13 DE OUTUBRO DE 2020
46ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CAUÊ MACRIS e GILMACI SANTOS
Secretaria: GILMACI SANTOS e JORGE WILSON XERIFE DO
CONSUMIDOR
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Abre a sessão. Coloca em votação o
Substitutivo apresentado no Parecer do Relator Especial, em substituição ao da
Comissão de Constituição, Justiça e Redação, salvo partes destacadas, ao PL
529/20.
2 - DR. JORGE LULA DO CARMO
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PT.
3 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA
Solicita verificação de presença.
4 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
5 - CARLOS GIANNAZI
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PSOL.
6 - PAULO LULA FIORILO
Para questão de ordem, indaga à Presidência a necessidade da
aplicação do art. 435, II e VIII, do Regimento Interno, ao trâmite do PL
529/20.
7 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
8 - LECI BRANDÃO
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PCdoB.
9 - CAIO FRANÇA
Para questão de ordem, indaga à Presidência se o trâmite do
PL 529/20 não ofende o art. 31 do Regimento Interno desta Casa.
10 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
11 - DOUGLAS GARCIA
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PTB.
12 - FERNANDO CURY
Para questão de ordem, indaga à Presidência a necessidade de
aplicação dos arts. 260 e 261 do Regimento Interno
desta Casa, ao trâmite do PL 529/20.
13 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
14 - ENIO LULA TATTO
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome da Minoria.
15 - MÁRCIA LULA LIA
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome da Minoria.
16 - RICARDO MELLÃO
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do Novo.
17 - CAMPOS MACHADO
Para questão de ordem, indaga à Presidência se esta Casa tem
competência para legislar a respeito de tema constante do art. 22 da
Constituição Federal.
18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
19 - MAJOR MECCA
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PSL.
20 - JANAINA PASCHOAL
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PSL.
21 - CARLOS GIANNAZI
Para questão de ordem, indaga à Presidência se o parecer
apresentado pelo relator especial não fora omisso, segundo entendimento do art.
113 da Constituição Federal.
22 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
23 - BARROS MUNHOZ
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e Redação,
salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do PSB.
24 - TEONILIO BARBA LULA
Para questão de ordem, indaga à Presidência como proceder
para protocolar abertura de CPI do PL 529/20.
25 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
26 - ARTHUR DO VAL
Encaminha a votação do Substitutivo apresentado no Parecer do
Relator Especial, em substituição ao da Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, salvo partes destacadas, ao PL 529/20, em nome do Patriotas.
27 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Coloca em votação e declara aprovado o
Substitutivo apresentado no Parecer do Relator Especial, em substituição ao da
Comissão de Constituição, Justiça e Redação, salvo partes destacadas.
28 - TEONILIO BARBA LULA
Solicita verificação de votação.
29 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de
votação, pelo sistema eletrônico.
30 - TEONILIO BARBA LULA
Para comunicação, solicita a seus pares da oposição que não
votem antes de alcançados 48 votos "Sim".
31 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Reitera que a votação em tela não envolve partes destacadas
ainda.
32 - DOUGLAS GARCIA
Para comunicação, lembra que a deputada Edna Macedo é
contrária ao PL 529/20.
33 - CORONEL TELHADA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PP.
34 - CARLÃO PIGNATARI
Para comunicação, alerta que na próxima votação devem ser
apreciadas as partes destacadas.
35 - ANDRÉ DO PRADO
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PL.
36 - DANIEL JOSÉ
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do Novo.
37 - CAIO FRANÇA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSB.
38 - JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do
Republicanos.
39 - MARCIO NAKASHIMA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PDT.
40 - TEONILIO BARBA LULA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PT.
41 - RODRIGO GAMBALE
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSL.
42 - CAMPOS MACHADO
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PTB.
43 - ALEX DE MADUREIRA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSD.
44 - LECI BRANDÃO
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PCdoB.
45 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSOL.
46 - SARGENTO NERI
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do Avante.
47 - ARTHUR DO VAL
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do
Patriotas.
48 - GIL DINIZ
Declara obstrução ao processo de votação.
49 - VINÍCIUS CAMARINHA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSB.
50 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Anuncia o resultado da verificação de votação, que confirma a
deliberação anterior, restando prejudicados o PL 529/20, e as Emendas 1 a 623, englobadamente. Coloca em
votação, destacadamente, os incisos II e III do art. 1º do Substitutivo; os
incisos II e IV do art. 2º do Substitutivo; a expressão "aos recursos
provenientes das contribuições individuais realizadas pelos servidores militares",
constante do 4º do art.17 do Substitutivo; o Capítulo VI do Substitutivo,
formado pelos art. 21 e 22; o inciso VII do art. 68 do Substitutivo; o art. 2º
e o art. 6º e seu parágrafo único, do Capítulo XVI - Das Disposições
Transitórias do Substitutivo.
51 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Encaminha a votação, destacadamente, dos incisos II e III do
art. 1º do Substitutivo; dos incisos II e IV do art. 2º do Substitutivo; da
expressão "aos recursos provenientes das contribuições individuais
realizadas pelos servidores militares", constante do 4º do art.17 do
Substitutivo; do Capítulo VI do Substitutivo, formado pelos art. 21 e 22; do inciso
VII do art. 68 do Substitutivo; do art. 2º e o art. 6º e seu parágrafo único,
do Capítulo XVI - Das Disposições Transitórias do Substitutivo, em nome do PT.
52 - MAURICI
Encaminha a votação, destacadamente, dos incisos II e III do
art. 1º do Substitutivo; dos incisos II e IV do art. 2º do Substitutivo; da
expressão "aos recursos provenientes das contribuições individuais realizadas
pelos servidores militares", constante do 4º do art.17 do Substitutivo; do
Capítulo VI do Substitutivo, formado pelos art. 21 e 22; do inciso VII do art.
68 do Substitutivo; do art. 2º e o art. 6º e seu parágrafo único, do Capítulo
XVI - Das Disposições Transitórias do Substitutivo, em nome do PT.
53 - DANIEL JOSÉ
Para questão de ordem, indaga à Presidência se não é necessária
a aplicação do art. 196 do Regimento Interno, e do art. 23 da Constituição do
Estado, ao trâmite do PL 529/20.
54 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que deve responder em momento oportuno.
55 - ERICA MALUNGUINHO
Encaminha a votação, destacadamente, dos incisos II e III do
art. 1º do Substitutivo; dos incisos II e IV do art. 2º do Substitutivo; da
expressão "aos recursos provenientes das contribuições individuais
realizadas pelos servidores militares", constante do 4º do art.17 do
Substitutivo; do Capítulo VI do Substitutivo, formado pelos art. 21 e 22; do
inciso VII do art. 68 do Substitutivo; do art. 2º e o art. 6º e seu parágrafo
único, do Capítulo XVI - Das Disposições Transitórias do Substitutivo, em nome
do PSOL.
56 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência.
57 - GIL DINIZ
Para questão de ordem, indaga à Presidência se lhe é
permitido encaminhar a votação, ainda que sem partido, e se o deputado Gilmaci Santos, por já ter participado da votação, pode
presidir a sessão.
58 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Informa que deve responder em momento oportuno.
59 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Assume a Presidência.
60 - CAMPOS MACHADO
Encaminha a votação, destacadamente, dos incisos II e III do
art. 1º do Substitutivo; dos incisos II e IV do art. 2º do Substitutivo; da
expressão "aos recursos provenientes das contribuições individuais
realizadas pelos servidores militares", constante do 4º do art.17 do
Substitutivo; do Capítulo VI do Substitutivo, formado pelos art. 21 e 22; do
inciso VII do art. 68 do Substitutivo; do art. 2º e o art. 6º e seu parágrafo
único, do Capítulo XVI - Das Disposições Transitórias do Substitutivo, em nome
do PTB.
61 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Encerra a sessão.
*
* *
- Abre a sessão o
Sr. Cauê Macris.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão
anterior.
Ordem do Dia.
*
* *
-
Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Dou a palavra, pelo tempo remanescente de cinco minutos e 30 segundos,
pela liderança do PT, ao deputado Jorge do Carmo.
O SR. DR.
JORGE LULA DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, hoje à noite nós estamos vendo, aqui, a mobilização
sem precedentes do governo. Durante duas semanas, a gente aqui resistindo, os
bravos deputados do Partido dos Trabalhadores, bravos deputados do PSOL, os
deputados do PTB, do PSL, inclusive. Diversos deputados conseguiram resistir
aqui, mas o governo colocou a sua tropa para mobilizar e dar quórum aqui nesse
projeto.
Eu quero falar, Sr. Presidente,
do pacote de maldades do governador João Doria, que quer aprovar esse projeto
maldoso 529, de 2020. Foram retiradas algumas empresas dessa maldade, mas
tem muita maldade ainda nesse projeto. Não é possível que nós achemos que esse
projeto será aprovado dessa maneira.
Eu acho que os deputados colegas
que têm coragem de aprovar esse projeto deveriam refletir, especialmente na sua
base, especialmente onde vocês, os colegas, pedem seus votos, têm sua base
eleitoral. Porque não é possível que um deputado queira extinguir a EMTU, uma
empresa que presta um serviço relevante para as regiões metropolitanas de São
Paulo e de outras regiões do Estado.
Mas, não obstante a EMTU, tem
também a CDHU. E aí, Sr. Presidente, fico pensando como é que o governador, que
sempre retira recursos da Habitação, sempre retira recursos do orçamento da
Habitação, disse que agora a CDHU será incorporada pela Secretaria de
Habitação. Ou seja, se o governo dizia que a CDHU era um braço da Secretaria de
Habitação, a secretaria agora vai ficar sem braço.
Mas, na verdade, quem vai ficar
sem braço é a população, as 540 mil pessoas, no mínimo; os mutuários que ainda
têm a sua moradia, e muitos deles sequer concluíram o pagamento. E agora não
têm exatamente o que fazer. Quem vai cuidar da sua moradia, quem vai produzir
mais casa popular, quem vai regularizar as tantas outras construções da CDHU
que foram construídas pelo estado de São Paulo de forma irregular? Irregular no
sentido de que não foi entregue a sua segurança jurídica, não foi dado o
documento para que as pessoas tivessem segurança de que seu contrato, seu
documento, sua escritura... Eles não têm.
Enfim, agora, sem a CDHU, quero
ver exatamente como é que essas pessoas vão ficar. Então, chamo a atenção para
alguns conjuntos habitacionais da CDHU que eu tenho visitado e percebo que
infelizmente são depósitos de pessoas: Jardim Itajuíbe,
lá em Ferraz de Vasconcelos; Parque São Francisco; o famoso José Chacon Moriel, também; o Encosta
Norte, no Itaim Paulista; a Fazenda do Carmo, em Itaquera. A Fazenda do Carmo,
Sr. Presidente, se for visitar lá, não tem uma padaria, não tem uma UBS...
A SRA.
MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem, presidente. Perdão,
deputado Jorge. Uma verificação de presença.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Preservado o tempo de V. Exa.,
de um minuto. Para uma verificação, convido o deputado Gilmaci
e o deputado Jorge Wilson para auxiliar esta Presidência na verificação.
*
* *
- É iniciada a verificação de
presença.
*
* *
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado o quórum regimental,
agradeço aos deputados Gilmaci e Jorge Wilson e
devolvo a palavra, pelo tempo remanescente, ao deputado Jorge Lula do Carmo.
O SR. DR.
JORGE LULA DO CARMO - PT - Mas eu dizia, Sr. Presidente, que o conjunto
habitacional Fazenda do Carmo, lá em Itaquera, que deve ter no mínimo cinco mil
unidades habitacionais, não tem uma linha de ônibus, não tem um posto de Saúde,
não tem uma escola, não tem uma padaria decente, não tem um supermercado; ou
seja, não tem nada que garanta a habitabilidade daquela população.
Por quê? Porque a CDHU, que
deverá ser extinta, pelo andar da carruagem aí, numa votação extremamente
apertada, e a gente não sabe como será a próxima... Será extinta pelo Governo
do Estado, governo que disse que ia produzir moradia, que ia garantir bem-estar
para a população, enganou o povo, enganou a população.
Queria falar também da comunidade
Vila Nova, lá em Itaquera. Mais de 15 mil famílias, que já estavam cuidando da
regularização, agora ficam sem nenhuma expectativa de ter sua área, sua
documentação, sua área regularizada. E assim por diante. Comunidade Pedra
Branca, em Itaquera, divisa com Cidade Tiradentes; lá em Itaquaquecetuba, lá em
Suzano.
Enfim, diversas áreas irregulares
que doravante, a partir da aprovação desse projeto, desse malfadado projeto,
não terão nenhuma expectativa de ter a sua documentação. Por isso, quero
conclamar que todos nós resistamos aqui, para votar contrário ao PL 529, de
2020.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em votação.
A SRA.
MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem, presidente.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputada Monica.
A SRA.
MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Para indicar o deputado Carlos
Giannazi para encaminhar pela bancada do PSOL.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra o deputado Carlos Giannazi.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente,
questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Paulo, pedir para V. Exa. no próximo encaminhamento.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Mas o senhor sabia
que eu...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É que V. Exa. estava fazendo leitura nesse momento. Então, passo a
palavra ao deputado Giannazi; depois, passo a palavra a V. Exa., deputado
Paulo.
O SR. CAIO FRANÇA - PSB - Combinou com a
gente, presidente.
O SR.
CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs.
Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, não posso dizer
“público aqui presente” porque não há público aqui presente. A Assembleia
Legislativa está votando um projeto perverso, nefasto e eu diria que criminoso,
contra a população do estado de São Paulo, sem que a população saiba, sem que a
população esteja aqui, participando do debate.
A galeria está esvaziada, não
houve audiência pública, não houve debate. Teve relatoria especial, que é uma
figura, hoje, nefasta desse Regimento Interno. As mais de 620 emendas foram
todas descartadas automaticamente, não foram nem analisadas. Enfim, vários
vícios do processo de tramitação desse projeto, sem transparência, sem debate
aprofundado.
Em plena pandemia, o governador
Doria manda um projeto para a Assembleia Legislativa contendo mais de 500
maldades contra a população, em várias áreas. Logicamente que ele colocou
alguns bodes na sala, porque faz parte do processo. Depois ele entregou, ele
entrega alguns anéis para não perder os dedos; é isso que está acontecendo
aqui, agora, neste momento. Mas é um absurdo que a Assembleia Legislativa se
preste a referendar, a assinar, a abaixar a cabeça novamente para o governo do
PSDB.
Eu fico triste aqui, porque os
deputados estão comprometendo as suas histórias, as suas vidas, as suas
biografias, votando a favor desse PL 529, um projeto que ataca a prestação de
serviços públicos, sobretudo para a população mais vulnerável, a população que
mais precisa do Estado, principalmente neste momento de crise sanitária, de
crise econômica, de desemprego em massa.
É nesse momento que o governador
Doria abandona a população do nosso Estado, extinguindo... É inacreditável que
em plena pandemia o governador Doria apresente um projeto de lei extinguindo a Sucen - Superintendência de Combate às Endemias do Estado
de São Paulo. São Paulo tem endemias de febre amarela, de dengue, de malária e
de tantas outras doenças. Eu fiquei chocado aqui.
A CDHU, que será extinta. A população
pobre, as pessoas que ganham até dois salários mínimos, que são as pessoas
atendidas pela CDHU, não serão mais atendidas. E a Assembleia Legislativa
estará deixando as suas digitais num projeto contra a habitação popular no
Estado. E eu fiquei... Muitas coisas estão acontecendo aqui; coisas incríveis.
Eu vi ali o voto, o voto decisivo
para a aprovação desse roteiro, porque agora nós estamos votando, na verdade, o
projeto em si. Essa é a votação do projeto, mas nós tivemos uma prévia, agora,
com a aprovação do roteiro. E o quadragésimo oitavo voto foi dado por um membro
dos Republicanos, lá da Igreja do Edir Macedo; os pastores da Igreja Universal
votando contra os seus próprios fiéis.
As pessoas que frequentam a
Igreja Universal são pessoas pobres, que precisam da CDHU, precisam de todos
esses serviços que serão extintos, e aqui os Republicanos, os pastores do Edir
Macedo votando contra o seu próprio povo. E vão prejudicar a campanha do
Russomano, vão comprometer a campanha dele, porque isso será cobrado, agora,
dos seus adversários.
Faço aqui uma homenagem à
deputada Edna Macedo, que é irmã do Edir Macedo, mas não votou com os
Republicanos. Essa deputada merece todo nosso respeito e todas as nossas
homenagens, como também a deputada Marta Costa, que é da bancada evangélica,
mas não votou com o seu partido, votou com a sua consciência, votou com o povo
da sua igreja. Parabéns, deputada Marta Costa; parabéns, deputada Edna Macedo,
pela coerência, pela independência. Vossas Excelências não aderiram a esse
nefasto projeto.
Esse projeto ataca várias áreas.
Ele continua atacando vários fundos: o fundo da Defensoria Pública será, com
certeza, confiscado, e isso vai dificultar o acesso da população pobre, também,
à Justiça. Ataca os fundos previdenciários da carteira dos advogados do Itesp e
dos cartorários, dos serventuários extrajudiciais. Esses trabalhadores e essas
trabalhadoras dessas duas carteiras serão novamente prejudicados, porque já
foram, pelo PSDB e pela própria Assembleia Legislativa.
Então, Sr. Presidente, é um
absurdo o que está acontecendo aqui. Eu quero ainda dizer e desmascarar mais
uma vez o governo, que diz que o projeto tem a ver com ajuste fiscal. É
mentira; não tem nada a ver com ajuste fiscal. Esse projeto tem a ver com a
política de desmonte do Estado, da entrega do patrimônio público do Estado para
o capital privado, para os grandes empresários amigos do Doria.
Sse o
governo quisesse de fato fazer o ajuste, o famoso ajuste fiscal, ele estaria
empenhado e criando as condições para a cobrança das grandes empresas devedoras
do Estado. Eu fico imaginando um deputado aqui votando contra os pobres. Faço
aqui um desafio aos pastores da Igreja Universal de Deus que votaram contra os
seus fiéis, mas não cobram aqui nenhuma posição do governo para que o governo
cobre a dívida, por exemplo, da Vivo.
A Vivo deve três bilhões e 400
milhões de reais. Essa é a dívida ativa da Vivo; ela deve isso para os cofres
públicos. A Tim deve dois bilhões e seis milhões de reais. Onde estão os
deputados corajosos, defensores do povo? Não vi um discurso, um pronunciamento
fazendo a defesa da cobrança da dívida dessas empresas. Aqui, o Pão de Açúcar
deve três bilhões para o estado de São Paulo - dívida ativa do estado de São
Paulo. Vamos lá, deputados e deputadas que defendem o ajuste fiscal, vamos
cobrar. Cadê?
Eu não vejo ninguém aqui
pressionando o Doria para que ele crie as condições reais para a cobrança da
dívida. O Frigorífico Margem deve 645 milhões de reais para os cofres públicos,
e as empresas do ramo frigorífico têm isenções fiscais, têm descontos. Mesmo
assim, dão um calote no Estado. Nenhuma palavra da Assembleia Legislativa.
Distribuidora de Carnes São
Paulo: 442 milhões - dívida ativa do Estado. Ela não tem nem como recorrer
mais; ela tem que pagar, e não paga, Sr. Presidente. E assim vai. São várias
empresas. A Sadia deve mais... Frigorífico Grandes Lagos deve 600 milhões de
reais para os cofres públicos.
Então, eu não vejo a Assembleia
Legislativa preocupada mesmo. Se houvesse de fato uma preocupação com o ajuste
fiscal do Estado, a Assembleia Legislativa estaria pressionando a cobrança
da dívida ativa, estaria pressionando o fim dessa política de desoneração
fiscal, que transfere mais de 20 bilhões de reais para os grandes grupos
econômicos do estado de São Paulo.
Então, a Assembleia
Legislativa está a serviço do grande poder econômico do Estado e penaliza os
mais fracos, os mais pobres, aumentando os impostos da cesta básica, dos
remédios, prejudicando as pessoas com deficiência, atacando o Meio Ambiente,
porque vai prejudicar o Instituto Florestal, o Instituto Botânico, o Zoológico,
o Instituto Geológico. Vai privatizar vários imóveis, o equivalente a mil
campos de futebol. Haverá uma grande especulação imobiliária no estado de São
Paulo. Por isso que nós somos totalmente contra esse perverso e criminoso PL
529.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Pela ordem, Sr.
Presidente. Para encaminhar.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para encaminhar, a deputada Leci.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Pela ordem,
presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Agora sim, para uma questão de ordem, V. Exa. tem o tempo regimental.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - PARA QUESTÃO DE
ORDEM - Uma questão de ordem, Sr. Presidente.
Sr. Presidente,
formulo a presente questão de ordem com a finalidade de obter de Vossa
Excelência esclarecimentos acerca da aplicação do disposto no Art. 135, incisos
I e VIII, do Regimento Interno, em relação à admissibilidade do Projeto de Lei
no 529, de 2020, de autoria do Sr. Governador e que estabelece
medidas voltadas ao ajuste fiscal e ao equilíbrio das contas públicas e dá
providências correlatas.
O substitutivo
apresentado pelo relator especial, Deputado Alex de Madureira, além de não
contemplar nem se manifestar sobre as 623 emendas, traz alterações ao projeto
originalmente apresentado não discutidas nas mais de 600 emendas apresentadas.
O governo faz,
neste projeto, um pedido para que se renovem automaticamente todos os
benefícios, mas não o faz por meio de lei especifica para renovar cada
benefício tributário, valida todos os benefícios concedidos por meio de
decretos que não trouxeram as medidas de compensação previstas no Art. 14 da
LRF, e também faz com que estes benefícios sejam eternos, visto que não há
prazo temporal para sua vigência.
Por isso, o projeto
simplesmente autoriza o governo a renovar os benefícios. O secretário de
Planejamento, Mauro Ricardo, afirmou que há R$ 43 bilhões de benefícios
fiscais, mas o valor dos benefícios fiscais constantes nas leis de diretrizes
orçamentárias não chega a metade disso, o que sugere
subestimação dos benefícios fiscais. Dessa forma, fica evidente que está se
escondendo dados, e mostra total falta de transparência. E fica a questão: por
que esses números não foram publicados e não instruem o projeto?
A política de
benefícios fiscais no estado de São Paulo é secreta, e isso não é salutar no
Estado Democrático de Direito. Chama a atenção que o governo divulgou
informações incompletas sobre a tal “economia”. Não se tem a memória de cálculo
dessa projeção e, portanto, essa fonte não é totalmente confiável. E devemos...
Pode ser bem menor, visto que a Furp, a CDHU e outras
têm receita própria e que podem não ter sido contabilizadas.
Em relação à
inconstitucionalidade, atente-se ao Art. 24, cuja íntegra passamos a
transcrever e que contraria frontalmente o disposto no Art. 163, § 6o, da
Constituição do Estado, quando condiciona a posterior ratificação dos
benefícios fiscais pelo Poder Legislativo.
“Art. 24: Fica
o Poder Executivo autorizado a:
I - renovar os benefícios fiscais que estejam em vigor na data
da publicação desta lei, desde que previstos na legislação orçamentária e
atendidos os pressupostos da Lei Complementar federal n o 101,
de 04 de maio de 2000;
II - reduzir
os benefícios fiscais e financeiros-fiscais relacionados ao Imposto sobre
Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, ICMS, na
forma do Convênio n o 42, de 03 de maio de 2016, do
Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ
-, e alterações posteriores.”
Para
concluir, com base nos Arts. 260 e seguintes do
mesmo diploma legal, suscitamos a presente questão de ordem, indagando a V.
Exa. sobre a necessidade da aplicação do dispositivo regimental, que não admite
a tramitação das proposições contrárias às suas disposições, ou ainda a adoção
das medidas necessárias ao exato cumprimento do Regimento Interno desta Casa.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo a questão de ordem de Vossa Excelência. Responderei no momento
oportuno.
Para encaminhar, a
deputada Leci.
A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, eu estava vendo aqui a soma - obrigada, menino do
som; valeu, viu? - dos servidores que vão ser aproveitados. Ou seja, diante da
nova leitura do projeto: na Fosp são 82; na Furp, 798; no Itesp, 548; e no Imesc,
199. Ou seja, são 1.627 funcionários que ficarão ainda com seus empregos.
Ou seja,
deputada Janaina, a senhora conseguiu salvar 1.627, mas 4.073 vão ficar
demitidos. Acho que é por isso que o pessoal está meio
zangado e tal com V. Exa., por causa do número de pessoas que vão ser
prejudicadas, deve ser por isso.
Eu queria falar aqui, deputado Enio Tatto, que a gente fez em
agosto uma audiência virtual para debater essa proposta desse projeto aí, eu já
me referi inclusive algumas vezes sobre essa audiência aqui na tribuna. Durante
o encontro, porque a gente está falando sobre o projeto e de todos os prejuízos
que as pessoas terão, mas a gente não pode se esquecer de quem participou da
audiência. É bom citar o outro lado, o pessoal que fica na outra linha de
frente para defender o seu trabalho.
O encontro teve, inclusive,
participação de alguns deputados desta Casa, e algumas falas marcaram
profundamente porque mostraram o desespero dos servidores e também da
população. Lembro da Ana Claudia, que representava os trabalhadores da Furp, perguntando para a gente como é que a gente poderia
aprovar uma lei que vai fechar uma fábrica de remédios populares. Aí eu até me
lembro do “remedinho da vovó”, que o Arthur toda hora fala aqui.
Como é possível, em meio a uma crise
grave de saúde, gente morrendo sem assistência, enfim, o governador, com a
aprovação de deputados, fecha uma fábrica de remédios que são fornecidos à
população? E agora apresenta uma contraproposta para não fechar a Furp, mas pergunto: e as outras autarquias, e as outras
fundações, como é que vão ficar?
Teve também o João Kiko, que falou
pelos trabalhadores da Universidade de Campinas, perguntando como podemos
autorizar que os recursos, que já são minguados, da universidade pública de São
Paulo, que teve economia com muito sacrifício de todo mundo, fossem devolvidos
ao cofre do Tesouro em detrimento de bolsas de estudo, pesquisa e inovação,
principalmente bolsa de estudo.
Esse dinheiro era todo para ajudar
os estudantes e a questão da pesquisa, que é tão necessária. Nunca se precisou
tanto de pesquisa como agora. Aí a gente pergunta o seguinte: as universidades
não deram o suficiente para o nosso Estado? Não é através delas que a gente
avança em tecnologia, em conhecimento, tudo isso? Fica a pergunta.
Teve também o seu Elvio Motta,
conhecido como Tatá, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores
da Agricultura Familiar. Ele resumiu bem o que é esse projeto: um projeto
criminoso que acaba com o Itesp, órgão responsável por demarcação de terras
indígenas, quilombolas e por assentamentos e reforma agrária.
Nós estamos, por exemplo, no mês de
outubro, e todo mundo aqui sabe que tem a campanha do “outubro rosa”, que é
combate ao câncer de mama. Nesta época, eu vejo que muito parlamentar nesta
Casa vai começar a usar aquela fitinha rosa, do laço rosa, para fazer alusão à
campanha. Eu quero lembrar que não adianta exibir fitinha rosa e votar nesse
projeto que desde o início se propôs a acabar com o Oncocentro,
responsável por pesquisas e tratamento do câncer.
Realmente me sinto muito
constrangida quando vejo esse debate aqui na Casa, porque a gente vem
percebendo que tem muita conveniência, muita falta de compromisso com o povo, e
a gente não consegue entender como é capaz de não ter sensibilidade e votar a
favor desse projeto. Diante dessas questões que temos colocado aqui no plenário
para que esse projeto não seja aprovado, só nos resta, neste momento, apelar
para a honra das pessoas, para o bom-senso e, principalmente, para a humanidade
de cada um.
Acho que a falta de humanidade é
muito grande quando você dá voto favorável a um projeto desse. As pessoas que
estão aí fora falam por milhares de outras que não podem estar aqui, mas pensam
da mesma forma. A gente fala também para aqueles que não percebem que esta
tragédia... Não estão sendo, assim, informados direitinho do que trata o 529,
mas serão igualmente atingidos com o aumento dos produtos e dos impostos.
Eu sei que o pessoal do Novo tem
falado bastante dessa questão do aumento de impostos. Vou dizer o seguinte:
mesmo com a minha idade de 76 anos, sob risco de pandemia, estou aqui para
cumprir minha obrigação e honrar a confiança que recebi daqueles que me
elegeram. Vim e vou permanecer o quanto for necessário para impedir a aprovação
desse PL, que é um PL criminoso.
A gente não se importa de ficar aqui
varando madrugada, passando várias madrugadas trabalhando, enfim. A gente já
trabalhou muito na madrugada, muitos anos, mas eu trabalhava levando alegria
para as pessoas. Hoje é diferente, a gente aqui vê que muita gente vai levar
tristeza para milhares de pessoas, milhares de famílias.
Espero em Deus que nesta votação a
maioria faça uma opção para poder levar alegria para o coração das pessoas,
porque as pessoas estão muito tristes, muito desiludidas, extremamente
desapontadas com tudo que está acontecendo. Muito obrigada, Sr. Presidente.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Questão
de ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Questão de ordem do deputado Campos.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Para
indicar o deputado Douglas Garcia.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra o deputado Douglas. Antes de dar questão de
ordem ao deputado Caio, peço ao deputado Daniel José, que estou olhando há
algum tempo que está sem máscara no plenário, por favor, que V. Exa. coloque a
máscara. Obrigado. Com a palavra o deputado Caio França para encaminhar.
(Pausa.) É questão de ordem, desculpe.
O
SR. CAIO FRANÇA - PSB -
PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, faço esta questão de ordem e peço que
V. Exa. possa, por gentileza, se possível, também respondê-la durante esta
sessão porque, obviamente, tem a ver com a tramitação do projeto. Até o
momento, salvo engano, somente a questão do deputado Itamar Borges foi
respondida na sequência, as demais V. Exa. tem guardado e responderá em
seguida.
Apresento a V. Exa., nos termos do Art. 65 do
Regimento Interno, a presente
questão de ordem sobre a tramitação do Projeto de lei nº 529, de 2020 que,
neste momento, passa pelo processo de votação em plenário. O § 1º do Art. 31 do
Regimento Interno prescreve que compete à Comissão de Constituição, Justiça e
Redação manifestar-se a respeito de todos os assuntos quanto ao aspecto
constitucional, legal e jurídico.
Ocorre que a propositura foi analisada sob a
figura do Relator Especial, designado por V. Exa. em substituição à Comissão de
Constituição, Justiça e Redação, que não se manifestou sobre a eventual
inconstitucionalidade formal do § 1º do Art. 4º da propositura, que permite ao
Executivo afrontar o disposto na decisão que concedeu medida cautelar na ADI
2135, pelo Supremo Tribunal Federal, suspendendo a eficácia do caput do Art. 39
da Constituição Federal com a redação dada pela EC nº 19/1998,
restabelecendo, portanto, a exigência de regime jurídico único para toda a
Administração Pública.
Tal decisão do órgão máximo do País atrai a
exigência de reconhecimento dos mesmos direitos e deveres estatutários para
todos os tipos de servidores públicos que ingressaram mediante concurso público,
empregados ou estatutários, entre os quais o direito à estabilidade.
Assim, diante de tais constatações,
questiona-se: Referida omissão não ofende o § 1º do Art. 31 do Regimento
Interno? Essa ofensa não prejudica o trâmite legislativo da propositura, tornando
prejudicados todos os atos posteriores? Esta é a questão de ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo e responderei em momento oportuno. Com a palavra o
deputado Douglas Garcia.
O SR. DOUGLAS GARCIA - PTB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, é com
imensa tristeza que subo a esta tribuna, desta assembleia, para anunciar ao
povo do estado de São Paulo que a nossa luta, a nossa batalha contra o PL 529
está chegando ao fim e, ao que tudo indica, essa aberração legislativa pode ser
aprovada neste plenário.
Durante a pandemia, o governador
João Doria não se preocupou em salvar vidas coisa nenhuma. Se estivesse
preocupado em salvar vidas, teria trabalhado no protocolo de hidroxicloroquina já de forma precoce, para não ter que
trancar a população dentro de casa.
Essa sua política do “fique em
casa”, sem trazer à população respaldo médico, trouxe aos cofres públicos esse
rombo bilionário que nós estamos vivendo, e a fatura chegou. A fatura chegou, e
sabe de onde o governador quer cobrar essa fatura? Não é de seu próprio bolso,
não.
O governador João Doria quer cobrar
essa fatura da população do estado de São Paulo, porque esse PL 529 aumenta
imposto sim. Ele faz com que a qualidade de vida do cidadão paulista diminua,
ele faz com que o cidadão, infelizmente, tenha que pagar mais caro em produtos
de supermercado e também remédios. Como, deputados, nós podemos votar a favor
de um projeto absurdo como esse?
Infelizmente me dói no coração ter
que fazer isto aqui, porque eu vou ter que citar nomes de alguns deputados,
sim, deputados que eu tenho muito carinho, muito respeito, uma boa convivência
nesta assembleia, mas a população do estado de São Paulo precisa saber o que
está acontecendo aqui.
E não é vergonha para deputado “x”,
deputado “z”, deputado “y” que a população saiba de que forma ele votou. O seu
voto não pode ser vergonha, deputado. É por isso, senhores, que infelizmente eu
preciso trazer a verdade para o cidadão paulista, para o povo de São Paulo que
nos assiste neste momento, para esse projeto que vai acabar com a população.
Deputado Adalberto Freitas, eu tenho
um enorme respeito por V. Exa., sei da importância que o deputado Adalberto
Freitas tem para esta Assembleia Legislativa, mas como o senhor pode voltar
para a cidade de Itupeva sabendo que o senhor está trabalhando para o aumento
de impostos daquela população? Nós não podemos fazer isso, deputado, nós temos
que trabalhar para proteger a população, não ir contra a própria população.
Nobre deputado Coronel Nishikawa, o senhor que trabalhou na Polícia Militar do
Estado de São Paulo, o senhor é coronel, o senhor é oficial, todo o respeito
que eu tenho por V. Exa., até porque é um deputado com muito mais experiência
de vida a me ensinar, eu sei. Porém, votar “sim” em um projeto desse é cuspir
na cara da população e é cuspir na cara da corporação da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, que tanto sofre nas mãos do PSDB.
Policial militar não vota com o
governo João Doria, policial militar não entra na trincheira com governo do
PSDB, policial militar que honra a farda luta para que esse desgoverno que se
estabeleceu no estado de São Paulo seja derrotado. Sr. Deputado Coronel Nishikawa, o senhor ainda tem a chance de trazer para o
estado de São Paulo grandiosidade e honra votando “não” ao absurdo desse
projeto.
Deputado Tenente Coimbra, de que
forma, com todo o respeito que tenho por V. Exa., o senhor vai voltar, descer a
Baixada Santista sabendo que o senhor está trabalhando para aumentar os
impostos daquela população? Imagina como a Baixada Santista vai se sentir.
Confiou-lhe o voto, deputado Coimbra, um voto bolsonarista,
um voto conservador.
O deputado Coronel Nishikawa disse hoje mais cedo que trabalharia pró-bolsonaro. Como pode trabalhar pró-bolsonaro
ajudando o governo Doria, que quer destruir o nosso presidente?
Ou você é bolsonarista
ou você é doriano, ou você agrada gregos ou agrada
troianos, os dois não dá. Escolham o lado de V. Exas., assim como o próprio
Celso Russomanno escolheu seu lado hoje, quando deu
entrevista na Band.
Ele disse o seguinte, e isto aqui é
para ficar marcado para toda a bancada do Republicanos: na noite desta terça,
em entrevista a Band News, Russomanno afirmou ser
contrário ao projeto de Doria, mas não comentou o fato de o Republicanos aqui
na Assembleia ser a favor. Inclusive, entre aspas aqui o que foi dito pelo
próprio Celso Russomanno: “o Governo do Estado agora
tenta aumentar os impostos disfarçadamente”. Dito pelo próprio Celso Russomanno, que o presidente da República está apoiando
aqui para prefeito de São Paulo.
Ou você apoia o presidente
Bolsonaro, ou você vota “sim” para esse projeto, os dois não dá. A população
que o elegeu com voto conservador, voto Bolsonaro, vai saber disso sim. Vou
fazer questão de expor e não é para envergonhá-los, porque o voto de ninguém é
vergonha. Os senhores estão aqui para representar a população, por isso não é
para ter vergonha, é para mostrar o que de fato acontece aqui nesta Assembleia
Legislativa.
Deputado Tenente Nascimento, o
senhor prometeu nas redes sociais que votaria “não” a esse projeto. Não chegamos
ao mérito, estamos ainda no método, mas, se o senhor é contrário, assim como o
senhor prometeu nas redes sociais e falou para mim também, quando chegar o
mérito, o senhor, honrando a Polícia Militar do Estado de São Paulo, vai vir
aqui e votar “não”.
Se não der quórum - graças a Deus
não deu desta vez -, vai vir aqui e vai votar “não” a esse projeto, porque o
senhor também foi eleito pela onda Bolsonaro, pelos conservadores, e não pode
aumentar os impostos da população do estado de São Paulo.
Com todo o respeito aqui, deputada
Janaina Paschoal, V. Exa., quando me viu chegando perto da sala da CCJ no dia
em que estávamos batalhando contra esse projeto, publicou nas suas redes sociais
dizendo que eu estava dando quórum para o governo, quando eu estava justamente
fazendo o contrário, tentando fazer com que os deputados não entrassem naquela
sala, conscientizando os deputados contra o PL 529.
A senhora até hoje não me pediu
desculpa pelo fato de a senhora ter feito isso comigo. Muitas pessoas vieram me
perguntar a respeito disso, e eu tive que me retratar sozinho nas redes
sociais.
Como a senhora agora, aos 45 do
segundo tempo, faz isso com a população, votando “sim” a este projeto, votando
“sim” ao aumento de impostos? Eu não consigo entender, deputada Janaina
Paschoal.
A senhora apontou diversos vícios
desse projeto, não apenas nas partes que estavam destacadas como outras
inclusas também. A senhora não pode votar favorável a esse projeto. Eu creio,
deputada Janaina, que a senhora votar favorável a esse projeto não é apenas
trair o seu próprio eleitorado, mas é trair a si mesma, à sua própria
consciência.
Nós temos a chance agora, a senhora,
que tanto recusa - e tenho certeza de que é com razão - o apelido de “Tucaina Paschoal”, que muitas pessoas maldosamente colocam,
chegou a chance de a senhora mostrar que é contra o
PSDB no estado de São Paulo também. Não podemos entregar esse poderio ao
governador João Doria, ele está fazendo com que esta assembleia passe vergonha.
Não é orgulho para nenhum dos senhores
votar favorável a esse projeto. Esse projeto castiga a população do estado de
São Paulo, esse projeto aumenta impostos, esse projeto, uma vez que é votado
por policiais militares, cospe na cara da corporação da Polícia Militar.
Esse projeto será lembrado na
digital de cada deputado e cada deputada que votar favoravelmente a isto daqui.
Vai ficar para a história de todos aqueles que estão entregando o estado de São
Paulo, estão assinando embaixo, estão fazendo com que este Legislativo não seja
independente, estão fazendo com que este Legislativo passe a maior vergonha da
história desta assembleia.
Deputados, pela última vez, eu vos
imploro: votem “não” a esse projeto. Um único voto, o governo está ganhando por
um único voto. Os senhores ainda têm tempo de colocar a mão na consciência e
falar: “o que eu estou fazendo é errado, o que eu estou fazendo não é certo, o
que eu estou fazendo é aumentar o imposto da população que está sofrendo graças
a essa desgraça de coronavírus, graças a esse governo
incompetente que está aí, que não cuida da população do estado de São Paulo”.
Os senhores têm a chance de mostrar
que esta Casa é grande, que esta Casa tem força, que esta Casa respira, que nós
temos um Legislativo independente e que nós vamos lutar pela população do
estado de São Paulo.
Eu não estou ameaçando deputado A ou
B, “se votar ‘sim’, eu vou expor”, mas repetindo: não é vergonha para nenhum
dos senhores o voto que os senhores estão fazendo, porque a atividade
parlamentar é uma atividade pública, e tudo que é feito aqui deve ser publicizado.
Portanto, a população do estado de
São Paulo vai lembrar, não importa o tempo; pode ser nas próximas eleições de
2022, pode ser agora, em 2020, quando olharem para as pessoas que os senhores
estão apoiando aos municípios.
A população do estado de São Paulo
não se esquecerá daqueles que, neste momento... Para concluir, Sr. Presidente.
A população do estado de São Paulo não se esquecerá daqueles que, no momento
mais difícil que esta população está passando, nós simplesmente resolvemos
cuspir na cara deles.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Para encaminhar pela Minoria a deputada Márcia Lia e o
deputado Enio Tatto.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra V. Exa. para encaminhar, em nome da liderança
da Minoria. A questão de ordem de V. Exa., deputado Fernando Cury.
O
SR. FERNANDO CURY - CIDADANIA - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, nos termos dos Arts. 260 e 261 da Assembleia Legislativa, apresento a V.
Exa. a seguinte questão de ordem:
Conforme os Arts.
197 e 198 do Regimento Interno, a votação completa o turno regimental da
discussão e terá lugar após o encerramento desta. Uma vez iniciado o processo
de votação e tendo início os encaminhamentos por parte das bancadas que optarem
por usar o tempo destinado para esse fim, esgotado o tempo da própria sessão,
será ela prorrogada automaticamente até que se ultimem todos os demais
encaminhamentos e a matéria seja, assim, efetivamente deliberada?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo a questão de ordem de V. Exa. e responderei em
momento oportuno. Com a palavra o deputado Enio Tatto.
O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas e público
que nos assiste. Nesta noite tivemos mais do mesmo, mais uma votação que já era
esperada. Queria pontuar algumas coisas e falar com todo o funcionalismo
público do estado de São Paulo, principalmente dessas entidades envolvidas
nesse Projeto de Lei 529/2020.
Primeira coisa, quero deixar bem claro aqui: o PT tem dez
deputados nesta Casa e todos os dez votaram contra o Projeto desde o início. No
PT ninguém se rende, ninguém se vende.
O PT é coerente, tem uma história de vida. A gente defende
com muito orgulho as propostas do PT. Portanto, os dez deputados do PT votaram
contra, e eu estou falando isso porque tem que parar de fazer de conta.
O PSL tem 15 deputados nesta Casa, saíram dois agora, mas
se elegeram quinze. Vocês sabem quantos votaram contra o Projeto? Apenas cinco,
e tem muita gente com uma vontade danada de votar a favor.
O Novo votou também com uma vontade danada de votar
favorável, mas tem um problema eleitoral aí pela frente, aí deram uma segurada.
Então, não dá mais para aguentar esse tipo de coisa, quem é oposição e quem
finge que é oposição no estado de São Paulo. O resultado está aqui.
Você pega a deputada Janaina Paschoal, que teve uma
montoeira de votos, mas não tem jeito, olhe para a cara dela, olhe para o rosto
dela: é tucana, a vida toda foi tucana. Ela assinou uma peça do Miguel Reale para o impeachment da Dilma e aí se projetou, estourou
de voto, mas ela é Doria, é tucana. Foram 48 votos, adivinha qual foi o 48º
voto? Da Janaina Paschoal. Quem decidiu a votação da reforma da Previdência?
Faltava um voto, Janaina Paschoal deu voto para o Doria.
O que o Doria fez mais uma vez? Naquela época da votação da
Previdência, chamou Janaína lá no Palácio e aprovou um projeto dela. A
sociedade fez uma oposição danada em cima de alguns itens do Projeto. Então
Dora chamou ela lá. “Eu vou tirar o Itesp, vou tirar o
Oncocentro, o Imesc e a Furp, e você vai falar que você que conseguiu isso, aí você
vem pro nosso lado.”
Esta foi a justificativa, e ela caiu mais uma vez nos
braços do Doria. Isso tem que ficar claro para toda a população, deputada assuma que é Dorista, assuma o PSDB.
Tem mais um cara também que veio aqui e avacalhou com os
deputados, bagunçou com o deputado Nishikawa,
bagunçou com o deputado Adalberto Freitas, bagunçou com o deputado Roque
Barbiere no dia de hoje, bagunçou com o deputado Tenente Coimbra e mais outros.
Gozado, não falou uma palavra até agora sobre a deputada
Janaína. Espero que ele suba na tribuna para falar da deputada, que é o
quadragésimo oitavo voto favorável ao Projeto.
Mamãe Falei, você não falou nada sobre a deputada Janaína?
Você não vai subir aqui e falar que ela deu o 48º voto para o PSDB, para o
Doria? Que negócio é esse? Bater nos demais tudo bem, chega aqui e faz um auê danado.
Aí ele passa por mim e falei: “Escuta, você não vai falar
da Janaina, igual falou dos demais? Voto no Doria é diferente um do outro? É
tudo Doria, é favorável ao projeto”. Aí ele falou assim: “Eu não vou bater na
minha ‘parça’”. Olha aí.
Mamãe Falei, vem falar alguma coisa aqui da Janaina, que
decidiu essa votação. Vem explicar para o pessoal de São Paulo, vem explicar
para o pessoal da EMTU, que toma ônibus de madrugada, que é a população pobre,
que faz os intermunicipais, venha explicar aqui: por que você não bateu na
Janaina?
Por que você votou contra, para acabar com a CDHU? Milhares de pessoas estão esperando casa popular, milhares de pessoas estão esperando regularização de terrenos, de casas, de imóveis, e você não falou nada de tantas outras empresas importantes para o estado de São Paulo. É um absurdo. A gente começa a ver o rosto, a cara e a posição de cada um.
Vou repetir mais uma vez: o PT tem 10 deputados. Os 10 falaram
que iam votar contra. E somos contra, porque queremos um estado forte. Nós
queremos um estado que ajude a população, principalmente a população mais
pobre, a população mais necessitada. Exemplo disso é o SUS, que nós defendemos
a vida toda, lutamos para criar. Se não fosse o SUS, com certeza teriam morrido
muitas e muitas mais pessoas no Brasil devido à pandemia do novo coronavírus.
Por isso a gente quer um estado que defenda a população.
Esse projeto tira mais ainda da população pobre. É uma
vergonha, deputada Janaina. Você, mais uma vez, caiu nos braços do Doria. Mais
uma vez, você foi decisiva. Mais uma vez, você mostrou que você é tucana.
Você se aproveitou de um momento com Bolsonaro e agora você foi atrás dele novamente, e decidiu mais um jogo aqui na Assembleia Legislativa. Pode ter certeza: qualquer projeto polêmico aqui, se faltar um voto, a Janaina vota.
Tem uns aqui também que são doidos para votar e que nem apareceram aqui no dia de hoje. Eu repito: de 15 deputados bolsonaristas, apenas cinco votaram contra esse projeto. Ô, Mamãe Falei, vem aqui falar alguma coisa da Janaina! Você falou de tanta gente. Ou não vai falar nada da sua “parça”?
Era isso, Sr. Presidente.
O
SR. DANIEL JOSÉ - NOVO - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem ainda tempo de
encaminhamento, deputado Daniel.
O
SR. DANIEL JOSÉ - NOVO - Está bom. Desculpe.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Ele vai compartilhar com
a deputada Márcia Lia o tempo remanescente.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Boa
noite, companheiros e companheiras, triste povo do estado de São Paulo. Muito
triste para o povo do estado de São Paulo. A votação desse projeto, na minha
opinião, é uma grande vergonha.
É
uma vergonha. É uma vergonha o entreguismo. É uma
vergonha que o patrimônio público do povo do estado de São Paulo está indo
embora, e com o aval dos deputados desta Casa.
Os
deputados desta Casa serão cobrados, porque o patrimônio do estado de São Paulo
está sendo entregue. As empresas que serão extintas, os servidores que serão
demitidos, e a prestação do serviço público que será precarizada,
mais uma vez, a despeito da mentira de que vão diminuir custos. Mentira. Vão
passar para a iniciativa privada, e a iniciativa privada cobra muito mais caro
do que a prestação de serviço pelos servidores públicos.
É
disso que se trata: do entreguismo. E com certeza
muita gente vai lucrar nessa história. E não é o povo pobre, que vai pagar o
remédio mais caro, que vai pagar comida mais cara.
E
os deputados desta Casa, estou com a lista aqui. Aqueles que votarem a favor
serão publicizados. Nós vamos publicizar.
Nós vamos contratar um youtuber para fazer isso. Vocês podem ter certeza de que
o povo de São Paulo vai saber que os seus candidatos, aqueles que vocês apoiam,
estão contra o povo.
Povo
pobre do estado de São Paulo, povo triste do estado de São Paulo. Coitado do
estado de São Paulo na mão do João Agripino Doria. Coitado. Coitado do povo de
São Paulo. Coitado do pobre trabalhador.
E
aí o deputado Enio já falou, e eu ressalto: aqueles
deputados que estavam junto, no debate, que estavam caminhando conosco na
obstrução desse projeto, e que de repente viraram a casaca - vários viraram a
casaca, vários viraram a casaca - o povo de São Paulo vai saber quem foi que
virou a casaca.
Muito
obrigada.
O
SR. DANIEL JOSÉ - NOVO - Pela ordem, Sr. Presidente. Para
indicar o deputado Mellão para encaminhar pela bancada do Novo.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra o deputado
Mellão.
O
SR. RICARDO MELLÃO - NOVO -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, é triste ver que, após
uma pandemia que afetou tanto o povo paulista e o povo brasileiro em geral...
Quantos perderam o emprego, quantas empresas quebraram, faliram, tiveram a dor
de demitir os seus funcionários, tiveram a dor de demitir pessoas que tanto se
dedicaram e trabalharam.
Enquanto
isso, nós tivemos um Poder Público que em momento algum - fora os nossos
salários, que nós reduzimos, os deputados - teve redução nas suas despesas. Não
teve. Quem sustenta o Poder Público? Estado não produz riqueza, gente. Quem
produz riqueza é a sociedade, é o trabalhador, que acorda cedo todos os dias,
sua, rala e deixa parte - e uma parte cada vez maior - daquilo que ele produz e
que ele ganha para o Estado, através de impostos.
Essa
é a grande realidade.
Se
nós formos ver todo o panorama histórico do Brasil, esse preço só se ampliou.
Nunca diminuiu, desde a década de oitenta. Já teve lá os seus 20 e poucos por cento
do PIB, em carga tributária de 20 e poucos por cento do PIB, que a sociedade
paga para manter essa máquina inchada funcionando. Hoje, já estamos por volta
dos 40 por cento.
Então
você, que acorda cedo e trabalha duro, você deixa quase 40% daquilo que você
produz e ganha de renda para sustentar o estado. Durante essa pandemia, muitos
sofreram porque não puderam trabalhar, porque tiveram os seus negócios fechados
diante de uma situação que todos nós sabemos difícil.
Só
que, a partir de agora, com a queda da atividade econômica que se deu, quem vai
pagar a conta desse deficit que o governo alega que
vai haver no ano que vem, de 10 bilhões e 400 milhões de reais? Para quem vai
ser transferida essa conta, cidadão paulista?
É
bom que fique claro aqui: será transferida para você. Você, que já sofreu. Você,
que não pode deixar de pagar os seus impostos. Ai de você se não pagar o boleto
do seu imposto em dia. Não houve diferimento. Não houve perdão.
Você
vai arcar com essa conta. Eu vou mostrar como, aqui. Como já mostrei em
diversos momentos. É por isso que eu chamo esse projeto de Cavalo de Doria,
porque, ao mesmo tempo que ele promete o enxugamento da máquina administrativa
do Estado, ao mesmo tempo que ele fala que ele vai reduzir a estrutura
administrativa do Estado...
Cá
entre nós, é até pouco o que ele está propondo, porque, se você vê em termos
gerais, diante de um deficit de 10 bilhões e 400 e
poucos milhões de reais, ele só espera gerar, no enxugamento da estrutura
administrativa, 585 milhões de reais. É isso que ele espera com o enxugamento
da máquina administrativa. Aí eu digo para o senhor, deputado Enio Tatto, que disse que nós, do
Novo, estávamos coçando para votar o projeto: impossível.
Impossível,
porque o governo pode negociar o que for dentro desse projeto. Estamos
percebendo aqui: não existe negociação na questão de tributos, principalmente
do ICMS, que vou falar aqui. Ele vai tirar toda a parte de enxugamento.
Ele
pode tirar tudo o que for de enxugamento, ele vai fazer isso, mas jamais vai
tirar a parte tributária, que é onde, através de uma canetada apenas, e com o
cheque em branco que ele quer que nós demos a ele, com esse projeto, ele vai
arrecadar bilhões sem nenhum esforço. Sem nenhum esforço.
A
gente sabe o trabalho que dá o enxugamento da máquina administrativa. Para o
ano que vem, é muito difícil. Agora, na canetada, para aumentar imposto, ele
resolve esse problema de cara.
Então
ele está pouco se lixando para esse enxugamento, porque isso é uma cortina de
fumaça, porque ele não tem coragem de admitir, para a população de São Paulo,
que esse projeto é um projeto, sim, de aumento de impostos. Eu vou repetir
aqui: é um projeto de aumento de impostos.
Vejamos
aqui o Art. 24, o principal deles, ICMS. Exatamente, que ele não mexeu nada, e
nunca se discutiu que ia mexer isso aqui. Sinceramente, deputado Castello
Branco, ele vai topar enxugar qualquer parte desse projeto.
Ele
tira todas as fundações, ele pode tirar todas as instituições, fundações,
autarquias, empresas, mas não vai enxugar o 24, porque a razão de ser desse
projeto é o Art. 24, que é onde, em uma canetada, ele passa a conta para a
população.
Ou
seja, o custo do Poder Público, que já vem aumentando durante os anos, vai
ficar ainda maior. Eu quero ver diminuir. Eu nunca vi diminuir. Eu nunca vi
reforma para enxugar despesas.
Aliás,
até me estranha, porque, quando a gente vê o orçamento projetado para o ano que
vem, a estimativa deles, a gente vê que vai aumentar as despesas. É um ano de
crise, mas vão aumentar as despesas. E sempre com aquele argumento de “não, é
pela necessidade de se manter os serviços essenciais”.
Aí
eu lhe pergunto: como é que para o orçamento do ano que vem, que ele amplia em
relação ao orçamento do ano passado sem contar a questão da pandemia, o orçamento
projetado desconsiderando a queda de arrecadação com a pandemia. E aí, quando
ele fala que é para manter os serviços essenciais, eu quero que ele me
justifique como que, para 2020, sem ter a pandemia, sem projetar a pandemia,
ele estimava que ia gastar 24 bilhões 561 milhões de reais com Saúde; com
Saúde.
Gastou-se
cerca de 3 bilhões, e eu já questionei muitos gastos que estão sendo computados
como combate à Covid. Não parece que são. Tem gastos
muito misteriosos, que já estou fiscalizando em cima, e já vim a esta tribuna
denunciar.
Como
é que para 2021 ele só projeta que vai gastar 23 bilhões 740 milhões de reais?
Vai diminuir o gasto com a Saúde. Não é o essencial? Não é o que esse projeto
quer resolver aqui? Como que ele explica isso?
Ao
mesmo tempo, quando a gente fala de custeio, olha que dados interessantes. Vou
falar de 2019, porque 2020 não se encerrou o exercício ainda, mas em 2019, só
com passagens e locomoção, o estado gastou 750 bilhões de reais. Serviços de
terceiros, consultoria, vigilância, limpeza, todos aqueles contratos
administrativos, 17 bilhões de reais. Contratos de gestão, 6,1 bilhões. Isso em
2019.
Aí,
em 2021, um ano de contenção de despesas, um ano de deficit,
sabe quanto ele prevê que vai gastar com passagens e locomoção? Um bilhão e 300
milhões de reais. Um bilhão e 300 milhões de reais do pagador de impostos. Com
serviços de terceiros, consultoria, vigilância, limpeza, 19 bilhões e 700
milhões de reais. E com contratos de gestão, 8 bilhões e 100 milhões de reais.
Não
dá para enxugar nada? Difícil. Não dá para cortar nada do que está colocado
aqui? Difícil. Agora, quem vai arcar com tudo isso? Você. Quando ele pretende,
com o Art. 24, que eu já expus aqui - e aqui está o segredo do projeto, está
aqui o truque, está aqui o aumento de impostos descarado, está aqui o Cavalo de
Doria: ele pede uma autorização, para o Poder Executivo, de reduzir benefícios
fiscais.
E
todo mundo: “Nossa, reduzir benefício fiscal”. O cara acha que é o crédito
presumido que o governo deu, sabe-se lá Deus quando, para a JBS, que está
protegido por sigilo fiscal.
Todo
mundo tem essa impressão. Só que ele cria uma figura jurídica inexistente
quando, no § 1º, ele fala que, para efeito desta lei, equipara-se a benefício
fiscal a alíquota fixada em patamar inferior a 18 por cento.
De
onde que ele criou isso? Quero saber, na lei, aonde ele arrumou essa definição.
Não adianta, governador, vir à TV e falar “só vou crescer 20% por 24 meses”.
Cadê isso aqui no texto do projeto?
Coloca
no projeto. O governador do PSDB, Eduardo Leite, pelo menos teve a hombridade
de mostrar, no projeto, que ia aumentar a alíquota, até porque é
inconstitucional o projeto dessa forma.
É
inconstitucional um projeto dessa forma, onde ele pede uma autorização para
aumentar a alíquota de ICMS por decreto. Isso aqui, o fim é claro: quem tiver
que pagar mais por isso, vai aumentar, como o deputado Arthur do Val fala, o remédio
da vovó, já que se cobram 12% em medicamentos genéricos. Vai aumentar o preço
do tijolo, casa própria. Está aqui, olha as alíquotas: tijolo cerâmico e
tijoleiras: 12 por cento, telha cerâmica; 12 por cento.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB
- Para
concluir, deputado.
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Ou seja, gente, quem votar a favor
desse projeto, que fique bem claro, está passando a conta dessa crise para
aquele que mais sofreu: a população paulista. Tenham a hombridade de assumir
isso aqui.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Os dois têm questão de
ordem?
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - A minha é uma questão de
ordem.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - O meu é pela ordem.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - O meu, eu faço a cessão
para o deputado Campos Machado.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Janaina
Paschoal, pela ordem.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Excelência, pelo PSL,
vamos encaminhar o Major Mecca e eu, dividindo o
tempo, Excelência.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Vossa
Excelência tem a palavra. Já convido a subir à tribuna.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Eu faço a cessão ao
deputado Campos Machado, desde que o senhor garanta na outra. Pode ser?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Presidente, a
minha questão de ordem se refere a uma outra questão de ordem, que eu não havia
atentado ainda, apresentada pela nobre deputada Professora Bebel, que citou o
Art. 22 da Constituição Federal: “Compete privativamente à União legislar
sobre:” Inciso XVII: “normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no Art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia
mista”.
O que a deputada Bebel trouxe nessa
questão de ordem é que a Assembleia de São Paulo não tem competência nenhuma
para legislar a respeito de transações, vendas ou seja o que for equivalente,
de imóveis.
Está aqui, Art. 22. Infelizmente, deputada
Bebel, só fui ler agora. E essa questão de ordem é de 1º de outubro. Não foi
respondida ainda pela Presidência. Enquanto isso, a questão de ordem apresentada
pelo nobre deputado do MDB foi respondida ao sabor dos ventos.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado, essa questão
de ordem já foi apresentada pela Bebel. No momento oportuno, nós vamos
responder.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Estou reiterando.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É que V. Exa. não está
apresentando a questão de ordem, deputado Campos.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Estou apresentando, sim.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A mesma questão de
ordem, duas vezes, não é regimental. Qual é a questão de ordem, deputado
Campos?
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Simples. É saber se esta Assembleia tem alicerce constitucional para admitir
venda ou transação de imóveis que são de propriedade do Estado.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - No momento oportuno, vou
responder a Vossa Excelência.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - O meu tempo não terminou ainda.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O tempo só vale se
existir questão de ordem, deputado Campos. Vossa Excelência não está
apresentando questão de ordem, deputado Campos. Essa não é uma questão de
ordem. Passo a palavra ao deputado Major Mecca. (Voz
fora do microfone.)
O
SR. MAJOR MECCA - PSL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, na data de hoje, no
dia 13 de outubro de 2020, eu estive no Hospital do Mandaqui,
em fiscalização, por volta de umas 10 horas da manhã. Os senhores devem saber
com o que foi que me deparei, na data de hoje, no Hospital do Mandaqui: um pronto-atendimento com aproximadamente 60
pessoas, entre idosos, pessoas do grupo de risco, todas misturadas.
Não
tem ninguém controlando, e um médico para fazer o atendimento dessas pessoas.
Um médico para atender mais de 60 pessoas. Senhoras de 70 a 75 anos de idade
esperando mais de 40 minutos para ser atendidas.
O
corredor da enfermaria, o que havia naquele corredor na data de hoje, no
Hospital do Mandaqui? Uma fila de macas, com
pacientes que desde domingo estão no corredor do Hospital do Mandaqui.
Um
hospital que hoje tem em vigência três contratos de terceirização, somando mais
de 30 milhões. Contratos esses feitos com uma organização de Saúde do hospital
da Santa Casa de Birigui, onde o presidente foi preso, na semana passada ou
retrasada, pela Operação Raio-X.
É
aí, por esse ralo, que está escorrendo o dinheiro dos impostos do povo de São
Paulo. É para vocês que estavam hoje no pronto-atendimento do Hospital do Mandaqui. É para vocês que o Doria está repassando a conta
de toda essa incompetência de gestão do recurso público.
Eu
fico perplexo, sim, com irmãos de farda que estão neste plenário e têm coragem
de apoiar e votar no projeto do governador João Doria, que mentiu para todos
nós, policiais. Policiais militares, civis, técnico-científicos, policiais
penais: mentiu. Mentiu dentro dos nossos quarteis.
Para
quem não sabe, vocês passam na avenida Tiradentes 440. Vocês veem aquele prédio
imponente do 1º Batalhão de Choque, que foi reformado recentemente. Vocês acham
que foi o governo que reformou?
Eu
fui tenente-capitão. Aquilo estava caindo aos pedaços. A iniciativa privada
que, num consórcio, reformou o nosso quartel. Chovia mais dentro que fora. Os
senhores veem a farda imponente dos policiais da Rota, que eles hoje ostentam.
Vocês pensam que foi o governo que deu aquela farda? Não foi. Foi a iniciativa
privada.
O
governador, meus irmãos de farda que estão neste plenário, inclusive do
Exército, os senhores têm coragem de votar com um homem que mentiu para todos
nós? Os senhores sabem o que é o preço da traição e da mentira para todos nós.
Um
compromisso, para nós, tem um valor muito grande. A palavra tem um valor muito
grande. Esse homem se apalavrou. Se comprometeu e nos traiu.
Os
senhores têm coragem de vir aqui e dar o precioso voto dos senhores a esse
governador que está fazendo isso com o povo de São Paulo? Entrem
nos hospitais, nos pronto-atendimentos.
Entrem nas escolas do Estado: reboco
caindo, fios de tomada colocando em risco a segurança de crianças. E os
senhores querem que o povo pague a conta do Covidão?
Pelo amor de Deus, tenham o mínimo de bom senso com o
povo de São Paulo.
Nós representamos o povo, a vontade popular, e não o que
determina um ditador. Independência dos poderes no estado de São Paulo é somente
no papel, na teoria. Não existe essa independência. O governador manda em tudo
aqui no estado de São Paulo, e nós não podemos permitir isso. Aumentar impostos
do povo, que está na periferia, abandonado?
Eu patrulhei por 31 anos. Eu estive nas ruas. Não
tenho 30 anos na política, mas eu tenho 31 anos junto do povo de São Paulo, que
está abandonado. Por isso que tem que falar aqui. Pancadão é cultura, porque é
isso que querem enfiar goela abaixo dos nossos jovens.
Ouvir, como eu já ouvi de um pai de família, morando em um casebre, falar para mim: “major, meu filho falou para mim que quer ser médico, que quer fazer faculdade de medicina. Eu chorei na hora, porque eu não tenho o que responder para ele”, e é isso a que os senhores submetem os cidadãos do estado de São Paulo, as pessoas mais carentes.
Vou passar parte da minha fala à deputada Janaina Paschoal.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental. A deputada Janaina tem o tempo remanescente do deputado Major Mecca.
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Obrigada,
Sr. Presidente. Agradeço ao colega também. Precisarei, na próxima votação,
encaminhar novamente para explicar a questão dos destaques.
Porém, é muito importante que fique claro que muitos dos que subiram aqui para me atacar subiram porque gritaram, gritaram, gritaram e não conseguiram nada.
Se eu tivesse seguido, como muitos queriam que eu seguisse,
apenas obstruindo, tentando fazer com que o projeto não fosse adiante, sabe o
que aconteceria hoje? O projeto teria passado na íntegra.
Estão querendo criar um factoide de que eu fui o voto decisivo. Não fui. O governo tinha aqui os 48, com o voto do presidente, que contou aqui no total. Seriam necessários 48 votantes e, desses 48, a maioria. O governo teve 48 votos “sim”, mais o voto do presidente, e apenas 35 “nãos”.
Isso significa que eu não fui o voto determinante para aprovação, mas o meu trabalho foi determinante para conseguir salvar quatro empresas, os fundos das universidades, da Fapesp. O trabalho do Coronel Nishikawa aqui foi determinante para salvar o fundo da PM. Nós conseguimos tirar o ITCMD.
Então eu respeito aqui todos os posicionamentos. Os meus
colegas têm direito de votar, não votar e, ao votar, votarem como bem entendem,
mas a verdade é uma só: a oposição subiu aqui para gritar de inveja, porque não
fizeram nada, porque não fizeram aglutinativa, porque não apresentaram um método
de votação. Trabalho
parlamentar não é só xingar os outros, não é só perseguir quem pensa diferente,
não é ficar gritando o nome de ninguém. É colocar no papel a sua convicção.
Desde um primeiro momento eu disse, se deixar a Furp, o Oncocentro e o Imesc, isso não passa, não passa. E eu fui até o final lutando pelo que eu acreditava. No meio do caminho, conheci o trabalho do Itesp. Gostaria de colocar aqui Sucen, CDHU? Gostaria, mas a verdade é uma só. O projeto ia passar na íntegra, porque o governo trouxe todos os votos.
Então, nós conseguimos aqui hoje possibilitar a votação
destacada sem a ajuda do PT, nem do PSOL, nem do PCdoB, porque eu implorei
para assinarem a minha emenda aglutinativa, e disseram: “não, ou é tudo ou é
nada. Ou é tudo ou é nada.”
Então, é o seguinte: eu fiz uma escolha. Assumo a minha escolha. Escolhi salvar os serviços de saúde importantíssimos para os mais pobres. Subir aqui e ficar dando showzinho é fácil. Difícil é trabalhar. Difícil é correr atrás do que você acredita.
Então, que fique claro: hoje nós estamos salvando quatro empresas, os fundos das universidades, da PM, da Fapesp, tirando o imposto confiscatório do ITCMD. Eu gostaria de conseguir mais? Gostaria, deputado Barros.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputada Janaina.
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Gostaria, mas o Parlamento é a arte do possível. Muito obrigada.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. CARLOS CEZAR - PSB - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Espere aí, quem pediu primeiro?
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Eu.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Giannazi, é questão de ordem?
O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - O meu não é questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Mas qual dos dois pediu primeiro?
O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - É que o meu estava desligado. O meu não é questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Mas qual dos dois pediu pela ordem primeiro?
O SR. CARLOS CEZAR - PSB - O meu é para encaminhamento, Sr. Presidente. Quero indicar o deputado Barros Munhoz para encaminhar, pela bancada do PSB.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Enquanto V. Exa. sobe à tribuna, para o tempo regimental, V. Exa. tem a questão de ordem.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, apresentamos à V. Exa., nos termos do Art. 65 do Regimento Interno, a presente questão de ordem sobre a tramitação do Projeto de lei nº 529, de 2020, que, neste momento, passa pelo processo de votação em plenário.
O parecer apresentado pela Comissão de Constituição,
Justiça e Redação, emitido pelo relator especial designado pelo Presidente da
Assembleia Legislativa, não teria se pronunciado sobre a inexistência de
estimativa de impacto orçamentário e financeiro das leis, como reza o Art. 113
da Constituição Federal. Embora inicialmente pareça ser
competência da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, por ser norma
constitucional, deveria ter sido feito pela Comissão de Justiça - e não foi.
Assim, fica evidente o prejuízo na análise legislativa do mérito do Projeto de lei nº 529, de 2020, sem a existência dos dados financeiros necessários à compreensão dos diversos assuntos tratados no projeto, como o aumento de contribuição para o Iamspe, a extinção de diversas entidades, o aumento de tributos, a retirada de isenções, e a alienação de imóveis, dentre tantas outras medidas administrativas.
Assim, diante de tais constatações, questiona-se: o parecer apresentado pelo relator especial, em substituição à Comissão de Constituição, Justiça e Redação, não foi omisso ao deixar de se manifestar sobre elemento essencial para apreciação de uma propositura?
Era isso, Sr. Presidente. Essa é a minha questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo a questão de ordem de Vossa Excelência. Responderei no momento oportuno. Tem a palavra o nobre deputado Barros Munhoz, para encaminhar.
O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público
que nos honra com a sua presença, imprensa, telespectadores da TV Assembleia,
eu gostaria de dizer o seguinte.
Em primeiro lugar, que me sinto extremamente honrado de ser chamado como membro da velha guarda. Quem leu ontem a entrevista com o Monarca, o grande Monarca, e a sua saudade de frequentar a sua Madureira e a sua Portela, entende o sentimento que eu estou vivendo neste momento, mas eu queria dizer o seguinte. Monarco. Desculpe. Já promovi a monarca. Isso mesmo, obrigado.
Eu queria dizer o seguinte. Deputada Janaina, eu pouco
tenho a acrescentar ao que a senhora disse. Isto aqui virou um campo de
futebol, ao invés de um plenário da Assembleia.
Ou, sei lá, uma quadra de tênis. Aqui se esquece que cada parlamentar que chegou a esta Casa foi eleito pelo povo, e é ao povo que ele deve ser fiel, e é ao povo que ele deve corresponder à expectativa, e é pelo povo que o elegeu, acima de tudo, é com esse povo que ele tem compromisso.
Então, eu fico pasmo aqui de ver as pessoas criarem uma
fantasia de que está se criando imposto, porque não tem lei que diga que isso é
benefício fiscal. E a Lei de Responsabilidade Fiscal, minha gente?
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, está aqui
para quem quiser ler: Art. 14, § 1º “A renúncia compreende anistia, remissão,
subsídio, crédito presumido, concessão, etc.”.
Então, está claríssimo. E ainda insiste-se em dizer que aqueles que têm o ICMS hoje de 7% vão
ter que pagar 18 por cento. Não é verdade. A redução é de 20% do subsídio
concedido.
O subsídio para quem paga sete foi de 11%, a diferença
entre 18 e sete. As pessoas sabem disso. Especialmente os brilhantes
deputados e economistas do Novo, que são professores nesse tipo de assunto.
Então, minha gente, a grande verdade é que eles querem aqui uma política onde o governo perca e a oposição vença. Em que lugar do mundo funciona isso? Será que é nos Estados Unidos? Será que na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos o democrata abre mão da maioria para o governo, e será que no Senado o governo abre mão da maioria para os democratas? Será que na China é assim, será que na Rússia é assim, será que na França é assim, será que na Inglaterra é assim?
Em lugar nenhum do mundo é assim, minha gente. Então, é uma coisa infantil. É um show dantesco que se está fazendo aqui, e com ofensas pessoais, Sr. Presidente. Eu queria reiterar esse meu apelo, que o Regimento seja cumprido. O que está se fazendo aqui pode levar a uma tragédia. Pode haver uma tragédia a qualquer momento neste plenário, porque ninguém é obrigado a aguentar as ofensas que aqui têm sido praticadas.
Esta Casa merece respeito, e aqui deve prevalecer o voto.
Eu falo alto, mas não é no grito que se ganha, não. Eu estou em paz com a
minha consciência. A deputada Janaina tem razão. Não foi só V. Exa. que lutou.
Eu lutei bravamente pelo Itesp. Todo mundo sabe
disso. Aliás, o secretário veio aqui e se colocou de peito aberto, à
disposição para responder a qualquer pergunta. Fomos lá quantos? Meia dúzia, oito?
Não mais do que isso.
Então, isso aqui é um cenário. O povo está muito pouco
preocupado com o 529. É verdade, eu defendo a
permanência da Sucen. Eu defendo a permanência da EMTU. Eu acho um absurdo que
se extinga a EMTU e que se transfira as suas atribuições para a Artesp, mas tudo isso não termina hoje,
meus amigos.
Eu acredito, sim, que o governador vai cumprir o seu
compromisso de não permitir acréscimo nos remédios e na cesta básica. É
ululantemente óbvio que ele vai querer fazer isso. Então, não há porque...
Nós já vivemos aqui, minha gente. Deputado Enio Tatto, eu quero até parabenizar. O
senhor é sempre brilhante, contundente. Discordo da maior parte das coisas que
V. Exa. fala, mas há uma coerência.
Eu vou tomar a liberdade, deputado Barba, de citar um exemplo aqui que me emocionou muito. O senhor foi violentamente questionado de votar a favor dos subsídios para a indústria automobilística, mas o senhor votou. Sabe por quê? Porque o seu compromisso, acima de tudo, era com os seus colegas de trabalho na Ford, onde o senhor tinha trabalhado.
E eu voto com a consciência tranquila, porque os eleitores, os amigos que me cumprimentam e me abraçam nas ruas de Itapira, de Mogi Mirim, de Mogi Guaçu, de Amparo, de Pinhal, de todos os municípios que eu represento nesta Casa, me dizem: “continue na luta, mas não faça o jogo do quanto pior, melhor”.
Eu votei no possível. Obrigado, meu líder, Camarinha, grande artífice deste acordo. Reinaldo Alguz, Bragato e tanta gente mais. Não foi só a deputada Janaina, mas ela foi sim a grande condutora desse processo, e nós não temos que ter nenhum complexo de prestar essa homenagem a ela.
Vamos em frente. O mundo não acaba hoje e nem amanhã, e nós vamos cumprir a nossa missão de lutar permanentemente para melhorar as condições de vida do nosso povo e da nossa gente.
O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Arthur.
O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - Encaminhar pela liderança do Patriota.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra Vossa Excelência. Deputado Barba.
O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Sr. Presidente, para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra V. Exa., pelo tempo remanescente, enquanto o Artur se dirige à tribuna.
O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - É muito rápida a questão de ordem, Sr. Presidente. É só assim. Nós fizemos um trabalho virtual, e nós, para fazermos qualquer coisa, apoiamentos, projetos, tal e tudo, nós tínhamos que fazer os aceites pelo e-mail, certo? O e-mail oficial de cada deputado.
Eu tenho coletadas 33 assinaturas sobre esse tema, desse projeto, para a abertura de um pedido de CPI. Eu quero saber se só com essas assinaturas eu já posso protocolar junto à Mesa, ou se, porque as CPIs estão andando no modelo virtual, eu tenho que pedir o aceite de cada deputado no modelo virtual.
Esta é a minha questão de ordem, só para.... Acho que nem é uma questão de ordem, é até mais uma questão de esclarecimento do que questão de ordem. Se o senhor puder me esclarecer isso agora...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Oportunamente respondo a Vossa Excelência. Apenas para não falar coisas erradas para V. Exa., vou consultar aqui e já respondo. Deputado Arthur, tem a palavra Vossa Excelência.
É triste ver o pessoal aqui lutando para tentar
obstruir o projeto, mas não tem jeito. Bater de frente com o que a gente chama
de sistema nem sempre é fácil. É uma luta inglória, não é não, Mecca?
De quantas dessas você já não participou, não é mesmo? É difícil, cara. É difícil. A gente fica aqui até tarde, a gente vai, obstrui, faz não sei o quê, só que não tem jeito. Quando o governo quer, o governo põe todo mundo aqui. E é aquela história, né, a emenda vai sair cara, a emenda vai sair bem cara.
Roquinho, você está mais calmo? Espero que você esteja mais calmo. Vai ganhar emenda, cara, olha que bacana. Vai ficar bacana para você. Eu não sei, eu acho que o Carlão te ligou, não é? Deve ter te ligado. Falou: “ô, Roquinho, aparece lá na Alesp, vota com a gente. Eu sei que é difícil ter o senhor aqui na Casa e tal, mas a gente dá um jeito”.
Eu vou até ficar curioso para saber como é que vai ser a distribuição das próximas emendas, porque o Doria, vocês sabem, não é? O Doria vai embarrigar vocês bastante. O Doria, assim como o Alckmin, diferente do Serra... É isso que eu ouço aqui na Casa, que o Serra era cumpridor de palavra. O Serra, se você fechava um negócio com ele, ele ia lá e cumpria a palavra.
Agora, com o Alckmin, até falam assim: “o Alckmin teve uma
reunião com você?”. “Teve.” “Ele anotou a sua demanda no caderninho?”
“Anotou.” “Então ele não vai fazer.” Esse é o papo que eu ouço. O Doria vai no
mesmo caminho. Quantos aqui não foram feitos de trouxa pelo Doria? Eu sou um, não porque eu negocio cargo, emenda, porque eu não quero nada disso. Eu não
preciso disso. Não preciso disso para fazer a minha política. A minha política
não precisa disso.
Eu não preciso de um cargo do governo. Inclusive, eu tive
um problema aqui na Casa, o Cauê Macris sabe bastante disso. Eu tinha direito a um cargo
aqui, aí nós ficamos em um mal-entendido que, no final das contas, sei lá o que
aconteceu, não deram o meu cargo na liderança do Patriota, e está bom. Eu abri
mão, não tem problema. Eu não preciso disso.
É triste a gente ver que a política nesta Casa é feita como
o Roque Barbieri disse, cuidando da própria vida. Cuidando da própria vida,
cada uma aqui está cuidando da sua própria vida.
É triste demais ver isso. Agora sim, a gente vai cuidar da vida de vocês também. A gente vai fazer questão de pegar justamente o pessoal aí que está votando meio que “putz, meu, vamos votar meio escondido” e a gente vai expor. A gente vai expor, porque é o que a gente sabe fazer.
Eu não sou bom de articulação. Muitos aqui, com certeza, me odeiam de morte. Eu já fui ameaçado de morte aqui acho que várias vezes. Várias vezes. Várias vezes. Se eu ganhasse um centavo para a minha campanha cada vez eu fosse ameaçado de morte, ia ter panfletinho na cidade inteira aí do Arthur do Val.
Processo então, nem se fala. Este ano eu paguei 270 mil
reais de processo. Eu estava fazendo a conta hoje. Eu já perdi mais de meio
milhão de reais em processo. E você acha que eu ligo?
Eu não ligo não, cara. Já que eu entrei de cabeça, vamos
fundo. Não tem problema não. Se alguém aqui está pensando em me dar um tiro,
fique à vontade. Eu não tenho medo não, cara. Não tenho medo não. Quantas
pessoas já não vieram me ameaçar, me encher o saco? E eu só faço mais.
Preste atenção: quanto mais ameaça para mim, mais fermento
é para o bolo. Aí é que eu vou falar mais mesmo. E é engraçado que as pessoas
falam as coisas nos corredores, mas não têm coragem de falar na minha
cara. Tem
muito cara aqui que é homem. É homem nos corredores, mas, na hora que olha para
mim, até desvia o olhar. Engraçado isso, não é, meu?
O pessoal, na hora de ameaçar, de falar que faz, que acontece, que comigo não mexe, que não sei o quê lá. Nossa senhora, é uma braveza tamanha. Aí o pessoal até fala: “ô, Arthur, mas você fica arrumando briga com todo mundo”. Eu não fico arrumando briga com ninguém, cara. Vocês é que arrumam briga comigo. Eu não arrumo briga com ninguém. Eu exponho o que está acontecendo.
Ou é mentira Roquinho, sei lá, que talvez você tenha mais
emenda agora? É mentira o que eu estou falando? Eu não sei. Estou perguntando
só. Perguntar não ofende, não é? Sei lá, você vai ter, não sei, talvez um
carguinho no governo. É isso? Vamos ser sinceros.
Você acha que o Carlão vai chegar no Doria e vai falar:
“meu, Doria, tem um deputado lá chamado Roque Barbiere, esse merece cargo, esse
merece emenda, esse lutou para isso”. Você acha, Roquinho? No fundo? Vamos ser
sinceros. No fundo, você sabe que o Doria está fazendo a gente de trouxa, não
é? Você sabe, não é? No fundo assim, quando você chega em casa, você fala:
“puxa vida, será que eu sou um trouxa?”.
Porque é fogo, cara. Vai custar caro. Vai custar caro.
Vocês sabem que vai custar caro. Tem muita gente aqui que vota “sim” e não tem jeito.
Cara que, meu, está com o partido porque se elegeu, porque precisou de fundo
eleitoral, precisou de tempo de TV, precisou de favor, precisou abraçar alguém
aí que vocês não gostam, para ficar bem na foto.
Ainda bem que essa mácula eu não carrego. Eu não preciso
disso. Pago processo para caramba, sou ameaçado, sou odiado, sou xingado, mas
não tem problema. Eu não preciso tirar foto com ninguém que eu não gosto. Isso
é muito bom para mim.
Eu não preciso puxar saco de ninguém. De ninguém. Eu posso brigar com qualquer um aqui. Não tenho problema nenhum em brigar por aquilo que eu acredito. Agora, deve ser fogo demais ter que justificar para si mesmo porque está fazendo isso. É muito triste, muito triste.
Tem outros deputados aqui que podem virar o voto. Por exemplo, o pessoal do Podemos. É um pessoal supergente boa. O Ataide Teruel, o Marcio da Farmácia. O Marcio da Farmácia vai votar “sim” para aumentar imposto. É triste isso, Marcio. Você é um cara gente boa para caramba. Todas as vezes que a gente conversou aqui, cara do diálogo, cara gente boa para caramba. Ataide Teruel, sem comentários. Cara gente boa para caramba.
O Bruno Ganem escapou dessa, hein? “Não, não, não, eu estou de licença, eu vou fazer a minha campanha aqui”. Fugiu da briga, fugiu da raia. Eu podia fazer isso também. Podia tirar a licença, ficar de fora dessa. Ele falou: “não, pessoal, vou fazer a minha campanha ali, eu viro deputado depois”.
Eu estou aqui. Amanhã cedo já estou na batalha para conseguir voto com a cara limpa. Agora eu estou aqui. Eu estou aqui para falar “não” a isso. Eu poderia ter fugido, falar “não, eu estou em campanha, deixa quieto, essa batalha eu não quero. Eu vou lutar essa batalha até o fim. Posso perder, mas vou perder com honra.
E vou te falar, daqui alguns anos isto aqui vai ser comentado. Todas as vezes que eu for pedir voto na minha vida, vão lembrar esse discurso. Todas as vezes que eu for pedir voto na minha vida, vão lembrar a minha atuação aqui dentro. E a de vocês? Tem algum ponto que vocês gostariam de esquecer? Porque eu vou lembrar. Eu vou fazer questão de lembrar.
Vai ser fogo, Roquinho, falar: “puta, aquele moleque lá, meu”. Como é que você me chamou? De bosta, não é? “Aquele bostinha lá subiu na tribuna e falou coisas que - sei lá há quantos anos você está nesta Casa - ninguém nunca teve coragem de dizer”.
Dizem - não sou eu que estou dizendo - que você anda até com o negócio aí na cinta, para ver quem tem coragem de falar. Eu estou falando olhando na sua cara. Faça uso. É isso que te faz mais homem? Faça uso. Eu estou aqui, de peito aberto, te mostrando. Eu sou o mesmo cara aqui, aqui em baixo e lá na rua.
Faça
uso, porque eu vou te falar, de ameaça eu já estou com as costas quentes já, já
estou acostumado. Não é isso que me ameaça não. O que ameaça, o que me enche o
saco...
Isto
é uma coisa que eu nunca vou esquecer: antes de eu ser deputado, antes de eu
ter voz, antes de o que eu falar repercutir para centenas de milhares de
pessoas, muitas vezes até milhões de pessoas, eu ficava revoltado por causa das
injustiças que eu via e falava: se um dia eu tiver a oportunidade de falar na
cara deles tudo o que eu penso, eu vou falar.
Então,
eu não vou trair a mim mesmo. Eu nunca vou me esquecer de onde eu vim. Sempre
que eu tiver a oportunidade de olhar no olho de cada um de vocês e falar que
vocês estão nitidamente atrapalhando a vida de todos os paulistas, eu vou
falar. E é o que vocês estão fazendo hoje, aqui.
É
impressionante, eu nunca vi a Casa cheia para fazer um projeto que preste.
Agora, nessa porcaria, na hora de aumentar... Inclusive o Barros Munhoz falou
que é uma fantasia dizer que é aumento de imposto.
Eu
peço, já que elogiou o pessoal do partido Novo, que mostre na lei onde está
escrito diferente do que eu interpretei, porque então eu devo ser muito burro,
eu devo ser analfabeto, porque eu li lá e, para mim, está muito claro. Para
mim, para os deputados do Novo, para todas as equipes técnicas, para todo mundo
que entendeu o projeto, é aumento de imposto sim. É aumento de imposto sim.
Enfim,
pessoal, a gente sabe que está ganhando tempo aqui para a tragédia anunciada
que vai acontecer por um voto, mas não tem problema. Eu vou usar esses vídeos
com orgulho, porque isso daqui faz parte da minha história, faz parte de tudo
aquilo que eu vou falar quando eu for pedir voto de novo. “Olha lá a minha
atuação ali, olha. Olha lá o que eu estava fazendo.”
E
vocês? Será que vai ter dia em que vocês vão falar: “Esse dia é melhor não
lembrar.”? Eu quero me lembrar deste dia aqui para sempre. E vocês podem ter
certeza de que vai ser lembrado, está bom?
Então,
eu quero agradecer a presença de todos. Espero que o João Doria pague caro por
cada voto de vocês e, quando ele fizer vocês de trouxas, vocês lembrem e falem:
“bem que aquele moleque, aquele Mamãe Falei lá avisou”. Vocês vão ser mais um
trouxa na mesa do Doria. Podem anotar o que eu estou falando.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em votação. Os
favoráveis permaneçam como se encontram. Aprovado.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Para pedir uma
verificação de votação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, vamos proceder à verificação de votação pelo sistema eletrônico.
A partir deste momento, estamos fazendo
soar o sinal intermitente por quatro minutos para que as Sras. Deputadas e os
Srs. Deputados que não se encontram em plenário tomem conhecimento da votação
que se realizará.
*
* *
- É iniciada a verificação de votação pelo
sistema eletrônico.
*
* *
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Eu queria fazer uma
comunicação, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Neste momento, como nós
estamos no processo de votação e tem quatro minutos para aguardar, não vai
atrapalhar em nada o andamento da sessão a comunicação do deputado Teonilio Barba.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Não,
presidente, é sobre o roteiro de votação. Agora vamos votar o substitutivo, ok?
Então o pedido é para todos os deputados que estão contrários ao projeto não
darem nenhum tipo de voto, nem abstenção, nem contra, nada.
Vamos esperar o governo, novamente, que
quase não conseguiu 48 votos. Conseguiu 48 votos porque alguém traiu, porque
alguém doou o voto, porque alguém fez isso, certo?
Então, vou pedir a todos os deputados. É
um pouco de paciência, mas nós não vamos votar agora. Vamos ver se o governo
tem 48 votos. Na primeira, no método, quase não teve. Depois vamos discutir
isso.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Barba, só para
fazer uma correção. Neste momento estamos votando o substitutivo sem a parte
destacada, está certo?
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Exatamente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A parte destacada do
Item 2 do roteiro está fora do substitutivo.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Exato, é só o
substitutivo.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Apenas o substitutivo
tirando as partes destacadas.
O que nós estamos votando não consta a
parte destacada, que faremos a votação logo em seguida para ver se a gente a
devolve para o substitutivo ou se a tira de vez do substitutivo. Só para deixar
claro o processo de votação.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Corretíssimo, desculpa
se deixei...
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PTB - Uma rápida comunicação, Sr.
Presidente.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Sr. Presidente, só um
minutinho. Afirmei que vamos votar agora apenas o substitutivo...
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com as partes
destacadas.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - E
orientando os nossos deputados que são contrários a não votar a favor. Esperar
vocês botarem 48 votos. Vocês botaram 48, aí vamos votar contrário.
Aí, depois, vamos para o Item 2, que
engloba todas aquelas alterações que têm, que são o Item 2, ok?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só uma correção. O
governo colocar os votos, deputado Barba, não vocês.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente,
apenas para fazer uma errata rapidinho da minha fala. Eu havia dito que a
bancada do Republicanos inteira estava votando favorável a esse projeto. É uma
injustiça enorme da minha parte, por isso, faço aqui uma correção à deputada
Edna Macedo, que é uma guerreira e está lutando contra o 529 desde o início.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Com a anuência do meu líder, coloco
o PP em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem anuência do líder,
está em obstrução o Progressistas.
O
SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO -
Avisar a todos os deputados que, se houver quórum agora, no substitutivo, nós
temos ainda mais uma votação, que é para destacar e retirar do texto os
projetos que foram feitos em relação às empresas públicas, o ITCMD, os fundos
que nós... Universidades, Fapesp, todas elas, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito, ainda tem mais
um item a ser deliberado esta noite.
O
SR. ANDRÉ DO PRADO - PL - Coloco o PL em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PL está em obstrução.
O
SR. DANIEL JOSÉ - NOVO - Coloco o Novo em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O Novo está em obstrução.
O
SR. CAIO FRANÇA - PSB - Para colocar o PSB em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PSB está em obstrução.
O
SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS -
Para colocar o Republicanos em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O Republicanos está em
obstrução.
O
SR. MARCIO NAKASHIMA - PDT - PDT em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PDT está em obstrução.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Para colocar o PT em
obstrução, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PT está em obstrução.
O
SR. RODRIGO GAMBALE - PSL - Pôr o PSL em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PSL está em obstrução.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Colocar o PTB em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PTB está em obstrução.
O
SR. ALEX DE MADUREIRA - PSD - Para colocar o PSD em
obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O PSD está em obstrução.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - O PCdoB está em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - PCdoB em obstrução.
A
SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - O PSOL está em
obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - PSOL em obstrução.
O
SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Colocar o Avante em
obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Avante em obstrução.
Mais algum partido em obstrução?
O
SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - Patriota em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Patriota em obstrução.
Neste momento estou abrindo os terminais
eletrônicos para que os parlamentares possam realizar seu voto “sim”, “não” ou
“abstenção”.
O
SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO - Pela ordem.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Gil?
O
SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO - Estou sem partido, para
me colocar em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Você está em obstrução,
deputado Gil Diniz.
O
SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - O PSB está em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - PSB está em obstrução.
*
* *
- É feita a verificação de votação pelo
sistema eletrônico.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, participaram do processo de votação 86 Sras. Deputadas e Srs.
Deputados: 48 votaram “sim”, 37 votaram “não” e este deputado na Presidência,
quórum que aprova o substitutivo apresentado pelo parecer do relator especial,
em substituição da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, salvo as partes
destacadas.
Item 2 - Destacadamente todos os itens
previamente constados no roteiro.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Para indicar o deputado
José Américo e o deputado Maurici para compartilharem
o tempo e falarem em nome da bancada do PT.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Têm a palavra os
deputados, para compartilhar o tempo, para encaminhar o Item 2. Só lembrando
que já estão prejudicados os Itens 3 e 4 com a aprovação do Item 1. Então nós
iremos à votação apenas do Item 2.
Tem a palavra, para encaminhar, o deputado
José Américo. O tempo já está começando a correr.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Presidente, só para
voltar o tempo dele, porque ele não tinha chegado à tribuna e está contando.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não adianta ficar conversando.
O tempo já está correndo.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Ele veio direto à
tribuna.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado José Américo,
eu vi, o avisei que o tempo já estava correndo. O deputado José Américo estava
conversando. Tem a palavra V. Exa., deputado José Américo.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Volta o tempo,
presidente. Não custa nada, por favor.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Restituí o tempo de
Vossa Excelência. Pronto.
O
SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Srs. Deputados, Sras. Deputadas. Quero
começar aqui esta fala sobre o Item 2, em primeiro
lugar, me solidarizando com o meu amigo, companheiro Roque Barbiere. Eu, apesar
defender uma posição contrária a esse projeto, acho que nós temos que ter
respeito com a posição das pessoas.
O
Roque é uma pessoa da base do governo e, como vários outros, está votando com a
base do governo. Realmente, o que me surpreendeu foi a Janaina. A Janaina, sim,
me surpreendeu. E o nosso querido Arthur do Val não falou nada sobre a Janaina.
Ficou fazendo provocação contra o Roque, mas não falou nada da Janaina. Então a
gente vê que são dois pesos e duas medidas. Eu acho que, de todo modo, fica
aqui essa observação.
Nós
precisamos ter respeito com as pessoas, precisamos reconhecer que nem todo
mundo pensa igual à gente. As pessoas têm o direito de se manifestar. Eu acho,
inclusive, que a própria Janaina tem direito de fazer o que ela fez. O problema
é que não pode ter dois pesos e duas medidas.
Eu
queria, então, falar do Item 2. Sr. Presidente, se for assim, não vai dar. Nem
eu estou conseguindo ouvir.
* * *
-
O Sr. Presidente faz soar a campainha.
* * *
Quero
dizer que o Item 2 retira algumas empresas do pacote do governo, portanto, é
alguma coisa progressiva, positiva, porque eu nunca imaginei que nós tivéssemos
que votar em um projeto do tamanho desse projeto. O impacto desse projeto na
vida do estado de São Paulo é imenso. Tirando tudo aquilo que a Janaina propôs
que tirasse, são 1.500 empregos que vão ser mantidos, e vão ser cortados 4.000
empregos.
Mas
isso não é o mais importante. O mais importante é que empresas estratégicas do
estado de São Paulo, como a EMTU, uma empresa que tinha que ser ampliada,
fortalecida e ampliada, é uma empresa que não dá prejuízo para o Estado.
Empresas como a Furp, de remédios, devia ser
ampliada. Controlar o remédio não é uma coisa de preço, é de você ter o
controle sobre a produção de um bem estratégico.
Aumentar
alíquotas de imposto, nesse sentido eu concordo com os meus amigos do Novo.
Aumentar alíquotas de imposto, Daniel José, neste momento de pandemia, neste
momento em que 30, 40% da força produtiva do estado de São Paulo se quebra...
São comerciantes, pequenas indústrias, todo mundo quebra, e aí você vai aumentar
imposto? Parece-me uma coisa de uma irracionalidade que eu nunca vi.
Quero
dizer, então, que sou a favor de que a gente tire o maior número de itens desse
projeto. Tudo o que a gente puder tirar vai ser importante, porque algumas
coisas precisam ser preservadas. As universidades do estado de São Paulo, o
orgulho deste Estado, Barros Munhoz.
Elas
não foram criadas por tucanos, elas foram criadas lá atrás, inclusive por
homens conservadores, mas que tinham ideia estratégica a respeito do Estado.
Foram criadas por Carvalho Pinto, por Lucas Garcez, foram criadas por outros
homens, de outro tempo, conservadores de outro tempo, que imaginavam uma visão
estratégica do Estado, que acabou.
Hoje
nós temos uma burguesia oportunista, um empresariado predatório e, na verdade,
não veem nada além do seu próprio umbigo. Por isso, para eles, acabar com
universidade ou não tanto faz. É importante preservar as nossas universidades,
preservar o dinheiro das nossas universidades.
Eu
quero terminar aqui só com uma pequena frase. Dizer ao nosso querido Barros
Munhoz: faça uma avaliação do mundo hoje, Barros Munhoz, que você vai ver que
nem todos os governos tem a maioria que você imagina. “Governo tem que ter
maioria”, isso é só na Coreia do Norte e na Assembleia Legislativa de São
Paulo. Na Coreia e aqui.
Nos
Estados Unidos, agora, o Trump tem maioria no Senado, mas não tem no Congresso,
não tem na Câmara de Representantes. Na Inglaterra, você tem uma maioria
conservadora, mas daqui a pouco perde essa maioria. Então eu acho importante
dizer que só na Coreia do Norte e aqui no Brasil que nós temos uma maioria
consolidada, que nunca muda.
Muito
obrigado. Um abraço. Maurici, desculpe ter tomado...
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O deputado Maurici tem o tempo compartilhado com o deputado José
Américo, da liderança do PT.
O
SR. MAURICI - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, eu,
embora tenha sido eleito como cada deputado, cada deputada desta Casa,
diferentemente de todos e todas, demorei 19 meses para chegar a esta Casa. Mas
acho que cheguei em um bom momento, porque esse momento me permitiu um
aprendizado que talvez eu não tivesse em qualquer outro momento da minha vida.
Aprendi
muitas coisas e vi outras coisas que só confirmaram o que eu já sabia. O
Projeto 529 confirmou, na minha cabeça, que um governo pode ser mentiroso, pode
ser cruel e pode ser irresponsável, como esse governo foi.
Mentiroso
porque não conseguiu demonstrar o deficit alegado;
cruel porque não se preocupou com a extinção de serviços públicos que a nossa
população tão necessitada precisa.
Eu
aprendi e vi nesta Casa mais ainda. Vi pronunciamentos inflamados, a favor e
contra, vi uma bancada inteira, como a do Novo, esgrimindo números, argumentos
bem construídos. Vi deputados como o deputado Gil Diniz, o deputado Douglas, os
deputados do PSOL trabalhando com o Regimento e corajosamente enfrentando o
governo e a sua bancada aqui.
Vi
o deputado Barros Munhoz dizendo uma coisa que eu já sabia, porque, quando o deputado
Barros Munhoz, com toda a sua experiência e sofisticação, diz que quem ganha é
o governo e não a oposição, ele repete uma máxima que eu ouvi na minha região,
deputado, que dizia o seguinte: quem tem a chave de fenda, aperta, e quem tem a
rosca, segura.
E
é isso o que está acontecendo aqui nesta Casa. O governo e a sua bancada,
também dirigida pelo deputado Carlão, aperta, aperta e aperta, usando os seus
argumentos, os seus meios, que são legítimos, estão dentro da legislação, estão
dentro da lei.
A
oposição segura, e segura de forma honrada, e segura de forma eficaz, porque,
se algumas empresas serão poupadas ao final desse processo, se algumas
demissões serão poupadas ao final desse processo, se recursos da pesquisa serão
poupados ao final desse processo, não o serão em função do oportunismo de
alguns, e sim em função da resistência de muitos e muitas, porque foi isso que
fez com que o governo, embora possa vencer essa votação, embora possa encerrar
esse debate, saia daqui derrotado, porque não conseguiu colocar esta Casa de
joelhos.
Eu
ouvi muita coisa interessante. Ouvi as citações, por exemplo, do deputado
Campos Machado, que trouxe para esta Assembleia Dante Alighieri, trouxe
Voltaire. O Campos Machado com a sua elegância sempre nos faz aprender.
Eu
quero então encerrar este meu pronunciamento, deputado Campos Machado, trazendo
um outro poeta, Fernando Pessoa, e dizendo que tudo, que essa luta toda vale, está valendo e terá valido a pena, porque a alma
dos deputados e deputadas desta Casa não é, nem será jamais pequena.
Obrigado.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB -
Pela ordem, presidente.
A SRA. MONICA DA BANCADA
ATIVISTA - PSOL - Pela ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Deputado Campos. Quem pediu primeiro?
Desculpe, eu não ouvi.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu não posso ser… Desculpe.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Deputado Campos.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu sou um cavalheiro.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Perfeito.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - E nessa linha sou
obrigado a ceder o tempo.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Deputada Monica.
A SRA. MONICA DA BANCADA
ATIVISTA - PSOL - Muito obrigada, deputado
Campos. Presidente, queria indicar a deputada Erica Malunguinho
para encaminhar pela bancada do PSOL e dividir o tempo comigo.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Têm a palavra V. Exa. e a deputada Erica.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Presidente, eu já estou inscrito pela ordem para falar.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Sim, não cabe inscrição pela ordem, mas
vamos todos aqui nos atentar neste momento.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
Questão de ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Deputado Daniel, pois não.
O SR. DANIEL JOSÉ - NOVO -
Questão de ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Qual a questão de ordem de Vossa
Excelência?
O SR. DANIEL JOSÉ - NOVO - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente,
apresentamos a V. Exa., nos termos do Art. 65 do Regimento Interno, a presente
questão de ordem sobre a aplicação do disposto na alínea "a" do
inciso III, do Art. 196, do Regimento Interno desta Assembleia.
O Regimento Interno desta Casa dispõe que,
para a aprovação de leis complementares, é necessário o voto favorável da
maioria absoluta dos membros desta Assembleia. Esta regra regimental deriva de
disposição constitucional. De fato, a regra que exige quórum qualificado também
está insculpida no Art. 23 da Constituição Estadual, onde lemos o seguinte:
“Art. 23 - As leis complementares serão
aprovadas pela maioria absoluta dos membros da Assembleia Legislativa,
observados os demais termos da votação das leis ordinárias”.
A presente questão de ordem tem como
objetivo esclarecer a dúvida sobre a interpretação deste dispositivo regimental
e do referido mandamento constitucional numa situação bastante peculiar, a
saber: a situação na qual se pretende alterar ou revogar dispositivos de leis
complementares usando, para tal finalidade, um projeto de lei ordinária.
No que toca à deliberação do PL 529/20, observa-se
que no voto do relator especial, deputado Alex de Madureira, sobre o qual esta Assembleia está sendo chamada a deliberar, encontramos
diversos dispositivos que objetivam a alteração de leis complementares.
Apenas a título de exemplo, citamos os seguintes
dispositivos do voto do relator especial:
O inciso I do Art. 35 autoriza o Poder
Executivo a atribuir funções à Artesp, além daquelas
funções já atribuídas pela Lei Complementar nº 914, de 14 de janeiro de 2002.
O inciso II do Art. 35 autoriza o Poder
Executivo a atribuir funções à Arsesp, além daquelas
funções já atribuídas pela Lei Complementar nº 914 e no 1.025, de 07
de dezembro de 2007.
O inciso II do Art. 58 altera a Lei
Complementar no 1.227, de 19 de dezembro de 2013.
O inciso III do Art. 58 altera a Lei
Complementar no 1.280, de 13 de janeiro de 2016.
E por aí vai; tem vários exemplos aqui.
Adota-se em nosso sistema jurídico o princípio do paralelismo das formas ou
simetria das formas. De acordo com esse princípio, um ato jurídico só se modifica
mediante o emprego de formas idênticas àquelas adotadas para elaborá-lo. Isso
vale não apenas para os atos administrativos, mas também na produção
legislativa.
Observar o princípio do paralelismo das
formas significa que, se uma norma demanda quórum qualificado para a sua
aprovação, então qualquer alteração superveniente da mesma norma ou até mesmo
sua revogação deverá ocorrer exigindo-se o mesmo quórum qualificado.
No Direito Público, este princípio se
manifesta em diversas situações. Para terminar, presidente, diante do exposto,
este parlamentar aqui formula em termos bem claros a seguinte questão de ordem:
é constitucional um projeto de lei ordinária...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Acabou o tempo de V. Exa., deputado
Daniel.
O SR. DANIEL JOSÉ - NOVO -
Aqui para concluir.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Eu recebo a questão de ordem de V. Exa. e
vou…
O SR. DANIEL JOSÉ - NOVO -
Só concluir aqui.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Não, não. Já deu o tempo de Vossa
Excelência. Eu recebo e no momento oportuno vou dar a resposta a Vossa
Excelência.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
Questão de ordem, presidente?
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Não. Neste momento vamos para o
encaminhamento da deputada Erica, deputado Gil.
A SRA. ERICA
MALUNGUINHO - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a “todes”. Boa
noite a quem nos assiste pela TV Alesp, deputados,
deputadas. Tem uma bravata… Eu estava elaborando enquanto eu pensava como
começaria essa fala.
Tem
uma bravata muito interessante no Parlamento, que é sobre o termo “constitucionalidade”.
Então, todo mundo cita constantemente “é constitucional”; “é inconstitucional”;
“inconstitucionalidade”.
Gente,
viver no Brasil, viver no estado de São Paulo é viver numa existência inconstitucional.
Se nós não vivêssemos na inconstitucionalidade constante, não teria gente
passando fome.
A
inconstitucionalidade é a regra deste Estado chamado Nação brasileira, deste
estado chamado São Paulo. Repito: se nós não vivêssemos na inconstitucionalidade,
não existiria gente que passa fome, que não tem onde morar, que não tem onde
dormir.
Não
teríamos como candidato a prefeito de São Paulo um projeto de gente - porque
aquilo não pode ser uma pessoa -, que diz que pessoas em situação de rua não
contraem Covid porque não tomam banho. Se este País
fosse sério; se este Estado fosse sério; se houvesse alguma
constitucionalidade, a gente estaria inclusive se ouvindo agora.
Por
favor, presidente Cauê Macris. Repito: a inconstitucionalidade é a regra, infelizmente.
Tem uma coisa muito interessante sobre esse projeto. Na semana passada, eu fiz
uma crítica muito forte sobre quem se posiciona a favor do projeto e não se
manifesta. Falei da deputada Damaris, da líder do Governo, Carla Morando,
porque nas redes sociais não está lá a defesa em relação ao 529.
É
tão interessante a forja governista, que é o seguinte: simplesmente, uma vez
que o governo mudou - entre muitas aspas - de direção, eles mudam juntos sem o
mínimo de criticidade. Porque a questão não é coerência em relação ao que está
sendo pautado, a questão é seguir a ordem. E em relação a isso não há
coerência.
É
muito injusto quando a deputada Janaina fala que a oposição não está
interessada em trabalhar; não está interessada em criar formas de obstrução ou
então de garantir alguma coisa positiva em relação a esse projeto, porque a
gente sabe muito bem que a oposição aqui não tem voz nem tem vez.
Aliás,
tem voz. Pode subir aqui para falar, porque esse é um direito garantido, mas
não tem vez. Nunca um substitutivo, nunca um rito de votação, nunca nenhum
trâmite seria assinado ou aprovado pelo governo se ele viesse da oposição.
Então,
isso não confere. Não é que a oposição não trabalha, simplesmente é porque o
governo se baliza a partir da influência que a senhora tem pelos seus dois
milhões de votos, pela plataforma política que foi alçada a partir de um
impeachment; é por isso. É por conta… Se ouve o
deputado Arthur do Val porque ele tem não sei quantos milhões de seguidores. É
esse capital político que está em jogo na contemporaneidade política de São
Paulo, quiçá do Brasil.
Então,
não é justo dizer que a oposição não tentou de diversas formas ou tentaria de
diversas formas obstruir o projeto, inclusive porque para a oposição só tem um
projeto possível: o não projeto.
É
por isso que a gente não assinou nenhum rito. É por isso que ninguém assinou,
porque o único projeto possível é o não projeto, e sobre isso nós não vamos
fazer concessão.
Nós
não vamos salvar metade sabendo que a totalidade do projeto está corroída, está
corrompida. É óbvio que é melhor salvar poucos do que perder todos, mas até o
fim nós iremos obstruir. Nós iremos dizer “não”, porque a garantia dos que
ficam não é permanente.
O
deputado Barros Munhoz subiu aqui para falar uma coisa muito interessante.
Vejam bem, São Paulo tem uma prepotência gigantesca de se achar umbigo do País,
a locomotiva do País, só que está descarrilhada - a gente está percebendo.
Apesar da grandiosidade de habitantes e econômica, São Paulo é um estado, não é
um país. São Paulo não é União Federativa.
Então,
é impossível comparar São Paulo, o Parlamento paulista, com o Parlamento
francês, inglês, da Rússia, de onde quer que seja, inclusive porque não precisa
nem ser um especialista de política internacional para entender, para saber
pelo senso comum que nesses países a Assistência Social é coisa séria, discutir
Habitação é coisa séria.
Se
você quer comparar a briga do Parlamento europeu e do Parlamento brasileiro,
vamos pensar quais são os problemas que são discutidos lá e aqui. Vamos pensar
qual o deficit habitacional na França, na Inglaterra,
na Rússia.
Nós
estamos aqui extinguindo uma empresa que simplesmente precisa cuidar de um deficit de um milhão e 800 mil domicílios. A CDHU vai ser
extinta, e é isso que eu queria que quem vota a favor desse projeto dissesse
nas suas redes sociais: “Olha, gente, por conta do equilíbrio de contas, eu vou
votar a favor da extinção da CDHU”.
Por
que não falam isso? Sabe por quê? Porque esse projeto é uma “persona non
grata”. Ninguém quer embalar esse Mateus. O Mateus está parido e ninguém quer
embalar. Vai colocar ele para andar sozinho compulsoriamente. Como assim? O é
de diversas formas aqui nesta Casa. Assim o é de diversas formas nesta Casa.
Voltando,
porque a Janaina fez uma fala muito séria, deputada Janaina, dizendo que a
oposição não trabalha, que a oposição não quer garantir o mínimo. O que a gente
não quer fazer é com que esse projeto passe.
E
uma coisa precisa ser muito ratificada aqui: não há possibilidade… Os nossos
projetos, para se ter uma noção, eles são barrados na Comissão de Constituição
e Justiça. Como a senhora acha que nós poderíamos aqui aprovar um rito, um
método ou qualquer coisa que seja? Não se aprova.
Então,
isso é injusto. É injusta essa fala da deputada Janaina, porque quem tem
coerência aqui e nunca muda de lado em relação a diversos temas, principalmente
nos que atingem diretamente a população, somos nós. E sobre isso, isso é
irrefutável.
Entendo
que deputados de outras posições por ora e por vezes aderem a essa luta, mas
nós nunca saímos do lado da população. Nós nunca pensamos no governo, porque
não é contra o governo e não é sobre o governo. A gente quer pensar e a gente
pensa como isso impacta diretamente a vida da população mais pobre.
O
que eu sei é que a CDHU atende famílias que ganham de um a três salários mínimos.
Sabe quem são essas famílias? Majoritariamente pessoas negras, que inclusive os
Estados Unidos - como o Barros Munhoz falou se aqui é igual ao Parlamento dos
Estados Unidos - está discutindo racismo há muito tempo. Aqui, a gente pratica
o racismo quando extingue uma empresa que exatamente vai suprir a necessidade
da população mais pobre, que é negra.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Gilmaci Santos.
* * *
Isso
se chama racismo institucional. Então, assim é impossível comparar o Parlamento
paulista com qualquer outro em termos de União Federativa, principalmente
porque outros temas, esses temas principalmente, como eu falei anteriormente,
que dizem respeito ao Serviço Social, à Moradia, estão garantidos.
Vou
terminar minha fala deixando o restante para a deputada… Não
dá mais. Desculpe, deputada Monica. Vou finalizar aqui repetindo: esse projeto
aprovado é igual à vida do cidadão paulista e do cidadão brasileiro, que é viver
inconstitucionalmente. A nossa vida é compulsoriamente inconstitucional. A
nossa existência é inconstitucional, porque é permitido que pessoas não tenham
comida; é permitido que pessoas não tenham casa; é permitido que pessoas não
tenham onde comer.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para conclusão, deputada.
A
SRA. ERICA MALUNGUINHO - PSOL -
É sobre isso. Votem “não” ao 529.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
Questão de ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI
SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, deputado
Campos Machado.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB -
Para encaminhar.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
Questão de ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI
SANTOS - REPUBLICANOS - O deputado Campos para
encaminhar pelo PTB.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
Questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI
SANTOS - REPUBLICANOS - Qual a questão de ordem,
deputado?
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO
- PARA QUESTÃO DE ORDEM - Presidente, a minha questão de ordem é
referente aos encaminhamentos, Arts. 210, 211 e 212.
O Art. 210 fala o seguinte: “No encaminhamento de votação, será assegurado, a cada bancada, por
um de seus membros, falar apenas uma vez, pelo prazo de dez minutos, a fim de
esclarecer os respectivos componentes sobre a orientação a seguir:
Parágrafo único - Na apreciação dos projetos de que trata o Art. 33, não será
permitida discussão, cabendo, porém, o encaminhamento de votação pelos respectivos
autores e por um dos membros da comissão de mérito que decidiu a matéria.
Art. 211 - O encaminhamento de votação tem lugar logo após ter sido anunciada
a votação.
Art. 212 - Não caberá encaminhamento de votação nos requerimentos verbais que
solicitem prorrogação do tempo da sessão ou votação por determinado processo”.
Presidente, a minha questão de ordem vai
no seguinte sentido: O Art. 210, do Regimento Interno, versa sobre
encaminhamentos, assegurando basicamente um encaminhamento de dez minutos por
partido.
Pois bem, ciente de que estou sem partido
e a minha expulsão foi acatada, Srs. Deputados, por esse presidente, em prazo
diferenciado, vindo a calhar com a presente votação e discussão da matéria, e
que não há previsão de encaminhamento por quem não tem partido, dado ser uma
situação “sui generis”, faço esta questão de ordem de modo a garantir meu
encaminhamento na atual sessão, qual seja a questão:
Tenho permissão de fazer o encaminhamento,
mesmo estando sem partido, tendo como base que esse instituto serve para
convencer os demais parlamentares em votação, presidente?
Importante deixar claro que a resposta à
presente questão de ordem não cabe em outro momento que não agora, dado
contrário este parlamentar terá o seu direito constitucional de participar de
discussões e votação cerceado pela figura de V. Exa., o que a democracia
participativa e esta Casa de Leis não podem permitir, sob pena de calarmos
214.037 cidadãos paulistas.
Lembrando que o mencionado dispositivo,
contudo, não cria qualquer limitação ao encaminhamento por quem não possui
partido ou é deputado da bancada de um deputado só. Por isso, pugno pela
possibilidade de pedir "pela ordem" para encaminhar meu entendimento
para os demais parlamentares desta Casa de Leis, pois é para isso que serve o
encaminhamento.
Assim, nos termos do Art. 65, inciso I,
alínea "h", do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo, pugno pela apreciação desta questão de ordem de modo imediato,
sob pena de a resposta não permitir o uso da palavra, presidente, para fazer
orientação aqui aos meus pares.
E complemento, Sr. Presidente. Pergunto a
V. Exa., já que o senhor participou do processo de votação, se é regimental que
o senhor presida esta sessão neste momento, visto que o senhor já participou do
processo de votação e o presidente Cauê Macris precisava seguir presidindo esta
sessão.
O senhor já fez aqui o seu voto, já teve a
orientação da bancada e o senhor preside a sessão aqui neste momento. Eu
pergunto para V. Exa. se é regimental neste momento. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI
SANTOS - REPUBLICANOS - Esta Presidência recebe a
questão de ordem de V. Exa. e será respondida no momento adequado.
Com a palavra o deputado
Campos Machado pelo tempo restante da sessão: cinco minutos.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Cauê Macris.
*
* *
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Só cinco minutos? Sr. Presidente, eu queria dizer ao deputado Maurici, da querida Franco da Rocha… Diz-se que Gonçalves
Dias dizia: “A vida é um combate que aos fracos abate e aos fortes e bravos só
faz exaltar”.
Eu prefiro perder do lado certo
do que ganhar do lado errado, mas aqui, nesta Casa, tem um artista, uma atriz que
acha que é responsável por tudo. O roteiro, dizia ela há pouco aqui da tribuna,
mentindo como sempre, que ela que fez tudo; ela que trabalhou. Aí eu indago: e
o meu roteiro? Se o meu roteiro fosse aprovado, caro deputado Douglas, essas
dez empresas seriam mantidas.
Aí eu pergunto à Sra.
Paschoal: qual é a vantagem que teve nesse requerimento aprovado, se o nosso,
se aprovado, meu caro deputado Telhada, ia manter as dez empresas? Eu indago:
por que só retirar quatro empresas? Me desculpe, deputado Barros Munhoz, com
seus cabelos enevoados pelo tempo e experiência, mas esse “projetocídio”
é um projeto que denigre a Casa, que traz a Casa para o chão.
O Art. 24 é um artigo suicida.
Tira as forças da Assembleia, reduz a Assembleia Legislativa a pó. Meu caro deputado
Sargento Neri, está aqui. Eu quero ver algum deputado contestar o Art. 24. Tem
aqui? Não.
Subitamente aparece a rainha
de Sabá. Aí a rainha de Sabá
se acha acima do bem e do mal. Ela sozinha fez tudo, por quê? Se ela tinha
tanto interesse em preservar as empresas, por que não permitiu que votasse o
nosso requerimento, deputado Caio França?
Eu saio desolado, triste. E
quando ataca o Partido Novo, com todas as dificuldades que eu possa ter com
ele, eu acho profundamente injusto. Vocês estão sendo injustiçados, porque vai
ter aumento de imposto sim.
Quem fala que não tem está no
time dos que vão receber emenda. Quem vai permitir que seis empresas das dez
sejam extintas vai receber emenda do governo sim. Nós queríamos aprovar,
rejeitar as dez empresas.
Nós não saímos perdedores não.
Nós saímos vencedores, porque lutamos em conformidade com a nossa consciência.
Lutamos pela verdade, buscamos horizontes. Sonhamos e imaginamos que esta Casa,
deputado Conte Lopes, ia ter coragem suficiente para se rebelar diante da mão
estendida de 30 milhões de emenda.
Eu sinto vergonha e vou deixar
esta tribuna envergonhado, entristecido, 30 anos nesta Casa. Nós estamos saindo
de rastros. Eu volto a dizer, meu caro coronel: nós não fomos derrotados não.
Nós fomos traídos por
vendilhões de plantão, parlamentares que acreditaram que vale a pena jogar a
consciência fora, votar contra o povo para receber 30
milhões de emenda. E um deputado hoje confessou na sua sala...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS
- PSDB - Deputado Campos, peço desculpas a Vossa
Excelência. Preservados os cinco minutos que restam ainda do seu
encaminhamento, nós esgotamos o tempo da presente sessão e V. Exa. terá
oportunidade de concluir a fala de V. Exa. em um próximo momento de deliberação
desta matéria.
Então, esgotado o tempo da presente
sessão, está levantada a sessão.
*
* *
- Encerra-se a sessão à
zero hora e 40 minutos.
*
* *