27 DE MAIO DE 2019
9ª SESSÃO SOLENE COMEMORAÇÃO DO DIA ESTADUAL DA LIBERDADE
RELIGIOSA
Presidência: CAUÊ MACRIS e DRA. DAMARIS MOURA
RESUMO
1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Abre a sessão.
2 - IZABEL DE JESUS PINTO
Mestre de cerimônias, anuncia a composição da Mesa.
3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que convocara a presente sessão solene, a pedido da
deputada Dra. Damaris Moura, para comemorar o "Dia Estadual da Liberdade
Religiosa". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional
Brasileiro". Cumprimenta as autoridades presentes. Parabeniza a deputada
Dra. Damaris Moura pela iniciativa desta homenagem e destaca a importância do
respeito à diversidade religiosa.
4 - DRA. DAMARIS MOURA
Assume a Presidência. Parabeniza o presidente Cauê Macris por
sua condução dos trabalhos nesta Casa Legislativa através da conciliação e da
cooperação. Lamenta momento de intolerância política e social que vivemos no
País. Agradece a presença do presidente desta Casa, deputado Cauê Macris, nesta
homenagem. Mostra contentamento por ver contemplada a diversidade religiosa do
estado de São Paulo neste plenário. Cumprimenta as autoridades presentes na
mesa dos trabalhos. Lembra que é de autoria do deputado Campos Machado a Lei nº
15365/14, que instituiu o Dia Estadual da Liberdade Religiosa em São Paulo.
5 - DOUGLAS GARCIA
Deputado estadual, lamenta a intolerância religiosa no estado
de São Paulo e no mundo. Lembra que todas as religiões pregam os mesmos
principais valores.
6 - CASTELLO BRANCO
Deputado estadual, defende a liberdade religiosa. Lembra a
atuação de Henrique José de Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose.
7 - PRESIDENTE DRA. DAMARIS MOURA
Cumprimenta todos os líderes religiosos aqui presentes na
figura da sacerdotisa Mãe Carmen.
8 - EDUARDO TUMA
Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, cumprimenta os
presentes. Destaca que Constituição Federal de 88 defende a liberdade
religiosa, mas não um Estado secularizante. Diz ser favorável à extinção da
carga tributária de templos religiosos. Informa a aprovação de lei municipal,
de sua autoria, que propõe a isenção de IPTU para templos de qualquer culto.
9 - PRESIDENTE DRA. DAMARIS MOURA
Anuncia homenagem com a entrega de diplomas a diversas
autoridades que dedicaram sua vida à defesa da liberdade religiosa.
10 - PAI TINO
Representante de religião de matriz africana, cumprimenta
demais autoridades. Considera que há um só Deus. Defende a liberdade religiosa.
Pede salva de palmas ao deputado estadual Campos Machado, autor da lei que
instituiu o Dia Estadual da Liberdade Religiosa em São Paulo.
11 - PRESIDENTE DRA. DAMARIS MOURA
Anuncia apresentação musical da cantora lírica Fernanda
Martins, acompanhada pelo pianista Júlio Soares.
12 - CAIO AUGUSTO SILVA DOS SANTOS
Presidente da OAB-SP, cumprimenta os presentes. Enfatiza a
importância desta solenidade em um momento de intolerância generalizada.
Destaca que, de acordo com a Constituição Federal de 88, o cidadão pode
professar sua religião livremente. Lembra que a deputada estadual Dra. Damaris
Moura já presidiu a Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da Ordem dos
Advogados do Brasil no Estado de São Paulo. Condena qualquer cerceamento da
liberdade individual.
13 - HELIO CARNASSALLE
Diretor do Irla - International Religious Liberty Association
na América do Sul, enaltece a atuação da deputada estadual Dra. Damaris Moura
em defesa da liberdade religiosa. Esclarece a importância da Irla -
International Religious Liberty Association. Defende que todos possam se tornar
embaixadores da liberdade religiosa em quaisquer lugares onde atuem. Pede o
exercício da liberdade e do respeito.
14 - PRESIDENTE DRA. DAMARIS MOURA
Convida diversas autoridades para homenagem com recebimento
de diplomas e o aplauso dos presentes.
15 - PAULO DIMAS MASCARETTI
Secretário da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo,
cumprimenta os presentes. Destaca a atuação da Sra. Vânia Maria da Silva
Soares, secretária-geral e presidente do Fórum Inter-Religioso para uma Cultura
de Paz e Liberdade de Crença. Defende a importância da espiritualidade para a
construção de uma sociedade justa e igualitária. Pede a liberdade para que
todos possam professar sua fé. Considera que há diversidade de crenças entre os
presentes neste plenário, mas unicidade em valores.
16 - PRESIDENTE DRA. DAMARIS MOURA
Esclarece que os homenageados receberam a Láurea da Liberdade
Religiosa denominada de Cilindro de Ciro, conferida pela Frente Parlamentar em
Defesa da Liberdade Religiosa. Explica o significado da láurea. Destaca que se
a liberdade religiosa não for para todos, não será para ninguém. Anuncia
apresentação musical da cantora lírica Fernanda Martins, acompanhada pelo
pianista Júlio Soares. Enaltece seu esposo, Victor Chia Chien Kuo, pela
parceria e apoio e convida seu filho, Oliver Kuo, para entregar homenagem ao
Sr. Victor Chia Chien Kuo. Lê breve currículo do Dr. Ganoune Diop,
secretário-geral da Irla - International Religious Liberty Association.
17 - GANOUNE DIOP
Secretário-geral da Irla - International Religious Liberty
Association, saúda todos os presentes. Manifesta seu contentamento em
encontrar, neste plenário, pessoas de origens e crenças diferentes convivendo
harmonicamente. Condena o uso de violência, historicamente, para oprimir
religiões. Lembra tratados celebrados ao longo da história humana em busca de
respeito aos Direitos Humanos, culminando na criação da ONU após a Segunda
Guerra Mundial. Lê o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Destaca que no preâmbulo da Constituição Federal brasileira é previsto o
direito à liberdade religiosa. Considera que este direito é conectado a todos
os demais direitos fundamentais e que negá-lo é negar a humanidade dos
cidadãos. Defende o respeito entre todas as pessoas. Deseja que o Brasil
torne-se um exemplo de tolerância para o mundo por sua diversidade natural.
18 - PRESIDENTE DRA. DAMARIS MOURA
Defende a liberdade religiosa de acordo com o artigo 5º da
Constituição Federal brasileira. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
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* *
- Abre a sessão
o Sr. Cauê Macris.
*
* *
A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Neste momento
daremos início à sessão solene com a finalidade de comemorar o Dia Estadual da
Liberdade Religiosa.
Comunicamos aos
presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e
será retransmitida pela TV Alesp no sábado, dia 1º de junho, às 21 horas na NET
canal 7, TV Vivo canal 9 e TV digital canal 61.2.
Convidamos para
compor a Mesa o deputado estadual Cauê Macris, presidente da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo; a deputada estadual Dra. Damaris Moura; o
vereador Eduardo Tuma, presidente da Câmara Municipal de São Paulo; Paulo Dimas
Mascaretti, secretário da Justiça e Cidadania; Caio Augusto Silva dos Santos,
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo; deputado
estadual Douglas Garcia; Celso Silvino, representando o deputado Campos
Machado.
Estamos
aguardando o Sr. Ganoune Diop, que estará aqui dentro de instantes. Se puderem
sentar, por favor, se acomodarem. Sr. Ganoune Diop, secretário-geral da
International Religious Liberty Association - Irla.
Com a palavra o
deputado Cauê Macris, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo.
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Boa noite a
todas, boa noite a todos. É um prazer muito grande recebê-los aqui, a sede do
nosso Legislativo estadual.
Sob a proteção
de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta
Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Sras. Deputadas
e Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi
convocada por este presidente, atendendo à solicitação da deputada Damaris
Moura, com a finalidade de comemorar o Dia Estadual da Liberdade Religiosa.
Gostaria de
convidar todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino
Nacional Brasileiro, executado pela Camerata da Polícia Militar do Estado de
São Paulo, sob a regência do 3º sargento Diniz.
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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.
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* *
O SR.
PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Gostaria de
cumprimentar aqui o 3º sargento Diniz, em nome de quem cumprimento toda a
Polícia Militar do Estado de São Paulo, que sempre atende o convite deste
Legislativo, sempre presente aqui conosco. Muito obrigado e peço uma salva de
palmas a todos vocês para os nossos policiais. (Palmas.)
Gostaria de
cumprimentar aqui a Mesa de autoridades, começando pela nossa deputada Damaris
Moura, que é a autora desta sessão solene; ao Ganoune Diop, agradecer a presença,
ele que já esteve comigo aqui na sexta-feira, uma pessoa importante que milita
no mundo inteiro sobre esse tema, sobre a questão da liberdade religiosa, então
em nome dele cumprimentar todos aqueles que militam também pela causa, ele que
é secretário-geral internacional da International Religious Liberty
Association, chamada Irla; cumprimentar o meu amigo presidente da Câmara
Municipal de São Paulo, vereador Eduardo Tuma, quem também prestigia este
evento aqui na nossa Assembleia; cumprimentar o secretário estadual da Justiça
e Cidadania, Paulo Dimas Mascaretti; cumprimentar o Dr. Caio Augusto Silva dos
Santos, presidente da Ordem dos Advogados do nosso estado de São Paulo.
Cumprimentar o
deputado estadual Douglas Garcia e também o Celso Silvino, representando aqui
neste ato o deputado Campos Machado, que é um dos grandes líderes também aqui
no Legislativo, juntamente com a deputada Damaris, e é o autor da lei que nós
celebramos no dia de hoje, da celebração do Dia Estadual da Liberdade
Religiosa. Então, o deputado Campos Machado, que sempre, deputada Damaris,
antes de a gente ter a satisfação de tê-la aqui como deputada estadual, foi
sempre quem organizou este evento. É claro, a pedido, com a boa relação que
vocês dois têm, mas é importante aqui a gente deixar essa referência ao nosso
querido deputado Campos Machado.
Mas nós temos
um Regimento Interno aqui na Assembleia Legislativa, e todas as vezes que eu,
como presidente da Assembleia, estou em uma sessão solene, obrigatoriamente, eu
tenho que presidir a sessão. Então nós temos combinado aqui, entre todos nós,
que eu sempre faço a abertura da sessão solene e depois passo os trabalhos ao
proponente das sessões solenes. Então, a deputada Damaris gentilmente me
convidou para poder estar aqui hoje, até para mostrar a importância que é esta
celebração do Dia Estadual da Liberdade Religiosa. Eu fiz questão, deputada
Damaris, de vir até aqui, até porque sei que uma das grandes lutas do seu
mandato, da sua bandeira é a questão da liberdade religiosa, e eu não poderia
deixar de vir cumprimentar tantos amigos.
Parabéns a
todos vocês que lotam o nosso plenário, a nossa galeria. Esse é o papel do Legislativo
estadual: trazer as pessoas para comemorações, para conversas, diálogos e bons
entendimentos a favor da nossa população e dos brasileiros que residem no nosso
estado de São Paulo.
Então,
parabéns, deputada Damaris, e neste momento gostaria, então, de passar a
Presidência dos trabalhos à deputada Damaris Moura. Uma boa noite a todos vocês.
(Palmas.)
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- Assume a
Presidência a Sra. Dra. Damaris Moura.
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* *
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Eu começo esta
minha participação com muita emoção. Se todos nós quedássemos silentes neste
momento, certamente vocês seriam capazes de ouvir o pulsar do meu coração. Eu
estou contendo a minha emoção, nós mulheres fazemos todas as coisas,
presidente, com muita coragem, mas com muita emoção, e como o senhor precisa se
ausentar, eu queria fazer um registro de gratidão ao meu presidente na
Assembleia Legislativa, inicialmente porque ele cumpre o seu mister nesta Casa
com excelência. Se eu pudesse, presidente, traduzir a sua condução nesta Casa,
eu o faria com uma palavra que resume bem as suas posturas aqui: sabedoria.
O senhor tem
sido um conciliador, o senhor tem uma vocação para agregar pessoas, o senhor
tem uma vocação para a cooperação e eu fico muito honrada de fazer parte de uma
legislatura cujo presidente reúne atributos que são tão urgente neste tempo que
nós vivemos, um profundo momento de intolerância, intolerância política,
intolerância social. Tê-lo na Casa conduzindo desta maneira os trabalhos, encontrando
sempre a convergência, encontrando sempre o caminho da cooperação me honra, e
eu quero agradecer por o senhor ter estado conosco neste momento, que é
histórico para o meu mandato. Certamente, a partir de hoje, o senhor também
fará parte desta história.
Muito obrigada
pela presença entre nós e penso que agora o senhor estará à vontade, quando
quiser. Muito obrigada, presidente. (Palmas)
Passo então a
cumprimentar os senhores componentes desta Mesa ilustre. Antes, porém, eu
queria agradecer você que veio. Não há como não se emocionar ao contemplar este
auditório. Quando eu saí ali para identificar quantas pessoas nós tínhamos
aqui, foi extraordinária a visão que eu pude ter, secretário, porque nós
estamos vendo aqui, contemplada, a diversidade religiosa do estado de São
Paulo. Eu estou olhando para muitos amigos, religiosos que não estão apenas
comprometidos com o desempenho da sua função eclesiástica, mas religiosos que
ultrapassam esse compromisso religioso para buscar a defesa de um direito que é
tão caro à dignidade das pessoas, que é o direito de liberdade religiosa.
Eu
cumprimento... eu vou pedir desculpas e vou pedir ajuda. Nestas fichas estão os
componentes da Mesa. Então, cumprimento o Dr. Ganoune Diop, que gentilmente
aceitou o nosso convite para participar desta celebração. Ele tem andado pelo
mundo tão somente defendendo e promovendo a liberdade religiosa. Cumprimento
meu amigo, parceiro na Câmara de Vereadores de São Paulo, um promotor da
liberdade religiosa, o presidente daquela Casa Legislativa, o vereador Eduardo
Tuma. Cumprimento também o secretário da Justiça, este parceiro de primeira
hora. Me lembro, secretário, quando nos falamos a primeira vez, o senhor ainda
presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, e o senhor deu tanta relevância
para este assunto, que o senhor nos propôs fazermos, no âmbito do Tribunal de
Justiça, alguma ação junto aos seus servidores de promoção da liberdade
religiosa, muito obrigada.
Cumprimento o
meu presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de São Paulo, Dr.
Caio Augusto Silva dos Santos, eu agradeço. Dr. Caio, iniciando o seu mandato,
o senhor também já inicia o compromisso de defender conosco a liberdade
religiosa na OAB de São Paulo, que tem uma Comissão Especial de Direito e
Liberdade Religiosa. Cumprimento o deputado estadual, meu companheiro aqui de
Assembleia, o deputado Douglas Garcia, agradeço, deputado. por estar conosco e
cumprimento ainda Celso Silvino, que representa nesta noite o deputado Campos
Machado.
E aí eu faço
agora o registro histórico. Não se pode viver sem história, eu me recuso a
esquecer a história que alguém contou, e o deputado Campos Machado, no ano de
2014, a nosso pedido, envolvido como já era com a defesa da liberdade
religiosa, ele propõe então o Projeto de lei 15.365/2014, que instituiu no
calendário de São Paulo o Dia Estadual da Liberdade Religiosa. Ele não me ouve
neste momento, Celso, mas peço que transmita a ele a nossa gratidão. Peço que
transmita a ele a nossa homenagem por ter criado, neste ano, uma data de
conscientização, de lembrança, de prevenção à intolerância. Leve a ele o nosso
abraço e a nossa homenagem.
Eu cumprimento
ainda o desembargador Ricardo Salles Júnior, do Tribunal de Justiça de São
Paulo, outro parceiro importante que já tem estado conosco na defesa da
liberdade religiosa; o Dr. Rafael Pitanga, representando aqui hoje o
defensor-geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo; Emerson Mota, meu
amigo prefeito de Torre da Pedra; José Nilson, representando o prefeito de
Barueri; Gilberto Nascimento Jr., vereador de São Paulo. Cumprimento ainda
Genivaldo Vicentino, vereador de Torre da Pedra; José Marcos Abdala, vereador
em Piracicaba, representando aqui hoje o presidente da Câmara Municipal de
Piracicaba, Gilmar Rotta. Cumprimento Victor Bautista Rubio, advogado e membro
do Colégio de Advogados do Peru.
Cumprimento
Felipe Pacheco, advogado presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB -
Seccional de São Paulo; Samuel Gomes de Lima, presidente da Associação
Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania, a quem rendo homenagem nesta
noite, porque há quase duas décadas está desbravando em São Paulo a defesa da
liberdade religiosa; Cristiano Sant’ Ana, delegado de polícia na Assembleia
Legislativa, neste ato representando o delegado-geral de Polícia Civil, o Dr.
Ruy Ferraz Fontes; Luís Ricardo Davanzo, presidente da Caixa de Assistência dos
Advogados de São Paulo. Cumprimento ainda Romualdo Larroca, presidente da
Associação Paulistana da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Cumprimento Adilson
Abreu, representando o CDCPN de Piracicaba; Adney Araújo, representando o
presidente da Conepir de Piracicaba; Vavá de Oliveira, presidente nacional do
PPBR - Partido Popular Brasileiro; Valdelícia de Jesus Barbosa Torres, diretora
assistente de Assuntos Públicos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, os mórmons; padre Bisson, representando nesta noite a
Arquidiocese de São Paulo; Flávia Camargo, representando a Comissão Diocesana
de Defesa da Vida da Igreja Católica, e nesta Mesa, acima de nós, também está
conosco o meu amigo padre Nelson Silvino, um grande um defensor da liberdade
religiosa.
Também está conosco Mãe Leda, representando
religião de matriz africana; o xeque Mohammed Affais; representando aqui a
comunidade muçulmana; o rabino Ventura, nosso parceiro importante,
representando aqui a comunidade judaica; o vereador Abdala também conosco; o
Pai Evandro, também representando religião de matriz africana; o reverendo
Mahesvara, representando os Hare Krishna e o professor pastor Helio
Carnassalle, representando neste ato a Igreja Adventista em oito países da
América do Sul, e veio também para participar desta celebração. Cumprimento
ainda o meu colega de Parlamento deputado estadual Castello Branco, penso que
já fiz os cumprimentos.
Nós vamos
conferir agora, para uma saudação, a palavra ao deputado Douglas Garcia.
O SR. DOUGLAS
GARCIA - PSL - Muito boa noite a todos. É motivo
de muita alegria estar recebendo todos na Assembleia Legislativa, sejam todos
muito bem-vindos.
Gostaria de
parabenizar a deputada estadual Damaris por este evento maravilhoso. De fato,
nós vivemos tempos de grande intolerância, então eu fico extremamente feliz de
ver tantas lideranças religiosas aqui, pregando a tolerância religiosa. Desejo
que essa mesma mensagem seja passada mundo afora, o que infelizmente não
acontece, mas eu sei que isso que nós estamos começando aqui. É o início de um
grande trabalho, e que a gente não pode deixar, muito embora o deputado
estadual Campos Machado, não esteja mais à frente dos trabalhos, a gente não
pode deixar isso acabar, não é? Todos os dias, religiosamente, nós temos que
seguir os mandamentos que preconizam todas as religiões, que acima de qualquer
outra coisa é pregar a paz e o amor. Muito obrigado a todos. (Palmas)
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Passo a
palavra ainda, para a sua saudação, ao deputado Castello Branco.
O SR. CASTELLO
BRANCO - PSL - Boa noite a todos. É uma grande
honra estar aqui hoje. Dra. Damaris, meus parabéns pela iniciativa histórica.
Isto é um sonho de muitas gerações.
Todos nós somos
um só, embora com diversos matizes espirituais, é isso que nos une aqui nesta
noite. Eu não poderia deixar de lembrar, um professor brasileiro chamado
Henrique José de Souza, que fundou a Sociedade Brasileira de Eubiose, que em
1921 sonhou em construir um templo dedicado a todas as religiões do mundo como
se fossem uma só. Ele teve a coragem de fazê-lo e construiu um templo lindo em
São Lourenço, Minas Gerais, dedicado a todos nós, que hoje chama-se Templo do
Avatar Maitreya.
Eu lembro com
muita emoção porque este momento simboliza o futuro da nossa pátria, que é
ecumênica, e quer unir e congregar todas as vertentes e movimentos espirituais
do mundo.
Deus abençoe a
todos nós nessa gloriosa missão que tem o Brasil como berço dessa nova
civilização para a humanidade e o modelo de paz e prosperidade para outros
povos. Obrigado. (Palmas)
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Cumprimentamos
ainda Laerson Cândido de Oliveira, presidente do Instituto Espírita Cidadão do
Mundo. Cumprimento Isaura Pamphile, presidente da Associação de Destaque das
Escolas de Samba do Estado de São Paulo, Adesp.
Eu estou
olhando ainda para muitos religiosos aqui, líderes religiosos, e eu estava
muito propensa a citar o nome de todos, mas é impossível.
Eu vou pedir
licença, se vocês assim concordarem, que eu cumprimente todos os líderes
religiosos aqui presentes na pessoa de uma sacerdotisa que está aqui, à minha
frente, e que tem lutado arduamente por anos, defendendo liberdade religiosa,
não para o grupo religioso dela apenas. Eu a conheço, e ela o faz a todos,
indistintamente. Então, eu cumprimento os líderes religiosos aqui nesta noite
na pessoa da sacerdotisa Mãe Carmen. (Palmas.)
Eu passo a
palavra agora, para fazer a sua saudação, ao presidente da Câmara de Vereadores
de São Paulo, meu amigo vereador Eduardo Tuma.
O SR. EDUARDO
TUMA - Boa noite a todas e a todos. Quero
cumprimentar esta Casa em nome do seu presidente, deputado Cauê Macris;
cumprimentar a presidente desta sessão solene, Dra. Damaris; o secretário de
Justiça, o professor Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, ex-presidente do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo; o presidente da OAB do Estado de
São Paulo, Dr. Caio Augusto. Quero cumprimentar o Dr. Ganoune Diop, em nome de
quem eu cumprimento as autoridades políticas, civis, religiosas e militares
nesta sessão.
A minha
saudação é brevíssima, minhas palavras são poucas, fiz uma pequena anotação, só
de um pensamento que compartilhava com os amigos hoje à tarde, no seguinte
sentido: nossa Constituição Federal estabelece um direito positivo no seu vetor
deôntico permitido, que é a liberdade, aliás, nossa Constituição fundamentada
em três pilares de direitos fundamentais: o direito à vida; o direito à
liberdade e o direito à propriedade privada também. Dentro desse conceito de
liberdade, nós temos no Brasil a permissão da profissão de fé de forma livre.
Então, a liberdade religiosa, e graças a Deus por isso, um País em que não
precisamos esconder qual é o nosso sentimento, qual é a nossa profissão de fé.
Mas nesse
sentido também, eu queria aqui destacar que, apesar do Brasil permitir essa
liberdade de fé, e aí um Estado laico que também não adota uma religião
oficial, por isso tantos matizes diferentes, nós não temos um Estado que é
secularizante. Estado laico, que não adota uma religião oficial, é diferente de
um Estado secularizante, que prega ao povo o afastamento da religião. Existe
uma diferença muito grande, e essa diferença a Dra. Damaris combate nesse
sentido, dizendo dessa liberdade.
Por um outro
lado, nós temos na nossa Constituição, e aqui caminho para o encerramento do
meu pensamento, nós temos na nossa Constituição a liberdade religiosa e a
proibição do Estado em embaraçar o funcionamento dessa liberdade. Em que
sentido? Os brasileiros aqui hão de convir que o Estado, quando quer afligir o
cidadão, e o Estado brasileiro infelizmente assim o faz, cobra dele tributo, a
carga tributária no Brasil é de quase 37% do PIB, então a Constituição
estabelece que, apesar de o Estado não ter uma religião oficial, apesar de o
Estado brasileiro não poder subvencionar qualquer religião que seja, também não
pode embaraçar o seu funcionamento. Não pode proibir, mitigar, limitar o seu
funcionamento, cobrando dos templos de qualquer culto, por exemplo, tributo,
imposto, qualquer um que seja.
Por isso que,
inspirado nesta ação da Dra. Damaris, há muito tempo já, e ela é uma parceira
de longa data, nós conseguimos na cidade de São Paulo um avanço nesse sentido.
A cidade tem o seu direito positivo, como o País com a liberdade religiosa, mas
tinha, e assim eu entendo, um bloqueio, estava infringindo a Constituição
quando cobrava imposto dos templos de qualquer culto, ainda que de forma
parcial.
Então, eu vou
explicar aos presentes aqui: a cidade começou a cobrar imposto predial e
territorial urbano parcialmente dos templos de qualquer culto, com exceção à
nave desses templos, ou seja, aos locais usados exclusivamente para o culto, e
eu entendia que isso era uma afronta a essa liberdade religiosa, por isso, e
aqui agradeço ao prefeito Bruno Covas, e encerro minha fala com esta
constatação: sancionada foi na sexta-feira passada uma lei, com texto de minha
autoria, que garante a isenção do IPTU para a totalidade dos templos de
qualquer culto. Então, para que não haja mais a infração ao dispositivo
constitucional que impede o embaraçamento da religião no País, e aqui na cidade
de São Paulo, nós conseguimos aprovar uma lei que isenta do IPTU a totalidade
dos imóveis dos templos de qualquer culto. E aí, nesse sentido, claramente
prestigiando a liberdade religiosa na cidade como um todo. (Palmas)
Acho que é um
importante avanço. Todo parlamentar, todo agente político que briga pela
liberdade religiosa deve produzir frutos como esse que nós estamos vendo agora,
como a lei que foi sancionada pelo prefeito Bruno Covas, a quem eu agradeço, e
também a Dra. Damaris por sua contribuição. Muito obrigado. Boa noite a todas e
a todos. (Palmas)
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Cumprimento
ainda o Elder Leonel Maia, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias; Júlio Neto, da Comunidade Aliança de Misericórdia; Leda Ialorixá, Mãe
Leda de Ogum; André Pandovani, representando o prefeito de Hortolândia, Angelo
Perugini, desculpa; o Dr. Abraham Goldstein, presidente da Associação
Beneficente e Cultural da B’nai B’rith de São Paulo; Edgar Lagos,
vice-presidente regional da B’nai B’rith São Paulo e Martín Silva, presidente
da Estaca São Paulo Sul, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Neste instante,
nós vamos proceder a uma homenagem que faremos nesta noite. Como é um grande
número de pessoas que têm dedicado suas vidas e têm se comprometido diariamente
com a defesa da liberdade religiosa, não seria possível nominá-los, mas os
homenageados desta noite, que receberão à saída um Diploma de Honra ao Mérito
pela contribuição que têm dado à promoção desse direito, eu vou convidar neste
momento. Onde você está, você vai ficar de pé para receber de todos nós uma
homenagem traduzida por uma salva de palmas.
Por favor os
homenageados que receberão à saída um Diploma de Honra ao Mérito, fiquem de pé
neste instante, por favor. Espero que todos se levantem para que nós façamos
uma salva de palmas, já estamos fazendo.
Muito obrigada,
você é parte importantíssima e imprescindível à defesa da liberdade religiosa.
Neste momento,
nós vamos ouvir uma apresentação especial, e antes disso eu vou convidar o Pai
Tinho que, por favor, tome lugar nesta tribuna para fazer uma saudação de
agradecimento em nome daqueles que recebem e que receberão nesta noite o
Diploma de Honra ao Mérito.
O SR. PAI TINO
- Senhoras e senhores, boa noite a todos e a todas. Excelência Sra. Presidente desta
sessão, minha amiga Dra. Damaris Moura, a quem tenho respeito e admiração, em
nome de V. Exa. quero cumprimentar a toda a Mesa Diretora, composta tão
nobremente pelos seus pares e afins.
Especialmente
em nome da Yalorixá Maria de Xangô, matriarca da Nação de Efón do Brasil, minha
Agbá, quero cumprimentar a todos os babalorixás e yalorixás, ogans, a minha
bênção, nós que somos de matriz africana.
Irmãos e irmãs
de todas as vertentes religiosas, é uma grande responsabilidade estar aqui em
nome de todas as senhoras e senhores, que estamos hoje recebendo esta comenda
neste dia tão significativo. E eu sempre o faço de uma maneira muito
respeitosa.
Nós, Dra.
Damaris, acompanhamos a sua luta, desde a OAB até a sua condução a esta
legítima Casa, nós clamamos por liberdade religiosa, independente das nossas
vertentes, e quero fazer em nome de um só Deus, porque é apenas um que existe,
pelo menos na nossa concepção, e quero usar não da matriz africana, mas do
espiritismo kardequiano, que possamos então elevar nosso pensamento a uma só
inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, e é em nome desse Deus
que aqui estamos.
A liberdade que tanto nós clamamos, e hoje nós
temos assegurado pela Constituição, ainda que por pequenas e grandes violações
dentro de nossas casas e dentro de nossos templos, temos que ter, senhoras e
senhores, a grande responsabilidade de ter a liberdade que nos é facultada como
líderes religiosos que somos, e isso é importantíssimo. Então, em nome de todos
os laureados, em nome de todos os homenageados pela comenda do dia 25, eu
agradeço, Dra. Damaris, em nome de todos nós que aqui estamos, e pelo trabalho
brilhante da senhora. Já a acompanho antes mesmo do seu mandato, a senhora
sempre foi uma batalhadora, não da sua religião, mas das nossas religiões.
Gostaria de, com todo o respeito à senhora,
que preside esta sessão, eu pediria que todos se colocassem de pé, que possamos
aplaudir, mesmo na falta dele, o deputado Campos Machado, que é um guerreiro em
nome de todas as religiões, ele sempre o faz, e é por conta dele que também
estamos aqui no dia de hoje, meu amigo, meu irmão, a quem de longe eu
cumprimento. Deputada, meus agradecimentos. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Neste momento,
nós vamos ter uma apresentação musical pela cantora lírica Fernanda Martins,
que está acompanhada pelo pianista Júlio Soares.
*
* *
- É feita a apresentação musical.
*
* *
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Cumprimento
neste instante o pastor Alexandre Martins, secretário da Igreja Adventista do
Sétimo Dia para toda a região sul de São Paulo; o pastor Oliveiros Junior,
presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia para todo Vale do Paraíba; Ana
Cristina Limongi-França, do Núcleo de Qualidade da USP; Taís Marguerito,
representando o prefeito do Guarujá; Alexandra Facciolli, líder nacional. Olha,
vou precisar de ajuda. Deixamos para citar daqui a pouquinho. Akinyàlé Elias Pontes,
representando o Ifá Nigéria-Brasil.
Eu passo a
palavra agora, para a sua saudação, ao presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil - Seccional de São Paulo, meu presidente. (Palmas)
O SR. CAIO
AUGUSTO SILVA DOS SANTOS - Quero cumprimentar a
todos desejando boa noite e cumprimentar esta Casa, que também é do povo, a
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nas pessoas do deputado
presidente Cauê Macris e também estendendo os cumprimentos à deputada Damaris,
que é hoje a presidente da sessão solene em comemoração ao Dia da Liberdade
Religiosa, estendendo igualmente os cumprimentos aos deputados Douglas Garcia e
Castello Branco. Quero cumprimentar também o presidente da Câmara Municipal de
São Paulo, que estava conosco até agora há pouco, querido Dr. Eduardo Tuma.
Cumprimentar também o secretário de Justiça do Estado de São Paulo Dr. Paulo
Dimas, quero, de igual maneira, cumprimentar o secretário-geral da Irla Ganoune
Diop.
Para, em nome
de todas essas pessoas, dizer da satisfação renovada da Ordem dos Advogados do
Brasil de poder participar desta importante cerimônia, cujo significado é um
significado emblemático, não só pela causa que está a defender, mas também como
marco histórico do momento de dificuldade nacional que estamos a vivenciar,
para que todos juntos possamos nos unir para combater as intolerâncias.
Não há dúvida
de que a liberdade religiosa alcançou assento constitucional na Constituição
Cidadã por uma única razão: a maior autoridade de todas em um Estado
Democrático de Direito é o cidadão, e era preciso que a Constituição
estabelecesse absolutamente toda a liberdade ao cidadão, para poder, sem o
subjugo de qualquer autoridade ou a pretensão de qualquer grupo que seja, para
que o cidadão pudesse professar a sua religião, para que ele pudesse
estabelecer a sua crença sem quaisquer dificuldades ou sem a criação de
quaisquer empecilhos. Porque talvez não haja no nosso contexto social, quem
mais efetivamente compreenda cada uma das pessoas, quem mais compreenda as
dificuldades do ser humano, do que os encaminhamentos realizados por todas as
lideranças religiosas.
É no contexto da
nossa religião, da nossa crença e da nossa liberdade, que podemos ter a
esperança de que dias melhores sempre poderão ser alcançados. É no contexto da
liberdade de professar a nossa crença que nós talvez aprendamos o maior
ensinamento de todos, que é o ensinamento de compreendermos que quando achamos
que sabemos tudo da vida, vem a vida no dia seguinte e muda as perguntas, e é
necessário novamente caminharmos para que possamos buscar o aprendizado
conjunto.
É preciso
sempre relembrar de que aquele que acha que sabe tudo, sempre erra em tudo
porque não ouve ninguém. Se há algo que nós devemos comemorar com muita
alegria, é a possibilidade do estabelecimento da nossa absoluta liberdade. Por
isso, querida deputada Damaris, que já foi a nossa presidente da Comissão de
Direito e Liberdade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de São
Paulo, é chegado o momento que, com a ajuda de todas as entidades religiosas,
com a ajuda de todos os cidadãos, é preciso que encaremos os momentos de
dificuldades não apenas com otimismo, mas com entusiasmo, porque o otimista é
aquele que torce para que as coisas deem certo, o entusiasta é aquele que age,
que realiza, que faz com que todos os dias as suas ações possam nos levar ao
enfrentamento de todas as dificuldades, buscando, portanto, o estabelecimento
da verdadeira conquista do cidadão, que é ser livre, poder realizar as suas
escolhas sem temer a quem quer que seja.
Por isso, em
nome da Seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, em nome também da
Caixa de Assistência dos Advogados, representada aqui pelo querido Luís Ricardo
Vasques Davanzo, quero renovar a alegria da nossa instituição e nos colocar à
disposição de todos os amigos, para que jamais tenhamos a nossa liberdade
cerceada.
Parabéns a
todos. Parabéns, querida Damaris pelo trabalho realizado. Muito obrigado.
(Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Neste instante
nós vamos conferir a palavra a Helio Carnassalle, representando aqui a Irla –
International Religious Liberty Association, em oito países da América do Sul,
vindo para esta celebração para fazer a sua breve saudação.
O SR. HELIO
CARNASSALLE - Nossas palavras são de profundo
apreço e reconhecimento a uma guerreira chamada Damaris Moura Kuo. Sua luta, já
de mais de uma década, junto com outras pessoas, a Damaris tem sido para todos
nós que militamos na liberdade religiosa, que lutamos por uma sociedade
igualitária, justa, ela tem sido um exemplo de garra, de guerra, de guerreira,
e para nós hoje, nesta celebração, a primeira celebração que ocorre no seu
primeiro ano de mandato, Dra. Damaris, nós nos unimos neste momento com muita
emoção.
A emoção não é
só feminina e não é só sua, é de todos nós, por perceber quantas pessoas foram
influenciadas por esse trabalho que já perdura por tantos anos e nós, como
instituição internacional, a mais antiga instituição em defesa da liberdade
religiosa no mundo, a International Religious Liberty Association, nesta área
da América do Sul, nós temos sentido a influência positiva que Damaris Moura
exerceu desde os tempos da sua presidência na comissão na OAB e agora nos
primeiros meses do seu mandato. Como instituição nós acreditamos numa liberdade
religiosa inclusiva, para todos indistintamente. Dos conteúdos doutrinários,
dos credos, dos cerimoniais, da liturgia... ou nós defendemos e trabalhamos por
uma liberdade religiosa de todos, ou jamais poderemos nos atrever a pensar em
defender apenas a nossa liberdade individual, de uma determinada crença ou
determinado grupo religioso.
O que ocorre
nesta noite aqui no estado de São Paulo, nesta Casa, é um exemplo para o nosso
Brasil, e a nossa saudação é que cada um de nós, na esfera da sua atuação, seja
você defensor; participante; um ministro de uma área religiosa ou não, é que
todos nós possamos cumprir o nosso papel, que a nossa participação não seja
apenas aplaudir eventos como este que, já é uma grande coisa, mas que possamos
nos tornar embaixadores da liberdade religiosa no ambiente onde nós exercemos
influência, que nós possamos verdadeiramente trabalhar para que, reconhecendo
as diferenças que existem, e elas existem, mas que nós possamos, acima de tudo,
respeitar as diferenças, respeitar as diferenças.
Duas palavras
que eu destaco e aqui eu encerro: liberdade e respeito. Hoje nós celebramos a
liberdade, mas celebramos também o respeito que podemos exercer e devemos
exercer de uns para com os outros. Nós esperamos que, cada um de nós, na esfera
da sua influência, leve consigo a profundidade dessas duas palavras: liberdade
e respeito. E que assim seja a nossa prática, não só nas tribunas, não só nos
artigos que escrevemos, nas palestras que proferimos, mas na prática, no nosso
dia a dia, ao nos relacionarmos com as pessoas, com aquelas que são diferente
de nós, que creem de uma forma diferente. Ou até mesmo daquelas que não creem
em nenhuma divindade, não possui nenhuma crença.
Que todos
saiamos daqui tendo, acima de tudo, reforçado o grande valor da liberdade e do
respeito. Muito obrigado. Parabéns, Dra. Damaris, e a todos vocês. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Neste instante,
nós vamos convidar para se postarem à frente desta tribuna os nomes que eu vou
declinar.
Eu quero dizer
que, neste momento, nós gostaríamos de conferir a todos aqueles que estão aqui,
mas sabemos que uma grande parte dos defensores constantes da liberdade
religiosa receberá o seu Diploma de Honra ao Mérito. Mas, eu vou convidar aqui
à frente pela luta de anos a fio em defesa da liberdade religiosa, para que
recebam nessa noite uma homenagem nessa sessão solene.
Eu quero
convidar para se postar aqui à frente e todos receberão de uma só vez: o Dr.
Alcides Coimbra, representando a Irla, a International Religious Liberty
Association em todo o estado de São Paulo para que se poste à frente.
Convidamos
ainda o Dr. Jader Freire de Macedo Junior, o meu amigo, meu irmão há quase 20
anos de caminhada na Comissão de Liberdade Religiosa da OAB de São Paulo.
Eu convido ainda
padre Nelson Silvino, que sempre nos sensibiliza com as suas lições de
tolerância, de respeito, de pacificação para que tome lugar aqui.
Convidamos
ainda a professora Vânia Soares, coordenadora deste tema do Fórum
Inter-religioso Permanente por uma Cultura de Paz e Tolerância Religiosa da
Secretaria da Justiça do Estado de São Paulo.
Convido ainda
Mãe Maria de Xangô, outra guerreira, defensora da liberdade religiosa no estado
de São Paulo.
Convidamos
ainda o Dr. Ganoune Diop, o secretário-geral da International Religious Liberty
Association, para que receba também a sua homenagem pelos anos de luta ao redor
do mundo em defesa da liberdade religiosa.
Convido ainda,
o Sr. Celso Silvino, neste ato representando o deputado Campos Machado, que
também tem feito um trabalho diferenciado junto ao PTB numa coordenadoria de
liberdade religiosa e convido...
Bem, os que
estão presentes já estão aqui à frente, eles estão recebendo neste instante. Eu
gostaria que, após o recebimento, todos pudessem se postar com seus diplomas
para o recebimento, para as fotos e depois nós faremos um aplauso.
Quero dizer que esses nomes - vi que falta
alguém aqui - e convidamos ainda o professor Helio Carnassale, que acabou de
fazer o seu pronunciamento, para que também se poste junto aos demais para
receber o seu diploma.
Desculpa, Dr.
Osmário, eu estou uma listagem aqui houve, algum problema. Desculpe. Convido
ainda o Dr. Osmário. E eu estou aqui com dificuldade, Dr. Osmário, mas eu
agradeço o senhor estar conosco recebendo a sua homenagem pela defesa da
liberdade religiosa.
Vamos postar...
eles postarão para uma foto e eu peço a todos agora neste instante então uma
salva de palmas. (Palmas.)
*
* *
- É feita a
entrega dos Diplomas de Honra ao Mérito.
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Nós vamos ouvir
agora e com muita honra eu anuncio a palavra do secretário da Justiça e da
Cidadania do Estado de São Paulo o Dr. Paulo Dimas Mascaretti. Obrigada,
secretário, pela presença e pelo seu trabalho junto à Secretaria em Defesa da
Liberdade Religiosa.
O SR. PAULO
DIMAS MASCARETTI - Boa noite a todos. Cumprimentar a
querida deputada Damaris Moura. Que trabalho bonito, que noite especial, que
dia fundamental para a cidadania que é o Dia Estadual da Liberdade Religiosa.
Vi aqui, há
pouco quando entrava, esse grande número de pessoas que compareceram para aqui
estabelecer uma profissão de fé, para aqui mostrar o quanto é caro à sociedade
o tema da liberdade e aqui, o tema da liberdade religiosa.
Querida
deputada; meu presidente da OAB; deputado Castello Branco; querido
representante do deputado Campos Machado - leve meu abraço ao querido deputado
Campos Machado - que instituiu, através
de uma lei aprovada pelos deputados aqui da Casa, este Dia Estadual da
Liberdade Religiosa.
Dizer que essa
é uma preocupação permanente da cidadania. Nossa secretaria tem lá o Fórum
Inter-religioso. Nossa secretária executiva desse fórum, a Vânia Soares, nossa
professora, está aí hoje recebendo uma grande homenagem nesse plenário.
Quando eu
cheguei à secretaria agora em janeiro, já tive o primeiro contato com a Vânia,
fizemos lá uma primeira reunião. Nós temos 101 membros, não é, Vânia? Desse nosso Fórum Inter-religioso, 30
segmentos religiosos representados e nós fizemos uma primeira reunião e
decidimos ali lançar uma campanha. E lançamos no dia 27 de março - com a
presença da deputada Damaris - a nossa
Campanha contra a Intolerância Religiosa.
Nós colocamos
lá, no nosso material de campanha, que respeitar o próximo é cultivar a paz. O que
se colocou há pouco aqui: a questão do respeito ao próximo. E, assinalamos com todas as letras do nosso
material, que a intolerância religiosa é crime e deve ser tratada como tal. Nós
não podemos admitir a intolerância religiosa.
Eu fiquei 40
anos em carreira jurídica pública. Aceitei o desafio de passar para o Executivo e ser secretário da Justiça e da
Cidadania, porque acredito nessas missões de fé que nós temos testemunhado
todos os dias por pessoas abnegadas que defendem valores, que defendem princípios.
E aqui nós temos um princípio da nossa Constituição que não pode ser de alguma
maneira desconsiderado, aquele que coloca com todas as letras a questão da
liberdade de crença.
Eu creio! Creio
em uma divindade superior, creio em Deus. Cada um aqui tem a sua divindade,
cada um aqui tem a sua crença que merece todo o respeito.
Eu outro dia
colocava, quando lançamos a nossa campanha, Dra. Damaris, que muitas vezes as
pessoas se preocupam com QI, o Quociente de Inteligência, mas esquecem o QE, o Quociente
Espiritual. E a espiritualidade é tudo, porque nós não podemos ter apego a
cargo, não podemos ter apego a dinheiro, não podemos ter apego a coisas tão
passageiras, tão efêmeras. Nós temos que ter apego a coisas importantes: primeiro crer em Deus, o amor que nós temos
que dedicar ao próximo, à nossa família, aos nossos amigos, às pessoas
necessitadas.
Aqui nesta
Casa, que é um espaço da cidadania, todos os dias temos missionários de fé pregando igualdade,
pregando liberdade, pregando valores importantes, pregando uma sociedade justa,
uma sociedade igualitária. E todos os senhores que eu vejo aqui, que têm um
sentimento de amor pelo próximo, que têm
uma crença e respeitam, acima de tudo, valores mais do que qualquer posição
social, qualquer posição econômica, eu acho que nós temos que estar unidos na
defesa do bem.
Quem tem uma
religião, quem tem uma crença é um agente do bem. E fico feliz quando
encontramos aqui, em um momento como este, comemorando um dia tão importante
tantas pessoas, tantas pessoas que têm essa diversidade nas suas crenças, mas
têm valores, têm princípios, estão unidas aqui por um ideal maior. Que todos
possam ter a possibilidade de professar livremente a sua fé, seja qual for.
Então, fico
feliz, deputada, de estar aqui nesta noite, de aplaudir essas pessoas
guerreiras que receberam uma homenagem importante, de estar aqui vendo outras
tantas pessoas que também sairão homenageadas. De estar olhando a nossa querida Vânia, os
outros líderes religiosos que participam do nosso fórum da Secretaria da
Justiça e da Cidadania e dizer que nós temos que ir na linha de que é preciso
paz para poder sorrir. E a paz se consegue com as pessoas de bem fazendo a
diferença e pregando valores, princípios, solidariedade, fraternidade e tantas
outras coisas importantes.
Sei que essas
pessoas que estão aqui, e vejo pela
secretaria, quantos segmentos estão ali empenhados em acolher as pessoas, em
procurar de alguma maneira eliminar as desigualdades. Tantas pessoas lutando
por justiça, lutando por cidadania. E aqui hoje é um lugar para comemorarmos
todas essas ações importantes e todos esses seus valores fundamentais.
Que Deus
abençoe a todos nós.
Muito obrigado.
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Agradecemos as
palavras do secretário, já estamos nos encaminhando para ouvirmos a palavra
final do Dr. Ganoune Diop, mas eu queria fazer um brevíssimo esclarecimento. Os
homenageados receberam uma Láurea Honorífica Cilindro de Ciro, conferida pela
nossa Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa.
Assim que
assumi este mandato, secretário, meu presidente, imediatamente sonhávamos em
recriar aqui na Casa a Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa.
Muitos deputados acolheram essa ideia e, já com as assinaturas necessárias, nós
protocolizamos o pedido de criação dessa frente. Ela já está criada, homologada
e, certamente, você será convidado para participar do lançamento da Frente
Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa na Assembleia Legislativa de São
Paulo.
E esse Cilindro de Ciro que foi conferido aos
homenageados nesse instante, pela Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade
Religiosa, significa um cilindro de argila no qual está escrita uma declaração
em grafia cuneiforme em nome do rei da Pérsia, Ciro, o Grande. O artefato é
datado de 539 a.C., ocasião em que Ciro conquistou a Babilônia. O documento
destaca a restauração de santuários religiosos dos povos conquistados e é
considerado a Declaração dos Direitos Humanos mais antiga da História.
É possessão,
hoje, do Museu Britânico, que patrocinou a expedição responsável pela
descoberta do cilindro e tem um significado. Esta Láurea Honorífica, e eu
deixei registrada na capa dela, a única coisa na qual eu creio, no que diz
respeito à liberdade religiosa: “Se não for para todos não será para ninguém”.
Eu convido para
nos brindar com mais uma das suas músicas, Fernanda.
*
* *
- É feita a apresentação
musical.
*
* *
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Agradecemos à
Fernanda.
Já estamos nos
encaminhando agora para o final.
Queridos, eu
quero dar um testemunho aqui.
Há caminhos,
Pai Francisco, que são muito difíceis de serem trilhados sozinhos e eu contei
nesses últimos 15 anos, secretário, presidente, deputado com um parceiro de
todas as horas: ele foi meu companheiro, ele foi meu conselheiro, ele foi o meu
incentivador, ele foi o mantenedor de uma causa que custou também com muita
emoção e profundo reconhecimento e profunda gratidão. Eu quero convidar aqui à
frente o meu esposo Victor Chia Chien Kuo.
Eu vou descer
agora, queridos.
E eu peço
licença para fazer isso, mas eu não poderia, meu presidente, no dia de hoje
deixar de homenagear o meu parceiro principal, aquele que acorda comigo, que
dorme comigo e nunca me deixou sozinha nos momentos mais difíceis e
desafiadores e eu me refiro à postulação política, que é tão desafiadora. Ele
nunca me deixou sozinha, renunciando ao meu tempo, à minha presença ele esteve
comigo ao meu lado.
Eu quero
convidar o meu filho, Oliver Kuo, para fazer a entrega de uma placa de
homenagem, porque ele também renunciou à mãe muitas vezes. (Palmas)
*
* *
- É feita a
entrega da homenagem.
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Nós mulheres
fazemos tudo com o coração.
Nós vamos agora
para a parte final desta sessão solene e eu convido para ocupar a tribuna o Dr.
Ganoune Diop, que também veio de muito longe. Dr. Ganoune, conforme já
apresentado, ele é o secretário-geral da Irla, a International Religious
Liberty Association, fundada em 1823. Cometi o erro, a emoção... 1893.
Já conta com
126 anos de atuação ao redor do mundo e eu, com alegria e gratidão, eu confiro
a palavra ele, que é uma inspiração durante os anos que eu o conheço e que tem
caminhado junto com o senhor, Mr. Diop. O senhor tem sido uma inspiração para
minha trajetória.
E com o senhor a palavra, com a tradução do
Dr. Jonatas Granieri.
O SR. GANOUNE
DIOP - (Pronuncia-se
em língua estrangeira, com a tradução do Dr.
Jonatas Granieri.)
Muito obrigado,
Dra. Damaris.
Gostaria de
saudar a dignidade de cada pessoa. Antes de eu começar a falar, eu gostaria de
enfatizar a minha motivação para estar aqui. Quando fui convidado para
comemorar a liberdade religiosa era claro para mim que isto é uma comemoração
de nossa humanidade.
Que vista
maravilhosa, ver pessoas até mesmo vestidas diferentemente; pessoas que têm
aparências diferentes; pessoa de persuasões diferentes que creem
diferentemente, mas que se ajuntaram para comemorar a liberdade religiosa.
Mas o que é
esta liberdade religiosa?
Eu gostaria de
levá-los há séculos atrás, porque o
nosso mundo nem sempre foi um mundo pacífico e isso é por causa das forças,
violência. Pensa, por exemplo, sobre as secessões dos impérios: um império
chega, conquista, chega até o ápice do seu poder. Mas, de alguma forma,
misteriosamente, esse império implode e desaparece, porque a violência nunca
consegue chegar ao fim do dia. Cedo ou tarde aqueles que se usam da violência,
no final, vão sofrer as consequências da violência.
Olhe para a História:
houve uma época onde o Egito era o império mundial, correto? Não mais. Então
vieram os assírios, os babilônicos.
Vossa
Excelência, Dra. Damaris, mencionou Cilindro de Ciro, correto? Do Império dos
Medos e Persas. Mas, sim, foi uma declaração maravilhosa de liberdade, mas eles
também usaram de violência e também foram presos a isso.
E aí gregos, e
aí eu preciso continuar com o Império Romano e o Império Bizantino, e aí você
se lembra também do Império Árabe-Muçulmano e os Mongóis e, depois disso, o
Império Otomano. E eu não preciso mais continuar.
Eu gostaria de
limitar o meu tempo para olhar para a história a partir das lentes da liberdade
religiosa: a violência era constante entre as nações, estava também entre os
povos religiosos.
Depois da reforma,
houve uma guerra que durou 30 anos, 8 milhões de pessoas foram mortas durante
esta guerra. Foi uma guerra de religião,
e para acabar esta guerra, em 1664 houve o Tratado famoso de Vestfália, para
que os cristãos parassem de matar os cristãos. Agora muito interessante, porque
seres humanos gostam de fazer tratados, declarações maravilhosas e, geralmente,
nós as celebramos após tragédias drásticas, mortes e crimes de atrocidade.
Durante o
Tratado de Vestfália, eles queriam melhorar essa situação, mas ainda não era a
liberdade religiosa, na verdade eles concordaram. Isso foi capturado em uma
fórmula latina: basicamente, a religião do príncipe em uma região precisa se
tornar a religião dos sujeitados a ele. Então, se você não acredita na religião
do príncipe, você precisaria ir para o exílio em algum outro lugar.
Isso não era liberdade
religiosa, ainda não.
Então, outra
tragédia mundial tomou lugar: Primeira Guerra Mundial, 60 milhões de pessoas
morreram. E aí, aproveitando, novamente um novo tratado, o Tratado de
Versalhes, para a paz. Mas trouxe ele a paz? Não, não trouxe.
De fato, haverá
então, uma outra guerra: a Segunda
Guerra Mundial. E agora 60 milhões de pessoas morrem.
Uma escolha
clara estava diante da humanidade: ou continuar a travar guerras e destruir a
humanidade ou começar a construir pontes. Pontes de reconciliação, pontes de
tolerância. Agora, eles então nessa hora, chegaram com um decreto maravilhoso:
após a Primeira Guerra Mundial, eles criaram a Liga das Nações; após a Segunda
Guerra Mundial, se tornou as Nações Unidas.
Então, em 10 de
dezembro de 1948, as nações concordaram para ratificar a Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Mas, desta vez, eles queriam usar um instrumento, entre
muitas outras ferramentas, para ajudar as pessoas a viverem em paz. E uma
destas ferramentas é o Artigo 18, porque sem estes direitos é impossível ter a
existência pacífica, nem entre nações, ou entre religiões.
Permita-me ler
o Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, agora recitando: “Todos,
sem exceção, todos têm o direito à liberdade de pensamento, consciência e
religião. Este direito inclui a liberdade para mudar a sua crença ou religião e
liberdade também, seja sozinho ou em conjunto, com outros, em público ou de uma
forma privada, para manifestar a sua religião ou crença no ensino, na prática,
na adoração e na observação”.
Sim, agora isso
é ratificado como um direito humano internacional e um direito internacional,
mas não fica aí. Agora nações incorporaram em suas Constituições a liberdade
religiosa, a liberdade de crença ou religiosa e, já que estamos no Brasil, com
certeza a Constituição Brasileira tem lá inscrita nela a liberdade de
consciência. E de fato, logo no preâmbulo da Constituição, direitos humanos são
mencionados, dignidade humana é mencionada. Então, este é direito de cada
brasileiro.
Mas deixa-me
levar para um passo além: então, a comunidade internacional concordou que
liberdade religiosa é um Direito Humano, um Direito Humano Universal. O Brasil
também diz que a liberdade religiosa é um direito humano.
Nós estamos
gratos, somos gratos por governos que vivem ou se pautam de acordo com a sua
Constituição, e é por isso que nós temos Assembleias Legislativas, os ramos, a
divisão dos Três Poderes observando, vigiando para que os cidadãos de fato
desfrutem desses direitos. Mas, agora, não é apenas um direito.
O que está em
jogo com a liberdade religiosa mais profundo do que apenas um direito? É um aspecto dessa liberdade que está
conectada à nossa humanidade: para ser um ser humano, quer dizer, ter de fato,
na verdade, um direito à liberdade religiosa. Por quê? Porque a liberdade
religiosa está conectada a todos os direitos fundamentais. Para se ter
liberdade religiosa, é necessário ter a liberdade de pensamento, liberdade de
consciência, liberdade de decisão, liberdade de escolha, liberdade de reunião.
Isto é extremamente importante.
Aproveitando,
foi Nelson Mandela quem disse: “Para negar a cada ser humano o seu direito
humano (seu, dele ou dela) seria negar a humanidade daquela pessoa”. E eu posso
dizer: “Negar a qualquer pessoa a liberdade de crença ou religião é negar a
liberdade daquela pessoa, a humanidade dela”. Por quê? Há algo profundo e misterioso a respeito de
cada ser humano: você vê a consciência e é como se estivesse em um santuário.
Por exemplo, quando eu penso sobre religiosos e eu te respeito, porque eu tenho
profunda solidariedade para com a sua humanidade.
Mas mesmo na minha comunidade de fé, os
Adventistas do Sétimo Dia, há pessoas que talvez não valorizem tanto a
importância dos seres humanos. Então, é por isso que eu estou compartilhando
também entre os adventistas aquilo que eu compartilho neste momento. Por
exemplo, cada pessoa aqui pode ser comparada a um templo, mas às vezes, nós
achamos que os lugares são mais importantes do que as pessoas. Permita-me
dizer: você é mais importante do que catedrais, você é mais importante do que
lugares sagrados, você é mais importante do que qualquer, qualquer, lugar
religioso. Em alguma das tradições, aproveitando, eles são até chamados de
templo do Espírito Santo.
Então, se eu
posso respeitar o lugar santo, quanto mais ainda devo eu respeitar os seres
humanos?
De fato, vocês
são sagrados, e é por isso que a
liberdade religiosa não é apenas um direito, não apenas um direito humano, mas
um sinal que nós respeitamos profundamente cada ser humano. Nós não precisamos
concordar naquilo em que cremos. Talvez eu não acredite, ou creia no mesmo
quanto outras pessoas em algumas áreas, mas é o meu dever profundo como ser humano,
respeitá-lo.
E por que eu faria isso? Por causa da
dignidade humana. Se eu não celebrar a sua dignidade, eu traio a sua
humanidade, e eu traio toda a família humana e é isso que está em jogo aqui.
Então, eu vim para unir-me a você, para comemorar a sua humanidade, até mesmo a
dignidade das diferenças.
E eu estou realmente grato que a Dra. Damaris
e muitas pessoas aqui no seu grupo e líderes políticos deste estado uniram-se:
alguns políticos, alguns agentes políticos e agentes religiosos, juntos para
dizer não à violência, para dizer não à discriminação, para dizer não à
criminalização de outras pessoas, para dizer sim ao acolhimento da família
humana. Novamente, não significa crer como todo mundo, não é isso.
Permita-me
dizer algo muito trivial: minha esposa e eu temos três filhos, eles são tão
diferentes, mas nós não fazemos nenhuma diferença, o que eles creem. Eles
sempre serão o objeto do nosso amor, nós decidimos que nunca vamos discriminar
contra eles, nós nunca vamos criminalizá-los.
Agora, por que
não expandir isso para toda a família humana?
Esta é a minha escolha na minha vida, e é por isso que eu promovo e
defendo a liberdade religiosa.
Mais uma ideia:
eu digo que seres humanos são sagrados, correto? Então eles não devem ser
violados, nenhum ser humano deve ter os seus direitos violados na sua integridade
física, na sua integridade emocional, na sua integridade intelectual, na sua
integridade espiritual.
Diga não à
violência. Este é o problema, o e eu mencionei sobre todas essas nações que
chegam e depois desaparecem, é porque eles usaram-se da violência, e a
liberdade religiosa é como um antídoto. E algo que nos lembra, vê a pessoa
sentada ao seu lado, a liberdade religiosa me diz que aquela pessoa é sagrada.
Por favor, respeite essa pessoa, honre a dignidade dessa pessoa.
Imagina o que
este lugar seria se cada um de nós tomar esta decisão: “De agora em diante
respeitarei cada pessoa com a qual me encontrar, e não depende se essa pessoa
tem uma alta posição ou não, e não interessa se essa pessoa tem notoriedade ou
é uma pessoa pobre.” Todos os seres humanos deveriam desfrutar da
dignidade de serem respeitados.
A violência, e
conter aqueles que são violentos, são interesses do Estado. Sim, então deixe o
Estado decidir com justiça como regular a sociedade, conter a violência, para
que as pessoas possam viver em paz.
Eu gostaria de
deixá-los com uma ideia: talvez o Brasil possa se tornar um exemplo para o
mundo, vocês têm uma diversidade natural aqui. E eu tenho prazer que pessoas
como a Dra. Damaris e muitas pessoas, Helio Carnassale - eu menciono isso porque eu conheço essas
pessoas - mas, se eu estivesse mais
familiarizado com vocês, mencionaria os seus nomes também, só pelo fato de que
vocês decidiram estar aqui hoje, para comemorar a liberdade religiosa.
Então vamos
continuar, comemorar a nossa humanidade e vamos promover a liberdade religiosa,
porque se privarmos as pessoas desse direito fundamental, vamos tirar deles a
sua humanidade.
Tem um poder
que eu nunca vou ter, vem e diga para a minha esposa: “Você precisa me amar!”
Impossível, porque o amor é sempre motivo de alegria. Não há aliança, e
casamento é um deles, sem a liberdade de escolha. Então, este é o motivo pelo
qual sempre devemos permitir as pessoas serem elas mesmas e para,
voluntariamente, escolher entrar em uma aliança de amor.
Eu realmente creio. Agora, você não precisa
acreditar nisso, mas nós podemos ter muitos valores em comum.
Mas, eu creio, eu acredito que nós fomos
chamados. Chamados para amar um ao outro e chamados para respeitar um ao outro,
chamados para dar espaço para as pessoas, para que elas possam decidir no que
crer, no que não crer.
Então, a
liberdade de crença ou religião, a liberdade religiosa, a liberdade contra a
violência, a liberdade contra machucados e feridos, a liberdade de não ser
perseguido por causa da fé, a liberdade de não ser assassinado por causa da fé
de alguém, de fato, é o direito à paz.
Muito obrigado.
A SRA.
PRESIDENTE - DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Esgotado o
objeto da presente sessão, eu passo, então, a agradecer a todas as autoridades
presentes representando aqui os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário.
Agradeço a
todos os líderes religiosos representando aqui o seu segmento; agradeço aos
estudantes de Direito que estão aqui; aos advogados que aqui também vieram;
todos os profissionais que apoiam esta causa nos seus espaços de atuação.
Agradecendo à
Mesa ilustre composta por esta base e também acima aqui de nós.
Agradecer
também à minha equipe que trabalhou arduamente comandada, vou pedir para ele
ficar de pé, professor Samuel Luz, Dr. Samuel Luz, presidente da Associação
Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania que comandou a equipe que
organizou este evento.
Agradecer aos funcionários dos serviços de
Som; da Taquigrafia; de Atas; do Cerimonial; da Secretaria Geral Parlamentar;
da Imprensa da Casa; da TV Alesp; das assessorias policiais Militar e Civil e
também agradecer à nossa cantora e ao seu músico que a acompanha, Fernanda, que
nos abrilhantou com essas músicas.
Agradecer a
todos vocês.
Eu gostaria de
descer para abraçá-los. Foram persistentes, ficaram até aqui para levar consigo
um conteúdo que é um carimbo na nossa alma. Nós estamos falando do direito de
escolher livremente, do direito de professar livremente, do direito de nos
organizarmos livremente em torno da fé que nós escolhemos.
E eu acredito
numa coisa: eu não quero esquecer ninguém que veio aqui. Eu quero que vocês
levem no coração gratidão, não só porque você veio aqui. Por que eu sei que nós
sairemos daqui, presidente, nós sairemos daqui, meus companheiros de Mesa, como
sementes.
Eu falo sempre
isso: “Nós não frequentamos um ambiente como este, participamos de um evento
como este para sair igual como quando entramos”.
Nós entramos aqui para sair diferentes,
deputado Castello Branco, nós entramos aqui para sairmos como sementes de uma
nova floração. Eu creio nisso, por isso que eu cumprimento com emoção, com todo
o meu coração.
Nós amamos a
liberdade religiosa, nós lutaremos até o final. Como disse Martin Luther King:
“para que a liberdade corra como uma enxurrada montanha abaixo”. Porque a
Constituição Federal falou no Artigo 5º que todos, indistintamente, secretário,
“neste País não podem ser privados de qualquer direito em virtude de sua crença
religiosa”; a Constituição, no Artigo 5º, inciso VIII diz que “é inviolável
consciência, crença e os locais de culto estão protegidos neste País”.
Portanto,
queridos, nós somos semente de uma nova floração. E nós podemos, com o nosso
trabalho, e da maneira como nos portamos em todos os lugares de convivência que
nós frequentamos, nós podemos transmudar realidades intolerantes, realidades
injustas, realidades onde há ausência de liberdade religiosa em realidades mais
justas, em realidades mais fraternas e em realidades mais solidárias.
Muito obrigada,
porque você veio. A todos os nossos convidados, o nosso convidado especial, que
veio de longe, e a todos que estão aqui levem o meu muito obrigada.
Nós estaremos
nesta Casa para receber a todos. Esta Casa não é minha, na minha casa eu recebo
quem eu quero, aqui nós receberemos a todos os religiosos que enfrentarem
situações que limitem, seja por restrições governamentais ou sociais, limitem o
direito de liberdade religiosa.
Muito obrigada
a você que veio, o meu abraço e a minha gratidão.
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- Encerra-se a
sessão às 21 horas e 33 minutos.
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