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19 DE FEVEREIRO DE 2020

11ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CAUÊ MACRIS

 

Secretaria: GILMACI SANTOS e SEBASTIÃO SANTOS

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Coloca em discussão, em 2º turno, a PEC 18/19.

 

2 - CAMPOS MACHADO

Solicita uma verificação de presença.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Determina que seja realizada a chamada de verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.

 

4 - TEONILIO BARBA LULA

Para comunicação, faz indagação a respeito da pauta da presente sessão.

 

5 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Presta esclarecimentos ao deputado Teonilio Barba Lula.

 

6 - CAMPOS MACHADO

Para questão de ordem, argumenta que esta Casa deve parar a tramitação da PEC 18/19 até que o mérito de dois mandados de segurança concernentes à propositura seja julgado no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

 

7 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Acolhe a questão de ordem do deputado Campos Machado, para respondê-la oportunamente.

 

8 - PROFESSORA BEBEL LULA

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19 (aparteada pelos deputados Emidio Lula de Souza e Carlos Giannazi).

 

9 - EMIDIO LULA DE SOUZA

Para questão de ordem, solicita que sejam retirados, da ata da 9ª Sessão Extraordinária, de 18/02/20, insultos dirigidos contra os manifestantes presentes nas galerias.

 

10 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Acolhe a questão de ordem do deputado Emidio Lula de Souza, para respondê-la oportunamente.

 

11 - EMIDIO LULA DE SOUZA

Para questão de ordem, pede que a questão de ordem apresentada pelo deputado Campos Machado seja respondida com celeridade.

 

12 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa que responderá à questão de ordem do deputado Campos Machado o mais rápido possível.

 

13 - PAULO LULA FIORILO

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19 (aparteado pelos deputados Edna Macedo e Conte Lopes).

 

14 - DOUGLAS GARCIA

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19 (aparteado pelos deputados Gilmaci Santos e Frederico d'Avila).

 

15 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Ordena que um dos manifestantes da galeria seja, posteriormente, responsabilizado judicialmente por gestos feitos contra um parlamentar.

 

16 - CAMPOS MACHADO

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19.

 

17 - EMIDIO LULA DE SOUZA

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19 (aparteado pelos deputados Janaina Paschoal e Campos Machado).

 

18 - ENIO LULA TATTO

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19 (aparteado pelo deputado Emidio Lula de Souza).

 

19 - CARLÃO PIGNATARI

Discute, em 2º turno, a PEC 18/19 (aparteado pelos deputados Douglas Garcia, Janaina Paschoal e Monica da Bancada Ativista).

 

20 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Lamenta que as discussões neste Parlamento tenham, a seu ver, assumido um caráter ideológico. Tece críticas aos manifestantes presentes nas galerias.

 

21 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA

Discute a PEC 18/19 (aparteada pela deputada Professora Bebel Lula).

 

22 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Responde à fala da deputada Professora Bebel Lula. Lembra a realização da próxima sessão extraordinária, com início previsto para as 21 horas e 41 minutos de hoje. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Discussão e votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda Constitucional nº 18, de 2019.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

                                                                

* * *

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, gostaria de pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Convido os deputados Gilmaci e Sebastião Santos para auxiliarem a Presidência em uma verificação de presença.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada. 

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado o quórum regimental para dar continuidade à sessão, agradeço ao deputado Gilmaci e ao deputado Sebastião.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Pela ordem, Sr. Presidente. Só em relação ao que vamos discutir agora. Vamos entrar em discussão sobre a PEC 18?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Já estamos em discussão.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Temos seis horas de debate?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sim.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Eu queria solicitar se a Mesa pode nos arrumar uma cópia do que foi discutido aqui ontem, do substitutivo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Publicado em Diário Oficial hoje. Se a assessoria de V. Exa. pegar o Diário Oficial de hoje, está tudo publicado.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Está publicado hoje, no Diário Oficial?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Sim.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Estou falando, presidente, porque ontem...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O consolidado? Foi distribuído inclusive pelo deputado Carlão Pignatari aqui na Mesa.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - O que foi distribuído ontem foi o método do roteiro de votação.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O consolidado só existe na hora do processo de votação, quando é feita a redação final, depois do segundo turno. Não existe processo consolidado neste momento. Não existe.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Então, e o texto que foi distribuído para a base aliada, que tinha alguns?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Provavelmente, algum deputado fez isso.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Estou perguntando, presidente, sabe por quê? Porque para nós não chegou, nem o roteiro que o senhor viu que pedi...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É que não é o papel da Mesa fazer esse tipo de trabalho.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Estou consultando se, depois da votação de ontem, assim que aprovou os 57 votos, aprovou a PEC 18, se a partir disso tem agora um texto que a gente possa olhar ou não, e debater em cima dele.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não existe texto feito pela norma, pela Casa ou pela Mesa da Casa. Se existe qualquer outro texto, foi consolidado por algum parlamentar, que deve ter distribuído.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Entendo que esse texto não é aquele mesmo onde o senhor nomeou o relator especial, que era o deputado Heni, que foi lido lá na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Depende do processo de votação. Os textos com as mudanças de votação se alteram constantemente.

Deputado Campos Machado.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Então quero ver se alguém tem.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Para uma questão de Ordem, Sr. Presidente. E peço desculpa...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Peço para colocar o tempo da Questão de Ordem no plenário. Vossa Excelência tem a palavra para fazer a Questão de Ordem. E aumentar o som do deputado Campos Machado porque ele está afônico hoje.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA QUESTÃO DE ORDEM – “Sr. Presidente, nos termos do Art. 260 e seguintes, do Regimento Interno da Assembleia, formulo a V. Exa. a seguinte Questão de Ordem.

Encontram-se no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado dois mandados de segurança, a saber: um, impetrado pelo nobre deputado Emidio Lula de Souza, do Partido dos Trabalhadores, sob o número “tal”, e o outro impetrado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Apeoesp, sob o número “tal”, ambos objetivando o trancamento da tramitação da Proposta de emenda Constitucional nº 18, de 2019, que altera o regime próprio da Previdência dos servidores públicos titulares de cargos efetivos no Estado de São Paulo.

Ambos os mandados de segurança tiveram a concessão de liminares, mediante decisão do próprio Poder Judiciário, no sentido de que esta Casa de Leis se abstivesse de prosseguir com a tramitação da PEC, até a análise do mérito da matéria.”

Sr. Presidente, eu gostaria que fosse feito um pouco de silêncio aqui para eu terminar a leitura. Se eu estiver atrapalhando os deputados, me avisem que eu paro.

“Dentro do devido processo legal, assegurada ampla defesa, a Mesa da Assembleia Legislativa ajuizou, perante o presidente do Supremo Tribunal Federal, medidas de caráter incidental, para suspensão das correspondentes seguranças, afetas às liminares concedidas.

O Sr. Ministro Dias Toffoli, presidente do STF, de imediato não concedeu a ordem para a suspensão das liminares, encaminhando pedido de informações a este Parlamento.

Decorridos quase 60 dias do ajuizamento dos pedidos de suspensão de execução de medidas liminares, o chefe do Poder Judiciário nacional deferiu os pedidos formulados pela Mesa desta Casa, e determinou a suspensão das liminares que trancavam a tramitação da PEC nº 18, de 2019.

No entanto, Sr. Presidente, os mandados de segurança que acima mencionamos ainda não foram apreciados no Órgão Especial do Tribunal de Justiça quanto ao mérito.

A decisão do Supremo Tribunal Federal não incide diretamente sobre o mérito argumentado nas peças judiciais ingressadas pelo deputado Emídio de Souza e pela Apeoesp. Incide, isso sim, sobre aspectos procedimentais da tramitação delas, ou melhor dizendo, incidentais no curso do processo judicial.

Tais decisões anularam exclusivamente atos decisórios de interlocução, não implicando julgamento final dos referenciados mandados de segurança.

Por esta razão, dependem, ainda, os pedidos de segurança, de avaliação do Órgão Especial do Tribunal de Justiça sobre a constitucionalidade ali arguidas nas peças processuais.

Neste sentido, é por obediência aos princípios...”

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir a questão de ordem, deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Se V. Exa. me permite, estou terminando.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - São três minutos. Não fui eu que soei, é automático. O sinal toca automaticamente.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Estou terminando, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Por favor, dou a palavra para a conclusão, deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pois não, Sr. Presidente. Para que tanta pressa? Estou terminando.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado, não sou eu que soo o sinal. É automático.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Mas será que essa campainha é tão mal-educada que impede que eu possa terminar?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Quando passa o tempo ela toca.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - “Neste sentido, é por obediência aos princípios da legalidade, do devido processo legal, da constitucionalidade das leis, e, principalmente, da segurança jurídica, que o Plenário desta Assembleia Legislativa tenha o dever de se abster de qualquer votação da Proposta de Emenda Constitucional nº 18/2019, sob o risco, em futuro próximo, de ter anulados todos os atos porventura adotados, a partir de agora, quanto à aprovação e/ou promulgação da PEC 18/19.

Regimentalmente, esta matéria não se encontra integralmente em condições de ser deliberada. Toda e qualquer decisão de seus pares poderá ser invalidada por uma decisão contrária do Judiciário quanto ao mérito da propositura.

É inadmissível darmos prosseguimento ao processo legislativo desta matéria, correndo-se o risco de, lá na frente, termos que voltar ao início da análise de seu conteúdo, trazendo não só descrença quanto à seriedade de nossos trabalhos, mas de consequências devastadoras para todo o funcionalismo público do Estado de São Paulo, razão pela qual  a presente  questão de Ordem se apresenta para que essa Presidência não convoque qualquer sessão para deliberação da PEC nº 18, de 2019, até que tenhamos a segurança jurídica necessária  para a convalidação da aprovação ou não da proposta enviada pelo governador João Agripino.”

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A Presidência recebe a questão de ordem e responderá no momento oportuno.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, para uma questão de ordem também.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não, qual é a questão de ordem de V. Exa., deputado?

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, no mesmo diapasão do que disse o deputado Campos Machado, sabemos que houve a judicialização das duas propostas. A reforma da Previdência, ela é representada pela PEC que está sendo debatida hoje, a PEC nº 18, de 2019, e também pelo PLC nº 80.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Qual é a questão de ordem de V. Exa., deputado?

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Estou fazendo uma introdução.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não, a questão de ordem é objetiva, deputado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Então, estou explicando.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não é explicação. A questão de ordem é objetiva à Mesa. Vamos cumprir o Regimento, deputado Giannazi. (Manifestação nas galerias.) Vamos cumprir o Regimento.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Estou fazendo um preâmbulo da minha questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Qual é a questão de ordem de Vossa Excelência? Qual é a questão de ordem de V. Exa., deputado Giannazi? Qual é a questão de ordem de Vossa Excelência?

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - A minha questão de ordem é a seguinte: são dois projetos tramitando, uma PEC ...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Qual é a questão de ordem de V. Exa., deputado Giannazi?

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - ... que nós já entendemos que V. Exa. foi ao Supremo Tribunal Federal ...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Qual é a questão de ordem de Vossa Excelência? Está cessado o tempo de Vossa Excelência.

Quero chamar a oradora Professora Bebel para falar favoravelmente à matéria. (Manifestação nas galerias.)

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Pessoal... (Manifestação nas galerias.) Pessoal, vou falar uma coisa para vocês. Eu gostaria de começar a minha fala. Primeiro eu cumprimento os Srs. Presidentes.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O tempo de V. Exa. está correndo, Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Não, eu não aceito, porque o senhor tem que resolver a questão de ordem, Sr. Deputado. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O tempo é de Vossa Excelência. Pode ficar quieta e não utilizar da palavra o tempo que quiser. Eu não vou deixar que o processo de uma questão de ordem que não é como foi o formulado pelo deputado Campos Machado para colocar... Então, passo a palavra para Vossa Excelência. Está com a palavra a Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Bom, eu acredito, Deputado Emidio, que a Mesa, no caso o Sr. Presidente, deveria resolver essa questão de ordem. É assim que um presidente faz, não é? (Manifestação nas galerias.)

Eu quero que suspendam o meu tempo e resolvam a questão de ordem, porque, do contrário, o que a gente cria aqui é um impasse. É muito simples para a Mesa: ele acata ou não a questão de ordem, é isso que um presidente faz. (Manifestação nas galerias.)

Eu dou o aparte. Quem dá o aparte sou eu, Sr. Presidente. O senhor não permitiu que ele falasse. Quem vai dar sou eu, eu é que estou dando para ele. O senhor não foi nada democrático. Pode falar, deputado Emidio. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - A primeira coisa, deputada Bebel... (Manifestação nas galerias.)

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Eu só vou pedir para vocês nos ajudarem agora, por favor.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - A primeira coisa, deputada Bebel, é o seguinte: Eu estou fazendo um aparte a V. Exa. porque o presidente está agindo de maneira autoritária e desligando o microfone. Primeiro, ele deveria suspender o seu tempo enquanto ele não concede questão de ordem por este microfone, que é um direito dos parlamentares.

Então, me desculpe, mas o que eu quero dirigir a V. Exa. é que, primeiro, durante a sessão de ontem, extraordinária, há uma discussão entre os deputados Roque Barbiere e Arthur do Val. Quando um se dirigiu de uma forma que V. Exa. considerou inadequada, mandou retirar a expressão das atas do trabalho.

O que eu quero pedir em questão de ordem e que V. Exa. não atendeu é que as expressões usadas pelo deputado Arthur do Val contra as pessoas presentes no plenário também sejam retiradas das atas da Assembleia Legislativa de São Paulo, porque ele foi covarde contra as pessoas.

Aqui não é casa de desrespeito. Se V. Exa. enxergou desrespeito entre os parlamentares, tem que enxergar também de um parlamentar para um público que não pode se defender. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Um aparte, deputada Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - Pois não. Pode falar, deputado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Um minuto só; não vou atrapalhar o vosso tempo. Mas eu quero repudiar veementemente essa posição autoritária e fascista do Cauê Macris, do presidente da Assembleia Legislativa, que já no ano passado fechou a Assembleia Legislativa, envergonhou o Parlamento Estadual, impedindo a entrada de servidores públicos aqui, fechando todas as entradas.

A Assembleia Legislativa já foi fechada praticamente duas vezes: no Estado Novo de Vargas e na Ditadura Militar. E, pela terceira vez, foi fechada pelo presidente Cauê Macris.

E hoje ele cassa a palavra. Eu estava aqui fazendo uma questão de ordem, fazendo uma introdução jurídica, e ele cortou a minha palavra. E estava cortando agora das pessoas que queriam se manifestar também fazendo questões de ordem e pedindo um aparte. Isso é um absurdo.

O deputado Cauê Macris é um presidente autoritário, que está a serviço do Doria. (Manifestação nas galerias.) Ele quer mostrar serviço para o Doria, quer entregar para o Doria.

Eu acho que, deputado Enio Tatto, como vai acabar logo a gestão dele, daqui a um ano, ele quer ganhar de presente um cargo de secretário do Doria. Por isso que ele faz questão de ser mais realista do que o rei. Mas eu vou fazer o uso da palavra dentro de alguns instantes. E vou, aqui, fazer esse debate. Mas é lamentável a posição fascista e autoritária do presidente da Assembleia Legislativa. (Manifestação nas galerias.)

Obrigado, deputada Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - De nada. Acho que estamos aqui exatamente, já que o Poder constituído, o presidente da Casa não nos dá e nem promove a democracia, numa Casa que tem que ser democrática...

Aliás, eu nunca tive problemas de entender o que é uma Assembleia, o que é uma Casa de Leis com princípio de proporcionalidade. Parece-me que ele não sabe conviver com diferenças, não sabe conviver com a palavra democracia.

Aliás, eu fui interpelada ontem porque disse o que pensava sobre o ponto de vista como ele abordou a reforma da Previdência aqui no estado de São Paulo. Vocês, por ora, devem ter ouvido: “a Professora Bebel vai fazer uma fala favorável”.

Foi só uma tática para eu fazer essa primeira fala e permitir que os meus companheiros pudessem fazer uso da palavra, posto que estavam impedidos. Porque é simples: quando a gente quer, a gente resolve de maneira muito simples.

O que a gente faz? Ouve as partes. Como presidente, você toma o encaminhamento que lhe é de direito. Eu acho que a gente acaba com o conflito muito facilmente.

Mas eu quero dizer para os senhores e senhoras, todo público presente, guerreiros que estão aqui novamente: quem pensa que nos venceu no dia de ontem está enganado. (Manifestação nas galerias.) A nossa luta continua. Hoje estamos nesse tanto; amanhã, muito mais.

Porque amanhã, deputado Campos Machado, é votação do segundo turno. E eu, novamente... Porque toda vez que eu falo, e quando... E aí quero, de novo, falar com o deputado presidente Cauê Macris. Às vezes, o que eu falo aqui, ele fala: “ela fala que respeita, mas desrespeita”. Não, eu respeito. Ninguém pode dizer...

Às vezes, eu posso ter ingenuidade no início de um mandato. É uma coisa. Você comete erros, equívocos, deputado Roberto Engler. Mas nada intencional. Nada. E ele fala o tempo todo: “fala que respeita, mas...”.

Não, senhor. Nunca houve, da minha parte, um desrespeito com nenhum deputado e nenhuma deputada. Tudo foi em nome de uma causa, uma causa debatida entre os deputados. E não foram permitidas audiências públicas. Aliás, uma matéria desta envergadura não poderia ser aprovada a toque de caixa, do jeito como foi ontem. (Manifestação nas galerias.)

Eu duvido, deputado Engler; eu duvido, deputado Emidio, eu duvido, deputado Enio Tatto, eu duvido, líder, nosso líder Barba, que qualquer parlamento, aliás, eu não vou nem fazer páreo, mas, digamos que em Brasília teve 12 audiências públicas para tratar do tema.

Passou? Passou, mas debateu. Nós debatemos o quê? Nada, a não ser o líder da bancada funcionar no seu gabinete para pressionar deputados a votarem nesta reforma da Previdência, que, na verdade, carrega consigo uma reforma administrativa.

Que vocês estão ouvindo eu falar aqui subsídio está antecipando a reforma administrativa federal que, sequer, foi votada. A questão de colocar na reforma readaptados, pergunte por que são readaptados. Estou cansada de dizer isso aqui.

Os que ficam doentes por conta do trabalho no serviço público, pergunte por que ficaram doentes. E, mais que isto: a alíquota de 14% para quem ganha abaixo do piso salarial profissional nacional.

Nós ganhamos 29 ponto 25 por cento. Desculpe, Sr. Deputado presidente. Eu não tive a vida do senhor. Eu não tive a vida de muitos. Mas, tudo bem. A vida é assim, ela é composta de desigualdades. Mas, não quer dizer que porque eu vim de uma cama feita para eu deitar que o outro veio.

Como ferrar, como tornar difícil a vida de servidores públicos que levam a máquina do estado, assumido pelo líder do Governo aqui ontem. Ele mesmo disse: “Quem é que leva o serviço público no estado de São Paulo?” São os servidores públicos.

Então, nos valorize; então, nos dê a dignidade de ter uma Previdência justa. Porque o que foi dito aqui ontem, e vou repetir as palavras do meu companheiro Emidio de Souza.

O que ele disse: “Mudar as regras no meio do jogo é uma injustiça”. E, é isso que vai ser feito. Começou um jogo. Nós somos regidos por regime de Previdência. Vem essa, que não tem nada que assegure uma transição justa.

Mas, não se discute por que a isenção fiscal é tão alta neste estado. É altíssima. É mais do que propõe a reforma da Previdência. O governo faz uma reforma de 34 bi em dez anos. A reforma fiscal já vai para quase... nesse semestre já foi para mais de 30 bi. Quase 30 bi, isenção fiscal, aliás.

Uai. Vamos, então, conversar como gente grande; vamos abrir a caixa. Vamos discutir se funcionalismo tem grandeza. Eu estou acostumada a subir no caminhão e debater com eles.

Quando tem questões a serem admitidas, eles admitem. Mas, não abre. Só sabem dizer: “Tem rombo. Tem rombo. Tem rombo.” Só tem uma coisa para mostrar que não tem rombo: fazer audiência das contas públicas. Transparência total, para que a gente tenha clareza dos números.

Porque não dá para que um administrador da SPPrev, eu nem me senti nem um pouco segura com aqueles números que o Dr. José Roberto, com todo o respeito que eu tenho a ele, mas ele é do quadrilátero.

Ali, a conexão é maior. É quantos anos nós estamos contribuindo. E, quanto nós vamos ter mais para contribuir. E, é para onde foi esse dinheiro da contribuição. Até onde eu sei, até dinheiro do fundo de desenvolvimento da Educação básica, o Fundeb, e valorização do magistério foi retirado para pagar aposentado.

Então, onde foi o dinheiro? A gente vem pagando. Desde que somos professores pagamos através do Ipesp. Aí, foi feito uma Reforma da Previdência. Instituiu os 11%. O governo deveria, deputado Emidio, colocar duas vezes a cota-parte, que é 22%, mas não colocou.

Aí é que está o rombo. Agora vem tirar o rombo nas nossas costas. Em dez anos vai sanar? Leva dez anos para sanar a dívida pública? Ou vamos imputar isso a uma má gestão.

E aí, nós, servidores, não temos como pagar o preço de uma dívida que foi pública no espaço em que agiu, mas ela não foi transparente conosco, com a população paulista. E nós queremos que isso seja de forma transparente.

Eu peço para vocês, peço para os Srs. Deputados e Sras. Deputadas, nós formamos, muitos de vocês tiveram filhos em escolas públicas. Quem foi que formou? Foram professores. Quando vocês vão aos postos de Saúde, quem é que atende?

O servidor da Saúde. Para que fazer essa injustiça com quem já é injustiçado pelo estado de São Paulo e pelo estado brasileiro? Para que fazer essa injustiça? (Manifestações nas galerias.)

Eu quero dizer que lamento muito que a forma açodada dessa reforma aconteça, mas me sinto muito, muito segura com a presença de todos vocês nesta Casa. E amanhã vai ter três vezes mais do que temos hoje, porque também fizemos uma convocação de massas.

Forte abraço e muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, o nobre deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Qual é a questão de ordem?

 

 O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Artigo 127 do Regimento Interno.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não, pode fazer, deputado.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Diz o Art. 127 que, além da ata referida no artigo precedente, haverá ata impressa dos trabalhos, que conterá todas as ocorrências da sessão anterior e será publicada no Diário da Assembleia.

Tem um parágrafo único que diz que não será permitida a publicação de pronunciamentos que contenham ofensas a instituições nacionais, propaganda de guerra, etc, religião ou classe ou que configurem crime contra a honra.

Ontem, um deputado, aqui da tribuna, ao agredir os presentes aqui na Assembleia, chamando-os de vagabundos, ele ofendeu a honra dessas pessoas e a reivindicação, baseada no Art. 127, é que V. Exa. determine a exclusão da ata, dessa expressão do deputado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo a questão de ordem de V. Exa., e responderei no momento oportuno.

Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Segunda questão de ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - A questão de ordem formulada pelo deputado Campos Machado, sobre a questão elencada por ele, se não for respondida por V. Exa. de imediato ela perde objeto? Porque se a Assembleia deliberar antes dessa deliberação da Questão de Ordem, ela perderá o objeto.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu tenho prazo regimental para fazer a resposta e a farei o mais rápido possível.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sra. Deputada, público presente, que acompanha essa tentativa de atropelar, impedindo questões de ordem, telespectadores da TV Alesp, e assessorias.

Eu queria dizer ao presidente desta Casa, o deputado Cauê Macris, e ao deputado Heni, do Novo, que foi o relator, que seria fundamental, deputado Cauê Macris, que o relator pudesse ocupar essa tribuna para dizer o que o relator apresentou como proposta para ser discutida.

Por quê? Porque ontem nós fizemos aqui um debate exaustivo e, ao final, o governo conseguiu 57 votos. Aliás, conseguiu, segundo a deputada Edna Macedo... Aliás, deputada, eu gostaria muito que a senhora pudesse repetir o pronunciamento da senhora aqui, hoje, para que esses que nos acompanham entendam a posição da senhora e a revolta que a senhora trouxe a esta tribuna no Pequeno Expediente.

Eu considero fundamental, porque assédio, pressão, não é possível. O governo não pode fazer pressão sobre os deputados. Os deputados aqui são inimputáveis. Eles têm que decidir com a sua consciência e com a sua opção política. Não com a pressão do governo. (Manifestações nas galerias.)

Então, eu queria pedir para a deputada Edna, se quiser usar o microfone de apartes, ou se inscrever, que fique à vontade, porque eu tenho certeza que a senhora dará uma contribuição importante, principalmente para aqueles deputados que estão em dúvida, ou que mudaram de voto ontem.

Porque mudar de voto pode, o que não pode é ser pressionado o que não pode é ser coagido, o que não pode é ter a mão forte do governo para mudar o voto. Isso não pode. Isso não pode, isso não é democrático, isso é a pressão pura, e nós não vamos permitir isso.

Vamos discutir seis horas, vamos colocar questão de ordem, e eu queria ouvir a deputada. Aliás, eu acho que ajudaria muito para esclarecer essa discussão. Deputada Edna Macedo.

 

A SRA. EDNA MACEDO - REPUBLICANOS – COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Boa noite a todos. Nobre deputado Paulo Fiorilo, é verdade, eu cheguei a esta tribuna para justificar. Não justificar, mas dizer ao povo... Como disse a deputada Beth Sahão, ou a Lia, que ela ficou muito triste porque perdeu. Ela confessou ali: “puxa, nós ficamos tristes e tal”.

Eu quis dizer que eu não fiquei triste, não, por votar “não” e ter perdido, mas votei com a consciência tranquila. Dormi em paz, graças a Deus, porque não voto contra aposentado, não voto contra pensionista e não voto contra o servidor público, porque é uma vergonha.

O senhor imagina bem. Nunca tem dinheiro para pagar os aposentados. Todo ano se aumenta a energia elétrica, aumentam os pedágios, o plano de saúde, a farmácia, os remédios altíssimos, o custo.

Então, o aposentado já ganha uma miséria. Uma miséria. O salário mínimo é mínimo mesmo, não tem como. O que que acontece? As pessoas desempregadas, elas vivem, muitas vezes, do salário do avô, da avó, do pai, da mãe, que são aposentados, porque estão desempregados, e este pacote de maldades... Eu não sou conivente com esse pacote de maldades que o governo quer fazer.

Não é justo que nós é que vamos pagar o pato, porque quem deve bilhões não é cobrado. Empresas que devem milhões e milhões, e é justo que nós é que vamos pagar o pato? Negativo.

Eu voto e votarei contra, e pensa bem, deputado, vão passar os anos, eu não sei se estarei viva, mas quem viver verá, que vai chegar a hora que vai dizer que esta proposta, essa emenda, ou essa reforma da Previdência já não vale mais, porque está defasada, porque não tem mais dinheiro.

Por quê? Porque roubam, metem a mão, e não tem condição de nós pagarmos. Entendeu? Por isso eu falei, hoje o deputado Frederico d’Avila propôs aqui fazer, inclusive, um Requerimento de Informação, porque o governador não governa, ele fica viajando, parece até um...

Nós é que estamos pagando essas viagens para Dubai, para aqui, para acolá, Emirados, Europa, Estados Unidos. Então, ele parece que quer ser o presidente, mas, por mim, ele não vai ser presidente nem do quarteirão onde ele mora, se você quer saber. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Eu pedi para que a deputada Edna Macedo desse esse depoimento, porque eu considerei um depoimento fundamental para que aqui, esta Assembleia, esses deputados e deputadas entendessem a importância de dizer não a essa reforma, e é por isso que nós vamos insistir para dizer “não” a essa reforma.

E eu vou dialogar com o relator da reforma. Reparem só, o principal argumento desse governo é: “Não há recursos e nós precisamos fazer a reforma”. Eu disse ontem aqui, por isso que eu quero ouvir o deputado Heni. Reparem só, eu vou contar a verdade.

Olhe só, a deputada Edna já apontou. Há pouco tempo esta Assembleia votou uma reforma porque estava no fim, porque ia acabar, porque não tinha dinheiro; fez a reforma. Anos depois querem fazer outra reforma para tirar dinheiro de quem? Dos trabalhadores. Por que não tira dinheiro dos empresários? Vamos lá aos dados, deputado Heni.

No ano de 2019, o estado de São Paulo arrecadou em valores nominais 257,44 bilhões de reais em receitas. Se considerarmos a inflação acumulada no ano de janeiro a dezembro, o valor arrecadado é 264,49 bilhões, o que representou um aumento de 2,5% em relação a 2018, quando o estado arrecadou 258 bilhões.

A receita tributária, que inclui a arrecadação de impostos, taxas e contribuições também aumentou em 12% - foi de 185,28 bilhões arrecadados com tributos em 2019 e, se considerarmos a inflação acumulada, o valor é de 190,47 bilhões.

Ontem, eu disse aqui que esse Governo do Estado - porque é do PSDB, porque é do Doria, porque foi do Alckmin, porque foi do Serra - desonerou as empresas em ICMS em 2019 em mais de 20 bilhões. Mais de 20 bilhões em ICMS e IPVA.

Por que tira dos trabalhadores para dar para os ricos? Que Robin Hood é esse que tira dos pobres para dar para os ricos e coloca a faca no pescoço dos deputados para votarem contra os trabalhadores?

Por que nós não abrimos a caixa preta da Previdência do estado para discutir com seriedade? Por que nós não trazemos aqui os dados necessários para dizer: “Olha, tem problema; não tem problema; é possível mexer aqui ou mexer acolá”?

Sabe o que nós estamos fazendo? Um arremedo. Ontem, aprovou por 57 e depois os deputados ligados à polícia vieram pedir que a bancada votasse nas emendas para melhorar o projeto.

Que incoerência! Melhorar o que é ruim para salvar a pele de alguns? Por que nós não votamos aqui a proposta de reforma apresentada pela Professora Bebel, que não traria nenhum problema e evitaria consertar um erro?

Eu gostaria muito de ouvir o deputado Heni, que foi o relator, gostaria. Espero que ele se inscreva. Até agora não havia ali a inscrição do deputado, mas eu quero dizer mais. Se houve arrecadação acima da inflação, o governo possivelmente deve ter gastado bem, em áreas importantes do estado.

Pois bem, quando a gente olha a execução, eu vou dar um dado que eu acho que é importante. Secretaria de Habitação: gastou -12%, um problema gravíssimo no estado. Secretaria de Saúde: -1,9 por cento. Vamos para a Secretaria de Segurança Pública, que era a prioridade do governador; que aliás foi o argumento para poder aprovar com 57 votos: -0,1 por cento.

Esse é o governo. Bom, e ele gastou onde? Gastou em comunicação; gastou na produção de fake news; gastou produzindo programas que não existem. Chega, basta de hipocrisia.

Nós vamos decidir sobre a vida de milhares de pessoas, que envolvem seus familiares, que envolve o futuro dos filhos dos netos de vocês. Nós não podemos aqui achar que é qualquer coisa isso. “Ah, vamos votar. Vamos tirar direitos, vamos ampliar tempo de trabalho”.

Bom, é verdade, as pessoas hoje vivem mais. É real. Agora, vivem mais em que condição? Vivem mais como? Porque vivem tendo que pagar mais e ganhar menos. Reparem só, durante a vida toda das pessoas - aquelas que podem - elas contribuem com plano de saúde.

Quando ela chega na melhor idade, o plano de saúde explode. Ela precisa de mais remédios. Ela precisa de mais cuidados. E aí a gente tira de quem mais precisa? Essa é a lógica perversa do capitalismo liberal moderno, que não olha para quem precisa? Esse governo não está preocupado com os trabalhadores.

Não está preocupado com a assistência. Não está preocupado com os jovens, com as crianças. (Manifestação nas galerias.)

Esse governo está preocupado em fazer a disputa eleitoral antecipada. E vai perder. Disse aqui a deputada Edna: “Não ganha nem para síndico de prédio ou guarda de quarteirão”. Eu também concordo. (Manifestação nas galerias.)

Sabe por quê? Se olharmos as declarações do governador, mesmo os textos publicados nos grandes jornais, quando se refere ao crescimento do estado, para ele, trabalhador, para ele, pobre, não existe.

Não tem uma citação nos seus textos. Sabe por quê? Porque a preocupação dele é outra. É com os empresários. É com os seus. É com quem ele senta todo o dia para dialogar. Não podemos permitir que esse governo retire direitos.

Vamos fazer o debate durante seis horas. Vamos discutir, debater, e procurar convencer aqueles deputados que se preocupam, como a deputada Edna, o deputado Conte, o deputado Telhada, aqueles que têm clareza.

Porque, deputado Conte, eu sei o quanto o senhor sofreu ontem. Pena que não estava todo mundo aqui para ver. Aliás, não está todo mundo aqui para ver porque tem gente lá fora que não pode entrar. (Manifestação nas galerias.)

O senhor foi pressionado o tempo todo para dar o voto “sim”. Vou dizer aqui: Conte Lopes não é do meu partido. Não comunga com as minhas ideias em muitas coisas. Mas ontem foi homem o suficiente para dizer para o governo: “Não! Eu vou votar ‘não’.” (Manifestação nas galerias.)

Você, Conte, mostrou que é possível ser deputado sem se curvar, sem arregar. Vou conceder um aparte, que o meu tempo está acabando.

 

O SR. CONTE LOPES - PP - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Agradeço o aparte, nobre deputado. Sou funcionário público há 52 anos. Não posso votar contra o funcionário público. (Manifestação nas galerias.) Não adianta, deputado, falarem que para a Polícia Militar vai ser diferente. Vossa Excelência é um homem da Política, que sabe que a lei muda de um dia para o outro.

Hoje o presidente da República é militar. Daqui a dois anos o presidente da República é outro. Vem para o estado o problema da Polícia Militar também, como já vivi isso há muito tempo. Em 1970, na época do militarismo, havia um artigo que falava da Polícia Militar na Constituição da época.

Dizia o seguinte: nos estados haverá as polícias militares - era Força Pública, virou Polícia Militar em 1970 - cujos componentes não poderão ganhar mais do que os militares das Forças Armadas. Só tinha isso.

Então, amanhã ou depois, o que está falando da Polícia Militar pode mudar com uma simples canetada.

Obrigado. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Eu queria agradecer o deputado Conte Lopes. Para terminar, dizer que espero dos outros deputados, daqueles que estavam em dúvida, daqueles que votaram e mudaram o seu voto, que tenham o exemplo, tanto na deputada Edna quanto no deputado Conte, para dizer e ter coragem de enfrentar o governo. Para dizer “não” à reforma. Não à retirada de direitos.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, nobre deputado Douglas Garcia. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu gostaria de cumprimentar todos os pares aqui na Casa, os nobres deputados estaduais aqui presentes, servidores da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, público que nos assiste na galeria da Assembleia Legislativa, todos os policiais militares presentes, e aqueles que nos assistem também na Rede Alesp.

Senhores, hoje é um dia muito importante para o estado de São Paulo porque estamos votando - estamos discutindo, melhor dizendo - em segundo turno a reforma da Previdência estadual, a reforma da Previdência paulista.

Uma reforma que vai impactar muitas, muitas gerações. Uma reforma que é importantíssima para o estado de São Paulo. Eu defendo que exista, sim, uma reforma da Previdência, assim como defendo que exista uma reforma tributária, assim como defendo que exista uma reforma administrativa, porque isso é necessário e não só para o Brasil. (Manifestação nas galerias.)

É necessário para o estado de São Paulo, isso é necessário para todos nós. Nós precisamos de uma reforma. Precisamos fazer com que o estado fique mais enxuto.

Vou batalhar para que esta reforma da Previdência fique idêntica e parecida com a reforma de Bolsonaro e Paulo Guedes. Bolsonaro e Paulo Guedes trouxeram uma reforma justa ao Congresso Nacional e precisamos dessa reforma aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo também.

Eu gostaria de que todos os deputados desta Casa olhassem as emendas relativas à reforma da Previdência estadual, para que possamos fazer com que essas... Fique à vontade, deputado. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Um aparte, nobre deputado?

Nobre deputado, eu queria só ponderar com V. Exa., com os deputados, principalmente os deputados da oposição, com a Professora Bebel, que aqui se diz que as pessoas que estão no plenário hoje são professores. (Manifestação nas galerias.)

Então, no meu entendimento, professores são educados, coisa que não estão mostrando aqui nesta tarde. São intolerantes, porque só gostam de ouvir o que eles querem ouvir. (Manifestação nas galerias.) Não conseguem ouvir o contraditório, não conseguem ouvir aquilo que não os agrada.

Então, professores, parabéns pela educação de vocês, por ouvirem o deputado que está na tribuna. Estou honrado por ter vocês como professores do estado de São Paulo. (Manifestação nas galerias.)

 

 O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Continuando aqui, Sr. Presidente, gostaria de dizer que Bolsonaro e Paulo Guedes sempre pensaram no servidor público, sempre pensaram no funcionalismo público e é por isso...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só um minuto, deputado Douglas. A câmera está filmando Vossa Excelência. Quando sair lá fora, por favor, aquele senhor de preto, quero que ele seja levado para a delegacia.

Não agora, não agora. Pode deixá-lo no plenário. Aquele senhor de preto. Qualifica. Quero que ele responda a um processo judicial. (Manifestação nas galerias.) Agora não! Agora não! Policial! Policial! Policial! Policial! Agora não! Agora não! Agora não!

Não tem problema. Ele agrediu um deputado, ele agrediu um deputado e vai ser qualificado na saída. Ele vai ser qualificado na saída e vai responder pelos atos obscenos. Vai responder pelos atos obscenos.

Não quero que o retirem agora do plenário, mas ele vai ser qualificado e vai responder judicialmente pelo gesto que fez ao deputado. Vai responder criminalmente. As câmeras foram focadas e já tenho imagens do gesto dele. E isso vale para qualquer outra pessoa que atacar parlamentar nesta Casa. (Manifestação nas galerias.)

Devolvo a palavra a V. Exa., deputado Douglas Garcia.

 

 O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Muito obrigado, presidente Cauê Macris. Agradeço a V. Exa. pela defesa. Assim como também defendo que os deputados estaduais de esquerda, do PT, do PSOL, tenham sim prioridade para poderem falar desta tribuna. (Manifestação nas galerias.)

Sr. Presidente, não serão gritos da oposição que irão me calar. Eu vou concluir o meu discurso e vou dizer tudo aquilo que é necessário para o estado de São Paulo ir para frente, que é a aprovação desta reforma da Previdência, com as emendas que transformam esta reforma da Previdência parecida com a Previdência nacional, a Previdência federal, que foi promulgada por Paulo Guedes e também por Jair Bolsonaro. (Manifestação nas galerias.)

Jair Bolsonaro pensa, e muito, no servidor público, no funcionalismo público, e é por isso que está reformando o nosso país, seja com a reforma da Previdência, seja com a reforma tributária, seja com a reforma administrativa. (Manifestação nas galerias.)

Por falar nisso, senhores, gostaria de citar, sim, o presidente da República. Ontem, enquanto a deputada Monica falava mal do presidente por alguma razão que não sei, que não tem absolutamente nada a ver com a reforma estadual, mas V. Exa., inclusive, falou mal não só do presidente da República, como também de Paulo Guedes. (Manifestação nas galerias.)

A senhora usava uma máscara do Pinóquio. Gostaria de dizer a V. Exa. que a senhora nunca, jamais na sua vida, usou uma máscara que combinasse tanto com sua personalidade.

Inclusive, se não fosse por parte de algumas outras pessoas, jamais consideraria que fosse uma máscara, mas, de fato, a senhora, enquanto falava do presidente da República.

Então, senhores, essas palavras que trago aqui são palavras de apoio ao presidente, porque precisamos fazer com que essa reforma estadual seja, sim...

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Eu só queria dizer que é o seu discurso que eu acompanho usando o Google. É o seu discurso que eu acompanho usando o Google.

 

 O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Peço a V. Exa. que respeite o meu tempo. Peço a V. Exa. que respeite o meu tempo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência dá um aparte para ela?

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Não concedi.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Então, devolvo a palavra a Vossa Excelência.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Ele me citou. Então, eu já disse o que eu queria dizer.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Muito obrigado, presidente. Nós precisamos focar no servidor público, e esta Assembleia tem que trabalhar também em prol do servidor público. E é por isso que nós precisamos de uma reforma da Previdência.

Sem a reforma da Previdência, nós não vamos conseguir; nós vamos quebrar o nosso estado. E não apenas a reforma da Previdência, como também uma reforma administrativa. E trabalhar para que todas as instituições respeitem o servidor, principalmente em se tratando do professor.

Ora, nós temos aqui o melhor ministro da Educação, Abraham Weintraub, que fez com que os professores da rede básica tivessem, sim, um aumento substancial no seu salário. E eu não vi a Apeoesp parabenizando o ministro da Educação por essa ação.

Mas o ministro da Educação, assim como o presidente, e eu tenho certeza de que essa Assembleia também, vai trabalhar para que o funcionalismo público, principalmente os professores, seja respeitado.

Também falando, Sr. Presidente, gostaria de puxar o gancho da questão da disciplina. Porque os professores estão sendo muito desrespeitados na sala de aula. É uma indisciplina enorme que acontece. Nós temos, infelizmente, pseudoalunos que agridem professores, pseudoestudantes que agridem professores. Os nossos professores merecem total respeito. Eles merecem um salário de qualidade, de dignidade.

E o nosso ministro Abraham Weintraub tem tentado trazer isso, através, principalmente, dos colégios cívico-militares, porque nós precisamos, no nosso Brasil, de maior disciplina nas escolas.

Vou trazer um exemplo aos senhores do que aconteceu ontem; inclusive, muitos deputados trouxeram isso à tona. Foi para a imprensa, muitas pessoas falaram a respeito disso, que é o acontecido na Escola Estadual Prof. Emygdio de Barros, na zona oeste de São Paulo.

Todos eles viram como foi a atuação da Polícia Militar. Mas o que me impressiona é que eles pegam o caso na metade, eles não mostram o que aconteceu anteriormente.

E muitos disseram, ainda, o seguinte: “ah, porque nós precisamos trabalhar com o diálogo, precisamos trabalhar com a conversa, precisamos trabalhar através do diálogo com essas pessoas”. Ora, eu vou mostrar para os senhores, nobres deputados, o que esse tipo de gente estava fazendo ontem lá na Escola Estadual Prof. Emygdio de Barros.

Esse moleque - repito, esse moleque - chamado David tem várias ocorrências na Polícia Civil, diversas ocorrências na Polícia Civil. E ele foi detido pela Polícia Militar e levado daquela forma.

E pasmem os senhores: eu achava que se tratava de um estudante, eu achava que se tratava de uma pessoa que merecia atenção. Não; era uma pessoa perversa, uma pessoa má, uma pessoa que estava lá sem ter a autoridade para tal, uma vez que ele não era mais estudante. É um ex-aluno e estava ocupando um lugar que não era dele.

Um espaço público não é um espaço de zona, e infelizmente aquilo aconteceu. A direção da escola chamou a Polícia Militar para ir até aquele local, para poder retirar aquele indivíduo.

E pasmem os senhores: descobri também que esse mesmo indivíduo chamado David, registrado através de um boletim de ocorrência, havia feito o quê? Agredido estudantes no ano passado, na sala de aula. Agrediu estudantes. Ouvi falar também que quebrou o nariz de uma menina.

E eu vi, senhores, deputados de esquerda, pessoas de esquerda defendendo esse elemento, defendendo esse ser infeliz que agride mulheres. Isso é um verdadeiro absurdo. Também descobri, através de boletins de ocorrência registrados contra esse estrume, que ele havia cortado o fio da porta eletrônica da escola, que cuidava da questão de segurança.

Olha só que absurdo, olha só que tipo de gente que eles estão defendendo. Empurrou um professor de cima da escada, fez o inferno na escola, causou o máximo possível, para que aquela escola se tornasse um verdadeiro inferno, desrespeitando os professores.

O que a Polícia Militar do Estado de São Paulo fez foi garantir a disciplina e a ordem. Então, ficam aqui registrados os meus parabéns à PM paulista. Se não veio ninguém aqui para defendê-los nesse sentido, trago aqui esse moleque que fez essa balbúrdia ontem na escola.

É um demônio, que tem que ser expulso sim. Tem que ser expulso, não pode permanecer no ambiente estudantil. Tem que estar na cadeia. Um ser humano desse não pode frequentar a sociedade, porque não tem capacidade intelectual, não tem capacidade cognitiva, não tem absolutamente nada.

Mas sabe o que mais me enoja, o que mais me traz asco? É que o Sr. Presidente do Condepe, Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, está lá defendendo, defendendo esse traste, defendendo esse lixo.

Para isso, o Condepe funciona; para isso, a imprensa funciona; para isso, os deputados de esquerda funcionam: quando é para defender aquilo que não presta, quando é para defender bandido, quando é para defender mandrião, quando é para defender pessoas que estão à margem da lei.

E, está lá o Sr. Dimitri Sales. O Sr. Dimitri Sales tem que ser expulso do Condepe. O Sr. Dimitri Sales, ele é, sim, infelizmente, o que há de pior no Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, abertamente petista, e está lá advogando para quem não presta.

É um verdadeiro advogado do diabo, sim. Tem que ser expulso do Condepe. Tem que permanecer dentro do Conselho dos Direitos da Pessoa Humana quem defende a pessoa humana, e não esse tipo de coisa aqui, que, infelizmente, ocupou as escolas públicas.

Eu não vou aceitar que aconteça nenhum tipo de injustiça com aqueles policiais militares que atuaram ontem. Porque esse ser humano aqui que foi retirado da escola não vale o ar que respira, não vale nada, tem que estar preso. Esse ser humano aqui tem diversas ocorrências na delegacia de polícia. Esse ser humano aqui, esse tal de David, tem que estar atrás das grades.

Não são os policiais militares que têm que responder, não, Sr. Governador. Não é os policiais militares que têm que responder, não; é quem faz esse tipo de balbúrdia nas escolas.

Então, fica aqui, Sr. Presidente, registrada mais uma ação que esta Casa tem que fazer, além da aprovação da reforma da Previdência: é cuidar para que os nossos professores tenham, sim, respeito.

Porque esse tipo de lixo humano que ocupou as nossas escolas não está trazendo respeito. Começa-se a partir do momento em que a direção da escola é convocada para retirar um meliante de lá. A partir disso, senhores, não tem nem o que sequer discutir. Não tem nem o que se quer discutir.

Não é aluno, é ex-aluno. Não quer saber de estudar, quer saber de bagunçar, quer saber de ficar cortando a energia da porta da escola, quer saber de ficar agredindo estudante, quer saber de ficar empurrando professor de cima da escada, quer saber de ter representação no Ministério Público, na Promotoria da Infância e da Juventude.

Porque eu, diferente de vocês, fui pesquisar. A Rede Globo de televisão passou hoje o dia inteiro achincalhando os nossos policiais militares, fazendo a caveira dos nossos policiais militares.

Mas, não disseram o que esse projeto de bandido estava fazendo dentro da escola, fazendo com que as nossas escolas se transformem naquilo que é hoje: esse câncer de educação transformado através do podre método Paulo Freire para o nosso País, que, infelizmente, também precisa ser extirpado, assim como o câncer é extirpado do corpo humano.

Então, senhores, fica aqui registrado o meu repúdio à Rede Globo de televisão. O meu apoio, sim, à reforma da Previdência, e a todas as ações que fazem com que nossos servidores sejam respeitados.

Deputado Frederico d’Avila, fique à vontade. Concedo aparte.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PSL – COM ASSENTIMENTO DO ORADOR – Só um aparte aqui, deputado Douglas.

O seu discurso aí bastante intenso, como sempre. Mas, aqui na galeria nós temos a prova que o ministro Weintraub estava corretíssimo ao dizer que a Educação brasileira é uma balbúrdia.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL – Exatamente, deputado Frederico d’Avila. A Educação brasileira, infelizmente, está uma balbúrdia, formando cada vez mais não estudantes, mas militantes políticos.

As escolas se tornaram trincheiras comunistas de formação de militantes, que não sabem o que falam, que não sabem o que faz. E, o resultado disso é isso que nós vimos acontecendo nessa escola na zona oeste de São Paulo.

Senhores, esse pseudoestudante chamado David é uma pessoa má, é uma pessoa perversa, é uma pessoa que não vale o ar que respira, e que foi retirado daquela escola de forma devida.

Então, fica aqui registrado mais uma vez os meus parabéns à Polícia Militar do Estado de São Paulo, que agiu prontamente para que a ordem seja estabelecida no ambiente estudantil.

E, isso precisa, senhor, se repetir? Não, não precisa se repetir. É necessário que exista um mínimo de disciplina, um mínimo de respeito aos professores. E, é por isso que nós precisamos de colégios cívico-militares; é por isso que nós precisamos de reforma da Previdência, para garantir o salário do servidor público lá na frente; é por isso que nós precisamos de reforma administrativa; é por isso que nós precisamos privatizar cada vez mais, enxugar o estado cada vez mais.

E, transformar este País, ao contrário das políticas subversivas do Partido dos Trabalhadores, do PSOL, e dessa esquerda em geral, que tomou conta da Educação brasileira.

Então, fica aqui registrado meus, mais uma vez, parabéns à Polícia Militar do Estado de São Paulo. E, olha, vai acabar. Vai acabar. Como costumam dizer da Polícia Militar do Estado de São Paulo, eu faço aqui um paralelo. Não acabou, vai acabar, indisciplina em ambiente escolar.

E deixo aqui, também, o meu próximo paralelo. Heróis de farda para batalhar, eu canto viva à Polícia Militar. (Manifestações nas galerias.)

Meu muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, nobre deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, peço desculpas à galeria por estar afônico, mas eu não poderia deixar de vir aqui defender aquilo em que eu acredito. Essa Previdência é uma bobagem, é uma estupidez, é uma ofensa a todos nós.

Quero me referir agora a um covarde de plantão, a um delinquente moral. Eu quero saber, deputada Edna Macedo, se esse tal de “meu sogro falei” tem coragem mesmo. Ao Tribunal de Justiça eu fiz uma interpelação judicial para que ele confirme que, aqui nesta Casa, de maneira adoidada, deem “rachadinhas” e nepotismo.

Ele não vai poder rasgar os ofícios que rasgou ontem, feitos pelo meu chefe de gabinete. Se ele rasgar o ofício do desembargador do Tribunal de Justiça, eu vou elogiá-lo. Mas vocês acham que ele tem coragem disso? (Manifestações nas galerias.)

Eu disse ao deputado Camarinha que eu não ia responder, nunca, ao deputado “meu sogro falei” se ele não estivesse aqui. Ele está aqui. Está aqui da maneira como chegou, não mudou nada. É o mesmo picareta. (Manifestações nas galerias.)

É o mesmo, não mudou nada. É falso, porque, se ele fosse homem de verdade... Ele já sabe que foi intimado pelo Tribunal de Justiça. Venha aqui. Rasgue o ofício do Tribunal. Mostre que é corajoso. Mostre que é valente.

Eu quero dizer ao deputado “cunhado falei” que eu não vou entrar para o lado pessoal. Vou respeitar o seu lado pessoal. Estou falando apenas como parlamentar. Vou respeitar seu lado pessoal. Até quando eu não sei. (Manifestações nas galerias.)

Por isso, quero deixar bem claro. Por favor, deputado “titio falei”, na próxima vez espere eu estar aqui. Fale na minha frente. Sabe, deputada Leci... Eu pedi que fosse enviado a ele um simples ofício, para que ele ratificasse as ofensas que fez. Não, ele fala de maneira genérica.

Ah, deputado Arthur, V. Exa. merece pena. Eu tenho pena de Vossa Excelência. Vossa Excelência, ao invés de respeito, merece pena, mas eu quero fazer uma saudação especial também a duas mulheres aqui desta Casa nesta noite, a deputada Márcia Lia e a deputada Edna Macedo, que, de maneira explícita, clara, cristalina - a deputada Edna até com mais ênfase - criticaram o comportamento do Sr. João Agripino.

Diz a deputada Edna, tem que comprar óleo de peroba para a cara de pau que ele tem, fazendo vergonhosamente assédio moral a outros prefeitos. A deputada Edna, e a minha deputada de Araraquara tiveram coragem. O que os outros comentam particularmente comigo que isso acontece, mas eles têm medo, medo de perder as emendas.

As duas não. A deputada Edna Macedo é base do governo. Ela veio aqui e disse, textualmente, “quanta cara de pau deste governador”, e eu quero que qualquer partido, que não seja o PT, venha aqui e diga que os seus prefeitos não estão sendo assediados pelo Sr. João Agripino. Um só. Todos, mas aqui fala mais alto o novo partido da Casa, o “PDE, o partido das emendas”.

Vocês sabem por que eu apresentei essa Questão de Ordem, minha gente? Aqui nesta Casa, na entrada, tem um mata-bobo. Aqui não tem bobo. Não tem. Imagine que essa Previdência, essa PEC que nós estamos discutindo hoje, está “sub judice”. Isso quer dizer o quê? O Tribunal de Justiça não julgou o mérito ainda, não decidiu a questão dos relatores especiais, não discutiu. Apenas o presidente do STF suspendeu a liminar.

Eu quero fazer uma indagação aqui, deputada Leci Brandão. E se, porventura, nós votarmos essa PEC e, no futuro, o Tribunal de Justiça entender que o deputado Emidio e a deputada Bebel tinham razão? Como é que ficamos? Quem que vai ser responsável por isso?

São dois e dois mais quatro. Só Caetano Veloso é que diz em sua música que dois e dois podem ser cinco. Aqui, tirando o Caetano Veloso, ninguém mais pode afirmar isso. Os casos não foram julgados ainda, Srs. Deputados, apenas as liminares foram caçadas. Não se discutiu ainda, deputado Freitas, se o relator especial...

Que o senhor queira ser covarde, tudo bem, mas conversar para atrapalhar minha conversa... (Manifestação nas galerias.)

Sabe, Sr. Presidente, é com sacrifício que eu estou hoje aqui. Estou afônico, mas uma coisa que eu não tenho é medo - o que muita gente nesta Casa tem - e lado. Aqui, eu já vi gente beijar a fotografia do Bolsonaro; no dia seguinte, abraçado com o João Agripino. Não vou dar o nome não. Todo mundo sabe quem é. Prestaram uma homenagem aos judeus.

Aí uma ex-bolsonarista estava lá para dar o seu apoio ao Sr. João Agripino. O político tem que ter lado, uma cara só. Eu estou contrariando - o deputado Roque Barbiere sabe disso - a minha esposa, a minha filha e o meu irmão que é médico, que pediram para não vir aqui falar, mas eu estou aqui para dizer que esta Assembleia pode cometer um ato contra ela mesma.

Nós não temos condições por enquanto, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, não tiver o mérito decidido desse mandado de segurança. Nós estamos votando no escuro. E quero avisar também que vou impetrar um outro mandado de segurança em cima da questão de ordem para salvaguardar a história desta Casa, a história de Emílio Carlos, a história de Franco Montoro.

Não a história do “Vovô Falei”. Eu estou dizendo a história de Franco Montoro e a história de políticos que têm trajetória de vida. Daqui a pouco vão subir outros deputados, como disse o Sr. Arthur Barbosa, sobrinho do grande Rui Barbosa, que no ofício que o meu chefe de gabinete dirigiu a ele, ele apontou erros de português. Eu prefiro errar no português do que errar na questão de consciência.

Eu prefiro ser penalizado, deputado Camarinha, por ser um advogado analfabeto do que ser um bandoleiro moral. E é por isso que eu quero fazer um desafio aqui. Venham aqui os advogados de plantão, aqueles que falam que são advogados. Venham aqui, provem, demonstrem que as questões de mérito não estão ainda decididas.

Pelo amor de Deus, Srs. Deputados, o que é que vai acontecer se nós votarmos essa Previdência maluca e amanhã o tribunal por um motivo qualquer decidir, por exemplo, que não cabe relator especial? Como é que nós ficamos? E quem recolheu o recurso? E quem recebeu? Esta Casa não pode ser inconsequente.

Esta Casa não pode ser irresponsável. Nós estamos escrevendo a história. Por favor, esqueçam o Campos Machado. Esqueçam o deputado Roque Barbiere, o deputado Arthur. Alguns até mudaram de opinião. É feio mudar de opinião. Eu prefiro perder do lado certo do que ganhar do lado errado.

Eu prefiro. O meu mal, o defeito que tenho, é que não tenho jeito para trair as pessoas. Fiquei do lado de Geraldo Alckmin e não traí o meu amigo Geraldo Alckmin como grande parte das pessoas traíram. Mudaram de lado. Pularam. Sim, senhor. Eu assumo as amizades. Eu assumo as amizades, Arthur.

Não sou covarde, não. Eu assumo as amizades. Não tem mais um alckmista aqui na Casa. Tem eu, porque eu não mudo de lado. Defendo, sim, Márcio França, ex-governador, a quem apoiei. “Ah, mas o PSDB não defende”. Não importa. Eu defendo Márcio França. Eu defendo. (Manifestação nas galerias.)

O que não posso é ser traidor. Por isso quero terminar pedindo: senhores e senhoras deputados, reflitam. Este não é o momento de errar. Não é uma emendazinha qualquer, que vai fazer com que esta Casa perca o trem da História.

Para terminar, Sr. Presidente. Os mandados de segurança não foram julgados, ainda. Santa Mãe de Deus! Será que estou falando para gregos e troianos?

Sr. Presidente, quero, ao final, agradecer ao meu amigo e irmão, deputado Roque Barbiere. Que, na minha ausência forçada de ontem, não permitiu que o covarde de plantão, na minha ausência, dissesse o que disse e fizesse o que fez.

Muito obrigado, deputado Roque Barbiere, pela sua atitude de homem, de amigo e de companheiro. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, o deputado Emidio Lula de Souza.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Vossa Excelência me permite uma Comunicação?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada, eu vou pedir desculpa a V. Exa., deputada...

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Só um minuto.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Janaina, se eu abrir comunicações, vamos começar uma guerra de Comunicações. Peço a V. Exa., se puder se inscrever para falar, e usar o tempo regimental, seria melhor. Com a palavra, o deputado Emidio.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Deputado Emidio me dá um minuto?

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Concedo. Concedo o aparte.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu gostaria de fazer um esclarecimento. Porque acho que esta Casa merece esse esclarecimento.

Houve uma cerimônia de homenagem aos sobreviventes do Holocausto. Fui a essa cerimônia, homenagear os sobreviventes do Holocausto.

Sou uma professora de Direito, uma advogada, uma defensora da democracia, (Manifestação nas galerias.) uma estudiosa dos totalitarismos, uma leitora aguerrida de Hannah Arendt. Então não posso admitir ironia, graça e desrespeito com o povo judeu, que sofreu todo tipo de perseguição e ainda sofre.

Então não me parece adequado ironias com o sofrimento do povo judeu. Fui à cerimônia em respeito à memória das pessoas que sofreram. Não para atender interesses políticos ou político-partidários. A pessoa que, infelizmente, enxerga um comportamento interesseiro em toda e qualquer ação, é porque assim age. A pessoa que assim age, mede as demais pela sua régua.

Só isso, excelência. Muito obrigada ao colega Emidio. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Me dá um aparte?

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Vou conceder um aparte ao deputado Campos. Mas vou pedir brevidade. Com prazer, deputado Campos.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Não sei por que a senhora Paschoal fez alarde. Não me referi a ela. Não sei por que tanto alarde. Se ela vestiu a carapuça, é problema dela. Não me referi a ela, Sr. Presidente.

Mas, como não quero tomar o tempo de V. Exa., quero dizer que a Sra. Paschoal tem que se preocupar com outra coisa: com uma palavra chamada “lealdade”. Basta perguntar ao Sr. Miguel Reale o que é isso. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT – Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente às galerias da Assembleia Legislativa de São Paulo, público que nos acompanha, certamente com uma alta audiência, pela TV Assembleia, pelo site da TV Assembleia, eu queria começar, deputado Barba, nosso líder, dizendo que a idiotice é uma coisa que sempre houve no mundo.

A imbecilidade sempre houve. Mas o grande problema da imbecilidade, da burrice e da ignorância é quando elas assumem postos de comando e representação nos parlamentos. (Manifestação nas galerias.) 

Eu gostaria, deputada Bebel, de dizer que sempre desconfio de autoridades que falam grosso com pessoas mais fracas e falam fininho com quem tem poder. (Manifestação nas galerias.) Queria dizer a V. Exa., presidente Cauê Macris, que se V. Exa. desse o mesmo tipo de ordem para a Polícia Militar, como deu para silenciar os manifestantes, se a desse para proteger esta Casa, não teria tido assalto no banco da Assembleia. (Manifestação nas galerias.) Não teria.

Não entendo qual é a graça. Qual é a graça de uma Casa, qual é o objetivo de uma Casa Parlamentar, território do debate, campo da troca de ideias, da divergência, da construção, qual é a graça se, neste lugar, não se pudesse ouvir a voz das pessoas que nos trazem até aqui.

Hoje, 24 horas após esta Casa ter aprovado a primeira versão... (Manifestação nas galerias.) Pessoal, eu gostaria... Vinte e quatro horas depois de a Assembleia Legislativa ter aprovado, em primeira discussão, em primeiro turno, a votação da reforma da Previdência do governador Doria, é hora da reflexão.

Por que o legislador criou, deputada Erica, o primeiro e o segundo turno de votação em alguns projetos de lei, principalmente nas votações de emenda constitucional?

Criou exatamente para que, entre um e outro, você pudesse raciocinar sobre o que está sendo feito, você pudesse pensar um pouco, você pudesse se aconselhar com quem você acha que deve se aconselhar. E é o que espero que os deputados e as deputadas tenham feito nas últimas 24 horas.

Que tenham ouvido não o comando das Polícias Militares, mas tenham ouvido os policiais que trabalham nos 645 municípios do estado. Espero que tenham ouvido não apenas os apelos do governador do estado e do secretário da Educação, mas tenham ouvido centenas de milhares de professores ativos e inativos deste estado.

Que tenham ouvido as pessoas que trabalham nos hospitais públicos de São Paulo há tanto tempo. Se ouviram, eles vão se dar conta do tamanho da injustiça que se desenha nesta Casa.

Aqui, entre tanta bobagem que se falou, se falou que temos um ministro da Educação que é isso e aquilo. Primeiro, para esse ministro se fazer minimamente respeitar... O dia em que ele aprender a escrever a palavra “interessante” com dois “S” e não com cedilha, vamos começar a dar valor para alguma coisa que tenha.

Mas essa história de autoridade falar com gente que tem pouco poder, com gente mais fraca, e se afinar na frente de poderosos, essa história está fazendo escola no Brasil.

É um presidente que bate continência para a bandeira americana, um presidente que fica em frente à TV aplaudindo quase de joelhos o discurso do brutamontes Donald Trump, mas, quando chega na hora de agredir jornalistas, de praticar agressão sexual vergonhosa contra jornalista, quando chega na hora de agredir funcionário público - o seu ministro dizendo que funcionário público é parasita -, quando chega na hora de tirar direitos, ele se enche de coragem.

A mesma coisa é o governador de São Paulo, João Doria. Aqui às vezes eu vejo, deputada Beth Sahão, uma briga, parece que é um arremedo de briga entre o PSDB e o partido do Bolsonaro. O Doria apoiou o Bolsonaro e depois fez de conta que não apoia, depois faz de conta que não quer nada...

Eu vou falar uma coisa: se o Doria quer se diferenciar do Bolsonaro, a primeira coisa que ele deveria fazer é parar de agir como o Bolsonaro. A cabeça dele, quando ele estimula a violência da Polícia, a cabeça dele é a cabeça do Bolsonaro. Quando ele envia essa reforma da Previdência para tirar direitos, é a cabeça do Bolsonaro. Portanto, Doria, você e Bolsonaro são exatamente a mesma coisa, são banana do mesmo cacho.

Não tem diferença alguma entre vocês. A única diferença de vocês é querer... Líder, ontem você trouxe água para mim, você podia providenciar de novo. O Carlão também trouxe ontem. Mas olha, a única coisa que pode diferenciar é ele tentar ser diferente no que faz, mas eu pergunto: qual é a ideia de Doria para o tamanho do estado?

 Quando se fala de reforma da Previdência, se está falando exatamente disso. É a mesma filosofia de que o Estado tem que ser mínimo, que o Estado tem que ser enxuto, que o Estado não pode ficar dando abrigo para uma serie de serviços que não é tarefa dele, que tem que privatizar.

Nobre deputada Leci Brandão, todas as vezes que um cidadão ou uma cidadã ouve falar de Estado enxuto... Ouve falar de Estado enxuto não, enxuto está certo, mas isso de que tem que privatizar, você sabe o que tem que ler nas entrelinhas?

Você tem que ler menos Educação para o povo que precisa, você tem que ler falta de Saúde para o povo que precisa, você tem que ler menos segurança, e você tem que ler serviço público de péssima qualidade.

A primeira coisa que eles fazem é querer desmontar o serviço público, e o começo disso é retirar direito dos servidores, esse é o caminho mais curto que eles encontram para fazer valer o interesse do mercado.

Quando se fala que o servidor público, o professor, as pessoas são parasitas, na verdade ele está querendo que este Estado vire inteiro escola particular, vire hospital particular, que aqueles que garantem segurança...

Tem gente aqui que enche a boca para falar de Segurança, mas não vê, no concreto, a situação dos policiais militares, não vê. E pode ter certeza que vem gente aqui agredir o óbvio do óbvio do óbvio, gente que vem falar do que aconteceu na Escola Emygdio de Barros ontem, ao lado da minha cidade de Osasco. Aquilo é o maior escândalo, uma violência inominada. As pessoas deviam ter vergonha de defender aquilo, deveriam ter vergonha.

Não importa quem é o menino. A primeira coisa que os fascistas fazem é deformar a biografia das pessoas, é querer criminalizar quem não tem crime algum, é querer...

Você sabe o que aquele menino estava fazendo ali, por que começou? Começou porque ele estava querendo estudar, e a direção negou vaga para ele. Se ela quisesse alguma coisa, e não tivesse, ela que procurasse outra vaga, mas não resolver dessa forma violenta, cruel, covarde como foi resolvida. É por isso que exige punição.

E eu fico olhando aqui, às vezes, gente que vem aqui falar que professor não tem educação, como se ter educação fosse ficar quieto diante das injustiças. (Manifestação nas galerias.)

Olha, a educação não é só o que você sabe escrever, o que você sabe fazer de conta ou o que você sabe de lições de história, ciência, geografia. A educação é preparar as pessoas para um mundo justo, para ser cidadão.

Se os professores não derem exemplo, os alunos que eles formarem vão ser piores do que eles. Por isso que não se conforma. Não nós não somos um país de abaixar a cabeça. E os professores têm dado um exemplo de luta e resistência sob o comando da nossa querida deputada Bebel. Têm dado um exemplo de resistência. (Manifestação nas galerias.)

Eu fico olhando às vezes, aqui, Beth, alguém vir falar o seguinte: “ah, mas ele tinha antecedentes criminais; ele tinha passagem pela delegacia. É por isso que ele tem que morrer e apodrecer na cadeia”.

Eu pergunto o seguinte: se essa lição apregoada aqui servir para todo mundo, o presidente da república, que ele apoia, não chegaria nem aos pés da rampa do Palácio do Planalto. (Manifestação nas galerias.)

Não chegaria. Porque foi expulso do Exército Brasileiro, por organizar atentados dentro do Exército Brasileiro; porque é misturado com a milícia criminosa e assassina do Rio de Janeiro; porque ameaça testemunhas e protege os seus bandidos. (Manifestação nas galerias.) É por isso. E ainda encontra guarida em parte do Poder Judiciário.

Por isso que eu, hoje, acho que é hora de a gente fazer a reflexão. Aproveitar e primeiro entender por que tem primeiro e segundo turno de votação. Tem que se pensar se é justo alguém que entrou na carreira de professor ou na carreira de médico ou de enfermeiro ou de auxiliar de enfermagem ou da Polícia Militar, Civil, bombeiro...

Se alguém entrou nessa carreira com uma expectativa de direito clara, eu fico perguntando se é justo que no meio do caminho a regra seja mudada e não seja garantida sequer regra de transição para as pessoas que vão mudar. (Manifestação nas galerias.) O que já de justiça nisso?

Eu quero apelar para os 57 deputados e deputadas que votaram ontem, eu quero apelar para o senso de justiça, deputada Janaina, no sentido de que não vale a pena para ninguém, para deputado nenhum, por maior que seja a vantagem que vai receber, por maior que seja a quantidade de emendas que vai levar para a sua cidade, pensando em ter votos; não vale a pena ter qualquer vantagem para cometer tamanha injustiça.

E é para essa reflexão que eu quero convidar os deputados e deputadas. O que nós estamos fazendo aqui não pode e não deve ser um ato de agrado ao João Agripino Maia. Maia não, Doria. Mas é a mesma coisa. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputado Emidio.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - O que nós devemos fazer aqui - concluindo, presidente - é o exercício da reflexão, que a votação entre o primeiro e o segundo permite.

E eu espero e confio no espírito público dos deputados, porque aqui não é lugar de quem defende interesse privado; aqui é lugar de quem defende interesse público. Espero que garanta a vitória do funcionalismo do estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra, para falar contra, o deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público que nos assiste, quero cumprimentar todos os presentes aqui. Este plenário está lotado. Os plenarinhos estão totalmente lotados, o plenário Franco Montoro está lotado, e provavelmente vai lotar Paulo Kobayashi, e os corredores.

É isso. São funcionários públicos, lideranças, trabalhadores honestos, que trabalham, que ganham seu salário pequeno, que lutam pelos seus direitos se mobilizando.

Por outro lado, a Assembleia está cheia de forças policiais.

Nada contra os policiais. Pelo contrário, queria até parabenizar os deputados da área da Segurança que ontem aqui votaram, se não erro os números, sete contra a Reforma da Previdência, e apenas quatro favoravelmente.

Então, provavelmente, muita gente que está aqui trabalhando, está trabalhando com dor no coração de ver os deputados votarem uma Previdência que vai atrapalhá-los também.

Então, é um absurdo.

E, depois do que aconteceu ontem, e pela primeira vez, desde que sou deputado, vi o uso de uma manobra regimental para fazer com que o presidente pudesse votar para completar os 57 votos necessários para a aprovação da proposta.

Ontem, deputado se inscreveram para dar tempo para o deputado Itamar chegar do interior, para poder dar mais um voto favorável. E, pior de todos: tem gente que fala que não vai citar o nome dos colegas. Mas, nessa hora, não tem como a gente não abrir o jogo.

A gente tem que falar a verdade. Pouco tempo atrás a gente votou os precatórios, e eu subi à tribuna e falei que o PSL deu a vitória para o Doria.

Em cinco minutos de intervalo, o Carlão, líder do Governo, que é bom de argumento, liga para o Doria, liga para os secretários, chega no ouvido do deputado Frederico d’Avila e muda o voto do Frederico d’Avila. E, foi o voto que deu a vitória ao projeto dos precatórios.

Ontem houve uma primeira votação, em que 54 deputados votaram com o governo. Mas, de novo, desta vez, deputados mudaram votos na última hora. E sabem o que aconteceu, quem que garantiu novamente o quórum e os dois votos que faltavam? O PSL, do Bolsonaro.

A deputada Leticia Aguiar e o deputado – qual é o deputado que está aqui? – Douglas Garcia. Eu quero falar tanto sobre o Douglas Garcia que até esqueci o nome dele. Na primeira votação eles votaram contra.

Aí, eu não sei que milagre de novo que o Carlão, juntamente com o Doria, fizeram e de repente a deputada Leticia Aguiar – e os funcionários públicos municipais e estaduais lá de São José dos Campos já devem estar sabendo, devem estar felizes com ela - ela muda o voto e o Douglas Garcia muda o voto, e aí o governo obtém 57 votos.

O PSL, que é um braço do Doria, do PSDB, contribuiu com nove votos. Com nove votos. Então, não tem jeito. Se faltar voto para aprovar alguma coisa aqui do Doria, ou do PSDB, pode deixar que o PSL arruma. Imediatamente.

Se precisar de um, eles dão. Se precisar de dois, eles dão. Três, quatro e assim por diante. O deputado Douglas, e a gente precisa chamar a atenção, a pior coisa, deputado Emidio, é o cara cuspir no prato que comeu. É o cara abandonar a sua origem. Ele não está aqui em plenário, gostaria que ele estivesse aqui.

O menino Douglas Garcia, que subiu aqui e falou um monte de bobagem, de forma preconceituosa, rasteira, como vem fazendo desde o início do mandato, nasceu em um bairro ali na zona sul, no Buraco do Sapo, ali na região do Vila Joaniza, Cidade Adhemar, Jardim Luso.

Esses dias ele trouxe a avó dele aqui. Uma senhora simpática, uma menina linda, que encantou todo mundo na Assembleia Legislativa. A Deputada Leci se encontrou com ela. Foi até engraçado o que ela disse: “Menino, você não sabe o tanto de vez que eu votei no Lula e na Dilma”. Coisa mais linda do mundo.

A gente até brincou com o Douglas. O Douglas nasceu lá. Eu queria pedir para o Douglas Garcia que me dissesse sobre o seu tempo de infância, quando ele morava lá, no Buraco do Sapo, quando brincava com carrinho de rolimã com os amigos dele, pobres, e machucava um dedo, cortava o pé, a mãe dele e o pai dele o pegavam nos braços e aonde o levavam? No Sírio Libanês? No Einstein? Não, levavam a um pronto-socorro da prefeitura. Quem o atendia era funcionário público municipal. (Manifestações nas galerias.)

Quando ele cresceu ele não foi na creche porque naquela época não tinha creche. Quando ele foi matriculado em uma escola, ele foi matriculado no Pueri Domus? Naqueles colégios ricos? Não. A mãe dele, o pai dele foram lá na escola municipal ou estadual e o matricularam.

Quem o alfabetizou foram funcionários públicos. Agora ele chega... Dá uma olhadinha na fisionomia dele, é um garoto lá da periferia, como tanta gente. E aí ele chega aqui e chama um menino que foi espancado ontem, pisoteado, chutado pela polícia, de “moleque demônio”. Quantos meninos daqueles eram seus amigos de infância, Douglas Garcia? Lá onde você morava, onde a gente mora.

Você cresceu, se elegeu deputado e você esqueceu dos seus amigos, da sua origem. A maioria da sua família continua morando lá e continua tendo as dificuldades de toda a população da periferia de São Paulo, que são pobres, negros e que não tiveram oportunidades na vida.

Aí você cresce, sai de lá, não sei se está em Alphaville, nos Jardins ou no Morumbi e, de repente, entra dentro de você um ódio tão grande contra todo aquele pessoal de onde você surgiu.

Então, tome cuidado. Você está do lado errado. Você não tem cara de bolsonarista. Seu voto contra funcionário público que atendeu a você, a sua família e continua atendendo até hoje não tem explicação. Está em tempo de você mudar o seu voto. Fique do lado a que você pertence ou pertenceu.

Você só fez uma coisa legal ontem, quando subiu na tribuna, que foi corrigir a deputada Janaina Paschoal sobre a mentira que ela falou. Inventou e mudou uma frase, uma palavra de um discurso que eu fiz aqui, quando ela falou que eu tinha falado que ela tinha tão rápido caído no colo, sentado no colo, do Doria.

Você chegou aqui e corrigiu, você falou a palavra certa, que também não vou falar mais. Quando eu falei aquilo, quis dizer que ela caiu rapidamente nas graças dos governistas. O PSL caiu nos braços do Doria.

Vocês são a origem da dobrada Bolsonaro e Doria, não adianta esconder. Essa é a grande verdade, e vocês são a origem. Por quê? Porque é uma dobrada que persiste. O que o Doria pensa, o Bolsonaro pensa. O Bolsonaro chamou de desocupados e o Fernando Henrique de vagabundos, os aposentados. O governo Doria chama o funcionalismo público de parasita.

É a mesma coisa. É um pessoal que não gosta de pobre. Ou a reforma da Previdência vai prejudicar alguém que é rico? Não vai. Só vai mexer... Qual é o problema daquele cara que ganha 100 mil reais, 50 mil reais, de pagar 3% a mais, deputado Emidio, de contribuição? Nenhum.

Agora, um funcionário público que ganha mil e 100, mil e 500, dois mil, três mil reais ter de passar de 11 para 14% de contribuição, isso pesa na vida do cara.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Só um aparte, deputado, muito rápido, para lembrar o seguinte. O PSL está apoiando o Doria aqui, devolvendo o que o PSDB fez pela aprovação da reforma da Previdência do Bolsonaro lá. É crime lá e crime aqui. Sabe? É vergonha lá e vergonha aqui.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Se alinharam e se arrumaram imediatamente, e o pensamento deles... e foi por conta disso que inventaram tudo isso contra o Partido dos Trabalhadores, o impeachment da Dilma. A deputada Janaina foi uma... Estourou de voto, porque contribuiu com o golpe.

Quem não sabe? Por 45 mil reais ela assinou uma peça com a intenção de levar ao impeachment da Dilma. Não sou eu que estou inventando, todo mundo está sabendo disso, e ela foi uma das golpistas. Ela está do lado de quem? Votou com quem? Votou com o Doria. Na maioria das votações aqui vota com quem? Com o Doria.

Então, não tem jeito, caiu nos braços do Doria mesmo.  São muitos os deputados que não gostam de pobre. Agem contra os pobres, negros e mulheres. O impeachment, a tirada da Dilma e do PT do governo foi por quê? Porque foram governos que reajustaram o salário mínimo todo ano acima da inflação. Isso é horrível para a elite.

Porque criaram o Bolsa-Família, que, na época, foi muito criticado, mas hoje é uma unanimidade que o Bolsa-Família precisa atender ainda mais pessoas.

É um programa que o mundo todo aplaude. Para eles foi péssimo o Bolsa-Família, porque é menos dinheiro para os bancos. Os governos petistas criaram o Prouni, para dar oportunidade para os pobres estudarem. Isso foi uma desgraça para a elite brasileira.

Aí depois o pobre começou a ter dinheiro, ganhar um pouquinho mais, começou a voar de avião. Falaram: “mas ..., do meu lado aqui?”. “Avião é para rico”. E por último, que foi quando acho que o impeachment se concretizou, vimos a Dilma dar direitos trabalhistas para as empregadas domésticas.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Enio Tatto, vou pedir que V. Exa. conclua a fala.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Aí não deu. Aí não teve solução: “Vamos arrumar a Janaina para ela assinar uma peça para tirar essa Dilma daí”.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Enio Tatto, eu peço que V. Exa. conclua a sua fala.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - E hoje a gente percebe que foi um grande golpe. Era isso, Sr. Presidente. A gente vai voltar e continuar este discurso.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor o nobre deputado Carlão Pignatari.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Pela ordem, deputado Carlão.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente...

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Vossa Excelência me concede um aparte?

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Concedo sim, Sr. Douglas.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Muito obrigado, deputado Carlão. Apenas para responder aqui ao deputado Enio Tatto. Ontem, eu votei contrário ao método de votação. Não concordei com o método de votação, mas eu sempre disse que seria favorável à reforma da Previdência.

Foi por isso que eu votei “não” ao método de votação e votei “sim” à PEC que prevê a reforma da Previdência. E é claro quanto a questão de oposição, com todo o respeito que eu tenho aos deputados que compõem a bancada do governo aqui da Casa.

O Sr. Deputado Cauê Macris, deputada Carla Morando, tenho muito carinho por todos, mas eu tenho sido mais oposição ao governo Doria do que o Enio Tatto nos últimos meses.

Tenho falado muito mais contra o governador do que o Enio Tatto. Inclusive no primeiro dia de legislatura desta Casa ele rasgou elogios ao Governo do Estado. Falou elogios para o governador João Doria. E é claro, no que me diz respeito, eu nasci e vim do Buraco do Sapo sim, que é uma favela que fica aqui na região sul da cidade de São Paulo, entre São Paulo e Diadema.

E é claro, deputado Enio Tatto, gostaria de dizer a Vossa Excelência: eu sou conservador e de direita, porque a favela não aceita o banditismo. Eu sou conservador e de direita porque nós não aceitamos ideologia de gênero. Eu sou conservador e de direita porque eu não aceito ser feito de idiota dentro da escola através de doutrinação ideológica.

Eu sou conservador e de direita porque eu repudio o aborto. Eu sou conservador e de direita porque dentro da favela existem pessoas que têm valores e esses valores foram pisoteados pelo Partido dos Trabalhadores, que jamais vai entender como funciona a favela, que jamais vai entender como funciona o povão.

Vivem dentro de uma bolha. Jamais sairão dessa bolha. Não conhecem a favela, não conhecem a periferia e não têm procuração para falar por pobre nenhum neste Brasil. Muito obrigado.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente... Deputada Janaina.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Vossa Excelência concede um aparte? Eu gostaria só de propor o seguinte exercício de reflexão. Imaginem fosse um direitista olhando para um negro esquerdista e dizendo: “Olha a cara que ele tem. Olha a imagem dele. Olha a aparência dele”. Eu queria só... Eu posso terminar? Eu só gostaria...

Os senhores podem me deixar falar? Eu tenho orgulho de ter feito o impeachment. Foi meu maior feito até hoje e eu vou batalhar para que esse partido nunca mais volte ao poder. Eu vou usar todo o meu trabalho e a minha inteligência para que esse partido jamais volte ao poder, porque é um partido que quer os negros cativos.

É um partido que quer as mulheres cativas. É um partido que usa os gays, que usa os trans. É um partido que olha para um garoto que vem da periferia, um garoto negro, um garoto cuja família ainda está na periferia e diz: “Você não pode ter liberdade de pensamento. Você tem que ser um capacho. Você tem que beijar os nossos pés”.

O partido dos ricos, dos intelectuais, daqueles que estão nas universidades. Eu giro, eu giro. Vocês não voltam mais para o poder porque eu não vou deixar. Vocês não voltam mais. Eu tirei, e não vou deixar voltar.

Tenho orgulho do impeachment. É o seguinte: negro pode ser de direita, pode ser de esquerda. Negro tem que ser livre. Mulher pode ser de direita, pode ser de esquerda. Tem que ser livre. Vocês não vão mais deixar as pessoas cativas. Acabou a ditadura de vocês.

Vocês não aguentam ver um negro livre. Vocês não aguentam um negro livre. É isso. Vai ter que passar por cima. Vocês não voltam. Vocês não voltam nunca mais. (Palmas.)

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente...

 

A SRA. MÔNICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Só um minutinho, eu queria pedir para a deputada Janaina Paschoal ter a mesma coerência que o Sr. Douglas se referiu a mim, fazendo adjetivação de padrão de gênero há um minuto. E sou uma mulher negra de esquerda.

E queria pedir a mesma coerência para lutar contra o presidente que gasta milhões no cartão corporativo, que defende a milícia, que faz investigação paralela de crime de miliciano. Então a gente precisa dizer que o seu diploma de Direito não serve para defender a população dos interesses de miliciano.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu gostaria de falar um pouco sobre a Previdência. Mas, primeiro, fazer um agradecimento e um cumprimento muito especial à deputada doutora Janaina Paschoal. Parabéns pela sua fala, pelo seu compromisso com a democracia e com a verdade no Brasil.

Que alguns partidos, que se dizem democratas, a vida toda escravizaram uma esquerda de negros, de gays, de LGBT. Alguns partidos usaram essa ferramenta para poder se eleger e enganar o povo mais pobre.

Ouvindo o deputado Enio Tatto falar sobre o Prouni, o Prouni foi um grande programa de Educação para enriquecer os donos das faculdades particulares parceiras do Partido dos Trabalhadores a vida toda. (Manifestação nas galerias.)

Esse foi o Pró-Uni, que escolheu o único partido que ficou no governo por 13 anos. 13 anos. E escolheu quem seriam os homens que iriam ficar ricos no Brasil.

E não é isso que queremos. Não é isso que queremos. Quero, outra vez, cumprimentá-la e agradecê-la por conhecê-la aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo, pelo grande serviço prestado que a senhora fez ao Brasil. Na História brasileira vai ficar marcada pelo grande serviço que a senhora prestou.

Não adianta as pessoas virem falar que é golpe, que é isso, que é aquilo. Não é isso que aconteceu. O Brasil está passando por uma limpeza. Uma limpeza de ética, de moral, para melhorar cada dia mais a vida do povo brasileiro. Isso é importante. É importante cada um de nós fazer uma reflexão.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Me dá um aparte. Me dá um aparte. Me dá um aparte.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Se inscreva, deputada Beth. Tenho um respeito enorme, mas o meu tempo está acabando e não posso falar sobre isso agora. Se inscreva. Vamos falar.

Presidente, quero falar um pouco sobre a fala do deputado Enio Tatto. Na minha opinião de pessoa que não tem uma instrução tanto quanto alguns de dignam de ter, eu imagino: se a fala que o deputado Enio Tatto está aqui, se fosse eu falando em cima de um esquerdista, negro, que nasceu na favela, eu seria crucificado. “Ele foi homofóbico.”

Não é mais possível a gente ter isso aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo. Não é possível. Olha a cara de pobre. Olha esse menino que mora nos Jardins. Todo mundo tem o direito de melhorar de vida.

O Partido dos Trabalhadores não quer isso. Querem escravizar, deputado Douglas. Parabéns. Parabéns pela sua história, pelo que você defende com seriedade, com tranquilidade. E mostrando para as pessoas que podemos ter sim, nas comunidades do nosso estado, pessoas que pensam, porque o Partido dos Trabalhadores não quer que ninguém pense.

Aquele menino que entrou naquela escola não estava lá para pedir aula. Ele estava lá para bagunçar, para badernar. É isso que aqueles meninos estavam fazendo lá. Nós tivemos uma tragédia terrível em Suzano porque lá dentro...

Culparam a Polícia Militar porque deixou adentrar no recinto uma pessoa que não era estudante. Culparam as coordenadoras, culparam as professoras. Quem falou que não poderia ter acontecido isso ontem? Eu cumprimento.

É lógico que bater, socar, acho que não pode. Falei com o coronel Salles hoje, às sete e meia da manhã, o comandante-geral da Polícia Militar. Major Mecca, o senhor trabalhou com ele. Ele afastou os policiais para poder fazer a investigação - ou não sei como chama o procedimento na polícia -, mas apenas dos agressores.

Não é possível mais a gente pensar que pode... Tudo o que a polícia faz... Eu ouvi o deputado Emidio falar: “Repressão da Polícia Militar em cima das manifestações”. Que manifestações nós tivemos nos últimos dois anos aqui em São Paulo ou no Brasil? Acabou! O vale-coxinha, o vale-pastel acabou! Se acabaram. Não conseguem levar.

Eu vi um carro de som, se eu não estiver enganado, da Central Única dos Trabalhadores, há quinze dias, quando o presidente Bolsonaro foi à Fiesp. “Vamos por dez mil pessoas na frente da Fiesp”. Eu moro a 200 metros de lá. Não tinha 500 pessoas na manifestação. Isso é a história de uma esquerda falida no Brasil.

E o que estamos fazendo aqui é dar a garantia ao servidor público de que ele vai ter muito mais tempo com a garantia de poder receber o seu salário na inatividade ou na atividade. (Manifestação nas galerias.)

O governador do PT fez na Bahia. O governador do Maranhão fez. E com direito, com razão. Temos que resolver os grandes problemas que o nosso país tem. Não é possível.

Ouvi a deputada Edna Macedo falando hoje à tarde que o governador está viajando, gastando dinheiro público. Não é verdade. Não sabe o que está falando. Não é custeado pelo governo de São Paulo. Não é possível mais a gente ter inverdades se passando por verdades. E há muito tempo. Eu acho que o Brasil mudou, graças a Deus.

Concordo com muitas coisas que o presidente Bolsonaro fez, discordo de outras. É o meu direito. Não tem nenhuma discussão. Votei, sim, no Bolsonaro no segundo turno, para não deixar o PT voltar ao governo do Brasil. Foi por isso que votei, foi por isso que fiz campanha, porque isso era importante naquele momento. Mesmo tendo um respeito enorme pelo ex-prefeito Haddad.

Tenho um respeito enorme por ele. Acho que é um dos grandes quadros da política, mas que, infelizmente, está no lugar errado. Está lá. Agora, deputada Janaina, não está mais dando aula na USP. Vi isso no jornal. Está no Insper. Será que é porque é melhor? Ou porque paga mais? E ele está correto, ele tem o direito de fazer isso.

As pessoas têm o direito, como o deputado Douglas Garcia teve, de ter a oportunidade de estar aqui representando uma ala do nosso país, que é o Endireita Brasil. Ele tem o direito de ter nascido onde for, no Buraco do Sapo, onde for, e ter o direito de pensar, de responder, de falar.

Então, isso é muito importante. É muito importante para a história do Parlamento paulista, o maior parlamento da América Latina. Nós temos aqui, todos nós, responsabilidades. Veja o deputado Emidio: foi um grande prefeito da cidade dele. Teve que fazer coisas traumáticas ali, mas por quê? Para melhorar a vida das pessoas.

Queremos, sim, reduzir o déficit da Previdência para investir mais na Educação, mais na Saúde, mais na infraestrutura e mais, sim, deputado Emidio, na força de Segurança Pública de São Paulo, que precisa e necessita da melhoria dos salários, melhorar os equipamentos, melhorar as nossas delegacias. É para isso que todos nós estamos aqui.

Eu não tenho compromisso nenhum com as pessoas que trazem para este país... E disse aqui ontem, desta tribuna, que tenho um respeito enorme ao funcionário público, mas ao funcionário público trabalhador. (Manifestação nas galerias.)

Ao funcionário público que tem a vontade de fazer com que esse país cresça, que esse país se desenvolva, que esse país tenha uma história diferente, e não ao funcionário público que não quer trabalhar. Nem na empresa privada nem aqui no serviço público.

Então, mais uma vez, encerrando, quero dizer que ontem teve aqui uma fala da deputada Monica, uma pessoa que eu respeito aqui na Assembleia. Disse: “ai que saudade da deputada Marina Helou”.

Eu não posso aceitar isso. Eu tenho um respeito enorme pela Marina Helou. “Saudade das votações da Marina Helou”. Nós temos outra deputada que está substituindo. Isso não é mais possível. Quer dizer, se não vota com eles, não serve para estar no meio deles. Não é isso que o Brasil quer, deputada Janaina. Outra vez, me sinto orgulhoso e honrado, primeiro de conhecê-la; e segundo de ver a clareza das ideias que a senhora tem.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu quero, antes de chamar o próximo inscrito, falar uma coisa que eu acho que é extremamente importante. (Manifestação nas galerias.)

Primeiro dizer a todos os parlamentares que eu lamento muito, mas lamento muito mesmo que a discussão talvez mais importante da última década desse Legislativo esteja se tornando uma discussão não de mérito de um projeto importante como a Previdência, mas uma discussão ideológica.

O que eu gostaria de ver, deputado Campos Machado, é os parlamentares nessa tribuna discutindo questões importantes para o futuro desse estado, seja favorável ou contrário. Mas eu lamento. E aqui eu não quero fazer nem para um lado nem para o outro. Essa discussão ideológica barata. Essa discussão que não leva a nada.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Presidente, se inscreve.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Que o povo de São Paulo não ganha absolutamente nada. Envergonha a todos nós. Eu queria pedir um apelo aos parlamentares, que aproveitem esse tempo para discutir de maneira sensata, colocando as posições.

E mais do que isso: lamentar a posição dessa galeria, que acha que está num estádio de futebol. (Manifestação nas galerias.) Acha que está aqui e pode fazer o que bem entender.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Se inscreve, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É vergonhoso o que vocês estão fazendo. Vocês deveriam se envergonhar. Os filhos de vocês, as pessoas de vocês deveriam se envergonhar. Vocês não estão no estádio de futebol.

Isso não é a democracia. São vergonhosas essas posições. Vocês deveriam ir para o estádio de futebol tratar os deputados dessa forma, e não dessa maneira como vocês estão fazendo. Muito menos com os populismos desses que gritam ao meu lado aqui. Uma matéria tão importante.

Agradeço o voto de V. Exa., Emidio. Muito obrigado pelo voto de V. Exa.; fui eleito com o voto de Vossa Excelência. Muito obrigado pelo voto de V. Exa. para a sua presidência.

Muito obrigado. Então, a próxima vez não vote de novo. Agora, que é vergonhoso, é vergonhoso. Os filhos de vocês, a família de vocês. Queria mesmo que esse debate se encaminhasse de outra maneira.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Seja imparcial.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não é isso que o povo de São Paulo espera do Parlamento de São Paulo. Não é essa discussão. Não é essa discussão.

Com a palavra, a deputada Monica da Bancada Ativista.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Está bravo o Sr. Presidente, está bravo ele. Mas a gente também queria debater. E a gente também queria que o senhor tivesse ficado bravo e garantido o direito dos parlamentares de participar dessa discussão, que é de interesse dos servidores, quando essa matéria deveria ter tramitado pelas comissões. (Manifestação nas galerias.)

Quando essa matéria deveria ter tido o seu tempo de debate respeitado aqui nesse Parlamento. Quando a gente apresentou voto em separado e queria fazer o debate no congresso de comissões chamado às pressas, ou quando todos os líderes partidários aqui presentes disseram que não queriam votar essa matéria de maneira atropelada, o senhor deveria ter ficado bravo nesse momento, o senhor deveria ter garantido o direito de debate nesse momento.

Mas, não garantiu o direito de aparte. Não garantiu o direito de debate porque está interessado em aprovar isso no tapetão. Porque o debate que te interessa é o debate só da tua parte, presidente. E, o senhor não pode sentar nessa cadeira para defender as suas ideias e para ofender a plateia. Porque vergonha a gente tem da sua presidência.

E, o senhor, ontem, me perguntou se eu gostaria de sentar nela. Gostaria se o que estivesse sustentando ela não fosse...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Se eleja, deputada Monica. Se eleja.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL – Eu não te dou um aparte.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Dispute e se eleja.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL – Eu não te dou um aparte, presidente.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB – Deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL – Eu não te dou um aparte.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB – Deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL – Eu não te dou um aparte, eu ainda não terminei, eu já vou ceder um tempo.

Eu gostaria de sentar, eu gostaria de sentar nessa mesa, e eu fui candidata. Mas, eu sei que o que sustenta essa cadeira cheira a agrotóxico e autoritarismo, conservadorismos dos coronéis dos interiores que formam essa cadeira aqui, e que nunca viram uma mulher negra, periférica, que foi ofendida aqui hoje pela pessoa que você defendeu no lugar de gênero.

E, não vi a mesma criticidade em defender raça, porque só ouve o que interessa, assim como não ouviu as pedaladas fiscais de Bolsonaro, assim como não ouviu a defesa de milicianos, assim como não ouviu os acordos a portas fechadas, assim como não ouviu que tramitou ilegalmente aqui uma PLC que fala de uma constituição que ainda não existe.

E, eu não sou advogada, e não vou me atrever a te explicar aqui Direito básico. (Manifestação nas galerias.)

Só escuta o que quer. E, aí, eu já vou chegar no senhor. O senhor quer falar de moral, quer falar de respeito, quer falar de civilidade numa Casa que não garante direitos iguais a parlamentares diferentes.

E, não pode falar de moral se passou o dia inteiro ontem no desespero ligando para parlamentar, tentando fazer chegar, liberando emenda. Não é moral fazer legislação que beneficia sua própria empresa, e excluindo seu único concorrente. Não tem moral esta Casa. Não tem moral esta Casa.

Não dou aparte. A Bebel está inscrita primeiro. A Bebel está inscrita primeiro, e quando eu terminar a minha fala eu vou garantir que todos falem.

É um show de horrores? É um show de horrores fake? Então, vamos aqui colocar tudo em pratos limpos. Ninguém quis discutir. Ninguém quis peitar os acordos. A bancada da renovação política aqui, o Arthur Mamãe Falei: mamãe sou eu, tá, Arthur? Então, eu vou falar agora e o senhor ouve.

A bancada da renovação política aqui não se levantou diante dos acordos de portas fechadas, não garantiu tempo de debate, não sabe o que está discutindo, não teve acesso aos números: tanto que os eleitores do Arthur, que ele me mandou chatear ontem na rede, mandou os eleitores.

Passei o dia inteiro ouvindo gente muito educada e muito gentil me chamar de feia, como se eu me importasse ou como se eu estivesse aqui para debater a estética de alguém.

Mas, eles estavam discutindo o sistema previdenciário federal, e falando que a iniciativa privada, os trabalhadores da iniciativa privada é que pagam os servidores públicos. Meu Deus, não sabem nem o que é a SP Previdência. Não sabem nem que os servidores têm a sua previdência retirada da folha.

Então, vem aqui falar de gado? Vem aqui falar que não sabe o que está fazendo? Vem aqui ofender os professores? Vem aqui defender a liberdade de expressão? Falácia.

Esta Casa aqui é fake. Esta Casa aqui é fake. Este debate aqui é fake. Quem está aqui se levantando agora para discutir não valoriza o seu próprio trabalho, não tem um projeto que passe por comissões ou qualquer acúmulo de comissões aqui que chegue a este plenário.

Porque neste plenário só chega o que o governo quer e o que o governo permite. É tudo votado em regime de urgência dentro da sala do presidente, de acordos de interesses para os senhores: “Aprova o meu que eu aprovo o seu. Aprova o meu que eu aprovo o seu.”

Os trabalhos de vocês aqui são esses: garantir a manutenção das eleições nos seus municípios para as próprias eleições. Falamos a verdade? Agora, paramos com a papagaiada de “quero garantir o debate”, e etc.?

Queria garantir a Previdência dos servidores. Sinto muito, servidores públicos, por apreciarem esse vexatório espetáculo aqui na Assembleia Legislativa. Sinto muito que os senhores sejam agredidos constantemente. Sabemos que João Doria não tem apreço aos serviços e aos servidores públicos.

Ele sempre falou isso. O objetivo dele é acabar com a empresa pública. Ele está em uma competição com o presidente Jair Bolsonaro para ver quem acaba com o serviço público primeiro. Isso porque tem ódio ao pobre, porque já falaram muitas vezes aqui que o serviço público é a garantia do atendimento gratuito às pessoas mais pobres.

Então, o ataque não é só aos senhores, o ataque é a toda a população do País, que vai passar pela reforma administrativa, e do estado de São Paulo.

Agora vou respirar aqui, que eu também fiquei nervosa, faz parte, e vou dar um aparte para a Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - O microfone não está funcionando.

Bem, deputado, presidente Cauê Macris, o Art. 18 diz que o senhor tem que manter a ordem, e não incitar. Essa é uma questão. Quando o senhor cobra de nós, que temos que fazer o debate, eu quero dizer que todas as vezes que eu subi na tribuna... Olha, é como o senhor está fazendo agora. O senhor não respeita as pessoas. (Manifestações nas galerias.)

O senhor quer falar e quer que a gente fique ouvindo, mas quando a gente está falando, aí vem o playboy Frederico d’Avila salvá-lo, não é? É assim, o playboy vem. E o playboy, como sempre, salva o Cauê Macris, para que ele não seja colocado sob avaliação das demais pessoas.

É sempre o playboy. Podem observar. O playboy Frederico d’Avila, aquele que salva o Cauê Macris do voto de minerva do 899, que tirou os precatórios dos servidores públicos e aquele que, de novo, salvou a votação para o governo Doria.

E depois vem aos pequenos expedientes dizer que o governo Doria só viaja de lá para cá. Então, ele tem que decidir, o playboy, de que lado ele está? Do outro playboy, o Doria, ou ele é o próprio playboy. Ele tem que decidir.

Mas eu me inscrevi porque, se tem uma coisa que eu não admito, em hipótese alguma, é que se dirija à categoria da forma como se dirigem aqui. Quer ser respeitado, então aceite-os, porque não há nada, mas não há nada mais injusto do que o que está sendo feito com eles nesta Casa.

E o que ele quer? Que todo mundo fique amordaçado lá com seus direitos sendo retirados aqui?  E com a compra de deputados para votarem favoráveis a essa porcaria de reforma da Previdência.

Eu acredito que deveria ter uma salvaguarda aqui nesta Assembleia. E essa salvaguarda deveria ser o quê? Que nenhuma emenda pudesse ser disponibilizada para outro fim que não... tipo a impositiva. Não deveria ter flexibilidade de emenda nesta Casa.

Aí a gente acabaria com essa coisa que está acontecendo aqui, que é, na verdade, acabar com o processo democrático de um debate que deveria acontecer. Que ele cobra, mas ele não está nem aí para o debate.

Ele não respeita pobre, porque, e aí não é por ciúme, que eu não tenho ciúme, mas o senhor é preconceituoso, discriminador e autoritário. E vou dizer o porquê. Quando eu vou falar com o senhor, o senhor vira a cara.

Eu não tenho medo do senhor. O senhor pode fazer o que o senhor quiser, mas eu não tenho medo do senhor. É bom que o senhor saiba disso. Ele discrimina, Monica, porque eu sou sindicalista, eu sou empregada doméstica. Venho lá do chão. E não escondo a minha classe, como outros deputados fazem aqui.

Muito obrigada, deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Imagina, deputada.

Enfim, essa reforma, tenho certeza que vai ser ainda muito discutida na Justiça, por nós, pelos diversos... (Manifestação nas galerias.)

Eu espero só que se inscrevam, porque o valor da Presidência, as atribuições da Presidência não são onipresentes. Eu sou a favor de todo e qualquer debate político, mas as regras que valem e chegam muito rápido a mim, até desligando o meu microfone quando eu faço aparte etc. devem valer para quem senta na mesa da Presidência também.

Mas a reforma da Previdência, essa proposta deve ser muito judicializada ainda, por nós, pelos diversos vícios aqui na tramitação dessa reforma, e tenho certeza que por um monte de gente. Eu não paro de receber mensagens, principalmente dos policiais, agentes penitenciários etc., que estão completamente confusos sobre quem vai ser beneficiado pelo direito de transição.

Tem várias faixas de anos que ficaram de fora. Então, as pessoas estão bastante preocupadas. Sem criar que cria mais uma faixa especial dentro da faixa especial, porque separou os policiais dos professores, e a gente já sabe que aqui a direita não gosta muito de professor, e o que tiver que fazer para excluir, vão excluí-los.

Mas eu quero dizer também para os policiais. Eu vivo falando sobre isso. O populismo penal é a pior coisa que existe nesta fase do Brasil, porque o populismo penal mata pessoas e não resolve a situação.

Por exemplo, no caso de hoje, citado, da escola, é uma infelicidade que, para resolver o problema de um adolescente problemático, que quer ou não, apresenta comportamento ruim na escola, a única solução seja a Polícia, e que esta Casa não tenha vergonha de não se debruçar para estudar esse problema, criando qualquer outro dispositivo, que não jogar a Polícia.

Mais para além disso, parece que a única solução é matar ou morrer pelo fetiche de ter arma na mão. A Polícia, essa que eles dizem enaltecer, também está refém dessa reforma da Previdência. Os policiais civis, por exemplo, também poderão ser desaposentados compulsoriamente a qualquer momento.

Vocês que adoecem em razão do serviço, saúde mental ou tem alguma parte do corpo afetada, a garganta etc., vão passar por perícia periódica, e se o governo entender que tem uma vaga compatível com a sua nova condição física, não vai contratar, vai desaposentar os senhores compulsivamente.

Agora vem aqui dizer que defende policial. Policial tem direito trabalhista, senhores, e policial deveria ter direito a uma cultura de sociedade de paz, para não ficar sujeito a matar e a morrer.

Triste mesmo na cena de hoje, e todos os dias eu falo isso, triste mesmo não é essa divisão aqui entre quem é hipócrita e quem é mais hipócrita, sentado no privilégio dos seus gordos salários e no privilégio da informação, para manipular de acordo com seus interesses empresariais.

Triste mesmo é ver sendo trabalhador contra trabalhador, e a força repressiva do estado sendo usada contra os próprios trabalhadores, que vão precisar se aposentar no futuro.

Defender os trabalhadores é defender o estado, e quem não defende o estado, não defende as pessoas mais pobres hoje, porque as pessoas mais pobres não têm acesso à Saúde, à Educação, à locomoção privada.

A gente deve seguir hoje nesse debate de segundo turno. Os senhores sabem, são seis horas de debate. Depois vai para votação. Eles precisam de cinquenta e sete.

É muito importante que vocês vejam quem foram as 57 que votaram, porque se um tiver a mão na consciência de reconhecer que não teve benefício nenhum, nem para os policiais, nas pouquíssimas três emendas que eles aprovaram ontem, a gente derruba a falácia e a farsa da reforma da Previdência do governador João Doria.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só lamento, Professora Bebel, a senhora ter dois pesos e duas medidas, porque quando a senhora na semana passada foi na minha sala com os seus parentes, que cuidam da tua prestação de contas, me pedir para quebrar o Regimento, ou melhor, para quebrar regra da tua prestação de contas, pedir para que eu liberasse mais de sete mil reais que V. Exa. não apresentou, V. Exa. vem pedir e aí eu sirvo. Aí o presidente está correto; aí o presidente é bonzinho. Então não dá para ter dois pesos e duas medidas.

Com a palavra o deputado Altair Moraes para falar a favor. Tem a palavra Vossa Excelência.

 

O SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência terá a palavra em dez minutos quando nós abrirmos a segunda sessão extraordinária.

Esgotado o tempo da sessão, está levantada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 31 minutos.

 

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