mesa o nosso deputado federal, presidente da Frente Parlamentar das Culturas Periféricas, deputado federal Alfredinho, já está aqui na Mesa também com a gente. (Palmas.) Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Oi.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - E aí, será que a gente falou de todo mundo, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Será?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba, eu acho que tem uma pessoa aqui que a gente esqueceu.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Uma pessoa surpresa?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - É, você já dedurou que é surpresa, né, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ai, dedurei que é surpresa. Ai, meu Deus, como eu sou ruim com as formalidades, gente. Sim, é surpresa.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Quem que é, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É uma pessoa muito especial.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Ela é legal?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ela é incrível. Ela é só uma pessoa assim, tipo...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Você conhece ela?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu conheço. Oxe, que eu conheço.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Será que o Aílton Graça conhece essa pessoa?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu acho que ele conhece bem, hein?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Meu Deus do céu, quem será?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu acho que muitos artistas na cidade conhecem. (Vozes sobrepostas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Todo mundo assim com a mãozinha, surpresa, atenção. Quem é que vai falar aqui do nosso homenageado, fazer a biografia dele? Quem é? Jujuba, quem é?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É a incrível...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - A sensacional...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - A “maravilinda”...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - A magnífica...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Mais que magnífica, muito mais que magnífica.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Quem é?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ela é a palhaça Xiquinha. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Xiquinha.

 

A SRA. XIQUINHA - É aqui mesmo? A louca.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - E ali, Xiquinha.

 

A SRA. XIQUINHA - Oi. Essa menina eu vi, eu vi. Boa noite.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É para lá, Xiquinha.

 

A SRA. XIQUINHA - Você está aí, menina?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Estou aqui.

 

A SRA. XIQUINHA - Oi... esse menino, eu vim. Eu vim, meu filho. Eu vim. Oi, gente, boa noite. Boa noite aí, pessoal. Tudo bem aí? Boa noite.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Salva de palmas para a Xiquinha, gente. (Palmas.) Xiquinha foi professora do Aílton Graça.

 

A SRA. XIQUINHA - Eu não. Eu não.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Você não, Xiquinha? Mas você conhece ele?

 

A SRA. XIQUINHA - Eu conheço. Essa é a outra.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Ah, é a Cida, desculpa.

 

A SRA. XIQUINHA - Você está bom, meu filho? Eu vim, viu? Mandaram eu vir aqui. Você está bom? Você está bonito, hein?

E aí, Cacá?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Gente, momento raro, hein? Que a Xiquinha...

 

A SRA. XIQUINHA - É minha amiga, ela também. É tudo amigo meu. Você está boa?

Seu Barba, está bom? Bonitinha, você também, viu? Está boa, minha filha? Nossa, eu vi esse menino pequenininho... quer dizer, a outra lá. Você está bem? É uma atrapalhação danada. Você está bem? Muito prazer, é Xiquinha Bozélis. Muito prazer, é Xiquinha Bozélis. Já falei com todo mundo.

Boa noite para vocês todos.

Nossa, que bonito esse povo aqui, hein?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Vem para cá, Xiquinha. Sobe aqui. Vem para cá.

 

A SRA. XIQUINHA - Dá licença. Eu vou falar umas coisas bonitas para ele. Espera aí, viu?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Mais uma salva de palmas para Xiquinha Bozélis. (Palmas.)

 

A SRA. XIQUINHA - Eu vim, meu filho, eu vim.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É a voltinha, a voltinha. Tem que fazer a voltinha.

 

A SRA. XIQUINHA - Eu falo aqui?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Fala aí, fala aonde você achar melhor.

 

A SRA. XIQUINHA - É melhor. Está ouvindo aí, pessoal? Então tá, deixa eu tirar o papel. Oi, coisa bonita, olha. Ei, é você mesmo aí, lindeza. Sobre palhaço brasileiro, eu vim falar sobre palhaço brasileiro. Já gostei. Palhaço brasileiro, meu lindo?

Você honrou, hein? Tu honraste. Fico com uma felicidade danada. Tenho que me controlar. Eu tenho que me controlar, porque tem a outra pessoa, que fica atrás do nariz, que fica muito emocionada e fica querendo vir. Aí a palhaça fica para lá e para cá, na briga danada. Mas nós vamos cumprir até o final.

Deixa eu botar os óculos, que estou com problema nas vistas. Aqui. Eu aproveito as máscaras. Recicla. Para pegar, guarda-óculos. Aprenderam? Já chegou o samba? É isso aí. Então vamos lá com o samba. Pessoal da imagem, vai soltando a imagem. Tem imagem no telão? Tem samba do bom.

Aílton Graça nasceu em São Paulo, filho de porteiro de hospital e de uma dona de casa, foi criado na periferia, no bairro de Americanópolis. Eu sei. Lembra das caronas? Mais precisamente no Buraco do Sapo.

Ainda no tempo da escola, apaixonou-se pela dramaturgia, época em que atuou em diversas peças amadoras. Ainda adolescente, chegou a fazer parte da escola independente do Jardim Miriam. Estive muito lá no Jardim Miriam, não foi verdade? Lembra das caronas, quando a gente saía lá do hospital? Do hospital, onde a gente tinha grupo, o grupo de teatro. Foi lá que eu o conheci.

Atuou em diversas peças amadoras antes de se tornar tão profissional, mas também foi fiscal de lotação. Aí, Jabaquara, feirante e vendedor de loja de sapatos. É ele. É esse palhaço do bom, artista popular.

Após ser aprovado e empossado em concurso público para o Hospital do Servidor, lá que eu conheci esse cabra danado. Nesse hospital havia um projeto de lazer para pacientes, criado por alguns atores e atrizes da Escola de Arte Dramática de São Paulo.

Ele participava desse grupo. E, em 1985, esse cabra aí, esse Aílton Graça, se formou na oficina vocal do Centro Cultural de São Paulo. E depois fez técnica circense no Circo Escola Picadeiro, de 86 a 88.

É, cabra. Lá com o mestre Zé Wilson. Hein, hein? Lá, te botei lá. Foi aluno de Antunes Filho, e aí seguiu a vida. E ensaiou duas peças do repertório do grupo, “Macunaíma” e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”. Sua estreia foi “Chica da Silva”, com a direção de Antunes Filho. O cabra é danado.

Tinha asa no pé. Foi mestre-sala e coreógrafo da comissão de frente das escolas de samba Gaviões da Fiel e União Independente da Zona Sul. No ano seguinte, estreou no cinema com o personagem Majestade, comandante do tráfico de drogas dentro da cadeia do filme “Carandiru”. Aí alçou voo, meu nego. Alçou voo o neguinho.

Sua estreia na televisão foi na novela “América”. Quem segura mais? Diga aí, quem segura mais? Ganhou o continente, América, no papel de Feitosa. A partir dessa novela, atuou também nos programas “Cidade dos Homens”, “A Diarista” e “Retrato Falado”. Fez parte do elenco da novela “Cobras e Lagartos”, interpretando o cômico Ramírez, e também atuou em “Sete Pecados”.

Na novela “Império”, Aílton deu vida à inesquecível Xana Summer. E, em dezembro de 2019, Aílton assume a presidência de uma das escolas de samba mais antigas do Carnaval de São Paulo, a Lavapés. E olha aí a tradição. Volta firme e não esquece da sua cidade de São Paulo.

Atualmente, está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, interpretando o cantor e humorista Mussum, no filme “Mussum, o filme”. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Viva a cultura. Viva, Aílton.

 

A SRA. XIQUINHA - O que pode... O que pode uma professora? O que pode uma mulher nordestina, preta, mulher?

A cultura popular, que olha para o menino que está aí na plateia, olhando alguém fazer teatro e dizer: “venha, suba”. Que acreditou... olhando ali e dizer: “venha”. Teatro se faz, fazendo, e acredita. “Venha, vamos embora”.

E vê esse danado, é um ciclo, interpretando o Mussum. Isso é a coroação. Isso é a coroação. É a coroação da negritude, do povo, da arte, meu nego.

Eu posso dizer, não é, Kátia? Axé, Evoé. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Viva, Xiquinha.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Obrigado, Xiquinha.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Alguém me dá um lenço?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Salva de palmas, gente. (Palmas.)

Que encontro lindo, maravilhoso. Obrigado, Barba, por este momento. Cadê o sambinha? Toca o sambinha aí para este momento aí. Cadê o sambinha, Jujuba?

 

* * *

 

- É feita a apresentação musical.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pode sambar, galera. Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Obrigado, pessoal.

Bate palma, bate palma. Bate palma, galera. (Palmas.) Jujuba, você já está aqui, Jujuba. Você já chegou, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ai, que coisa linda. A música, a arte, o samba, a emoção, os encontros. Ai, estou emocionada.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Eu também, Jujuba. Confesso que caiu um cisco no meu olho.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Caiu? Caiu o olho no meu cisco. O que aconteceu comigo aqui?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Oi.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Tem um povo aqui que também quer dar recadinho para o Aílton Graça.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ai, tem? Quem é?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Está sabendo não?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Estou sabendo não, deixa eu ver. Eu que tinha que falar, será?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pode ser eu.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Pode ser?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pode ser. Para proferir as suas palavras em homenagem a esse grande artista brasileiro, proponente desta sessão, o deputado Teonilio Barba. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - O Bárbaro. Barba, o Bárbaro. Sim, é ele. Admiração.

 

O SR. PRESIDENTE - TEONILIO BARBA - PT - Gente, boa noite mais uma vez.

Primeiro, quero agradecer a presença de todos vocês aqui. Agradecer a toda nossa assessoria; a assessoria do Aílton Graça, que trabalhou para nós chegarmos neste momento.

Agradecer ao presidente André do Prado, presidente desta Casa, que é quem autoriza as sessões solenes. Agradecer a cada um de vocês, vários companheiros e companheiras que eu vi aqui.

Se eu for ficar dizendo o nome, eu posso errar, mas quero agradecer em especial ao Daniel Calazans, secretário-geral da CUT do Estado de São Paulo. Agradecer ao Wilsão; agradecer a essas baianas maravilhosas da Escola de Samba Lavapés. (Palmas.)

Agradecer ao Dr. Zezinho. Várias pessoas aqui presentes, o Daniel e o Butina, que estão ali tocando o sambinha para nós; a Célia, que cantou o nosso Hino Nacional. Várias pessoas.

Este mês é muito importante. Agradecer a Iara Bento, coordenadora do SOS Racismo. Este mês é muito especial, é o mês em que nós estamos comemorando várias lutas de vários povos, mas principalmente nosso povo preto. Deixa eu agradecer mais três pessoas aqui que eu estou esquecendo.

Agradecer ao Carlos Isa, ele é da Defensoria Pública, fica aqui alocado na Assembleia para tratar da relação parlamentar. Agradecer ao meu amigo Vicente Cândido. Prazer em revê-lo, Vicente; ao deputado federal Alfredinho; minha filha Mariana, essa negra linda que está aí; agradecer à Kátia e agradecer a esse cara, que é muito fantástico.

Esse cara é fantástico, gente. Eles não conhecem o amor de pessoa que é esse cara. Já fizemos entrevista hoje com a TV Alesp. Particularmente, eu achei que nós somos espetaculares. A menina, a Priscila também. Agradecer à TV Alesp. A TV Alesp trabalha todos os temas de cada mês que tem aqui, e este mês foi dedicado todinho ao tema da consciência negra. Então, para mim, foi muito importante este mês aqui.

Importante por quê? Sentado nesta Mesa está o Vicente Cândido. Em memória, o nosso companheiro Zé Cândido apresentou o projeto da consciência negra aqui, filiado ao estado de São Paulo. Depois, o Vicente Cândido também apresentou; e a companheira, minha amiga...

Vicente Cândido, também meu amigo, foi uma das principais dobradas minhas em 2014. Nós rodamos a Capital de São Paulo, principalmente a zona sul.

Depois, a Leci Brandão apresentou, minha amiga, também, pessoal, que conheci nesta Casa. Conhecia de shows, mas você vai conhecendo ela pessoalmente, Zezinho, você não imagina como as pessoas são.

Agradecer à minha amiga, vereadora, Ana Nice, Zé Ferreira, que eu vi por aí. Eu não sei quem mais está aí dos nossos companheiros e companheiras, mas o pessoal não passou aqui uma listinha de quem estava.

Eu não sei se o Toninho da lanchonete está aí ou não, se Ananias Andrade está ou não, mas depois o pessoal passa e a gente vai agradecendo daqui até o final.

Mas é um mês importante, porque eu apresentei esse projeto este ano, no dia 08 de agosto - nós votamos esse projeto nesta Casa. Era o Projeto de Lei nº 370, de 2023, que tornou o Dia da Consciência Negra no estado de São Paulo um feriado em todo o estado de São Paulo.

Esse feriado só existia em 101 cidades do estado de São Paulo, porque os municípios, as cidades, têm uma limitação que é constitucional. É constitucional que a cidade só possa criar cinco feriados municipais. Ela não pode criar mais do que isso. E todas as cidades já têm mais do que isso. Então, foi um momento importante. Nós aprovamos aqui por unanimidade.

Eu queria que fosse um projeto dos 94 deputados. Por que eu queria que fosse? Mas considero que é porque ninguém... não teve um voto contrário, foi aprovado por unanimidade aqui. Então... o Zé Neguinho, estou vendo ali no fundo. Baratão, é você que está aí, Baratão? Opa.

Então, gente, quando apresentamos esse projeto, foi aprovado, foi legal, porque é uma reparação do estado de São Paulo, da Assembleia Legislativa, com o nosso povo preto do estado de São Paulo, nossos pretos e pretas, nossas negras e negros. É uma reparação. Por quê? Porque foram quase cinco milhões de negros trazidos da África para cá.

Vários morreram lutando na África, porque não aceitavam ser capturados. Não é que os outros aceitaram também, é que os homens brancos tinham armas poderosas e capturaram.

Morreram boa parte na travessia do oceano. Depois, boa parte começa a morrer nas culturas de cana, do café e de outras culturas que se plantavam no Brasil. E o processo de escravização dos negros não foi um processo que só foi para buscar trabalhador braçal. Não, foi para buscar também conhecimento científico.

Os negros que eram engenheiros, que tinham conhecimento científico - vários eram príncipes, outros eram reis -, foram capturados e trazidos para cá, escravizados aqui. Então vários morreram de várias maneiras.

Aí vem a famigerada Lei Áurea, em 1888, para libertar os negros. Se quisessem fazer a libertação para valer, teriam que ter feito a libertação dos negros e concedido terra a eles para fazer processo de assentar os negros na terra em um processo de reforma agrária. Não, os negros foram expulsos da senzala e passaram a morrer na beira da estrada, de chuva, tempestade, frio, calor e fome. E vários resistiram.

Então, para formar esta grande Nação que é o País, os brancos deste País, principalmente a elite branca deste País, devem muito ao nosso povo negro, devem muito ao nosso povo preto, às nossas pretas e pretos, negros e negras.

Uma das primeiras leis que dom João VI fez quando chegou no Brasil é que era proibido escravizar índios. Por que é proibido escravizar índios? Os índios eram mais guerreiros, mais valentes do que os nossos guerreiros africanos? Não, porque trazer negros da África para cá significava moeda para a Coroa de Portugal.

Então a luta do nosso povo é uma luta muito grande. Disseram que nos libertaram e aí nos jogaram na beira da estrada, e aí começa toda uma outra luta para poder tentar sobreviver e assentar.

Então, teve a criação dos quilombos para poder ajudar a combater a escravidão. São várias coisas que acontecem. É a cultura que o povo preto e negro deixou para nós aqui, criou neste País: na gastronomia, na capoeira, nas religiões de matriz africana.

E eu quebrei o protocolo desta Casa quando eu disse “em nome de Deus e dos nossos orixás”, porque não está escrito isso lá. Então, são várias questões: capoeira, cultura, música, samba. Nasce tudo desse povo, Serginho, nasce tudo desse povo. E esse é o nosso povo.

E eu, na entrevista, dizia para o Aílton que nós não temos que ter medo de falar da nossa ancestralidade. O livro mais sagrado do mundo fala da ancestralidade. O pai, o filho e o espírito santo. A Bíblia fala disso.

Por que nós não podemos falar dos nossos ancestrais, dos nossos orixás, das nossas entidades, das nossas religiões? Mas o processo de invisibilização dos negros continua.

Eu dizia na entrevista, Machado de Assis é criador, não é fundador, é criador da Academia Brasileira de Letras. Só foi ser reconhecida a sua imagem como negro depois de 100 anos da sua morte, em 2019. Então, existe o racismo institucional, que várias cidades praticam, e existe o racismo estrutural.

O institucional é aquele que faz o prefeito de São Bernardo. Acabou com a capoeira nas escolas, no dia 20 de novembro ele fez uma festa da comunidade alemã. Temos nada contra os alemães, desde que não seja fascista, nem nazista e nem racista.

Em uma outra, fez a festa da comunidade japonesa, que nós também não temos nada contra, desde que não sejam essas três coisas: que não pratiquem o ódio através do racismo, do nazismo e do fascismo. Então, esse é o racismo institucional.

Depois tem o racismo estrutural. E aí ele é seguido de várias coisas. Uma delas é: “ele é preto, mas é de alma branca”. Mas qual é a cor da alma de cada de nós? A outra, por exemplo, eu não sou reconhecido como negro. Eu sou mestiço, sou negro escravizado por parte de pai e bugre por parte de mãe, neto de bugre.

Eles não me reconhecem como negro, porque eu não sou retinto. Não reconhecem minha afrodescendência. E está lá... vai lá no TRE - desde 2014, não é agora -, por conta de fundo eleitoral que tem cota para os negros, não. É lá, desde a minha primeira disputa eleitoral, e antes disso eu já assinava como negro.

Está ali minha filha, Mariana, que é negra. A Bianca, que é caçula, mais clara do que ela, assina como negra. Então, nós aprendemos a fazer esse debate. “Ele é preto, mas tem a alma branca”. “Ele é preto, mas é gente boa”. “Estão tentando denegrir a nossa imagem”. “Quero tornar claro esse debate”. Por que é tornar claro? Por que não pode escurecer esse debate? Então, são várias coisas que a gente enfrenta. E é uma luta cotidiana.

Nós só vamos parar com essa luta no dia em que nós não tivermos medo de que as nossas pessoas saiam de casa vestindo a sua roupa tradicional, as baianas vestindo as suas indumentárias, quem é do Banto, do Candomblé, da Umbanda, sabe? É isso.

Enquanto isso não acabar... Nós não estamos pedindo tolerância, não. Nós estamos pedindo respeito. Nós queremos é respeito. Nós queremos é respeito. (Palmas.)

E para ter isso, gente, nós negros precisamos nos unir mais. Tem uma divisão muito grande dentro do movimento negro, quando a gente se encontra internamente. Por quê? Porque nós só vamos consertar isso com a disputa do poder.

E não é poder pelo poder, é poder de quem eu quero representar quando eu ganho uma eleição para deputado estadual. Então, nós temos que disputar as eleições municipais, as câmaras de vereadores, assembleias legislativas, a Câmara dos Deputados federais, o Senado, a prefeitura, governo de estado e a Presidência da República.

Nós temos que ter negros nossos, negros e negras, disputando o Poder Judiciário, Ministério Público. Nós temos que ter negros e negros nossos, tem que ter acesso à escola, à educação, à formação, para a gente poder disputar, para ser o CEO de uma grande companhia ou presidente de um banco, que é onde está o poder de decisão.

Um é poder de decisão política, o outro é poder de decisão econômica. Então, é desse debate que nós estamos falando, é nesse debate que nós estamos lutando.

A grande mídia anunciou, desde o dia 15 de março, olha: “a Mesa Diretora da Casa elegeu três homens”. É verdade isso? É verdade. “Elegeu três homens brancos”. É verdade isso? É mentira, porque eu me reconheço como negro, me declaro como negro, assino meus documentos como negro.

Na época em que eu me alistei - porque eu nasci antes da ditadura, sou um jovem de 65 anos -, você ia fazer o tiro de guerra ou exército, o coronel, o comandante, na sua cara falava: “Você é pardo, você é moreno claro, você é moreno escuro, você é mulato, você é preto”. Era assim, foi desse jeito. Mas depois que eu ganhei consciência no debate político, eu fiz questão de trazer esse debate à luz do dia.

E para mim, gente, fazer este prêmio aqui, hoje, para o Aílton Graça, Vicente Cândido de Sá, é a maior honra desta Casa. É o Colar de Honra ao Mérito, com a medalha de Honra ao Mérito que a gente dá para uma autoridade que virou, depois de toda a vida dele, que a Xiquinha contou aqui de maneira brilhante, chegou aonde chegou, não esqueceu a nossa causa preta. Está lá.

Aílton Graça poderia estar dirigindo uma grande escola de samba, se quisesse. Ele está dirigindo uma grande escola de samba, mas que está lá na disputa dos grupos de bairro, para poder subir, fazer o acesso.

Ele podia esquecer a causa negra e falar: “Estou ganhando bastante dinheiro na Globo agora”. Eu sei que não está ganhando bastante, porque é mais mal remunerado do que os outros, porque é preto, aí a Globo paga menos.

Então, podia falar: “Não, vou tocar a minha vida”. Não, ele está lá, foi lá, assumiu a presidência, agora é Lavapés Pirata Negra. Está lá. Já fui lá no barracão. Estou convidado para ir lá dia 16. Vou estar lá. Quero ver vocês, as baianas, desfilarem lá. Estou dando spoiler aqui das suas coisas.

Gente, são pessoas que não ligam para o poder econômico. Está tocando a luta, a defesa da causa negra. Eu posso citar várias aqui. Eu citei na entrevista... eu citei o Vinícius Júnior, que está ganhando 40, 50 milhões de reais por ano lá, não está aceitando ser vitimizado ou ser vitimado, chamado de macaco toda hora porque é preto.

Onde é que os nossos negros têm acesso hoje? É na cultura, é no samba, é no atletismo, é no futebol. Esses são os raros lugares. E poucos operários como eu, ou como Vicente Cândido, ou como Vicentinho e outros, que são negros, que chegam nesta Casa de Poder. Então, nós precisamos ter mais negros e negras nesta Casa de Poder.

Gente, eu... para encerrar, eu fico muito honrado, Aílton Graça, de homenagear você aqui. E como você cantou lá na entrevista, eu vou fazer uma coisa diferente agora. Não vou cantar, não.

Eu gosto de cantar um sambinha também. Não vou cantar, mas eu tenho uma letra aqui, tem várias letras. O Carnaval é uma coisa fantástica. O Carnaval é a coisa que mais conta a nossa história, de nós pretos e pretas.

E uma das que eu gosto muito. Eu gosto de praticamente quase todas, mas eu gosto muito de uma que fala assim: “Meu Deus, meu Deus. Se eu chorar não leve a mal pela luz do candeeiro liberte o cativeiro social. Não sou escravo de nenhum senhor, meu paraíso é meu bastião, meu tuiuti, o quilombo da favela, é sentinela da libertação. Meu irmão de olho claro da Guiné, qual será o seu valor, pobre artigo de mercado?

Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor, mas tenho o sangue avermelhado, o mesmo que escorre na ferida, que lamenta que a vida seja feita por nós dois. Mas falta em seu peito um coração que me desse escravidão e prato de feijão com arroz. (Palmas.) Eu fui Madiba, eu fui Madiba, Kabida, Rassoar. Fui rei egba, preso na corrente, sofri nos braços de capataz, morri nos canaviais onde se plantava gente.

Ei, Calunga. Ê, ei, Calunga, á, preto velho me contou, preto velho me contou, onde mora a senhora Liberdade não tem ferro e nem feitor. Amparo do Rosário ao Negro Benedito, onde se ouve grito feito pele de tambor. Deu no noticiário com lágrimas escrito rito, uma luta e um homem de cor.

Aí então, quando a lei foi assinada, uma lua estonteada assistiu fogos no céu. A Áurea feito ouro da bandeira, fui rezar na cachoeira contra a bondade cruel, que a Lei Áurea é a bondade cruel”.

Então, Aílton Graça, Axé meu irmão.

A benção para quem é de benção, Axé para quem é de Axé.

Vidas pretas importam, vidas negras importam e vidas presas importam. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Salve, salve, galera. O povo aqui está fazendo a gente se emocionar. Deputado Barba fazendo a gente se emocionar.

Jujuba, queria agradecer aqui ao Abraão, coordenador nacional de moradia da UNM.

Obrigado, Abraão.

Obrigado, Ju, que eu estou vendo também que está aqui com a gente.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Sabe quem está aqui também?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Quem?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só essa moça linda, maravilhosa aqui. Ana Nice, vereadora.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Salva de palmas para a Ana Nice. (Palmas.)

Fica de pé, Ana, para o povo aí te ver. A vereadora Ana Nice. Vereadora de São Bernardo do Campo, fazendo a luta.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Que beleza, só gente bela. Temos uma bela comissão de frente, você viu? Olha só para essa frente parlamentar.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Está chique aqui, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Estou chique, estou chique.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Oi.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Tem mais uma pessoa aqui que eu tenho a honra de chamar.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Quem é? Chama. Só tem os parlamentares da Cultura aqui, você viu? Das leis, as leis mais importantes do setor cultural estão aqui. Fomento ao teatro, fomento ao circo, à frente parlamentar.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba, eu trabalhei com esse... Quer dizer, aqui eu não posso falar isso, Aílton, porque eu trabalhei com todo mundo aqui - com o Vicente Cândido, com o Alfredinho, trabalho com o Barba. Então eu estou aqui, estou bem representado aqui.

Mas eu tive o privilégio de trabalhar aqui na Assembleia Legislativa em 2009 - eu, um garoto. E trabalhei aqui com o deputado Vicente Cândido, a quem eu quero chamar aqui para fazer uma saudação para o Aílton Graça, uma salva de palmas. (Palmas.)

Vicente Cândido, belo autor de leis da Cultura.

Vicentão, é contigo, meu irmão.

 

O SR. VICENTE CÂNDIDO - Boa noite a todos e todas. Que tarefa difícil me deram esta noite aqui, Aílton. Que tarefa difícil falar bem de você. Nossa senhora, é um sacrifício. Tem que ser muito artista aqui para falar bem do Aílton.

Eu não sou nada saudosista, mas chegando aqui e vendo este plenário colorido de cultura, de calor humano, de energia, Barba, me deu saudade aqui um pouco pela minha passagem pela Assembleia Legislativa, que também é um atributo ao Aílton.

No dia 6 dezembro de 2003, os artistas de São Paulo ocuparam esta Assembleia, aqui, com um projeto feito a muitas mãos. Não é isso? Estava aqui até Raul Cortez, Regina Duarte, Babenco, Fernando Meirelles, Fábio Assunção. Lembra disso?

A partir dali, os artistas não tiraram mais o pé aqui da Assembleia, ficaram aqui, ocuparam esta Assembleia, porque todo dia tinha uma linguagem cultural visitando aqui, fazendo coreografia, visitando os deputados.

Enquanto não conseguiram arrancar a Lei do Proac, o Fundo Estadual de Cultura, não sossegaram aqui o governador Alckmin, naquela ocasião. Então, não deixa de ser também uma homenagem ao Aílton Graça, que estava aqui também naquela época. Cria, lá do grupo Folias, ali no Santa Cecília.

Também em 2001, logo após a eleição da Marta Suplicy, prefeita de São Paulo, estava lá também o Aílton Graça, na Câmara Municipal, ocupando a Câmara Municipal para arrancar a Lei de Fomento, que virou uma referência nacional aqui na cidade de São Paulo. Então, não deixa de ser uma homenagem ao Aílton Graça também.

Barba, eu fui parlamentar por 22 anos, você está aí no seu segundo mandato, terceiro mandato. O Alfredinho, que já está três de vereador, é isso? Um de federal agora - quatro de vereador.

O PT é muito criterioso para fazer homenagem a alguém, para dar esta medalha, estas honrarias de câmaras, de assembleias, de Câmara Federal, de Congresso Nacional, a pessoas. Até porque praticar a cidadania, ser bom, ser honesto, trabalhador, é obrigação. Então, em tese, não precisaria ser homenageado. Então, o PT é muito criterioso com isso.

Eu, nos meus 22 anos de mandato, eu devo ter homenageado talvez umas quatro, cinco pessoas no máximo. Mas se existe uma homenagem justa, em um mês adequado, na semana adequada, é esta de hoje, do Aílton Graça. Barba, parabéns. Você escolheu a dedo. (Palmas.) Você escolheu a dedo a pessoa correta.

E o símbolo para todos nós, desta semana, da Semana da Consciência Negra, do Dia da Consciência Negra, dia 20, e desta homenagem aqui ao Aílton Graça, nós podemos tirar aqui várias lições.

O Aílton é aquele companheiro que consegue fazer dez coisas ao mesmo tempo. Filma, grava novela, grava filme, faz teatro, milita. Gasta todo o dinheiro que você falou que ele ganha da Globo lá no projeto cultural dele, lá de Jabaquara. Daqui a pouquinho a mulher dele vai expulsar de casa, porque ele gasta todo o dinheiro dele lá como cidadão.

E eu sou solidário ao Aílton. Estou lá ajudando a arrumar financiamento para o projeto dele, exatamente para ele não ser expulso de casa daqui a pouquinho, porque a mulher já deu o limite para ele. “Está bom, só não enrola o nosso apartamento aqui, porque nós não vamos ter onde morar se a gente perder o apartamento”.

Então, isso para nós é o maior exemplo de militância e de cidadania. Aílton Graça é aquele companheiro que a gente gostaria de ter uns 200 à nossa disposição, para você escalar na Cultura, no governo, no Legislativo, Alfredinho.

Agora, em toda época de eleição, Gilson, eu fico provocando o Aílton Graça: “como o PT gostaria de ter você como candidato a senador da República”. Eu estressei essa discussão com ele, nas duas últimas eleições, de 2018 e 2022. Ele falou: “Vicente, pelo amor de Deus, me deixa aqui”.

Mas não dá também para tirar o Aílton Graça da cultura. Já pensou você perder um ícone desses da cultura? Então a gente fica desfalcado.

Mas, como ele é novo ainda, com essa energia toda que ele tem, o futuro a Deus pertence. Então nós não podemos também tirar do nosso radar que o Aílton Graça um dia poderá ser o nosso senador da República. Já pensou que senador? Viu, Gilson, já pensou ter um senador dessa qualidade? (Palmas.) No Senado Federal, com essa energia, com essa cidadania.

Eu me lembro que, na eleição do Haddad - em 2016, na reeleição -, nós tentamos reelegê-lo, eu fiquei na casa dele. Fomos votar lá na Escola Superior de Propaganda e Marketing, aqui na Vila Mariana, ele chegou lá e gravou um vídeo de apoio ao Haddad, soltamos o vídeo na rede naquele dia. Saímos de lá, fomos à missa do padre Elinaldo, um padre negro, na paróquia São Benedito.

Chegou lá, ele fez a homenagem a São Benedito, estava fazendo samba de Nossa Senhora. O padre queria sequestrar o Aílton Graça para ficar lá na igreja, para ajudar a agitar a igreja. Então, esse é o militante de 1.001 qualidades, de 1.001 projetos.

A gente poderia ficar aqui a noite inteira falando bem do Aílton Graça. É muito fácil falar bem do Aílton Graça. Que alegria, que satisfação quando ele chega - a exuberância, a energia positiva que ele exala para todos nós.

E hoje você está fazendo aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo, Aílton... trazendo para nós aqui o exemplo de vida e seguindo, literalmente, o ensinamento de Plinio Marcos - que eu sei que você é um dos seguidores -, que dizia: “nós não viemos aqui para passear, viemos aqui para ser cidadão”. E você exerce, no mais alto grau, essa cidadania.

Parabéns. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só que orgulho desses parlamentares, não é, gente? Só fala bonita. Como eles conhecem de cultura, conhecem de tudo aí da gente.

Esse é o Vicente Cândido. Está bonito aqui, está legal. Ai, ocupei o lugar do Jason.

Jason? Cadê você, Jason?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Vim aqui dar um beijinho na minha esposa. Estou aqui agora.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ah, você está no aquário, ali.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Eu que vim para cá agora.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha só, vim pegar uma água. Agora é aquele momento formal.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Formalidades.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É, formalidades. Uma formalidade, assim, um pouco para quebrar a onda. O momento audiovisual. Com vocês, vídeos na telona. É rápido? É assim.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Pequenas pitadas de afeto para essa pessoa, porque deve ter muita gente querendo mandar muitas mensagens.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Oi.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Eu estou aqui ao lado da minha esposa. Aílton, ela foi no show do GOG, no dia 20, lá no ICL. E aí o pessoal estava lembrando que você foi na primeira marcha da Paulista aqui.

Então, uma salva de palmas ao Aílton Graça, mais uma vez fazendo história. (Palmas.) Estamos na 20ª marcha. Foi em 1979, ela está dedurando aqui ao meu lado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Dedurando a idade. Jason, posso chamar mais uma pessoa para falar aqui?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Claro, a tribuna é toda sua, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Ele que eu gosto tanto. Sabe por quê? Porque ele gosta muito do circo. Ele é o autor da Lei de Fomento ao Circo da cidade de São Paulo.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Autor da Lei de Fomento ao Samba, as rodas de samba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Olha, também. Só os deputados da Cultura. A gente está bem. É isso que dá, é isso que dá.

A gente tem que ir lá bater mesmo na porta desse pessoal. Não é, Aílton? É isso que tem que fazer. O Aílton faz isso, a gente faz também.

Então, eu gostaria de chamar aqui, para o seu momento de fala, o incrível, o maravilhoso, o charmoso, o que eu gosto muito, o nosso deputado Alfredinho. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - O deputado que não tem piolho.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Não, adoro ele. Vontade de dar um beijinho. Lindo, maravilhoso. Te adoro, te adoro.

 

O SR. ALFREDO ALVES CAVALCANTE - Eu fico com vergonha.

Pessoal, boa noite. Boa noite a todas e a todos. Eu não vou citar aqui todo mundo, eu vou citar poucas pessoas, porque quando a pessoa é citada, ela se sente feliz, quando não é citada, fica chateada.

É muita gente para citar e o tempo também é curto para falar, mas eu quero aqui, em nome de todas as mulheres, saudar a nossa grande vereadora lá de São Bernardo, está a nossa Ana Nice, que é a grande vereadora de São Bernardo.

Em nome de toda a Mesa, o deputado Barba, junto do Aílton Graça, e todos vocês.

Mas veja, eu estava até mostrando para o Vicente, mostrando minha reservista de aliciamento militar, porque o preconceito era tão forte em cima da gente, que essa questão de cor...

Hoje nós temos o branco e o preto, o pardo - que é considerado preto -, e eu fui listado com a cor morena, que é negro também. Até porque classificava-se no passado a cor, não era nem pela cor, era pelo cabelo. Então, se a pessoa fosse negra e tivesse o cabelinho liso, não era considerado negro.

Eu acompanhava lá no Piauí, quando eu morava lá, e era assim que era considerado. Mas tudo é preconceito, gente. É preconceito com o nordestino, é preconceito com o peão de fábrica que chega no Parlamento ou em qualquer setor do Executivo.

Eu estou lá em Brasília, você acha que é fácil eu estar lá? É um nordestino saído da fábrica, no meio lá de desembargadores, de juízes, de vários intelectuais que tem por lá.

Mas o importante é que a gente também não pode baixar a cabeça. A gente está lá como deputado, é igual a eles. Então tem que falar no olho, de igual para igual, sem nenhum tipo de problema.

E é contra esse preconceito que a gente tem que lutar. Quase que a gente aprovava ontem, Barba, o Dia Nacional da Consciência Negra. Estava na pauta e não aprovamos, porque a direita reacionária de lá obstruiu.

Nós acabamos a sessão, era 15 para as duas da manhã, porque eles obstruíram um projeto tão simples, que era do Guilherme Boulos, que designava o mês de agosto como o Mês da Desigualdade, nem definia, da desigualdade.

E, por conta disso, eles obstruíram a pauta inteira, a gente não conseguiu votar a Lei do Dia Nacional da Consciência Negra.

Na verdade, aprovou o requerimento de urgência, mas não votou o mérito. Lá é mais duro. Aqui... se aqui é duro, lá é pior. Então, não sei se você acompanha lá e sabe como é que é. A barra lá não é fácil, é pesada.

Mas, olha, a gente está aqui homenageando uma figura tão importante a nível nacional e que eu conhecia só através das telas, e agora estou conhecendo pessoalmente.

E aí, o que diferencia um artista da qualidade do Aílton Graça? É porque ele é um artista que faz cultura, é um grande artista, é negro, mas o que diferencia são as atitudes dele.

Como aqui falou o Vicente, acho que foi o Barba, disse que a Globo paga bem, me disseram que não paga tão bem assim. Mas nem que pague bem, ele não se limita a ganhar bem. Não se limita, ele também quer ajudar aqueles que mais precisam.

Quando ele vai lá no Jabaquara, ali em Americanópolis, e assume a presidência da escola de samba... que ele me falou que é a mais velha daqui de São Paulo, eu não sabia. E com trabalho social e cultural. E, pela forma como se manifesta, não é alienado, porque é artista, importante, que ganha bem, mas se posiciona na hora que tem que se posicionar, defendendo aqueles que mais precisam. É isso que diferencia.

E é por isso que ele está recebendo esta homenagem. Eu homenageei algumas pessoas, como vereador em São Paulo, e eu também tinha esse critério de homenagear alguém que eu soubesse que eu ia homenagear e lá na frente não ia me fazer vergonha nem criar nenhum tipo de problema.

Por isso que eu preciso ter critério, ser criterioso para homenagear uma pessoa, e o Aílton Graça merece esta homenagem, falado aqui por outros companheiros que me antecederam, muito justa, neste dia de hoje.

É muito emocionante ver quem está aqui. Eu passei a adorar a cultura, e a cultura é uma das armas que a gente tem para mudar a sociedade. Nesta semana, lançamos a Frente Parlamentar da Cultura e das Artes Periféricas. E eu, que ando nas quebradas, eu falo quebrada no meu linguajar, quase todos os dias, principalmente nos fins de semana.

E a gente vê que, em qualquer lugar da periferia desta cidade, em beco de uma favela ou em uma viela, você tem um artista. Você tem um artista, e que está ali, só depende de uma oportunidade para ir para o mundo.

E aí a gente mais uma vez olha o que é são esses malucos que defendem as armas, porte de arma, e o que é você colocar dinheiro na Cultura para tirar aqueles meninos que estão ali nos becos das favelas, aqueles meninos, que estão ali no dia a dia sem ter uma oportunidade nem perspectiva, e tornar eles um artista. Por isso é que a gente criou essa frente parlamentar.

E agora, meu amigo, nós vamos lá agora criar um projeto parecido com o fomento que a gente criou aqui, e especificamente para culturas periféricas. Porque nós tivemos avanço da Lei Paulo Gustavo, tivemos avanço da Lei Aldir Blanc, mas a gente precisa...

A lei está lá, mas ela dificulta. Por exemplo, aqui vocês, que são de uma escola de samba, Lavapés, lá do Jabaquara, porque se for ter acesso, pelo menos pretender ter acesso, um projetinho de 50 mil tem a mesma exigência de projeto de um milhão.

O projeto de um milhão para cima só os grandes artistas têm condição de acessar. A estrutura que tem os artistas pequenos, que estão aí na periferia, eles não sabem nem como é que conseguem concorrer a um edital, quanto mais montar um projeto para obter recursos para trabalhar a cultura na periferia.

A gente trouxe também a ministra Margareth Menezes, foi muito importante, porque eu podia ter lançado essa frente lá em Brasília, mas eu não quis. Nós temos que levar para a periferia, lá para o Grajaú.

Foi lá que a gente fez essa frente, e é com essa frente que a gente quer valorizar a cultura periférica e fazer com que os recursos cheguem até a ponta, que lá é onde está a necessidade de fazer justiça e de transformar a sociedade.

Por isso, pessoal, mais uma vez, nesta noite, agradecer pela oportunidade de estar aqui conversando com vocês. E, mais uma vez, parabenizar esse grande artista, Aílton Graça. Se a gente for contar nos dedos... apesar de ter muito artista bom negro, mas são poucos negros que estão aí fazendo sucesso nas telas da Globo e de outras TVs.

Até nisso a gente percebe claramente que aqueles idiotas lá de Brasília que dizem o seguinte: “não pode ter o Dia da Consciência Negra, porque aqui no Brasil não tem problema racial, porque aqui no Brasil não tem discriminação”. É isso que eles falam lá em Brasília, que é uma cara de pau.

Até eu fico olhando, lá tem uns que são verdadeiros artistas de teatro. Não está na qualidade de você, mas vão para a tribuna, fazem teatro, tentando convencer a gente que nada disso precisa, porque aqui não tem diferença entre branco e preto.

E quando a gente vai olhar os principais postos de qualquer lugar, de qualquer grande empresa, só tem branco. Em qualquer outro lugar é só branco. E essa luta vale muito, a gente continua.

Em Brasília também foi aprovada a Frente Parlamentar Racial, é muito importante essa frente parlamentar. É uma luta que a gente tem que ter todos os dias, porque, embora a gente tenha conquista e tenha leis, a lei não garante em si o direito. A lei está aí, mas se a gente não lutar para que a lei seja cumprida, ela fica lá, porque o problema maior não é lei, tem muitas, o problema maior é você fazê-la cumprir.

E é com essa luta de todos os negros e negras que a gente tem que fazer nosso dia a dia, que a lei seja cumprida e a gente cada vez mais elimine de vez essa discriminação que existe neste País.

Muito obrigado, pessoal.

Abraço a todos vocês.

Estamos juntos nessa luta. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Valeu, Alfredinho. Salva de palmas. Deputado Federal Alfredinho, da Frente Nacional das Culturas Periféricas. Grande Alfredinho.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - O lindo, o querido do Piauí. Meus pais são do Piauí também, sabia, Jason?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Que lindo, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É, piauiense é uma coisa. E agora vamos de mais um momento audiovisual.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Mais vídeos?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Mais depoimentos. Técnica, um, dois, três.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Nossa, o povo gosta dele, hein, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu acho que ele é querido.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Meu Deus do céu, quanto depoimento lindo. Jujuba, sabe quem vai falar aqui agora?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Quem, Jason? Quem será?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Sabe quem vai falar? O Kaxitu, da Fenasamba. Pedir uma salva de palmas e que ele venha até aqui, no púlpito. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É, Kaxitu, isso aí.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Kaxitu, vem para cá. Salva de palmas, gente. O Kaxitu não chegou ainda. (Palmas.)

Corre, Kaxitu. Vai, Kaxitu.

 

O SR. KAXITU RICARDO CAMPOS - Boa noite a todos, a todas. É um prazer estar aqui, nesta noite tão importante para a gente que é do samba.

Eu represento a Federação das Escolas de Samba. São 18 estados, mais de mil escolas de samba que hoje vêm através de mim, meu irmão, te abraçar por essa sua história, pelo que você representa. (Palmas.)

Essas duas semanas que nós estamos são semanas importantes para a causa negra do nosso País. Nós passamos pelo Dia da Consciência Negra, do nosso herói Zumbi, e semana que vem a gente comemora o Dia Nacional do Samba, que é a nossa data magna. Não é, Gilson, nosso embaixador do samba?

Hoje, eu queria lembrar das dificuldades que a gente passa, porque exatamente no dia de hoje, nós, dos sambas, temos uma coisa triste a falar. Uma das maiores porta-bandeiras da história do carnaval brasileiro, que viu o nascimento da Portela, sofreu ato de racismo em uma loja, em um “free shop”.

Oitenta e cinco anos, essa senhora sambista da escola de samba que mais ganhou títulos no Carnaval Carioca, completou 100 anos e, mais uma vez, sofreu um ato de racismo exatamente no dia de hoje.

Então, quando a gente homenageia este grande líder, essa grande imagem do nosso carnaval, do nosso samba, eu acho que é uma amostra de que nós estamos resistindo. Então, parabéns, deputado Barba, por você reconhecer essa luta tão importante que faz o nosso querido Aílton Graça.

A minha história como dirigente do carnaval passa pouco pela história do samba do Aílton, queria falar um pouquinho disso. Quando eu assumi uma das escolas de samba aqui em São Paulo, que é a Camisa 12... nós somos, torcemos pelo mesmo time. E essa torcida vem desse time, assumindo a presidência.

Quando eu recebi, em 2002, a vinda do Aílton Graça com um grupo de amigos para ajudar nesse trabalho na Escola de Samba Camisa 12, eu acabei saindo, voltei para a União das Escolas de Samba. E a primeira pessoa que abraçou a minha candidatura foi o nosso amigo Aílton Graça, e fiquei por dois mandatos na União das Escolas de Samba.

Na minha saída e indo para a Fenasamba, eis que encontro um dia na porta da UESP o Aílton Graça com essa notícia que ele assumiu uma das escolas mais importantes do carnaval de São Paulo, uma das escolas mais importantes do carnaval brasileiro, que é a Lavapés Pirata Negro.

A importância de a gente ter uma pessoa que é para além do carnaval, como o Aílton, e poucos artistas que vieram do samba olharam para trás.

Então, Aílton, você é um grande “sankofa”, porque você olha para trás e não se desgarra dos seus. Você, como artista, grande artista famoso, você nunca esqueceu suas raízes, suas causas, como foi falado, e principalmente o samba, que foi um dos seus primeiros espaços.

E você, como o deputado Barba colocou, poderia estar desfilando de destaque em alguma escola de samba de São Paulo, do Rio de Janeiro. Você foi ajudar uma comunidade importante, que precisava de uma imagem bacana, de uma liderança como é a sua, e hoje você está trazendo de novo a Lavapés para o espaço que ela merece.

Então, por isso, eu queria também te homenagear neste dia, lembrar a sua história e dizer o quanto você é importante. Inclusive, por uma coisa que... infelizmente, no nosso meio, deputado Barba e os nossos queridos parlamentares, cada vez menos nos espaços de poder do samba e do carnaval... os negros que construíram. Inclusive quando a repressão era muito grande para o carnaval, quem estavam lá eram os líderes negros.

E hoje, quando as escolas de samba... em muitos aspectos, hoje é uma cultura bilionária, e a gente não vê mais as lideranças pretas. Então você, como dirigente de escola de samba, também para a gente é um espelho para o futuro, para nós nos vermos também nesse espaço que nós criamos e que nós fizemos.

Salve a vida e a história de Aílton Graça.

Obrigado, gente. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Obrigado, Kaxitu.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eita, Kaxitu, só coisa importante.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Emocionante aqui, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Só fala importante.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba, vou chamar também um bloco de vídeo aí.

Vamos chamar? Vamos lá, como é que é o negócio que você faz aí?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É assim: momento audiovisual.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Eu vim para o púlpito agora porque vou chamar ela.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - O púlpito é todo seu, Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Todo meu. Alguém fotografa que eu estou no púlpito. Agora eu vou chamar ela. Se não fosse ela, o que seria dele? Talvez não tivesse tanta graça.

Enfim, a primeira-dama, a apoiadora desde sempre, incrível, maravilhosa, a tudo de tudo, Kátia Naiane Fernandes Quaglio. (Palmas.)

 

A SRA. KÁTIA NAIANE FERNANDES QUAGLIO - Boa noite. O que dizer, não é mesmo? O que dizer do que já não foi dito sobre o Aílton.

Eu, como companheira, a gente já passou por muita coisa, já passamos por várias fases, várias histórias, e o que eu posso dizer sobre o Aílton é que ele é um destemido, ele é um homem de coragem, ele é um homem bravo, ele é um sonhador.

E mais do que isso, hoje em dia ele é um realizador, é um homem que é desbravador e que me dá muito orgulho de ser sua companheira, de ser sua parceira de várias maneiras.

Aílton é um homem gentil, é um homem que vai à luta, que não se esmorece. Para além dessa pessoa alegre, animada, ele é uma pessoa que não para quieto realmente. Não é só no trabalho, não é só na militância, ele não para quieto de jeito nenhum. Nunca para, mesmo. E eu acho que é isso. Não vou me alongar muito, acho que tudo já foi dito.

E as pessoas que conhecem, que admiram, sabem o quão ele é maravilhoso e o quão generoso, forte e bravo ele é. E é isso.

Só tenho a agradecer por todos esses anos e dizer que você merece muito esta homenagem pelo cidadão, pelo homem, pelo parceiro, pelo sambista, pelo ator, pelo artista que você é.

Parabéns. Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Uau.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Kátia. Kátia. Kátia. Kátia.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Que emocionante.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Teve beijo.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Jujuba, o que nós vamos ter agora, Jujuba? Jujuba, deixa eu tentar?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Tu vai tentar, vê se funciona. Não funciona, funciona só comigo. Pode chamar, Jason.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pessoal, então agora nós vamos ter o vídeo, como é que é? (Inaudível.) é isso?

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - É, Jujuba, um monte de homenagem bonita aqui.

E para finalizar esse bloco aqui, muito emocionante...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - “Emociolindo”.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Cadê tu, Jujuba? Você está aí, Jujuba.

Jujuba, queria agradecer ao Rogério dos Anjos, que ajudou a gente aqui em toda a organização deste evento. Obrigado, Rogério. Uma salva de palmas. (Palmas.)

Grande amigo, parceiro.

Obrigadão, Rogério.

Jujuba.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Foi ele, foi ele. Oi.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Agora eu vou chamar um cara aqui que é amigo, parceiro, companheiro de luta.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É? Vai chamar agora?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Isso, agora. E filho do nosso Aílton Graça. Queria chamar o Vinícius.

Vem para cá, Vinícius.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Temos legado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Vem fazer a sua homenagem ao teu pai. (Palmas.)

 

O SR. VINICIUS GRAÇA - Boa noite, boa noite a todos, boa noite a todas. Não tem muito o que falar dele, além do que já foi dito.

Ator, já dirigiu peça, hoje presidente da escola de samba. Talvez sejam essas as facetas que vocês conhecem dele. Talvez a mais íntima que ninguém sabe é que meu pai anda armado. Desde pequeno ele anda armado, porque a minha avó deu uma arma pra ele. Uma arma muito especial que ele carrega até hoje. Se ele estiver com bolsa, mochila...

Essa arma foi a caneta que ela deu para ele e para o meu tio. Meu pai sempre foi muito agitado. Sempre quis ser tudo na vida. Enquanto meu tio já era extremamente focado e determinado em uma coisa só, um dos maiores administradores da época dele, o sonho do meu pai era ser carroceiro, palhaço, médico, advogado, astronauta, jogador.

Hoje se resume a ator, porque minha avó falou: “Você quer ser tudo. Você tem que escolher uma profissão então que caibam todas essas”. E sem falsa modéstia, não porque é meu pai, não é à toa que é um dos melhores atores do Brasil. (Palmas.)

E como defeito dele, que eu sempre falo que isso é uma coisa que eu quero muito ter em mim, é o altruísmo dele. Se ele precisar, ele tira a roupa do corpo e dá pra você. Sem te conhecer, sem saber do seu passado, ele simplesmente doa tudo o que ele tiver. Ele é muito generoso.

Que eu consiga ser 1% disso, porque o melhor espelho que eu tenho é você. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Haja coração.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Uma salva de palmas, gente. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Palmas, palmas. Viva a família.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - É isso aí, a ancestralidade. A ancestralidade, o poder da família, do exemplo. Que história linda.

Ai, ai, Jujuba. Haja coração. Enfim, galera.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Está chorando ali, olha a emoção no olho das pessoas aqui.

Está emocionada? Está aqui. Está emocionada? Você está emocionada?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - História de vida linda, não é, Jujuba?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - É lindo, é lindo. Hoje, esta noite aqui, é noite de graça. A gente começou falando assim, hoje é noite de graça. Olha só que lindeza.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Pessoal, agradecemos aqui as palavras das autoridades. Neste momento, daremos início à outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo, e vimos aqui pelos depoimentos, mais do que merecido, para o nosso homenageado, Aílton Graça.

Queria então pedir, Aílton, que você viesse aqui para frente junto do deputado Barba para que seja outorgado - aqui embaixo, por favor - com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. Peço também para a Kátia e para a Mariana se posicionarem aqui, por favor, aqui embaixo.

 

* * *

 

- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - A partir de agora, está outorgado com o Colar de Honra ao Mérito, a mais alta homenagem desta Casa de Leis, proposta pelo deputado Teonilio Monteiro da Costa, o Barba.

Aílton Graça agora acaba de ganhar o Colar de Honra ao Mérito desta Casa de Leis. Uma salva de palmas. (Palmas.)

Queremos também oferecer, em homenagem à Kátia - que vai ser entregue aqui pela Mariana -, flores para ela, por essa luta, por ser companheira, amiga e lutadora da cultura também.

 

* * *

 

- É entregue a homenagem.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Uma salva de palmas, por favor, até a frente, ali. (Palmas.) Kátia e Mariana, se posicionem lá na frente para as fotos.

Parabéns, Aílton Graça. A Assembleia Legislativa e o deputado Barba te dão esta honra, porque você merece e você representa não só a cultura brasileira, mas representa todo o povo negro brasileiro, todo o povo brasileiro que sofre as mazelas do dia a dia.

Parabéns, Aílton Graça.

Parabéns, Assembleia Legislativa, por esta justa homenagem.

E aí, Jujuba, você está chorando?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Um pouco, já chorei muito, já. Esta noite aqui, já chorei muito. Muita emoção, muito lindo este momento, merecido. Grande artista brasileiro.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Por favor, de novo à Mesa, todo mundo.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Vou fazer a passagem de volta, pode voltar. Abrindo os caminhos, pode voltar também. Energia aqui, está boa demais a energia aqui.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Gente, que homenagem linda. Que noite, hein, Jujuba? Você esperava tudo isso ou não?

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Que noite. Eu esperava tudo isso. Nossa, essa beleza aqui toda presente, todo mundo.

Aí, o fundão que está aí também. Olha lá o fundão também, vocês aí.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Agora, vamos ouvir o nosso homenageado, agora com o Colar de Honra ao Mérito da Assembleia Legislativa.

Vem para cá, meu irmão, Aílton Graça. A palavra é contigo, estamos aqui pra te ouvir.

Parabéns por este bonito colar, você merece isso e muito mais.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Viva, Aílton.

 

O SR. AÍLTON GRAÇA - É bem isso mesmo, aguenta o coração, minha filha. Eu queria estar com uma cara melhor, não com essa cara de choro o tempo todo, porque estou bem emocionado.

Deixa eu só pedir licença a todos vocês que estão aqui dentro desta Casa, dentro da Alesp. Quero pedir agô a quem for do namastê; eu quero pedir agô a quem for do amém, a quem for da paz do Senhor, até àqueles que forem ateus que estão aqui. Eu quero pedir licença, eu acho que eu não vou conseguir falar se eu não saudar quem comanda meu Ori.

Então, saudar Exu primeiro. (Pronunciamento em língua estrangeira.) É isso. Obrigado. Obrigado, meu pai Exu, que me conduz. Obrigado, meu pai Oxóssi, dono de meu Ori. Obrigado, minha mãe Oxum. E obrigado, Nossa Senhora, que me guia por onde eu vou.

Eu não tenho a menor ideia por onde começar a falar algumas coisas aqui. Primeiro, Barba, você é doido. Você continua doido, tá bom? Você não está entendendo como eu vou ficar metido. Você não está entendendo, cara.

Eu vou para tudo quanto é lugar, Vicente, Alfredinho, eu vou para tudo quanto é lugar com essa estrela agora, com essa coisa aqui e falar: “Gente, eu fui homenageado”. Vocês não estão entendendo, cara, vocês estão criando um monstro. Vocês criaram um monstro. É, é isso.

Gente, assim, a Cida Almeida, que esteve aqui, a minha mãe do teatro, é a minha mãe do teatro. Ver ela aqui abrindo a sessão, vocês não têm ideia do filme que passou... Desculpa, gente. (Palmas.) Vocês não têm ideia. Assim como meu filho contou essa história.

Quando eu era muito pequenininho, existia uma grande favela em São Paulo, chamada Favela do Vergueiro. Era maior do que a Favela da Rocinha. Eu sou nascido e criado na Favela do Vergueiro, depois que eu fui morar no Buraco do Sapo.

E realmente era um buraco do sapo, tinha muito sapo lá, que servia de alimento, porque a gente também comia aquelas coisinhas e falava: “O quê? Não tinha o que comer, vamos comer sapo”. Então, eu engoli muito sapo nessa vida, dá para entender?

Bom, essa história que meu filho contou, a especulação imobiliária, na época, estava derrubando todos os nossos barraquinhos, porque ali ia se tornar a grande Chácara Klabin, onde era a favela do Vergueiro.

E minha mãe abraçou o tanque, chorando com meu pai, e disse pro meu pai: “Com isso aqui eu vou ajudar, porque eu vou lavar a roupa pra fora, vou cuidar de criança, e você vai trabalhar”. Então, ela abraçou o tanque, minha mãe lavava e cuidava de criança.

E ela olhou para mim, para o meu irmão, e ela disse, com a voz embargadinha, falando: “Nós vamos embora, nós vamos lá para o Buraco do Sapo, mas eu vou dar uma arma para cada um de vocês ganharem a vida”. Eu fiquei assustado na época. E aí ela deu uma caneta para mim e para o meu irmão e falou: “Tudo que vocês veem na vida, copiem. Copiem, leiam, estudem, porque é isso que vai tirar a gente deste buraco”. Então, foi uma das primeiras lições. Uma das primeiras ferramentas que eu tive na minha vida foi a caneta.

E depois disso, a gente vai entrando em um processo de tentar se entender dentro do mundo, tentando se entender como um corpo preto dentro do mundo. Então, era muito comum.

Naquele lugar onde a gente nasceu e foi criado, que era o Buraco do Sapo, que pertence à região de Americanópolis, eu não sei porquê, eu sempre fui muito inquieto. Fui muito inquieto. Eu usava o varal da minha mãe, o lençol, e eu achava que aquilo era uma cortina de um teatro que eu nunca tinha visto.

Eu nunca tinha visto teatro, mas eu gostava de abrir aquilo e fazer: “Tarãm”. Então, eu sempre adorava fazer aquelas coisas. Eu comprava livrinhos de mágica, porque eu sempre fui muito amostrado. Era isso que minha mãe falava. Então, o tempo todo eu era amostrado.

Eu queria ser visto pela minha família. Eu comprava livrinho de mágica, aprendia mágica, porque no final de semana eu ia para a casa da minha bisavó, de 112 anos, e eu queria fazer mágica para a minha bisavó, mágica para todo mundo. Eu parava tudo que estava na sala, porque eu queria ser amostrado. Eu gostava de ser amostrado. Gostava de estar aparente para todo mundo. Então, eu acho um pouco que a arte já tinha me escolhido naqueles momentos de inquietação.

Eu achava que eu era artista plástico e, sem nunca ter visto nada, eu achava que a cadeira não podia ter quatro pezinhos. Eu achava que a cadeira poderia ficar mais bonita se ela tivesse três pezinhos.

E eu serrei a cadeira do meu pai na hora do almoço, ele não viu. E foi o momento que ele caiu, e a partir dali eu passei a fazer bastante eletroencefalograma, porque minha mãe achava que eu era doido. Ela falava assim: “Esse menino é doido”.

Então, eu fiz muito, toda hora ia lá. E aí eu descobri que, para eu também não apanhar muito, o médico uma vez falou assim: “Fica quietinho, porque se você se mexer muito, o gráfico vai fazer uma diferença muito grande, e não vai ser bom, você vai ser diagnosticado como alguém que tem problema”.

E, na hora, aquilo veio e eu falei assim, gente: “Minha mãe vai parar de me bater se eu fizer isso”. Então, quando o médico saiu, eu fiquei dançando para o gráfico dar problema para minha mãe olhar para mim com cara e não me bater.

Eu estou lembrando disso porque, assim, eu acho que eu era muito inquieto com relação a essas coisas. E gostava de fazer essas artes. Eu me lembro que, no campo, eu pegava ramo de batata para fazer a rede da trave para a gente jogar bola. Tinha muitas coisinhas assim. Eu colocava os travesseiros e ficava interpretando para os travesseiros como se fossem minha plateia.

Então, a caneta foi uma ferramenta que eu recebi que me ajudou muito. Eu tinha prazer em ir para a escola, apesar de sempre herdar... Meu irmão era um ano mais velho do que eu, então herdava o uniforme do meu irmão.

Eu nunca tive um uniforme novo, era a conga do meu irmão, era a roupa do meu irmão, então sempre usava... As folhas que sobravam brancas, minha mãe tirava as folhas usadas, costurava, fazia um caderno para guardar o do meu irmão e falava: “Esse aqui é o seu caderno novo”, fazia uma capinha e usava aquele caderninho. Então, a caneta foi importante naquela época.

Mas eu ganhei da minha mãe do teatro, da Cida, que está ali sentadinha, uma outra ferramenta que eu não tinha a menor ideia, menor ideia de como eu ia ganhar vida com aquilo, que foi a menor máscara do mundo. Eu ganhei da Cida o nariz do palhaço.

A gente fazendo teatro, fazendo um monte de coisa. “Sírios”, “Aqui Vamos Nós”, “Retratos de um Jornal”, “Capital Federal”, “Doente Imaginário”, fazendo essas coisinhas. E, uma vez, ela virou para mim e falou assim: “Menino, tu tem que ir para o circo. Você tem que ir para o circo. Eu posso te ensinar isso aqui, mas você tem que ir para o circo”.

E aí eu fui, através da Cida, fui me matricular no Circo Escola Picadeiro, ganhei uma bolsa do Zé Wilson e do Mané. E lá eu conheci o meu palhaço, que era o Gibi. Antes era o Júnior JE.

E aí eu conheci o Gibi. E a maquiagem que o Zé Wilson fez em mim foi a maquiagem do primeiro palhaço brasileiro, que foi o Benjamim de Oliveira. Ele fez a maquiagem idêntica a do Benjamim e falou: “A partir de hoje, o teu palhaço se chama Gibi, em homenagem ao primeiro palhaço brasileiro, que foi um negro. Foi dos maiores artistas”. A família do Zé Wilson falava muito do Gibi, o quanto ele era grande.

E dali eu comecei a ganhar a vida com o nariz vermelho, não é, Cidoca? Daquele dia, quando eu fui assistir um negócio que ela estava fazendo, um exercício que ela estava fazendo, ela falou: “‘Bora’, sobe para o palco”. Eu subi e nunca mais eu saí.

E assim, esse palhaço nunca saiu de dentro de mim, em nenhum dos personagens que vocês estão habituados a ver. Nem na tragédia “Otelo” esse palhaço saía de dentro de mim, que é uma maneira de encarar a vida na sua inadaptação e na adequação, e tentando mudar a vida. Então, é um pouco dessa história.

Eu fiz uma anotação aqui para não me perder. Então, a primeira vez que eu pisei em um palco também foi uma coisa diferente, que foi antes da Cida. Eu estava na quinta série, e o pessoal da oitava série estava ensaiando uma peça de teatro para apresentar na formatura. E eu coloquei umas pedras, assim, e eu assistia do lado de fora eles fazendo a apresentação.

E tinha um amigo meu chamado Rubens fazendo algumas coisas dentro do palco, e eu falava: “Está errado, a professora mandou você entrar de lá, você tá entrando por aqui, não sei o quê” e comecei a encher o saco do Rubens.

Ele gritou para mim, falou assim: “Se você sabe tudo, então vai fazer”. Aí eu fui fazer. A professora, dona Neide - lembro-me até hoje - falou: “Mas você vai substituir ele?”. “Vou, professora, ele é ruim, ele é ruim e péssimo, é péssimo”. Estava na quinta série.

Aí o Rubens: “Deixa ele, vamos ver se ele faz alguma coisa”. Aí eu entrei. E eu lembrava das marcas e lembrava das falas dele, de ter assistido do lado de fora. E aí ela falou assim: “É, mas ele é muito novo, ele tem que ser mais velho”. Eu falei: “Pode deixar que eu dou jeito, professora, no dia da apresentação eu vou estar bem velhinho”. Ela falou: “Tá bom”.

E aí eu não sabia como era, eu estava fazendo José, pai de Jesus, na época, e eu tinha “blackão” - não nasci careca não, viu, gente? Eu já tive cabelo um dia. E aí eu enchi de talco o meu cabelo para ele ficar branco.

E aí, na hora que estava na manjedoura, eu começava a balançar meu black, enchendo de talco os lugares, as pessoas riam. Eu adorei aquilo, gente, que as pessoas estivessem rindo. Foi aí que eu ia na coxia toda hora e enchia de talco só para ver o povo rir. Esses foram momentos muito especiais na minha vida que estou dividindo com vocês.

Tive a passagem pelo Antunes Filho, foi um lugar de aprendizado muito grande, mas eu tive também uma passagem por um grupo de teatro que me trouxe uma outra referência, que é o Tuov, Teatro em Olho Vivo, do César Vieira, que nos deixou recentemente.

O Tuov era um grupo de teatro que unia as pessoas mais comuns fazendo teatro. Então, o fazer teatro não era um privilégio só de quem podia se chamar artista. O César Vieira trazia o pedreiro, trazia a doméstica, trazia o carroceiro.

Ele trazia essas pessoas e juntava essas pessoas, dentro do Tuov, fazendo teatro. Foi o lugar que eu mais me identifiquei na vida. Eu falei: “Gente, é isso que eu quero para a minha vida, as pessoas com quem eu me reconheço fazendo teatro”.

Então, o teatro, para todos que estão aqui, para os seus parentes, não pensem que o teatro é um lugar distante da vida de vocês. Não imaginem isso. Teatro, todos vocês podem e devem fazer. E devem fazer.

Eu acho que deveria ser uma disciplina das escolas terem... Assim como a Lei nº 10.639/03, deveria também ser obrigado a se fazer teatro, porque isso transforma a nossa vida, de verdade.

Falar um pouco deste mês, do Dia da Consciência Negra. Eu estou recebendo esta medalha de honra justamente no Mês da Consciência Negra, no mês em que eu fui, durante esta semana agora, embaixador da Terceira Expo Internacional do Dia da Consciência Negra, que foi realizada lá dentro do Memorial da América Latina.

O “Mussum” estreou no Mês da Consciência Negra. Então, tem um monte de significado, significante, dentro desse contexto todo, que eu agradeço imensamente à minha ancestralidade, aos meus orixás, por estar me levando, me presenteando neste mês de novembro com tanta coisa. E essa disputa do simbólico é importante.

Então, sem nenhum ego, sem nenhuma vaidade. Agradeço, agradeço a você, Barba, por me colocar neste lugar do significante, do significado. Com tantas outras personalidades pretas fazendo coisas muito interessantes, intelectuais, e disputando outros lugares, eu, cidadão - independente do lugar que eu ocupo - estar hoje aqui, para mim é um presente gigante.

Então, eu queria te agradecer muito, muito, Barba, por ser, primeiro, quem você é. Uma pessoa simples, que não pode vir a uma roda de samba que se senta para cantar os seus sambas. É um prazer estar aqui e muito obrigado por tudo que você está fazendo. Você está fazendo... Volta a dizer, você está criando um monstro, mas eu vim. Eu estou feliz.

E aí, com essa pauta preta avançando, com a Lei nº 10.639/03, que faz 20 anos, eu acho que a gente tem muita coisa para fazer. Hoje ela ganhou essa visibilidade como lei, mas ela está aí há 20 anos. Vinte anos tendo esse exercício truncado de se fazer presente dentro das escolas de forma obrigatória, para que todo mundo fale, sim, obtenha a história preta.

É preciso criar também ferramentas para esses professores que estão dentro da sua sala de aula, para que possam lecionar de uma maneira mais consolidada. É preciso que essa lei sofra reparos.

E a gente tem que entender uma coisa, que eu falei hoje na entrevista, ali em cima: eu tive um professor chamado Aguiar, que sempre falava muito da construção do mundo a partir dos gregos e dos romanos, e me incomodava muito aquilo.

Foi quando eu indaguei esse meu professor Aguiar, acho que na quinta ou sexta série. Falei: “Mas, cara, onde os gregos e os romanos estudavam?”. Ele falou: “Dê-me uma semana que eu vou te responder”.

Foi quando o professor Aguiar me trouxe uma notícia que mudou a minha vida. Quando o professor Aguiar disse para mim: “Os gregos e os romanos estudavam com o povo preto. O povo preto é que detinha o conhecimento da matemática, da aritmética. Todo o conhecimento do mundo, sobre as grandes transformações do mundo, a navegação através das estrelas, vieram do povo preto”.

Hoje, essa ferramenta que a gente usa... muita gente não sabe que foi uma mulher preta que inventou o celular. Então, a gente continua inventando e reinventando o mundo. O elevador, que é tão confortável, foi inventado por um cara preto. E muita gente não sabe.

Então, é importante também que, neste dia, a gente pare de falar pouco do nosso sofrimento, das nossas dores, e comece a falar das nossas vitórias, do legado que o povo preto deu para a humanidade. É muita coisa.

Quando a gente fala dos irmãos Zeboza, quando a gente fala da Catedral da Sé, ninguém sabe que foi um preto que criou, que fez a cúpula da Catedral da Sé. Ninguém sabe que o Mosteiro de São Bento foi criado por um cara preto chamado Tebas. A engenharia também foi dada pelo nosso povo.

Ninguém sabe por que a Liberdade se chama Liberdade. E a história do Chaguinhas, que veio de Santos, que veio para cá. Então, isso tem que ser obrigatório dentro das escolas, porque é isso que vai mudar. Então, é preciso que essas histórias sejam ditas dentro da escola, e que se elas forem ditas pelos não pretos e que são aliados nessa construção social, é legal.

Mas se ela for dita por pessoas pretas, ocupando esse lugar do professor, para que as pessoas vejam a gente disputando a intelectualidade, é importante também. Para que essas crianças abastadas dos colégios particulares não estejam acostumadas a ver o preto como chofer, a ver o preto como garçom, a ver o preto como simplesmente servindo.

Porque, por mais que as pessoas não queiram admitir, foi na gestão de esquerda que a madame colocava o seu celular Iphone na mesa e, do outro lado, a empregada colocava o seu Iphone também, e ela não sabia qual era o dela. Então, esses avanços são importantes para a gente fazer.

Eu comecei há 20 anos, no cinema, fazendo o Carandiru. Eu já fazia teatro, já fazia arte. Eu acho que eu nunca fui... Na verdade, eu nunca fui protagonista em absolutamente nada. Eu sempre fui coadjuvante, nesses anos todos, em novelas, sempre sendo premiado como coadjuvante.

Esse é o primeiro trabalho que eu faço como protagonista, que é o “Mussum”. E divido o protagonismo desse trabalho com Thawan, com Yuri Marçal. O Mussum era tão grande que ele precisou de três atores, precisou de duas mães - Cacau Protásio e dona Neusa Borges - fazendo.

E esse filme tem me dado muita alegria por fazer esse personagem, por ser um cara que foi o Carlinhos quando criança. Carlinhos queria ser jogador, depois foi o Carlinhos da Aeronáutica, depois ele foi o Carlinhos do reco-reco.

Do Carlinhos cedeu lugar para o Mussum. Depois, veio o Mussum dos Trapalhões, depois ele passou a ser o Mumu da Mangueira e ele virou o Mumu dos brasileiros, o grande cidadão. (Palmas.)

Então, a grandiosidade desse cara, a necessidade da nossa representatividade nas telas, nos livros, é grande. Assim como o Mussum, nós temos muita gente bacana para falar - Esperança Garcia, Machado de Assis -, tantas histórias boas para serem contadas.

E eu quero, como ator... o meu desejo um dia é não fazer só “pretagonista”. Eu quero que a dramaturgia olhe e fale: “Caramba, nós precisamos de um ator para fazer esse grande engenheiro. Chama o Aílton Graça”. Então, que não me chamem pela cor. Que me chamem pela necessidade artística, pela competência artística de estar lá. (Palmas.)

Enfim, se eu fosse ficar aqui... Eu sei que são 22 horas, eu estou terminando. Eu acho que o Kaxitu falou uma coisa que me emocionou muito, que é falar isso da dona Vilma, estava anotado aqui para falar da dona Vilma, uma senhora de 85 anos que ajudou...

Hoje, se a gente tem portas-bandeiras dançando pelo Brasil - e até fora do nosso País tem escola de samba - muito se deve à maneira que essa senhora ensinou. Ela criou uma maneira de bailar como porta-bandeira.

E hoje, no aeroporto em Brasília, fizeram com que ela tirasse - ela, com 85 anos - todas as coisas, porque julgavam que ela tinha furtado alguma coisa. Então, é preciso correr, é preciso processar esse espaço, porque mexer no bolso desses caras é melhor também. Vai doer bem. (Palmas.)

E eu não quero me alongar muito, mas eu queria terminar dizendo uma frase que tem nesse filme e que mexe muito comigo. Ah, desculpa, antes eu vou cantar... Já que você falou do samba da Tuiuti, eu queria cantar, tentar...

Cantar não, falar um pouco do samba, que até hoje esse samba virou um hino na minha vida, que foi escrito pelo Talismã, do Camisa Verde e Branco, que eu já falei lá em cima, que é: “Achei uma bola de ferro presa nela uma corrente. Tinha um osso de canela, deu tristeza em minha mente. Esse osso de canela veio do outro continente.

De jeito nenhum, não é preconceito. Preto ou branco tem direito, nossa escola não faz distinção de cor. Para falar sobre esse tema, foi que surgiu o problema e pela vila se avizinhou. Ô, ô, a nossa escola enaltece a negra gente que nunca ficou chorando, sempre viveu cantando, fingindo contente. Que nunca ficou chorando, sempre viveu cantando, fingindo contente.

Negro paga imposto, negro vai à guerra, negro ajudou a construir a nossa terra. Temos a pergunta, não nos leve a mal: por que só no tríduo de Momo que o negro é genial? Ele é capitão, ele é general, poderia ser tanta coisa dentro da vida real. Ele é capitão, ele é general, poderia ser tanta coisa dentro da vida real”. É isso. (Palmas.)

Era isso, falar que as escolas de samba também são lugar, são quilombos culturais urbanos. E a gente precisa resgatar esses quilombos culturais urbanos com as nossas pautas pretas.

Então, quem tiver um tempinho, no dia 09, nós teremos a festa do nosso enredo. No dia 16 nós vamos ter a nossa festa de roupa piloto, as pessoas vão conhecer o figurino que elas vão para a avenida.

E no dia 23 nós vamos ter também a festa natalina, na visão banto, da Lavapés. Então, vocês estão convidados a participar da festa e desfilar conosco no Carnaval de 2024.

A gente não - estou fazendo a propaganda mesmo - vende fantasia, a gente empresta a fantasia. Você vem, desfila conosco, depois nos devolve para que a gente possa reciclar a fantasia. Esse é o convite para ir à escola de samba.

E a frase final é: ninguém pode roubar os nossos sonhos.

É isso. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JUJUBA - Aílton, Aílton, Aílton.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JASON - Ai, ai, pessoal. Nossa, pessoal, quanta emoção. Pessoal, só mais minutinho. Mais uma vez, agradecer a você, Rogério dos Anjos, por todo carinho e dedicação para este evento. Obrigado, Rogério. O Rogério dos Anjos foi um grande parceiro deste evento aqui.

E é isso aí, chegamos ao final aqui, agradecemos as palavras do nosso homenageado, pela justa homenagem, e queremos passar para o deputado Barba para fazer o encerramento desta cerimônia.

Deixar um aviso aqui importante, a saída da Assembleia Legislativa está sendo feita somente pelo estacionamento aqui do andar monumental. Então, pedir para todo mundo esperar aqui a finalização. Vai ter um sambinha aqui, então queremos todo mundo sambando.

Deputado Barba, é contigo.

Mais uma vez, parabéns, meu irmão, pela justa homenagem a esse artista brasileiro, Aílton Graça. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - TEONILIO BARBA - PT - Obrigado, Jason, obrigado à nossa palhaça Jujuba. E antes de encerrar aqui a cerimônia, aproveitar para fazer um convite para todo mundo.

Dia 02 de dezembro - é sábado da semana que vem - nós vamos fazer uma atividade de encerramento do nosso mandato para coroar o dia 02, que é o Dia Nacional do Samba, uma análise de conjuntura lá no Sindicato dos Metropolitano da ABC, a partir das 10 horas, com a presença do meu grande amigo José Dirceu.

Fazer análise de conjuntura nacional e internacional, sobre a questão da Palestina, a questão da Ucrânia, sobre o governo Lula e sobre os desafios do ano que vem. Então, a partir das 10 horas até as 13 - essa questão política - e, a partir das 13, aí para homenagear o samba, Aílton Graça, é samba, cerveja, cachaça para quem gosta de cachaça e água para quem gosta de água, refrigerante para quem gosta de refrigerante.

O Aílton falou que vai tentar ver se consegue passar lá ou não. Se conseguir, vai ser bom que nós vamos estar naquela roda de samba.

Então, gente, agora eu vou encerrar aqui da maneira... Que nós quebramos vários protocolos aqui hoje. Então, vamos encerrar aqui dizendo o seguinte: eu quero agradecer a todos vocês aqui.

Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, à minha equipe, aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia, da fotografia, do serviço de atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da imprensa da Casa, da TV Alesp, das assessorias policiais Militar e Civil, bem como todos que, com as suas presenças colaboraram para o pleno êxito desta solenidade. Está encerrada a sessão. Muito obrigado a todos.

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 12 minutos.

 

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