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2 DE ABRIL DE 2019

3ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CAUÊ MACRIS

 

Secretaria: VINÍCIUS CAMARINHA e RAFA ZIMBALDI

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Coloca em discussão o PL 147/18.

 

2 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 147/18.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Discorre acerca do trâmite do PL 147/18.

 

4 - DOUGLAS GARCIA

Para reclamação, lembra orientação da Presidência a respeito dos discursos na tribuna.

 

5 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Lembra usos e costumes dessa Casa. Enaltece a importância de se atentar ao tema específico da Ordem do Dia.

 

6 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, rebate o pronunciamento do deputado Douglas Garcia.

 

7 - MÁRCIA LULA LIA

Para comunicação, afirma que a emenda aglutinativa ao PL 147/18 não atende ao acordado previamente.

 

8 - PROFESSORA BEBEL LULA

Discute o PL 147/18.

 

9 - BETH LULA SAHÃO

Discute o PL 147/18.

 

10 - ERICA MALUNGUINHO

Discute o PL 147/18.

 

11 - WELLINGTON MOURA

Discute o PL 147/18.

 

12 - LUIZ FERNANDO LULA DA SILVA

Discute o PL 147/18.

 

13 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o PL 147/18 (aparteado pelos deputados Frederico d`Avila e Paulo Fiorilo).

 

14 - TEONILIO BARBA LULA

Solicita verificação de presença.

 

15 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Indefere o pedido, ante a constatação de quórum.

 

16 - JANAINA PASCHOAL

Discute o PL 147/18 (aparteada pelo deputado Campos Machado).

 

17 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita verificação de presença.

 

18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ante a constatação de quórum.

 

19 - ED THOMAS

Para comunicação, lembra o Dia do Autismo, comemorado hoje. Clama à Presidência que paute projetos sobre o tema. Agradece a seus pares que assinaram frente parlamentar em defesa da matéria.

 

20 - MÁRCIA LULA LIA

Discute o PL 147/18.

 

21 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita verificação de presença.

 

22 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ante a constatação de quórum.

 

23 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA

Discute o PL 147/18 (aparteada pelos deputados Paulo Fiorilo e Aprígio).

 

24 - PROFESSORA BEBEL LULA

Para comunicação, discorre acerca do uso de agrotóxico sem marco regulatório, no PL 147/18.

 

25 - EMIDIO LULA DE SOUZA

Discute o PL 147/18.

 

26 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Lembra sessão extraordinária a ser realizada hoje, dez minutos após o término desta sessão. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Em discussão e votação o Projeto de lei nº 147, de 2018. Inscrito para falar a favor, o nobre deputado Campos Machado.    

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, cá estou eu, novamente, no mais sagrado lugar desta Casa, que é a tribuna. Esta tribuna já foi utilizada pelo grande criminalista Marco Antônio, Franco Montoro, Jânio Quadros, entre outros. Mas, Sr. Presidente, nobre deputado Cauê Macris, verifico a impossibilidade de eu prosseguir no meu pronunciamento, com este recreio aqui na minha frente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Reservado o tempo de V. Exa., preservados os 15 minutos, eu gostaria de pedir aos deputados que estão conversando no plenário que, por favor, caso assim o desejem fazer, que possam fazer ou no café dos deputados ou na sala acima, e não no plenário. No plenário, é importante que a gente acompanhe o processo de discussão deste importante projeto.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, três assuntos. Primeiro, quero anunciar aos executivos, a aqueles que trabalham pelo projeto dos executivos, que o projeto de vocês já está incluído na pauta do Colégio de Líderes.

Hoje simplesmente não foi pautado porque o nobre deputado Camarinha pediu para dar uma olhada. Acho que ele tem toda a razão de verificar o projeto. Quero dizer aos senhores que esse projeto já se encontra na pauta do Colégio de Líderes, podendo ser analisado num tempo que considero relativamente breve.

Sr. Presidente, hoje vivi uma tarde de fantasia. Presidentes, representantes de seis empresas estatais.

Um falando por três. Nelson de Souza, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, que assumiu, no início de janeiro, três funções: presidente da CPOS, presidente da Emplasa, presidente da Codasp. Significa que ele conhece, profundamente, os 50 anos de uma, 90 anos de outra, 40 anos de empresa. Ouvimos, também, o doutor Milton Persoli, presidente do Dersa. Ouvimos o doutor André Arruda, da Prodesp. E Nourival Pantano, da Imesp, Imprensa Oficial.

Seis empresas. E o governador do estado, de uma maneira um tanto quanto descarada, enviou, para esta Casa, um único projeto, contemplando a possibilidade de fusão, de venda, de extinção, ou qualquer outro verbo que se queria utilizar. Um projeto só, para tratar de seis empresas totalmente diferentes uma da outra.

Resumindo o que um deputado me disse, dos novos, que chegaram a esta Casa: “Campos, vai ser sempre assim no atacado? Por acaso a Assembleia é o supermercado Extra? É só atacado, não tem varejo? Por que ele não mandou um projeto por vez? Porque ele não explica os seis projetos?” Como dizia o velho Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica.”

Está aqui. A Emplasa, o senhor Nelson de Souza, não disse nada. Ele não conhece nada sobre a Emplasa, que é uma empresa de planejamento. Mas foi bom que ele veio aqui. Para constatarmos a inabilidade que o governador teve em enviar um projeto com seis empresas.

O que esta Casa vai fazer, analisando seis empresas de uma vez só? Será que a nossa Casa tem 94 Einsteins? Não é possível, deputado Carlão Pignatari. Me desculpe, não é possível. Segundo o governo, todas as empresas estão falidas. Mas não foi isso que ouvi hoje. Não ouvi isso aí. Ninguém explicou nada.

A Emplasa é uma empresa de planejamento. Quem vai planejar? Como dizia o representante dos trabalhadores: “A Emplasa pensa no povo. As empresas pensam no lucro.” Essa é a realidade. Se tivermos a condição de analisar empresa por empresa! O governo deveria tomar a iniciativa de retirar esse projeto e enviar projeto cada um referente a uma empresa, nós teríamos condições de discutir projeto a projeto. Eu não sou contra a privatização, Major Mecca. Eu sou contra a maneira atabalhoada, a maneira como o governador agiu. Ele está entendendo o quê? Que essa assembleia é uma escola, é um colégio infantil? Ele pensa que aqui ninguém vai discutir nada? Aí, marca-se uma audiência pública. O que é que vai se resolver na audiência pública tratando de seis empresas? Nada. Nada, nada, nada. E o pior, no pouco que posso entender, deputado Camarinha, o governador quer governar o Estado vendendo ativos. É aquele que começa a vender tudo que tem. E o que ele faz? Ele vende, arrecada e asfalta o caminho dele que ele quer seguir em direção a Brasília. Exceção feita ao PSDB, que é obrigado a votar, exceção feita a alguns partidos que têm secretarias de Estado, os demais deputados, me permitam a ousadia, não podem aceitar essa humilhação.

Isso é humilhação, senhores deputados. O Governo não está tratando com seriedade esta Casa, deputado; não está com seriedade. Amanhã ele vai mandar mais dez projetos aqui. Já chegou a do Ginásio de Esportes.

Todo dia chega um projeto novo. O que eles estão fazendo? Vão fazer um pacotaço. É por isso que eu vou me empenhar, não pelo meu ponto de vista, ou pela minha posição político-partidária. Não. Eu vou me empenhar porque estou há 28 anos nesta Casa e aceito tudo, menos humilhação.

Posso perder, mas caio de pé, não caio sentado. É impossível que nós tenhamos alguma dúvida, deputado Itamar, alguma dúvida de que esse projeto está mal explicado, mal definido. Seis empresas de uma vez só. Nós tínhamos que analisar cada projeto com profundidade, deputado, com critério. Tem empresa aqui que deu lucro o ano passado. Eu não estou nem falando dos funcionários. Mas vem um representante do Governo e diz: “os funcionários têm 25 a 50 anos de empresa”. Qual é o problema? Cabelos brancos, enevoados pelo tempo significa o quê? Experiência. E os anos sabem coisas que os dias não sabem. É inaceitável tratar as pessoas, só porque tem certa idade, como peças descartáveis. Vão fazer o quê com essa gente que tem mais de 25 anos de empresa e mais de 50 “perguntaram para mim, hein?”. O que acham os senhores e senhoras o que vai acontecer com os funcionários dessas seis empresas? A ameaça que um fez: não sei qual desses iluminados senhores disse “se os funcionários não utilizarem o PDV, que é Demissão Voluntária, vão ficar sem nada”. É assim que eles querem impingir nesta Casa votação de projeto? Ameaçando, intimidando? E os números são dispares. As entidades dizem uma coisa, os funcionários do Governo recém empossados. Não é possível, deputado Emidio. Quando o senhor tomou posse na Prefeitura de Osasco, em dois meses o senhor tomou conta de todos os problemas da cidade.

É impossível. É inadmissível. É por isso que nós estamos vindo aqui hoje no mesmo dia em que foram ouvidos os funcionários do governo, todos de fora. O Sr. Nelson de Souza não conhece o estado; se não conhece o estado, muito menos conhece a Ceproeste, a Emplasa e a Codesp.

Mas, falou com uma clareza que ninguém entendeu nada. Olha a clareza dele. Os deputados saíram pior do que entraram. "Ah, mas vai ter amanhã uma reunião pela manhã."

Lá vem o governo de novo. Manda para cá o secretário de Governo. E vai fazer o quê? Vai repetir o lenga-lenga sem dar explicação lógica e racional. E vai trazer a tiracolo o mesmo pessoal que veio hoje aqui e nada disse.

"Nós vamos marcar uma audiência pública." Para quê? Como é que eu vou discutir o estado inteiro, a Saúde do estado inteiro, num único dia? Como é que nós vamos misturar Osasco com Pacaembu? Marília com Registro? Como é?

Nós tínhamos que ter tempo. Eu senti que nenhum deles conhece as empresas que eles presidem. Nenhum deles. Todos forasteiros. Olha o secretário de Educação: é do Amazonas. O que é que o senhor pode entender de Educação? Ele era secretário lá em Manaus. Mas, está aqui.

CPTM: o presidente, de onde veio? De outro estado. Nunca andou em trem e não sabe nem o que é metrô. Então, eu indago: o que esta Casa vai fazer? Vai silenciar? Vai ser atraída pelo calor do Governo do Estado? Vão trocar consciências por espaços ou por verbas?

E esta Casa, o que é que eu faço com 150 anos desta Casa? Jogo fora? Eu sei, estou guardando bem os nomes e os partidos dos deputados que se manifestaram contra o 1/19.

Será que eles vão mudar da noite para o dia? Será que algum passe mandrakeano ou alguma força divina, vinda lá do Oriente Médio, ou de Israel, ou Jerusalém, vem aqui e muda a opinião dos deputados que já se manifestaram aqui nesta Casa?

Eu não sou cobrador. Mas, também, não nasci para rastejar. Se alguém está imaginando que eu vou me vergar nesses anos, está equivocado. Para mim, palavra dada é flecha lançada, não volta mais.

E atitude tomada não pode ser modificada ao sabor dos ventos. Os ventos são mentirosos. Os ventos, dizia o poeta, são inconstantes. E os ventos modificam o caráter de um homem.

Espero que esses ventos não soprem aqui nesta Casa quando formos votar o Projeto 1/19. Tem que falar mais alto a dignidade desta Assembleia. Portanto, Sr. Presidente, terminando, Sr. Presidente, eu gostaria de indagar se há algum acordo celebrado a respeito do 147. Tanta conversa não chegou a lugar nenhum? Que tal a gente suspender a sessão por um tempo e os líderes voltarem a conversar? Quem sabe a gente encontra um caminho até o final?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado, pelo que senti no Colégio de Líderes, existe um entendimento, com exceção do PT e do PSOL, que se manifestaram contrariamente ao encaminhamento da discussão desse projeto. Parece que todos os outros líderes buscaram um entendimento no texto construído, na emenda aglutinativa construída pelo deputado Barros Munhoz, que foi distribuída lá. Parece que tem alguns ajustes ainda. Pelo menos foi o que entendi até esse momento.

 

 O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Sr. Presidente, para fazer uma reclamação.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para uma reclamação, V. Exa. tem a palavra.

 

 O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - PARA RECLAMAÇÃO - Sr. Presidente, na semana passada, o senhor falou - foi acordado aqui - que os temas a serem debatidos durante a inscrição para a fala sobre o projeto seriam especificamente sobre o projeto.

Se cada deputado fizer como o deputado Campos Machado fez, de subir ali em cima e ter o tema livre, aí eu vou ser favorável à criação do comitê de combate à tortura do PT.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr. Presidente. Sr. Presidente, fui chamado...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos, vou passar a palavra a Vossa Excelência. O deputado Douglas Garcia invoca um artigo do Regimento. Eu realmente, de fato, tinha falado na semana passada sobre a questão do tema que está sendo discutido, e que os deputados têm que se ater ao tema.

Existem os usos e costumes da Casa, que, ao longo do tempo, foram dando abrangência aos temas de discussão. Isso leva os deputados a falarem sobre temas diversos nesse processo. É claro que peço sempre atenção. Eu, como presidente da Casa, não estou aqui para tutelar deputado. Acho que cada um tem sua posição clara sobre aquilo que manifesta. Porém, sempre atento aos deputados que é importante se ater ao tema.

Com a palavra o nobre deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Mas que arrogância desse deputado Douglas Garcia! Que petulância! Me desculpe, deputado. Vossa Excelência poderia guardar as palavras dentro do senhor. Já disse uma vez aqui: as palavras, enquanto nós não as proferimos, são nossas prisioneiras; depois que as proferimos, nós passamos a ser prisioneiros delas.

Vossa Excelência vem aqui... Não tem mais o que fazer, não, deputado Douglas? Tem história, esta Casa aqui. Quer mudar, deputado Douglas? Ganhe a eleição para presidente. Ganhe toda a Assembleia. Não venha aqui dar sugestões inócuas, imbecis. Estou sendo sincero, não posso admitir.

O deputado Douglas Garcia, o que é? Ele é sempre metido a bravo, a nervoso, a ofender todo mundo, a achar o quê? Que só ele é que veio de baixo e chegou a deputado? Ele conhece a história das demais pessoas? Ele conhece a minha história? Não conhece! Mas vem aqui deitar falação? Vossa Excelência acha, presidente, que vou me importunar com as palavras do deputado Douglas Garcia, que não diz nada? Não sei por que ele veio aqui a esta tribuna.

Eu acho que deveria propor uma mudança no Regimento: Art. 1º - Fica obrigado a renunciar o deputado que sair do tema. Item 2º - O primeiro a renunciar, a ser cassado, será o deputado Campos Machado.

Eu deveria me ater ao seguinte: o que estou fazendo respondendo o deputado Douglas Garcia? O que é que estou fazendo, deputado Barros Munhoz? Não estou me conhecendo. Vou sentar ali e refletir sobre o que deu em mim ao responder a essa postura enigmática, arrogante, do deputado Douglas Garcia.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Sr. Presidente, para um comunicado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes de passar a palavra, já convido a deputada Bebel para que possa ir à tribuna para falar contra o projeto. Enquanto isso, V. Exa. tem a palavra para um comunicado.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, V. Exa. colocou a respeito da discussão do PL 147. Realmente, as tratativas caminhavam na perspectiva de que conseguiríamos fazer um texto que foi acordado hoje pela manhã. Acontece que a emenda aglutinativa traz uma série de modificações, de coisas que não foram conversadas e combinadas na reunião da manhã. Por isso é que não tem acordo nenhum em relação ao texto, porque o texto não atende aquilo que foi dialogado e que foi construído na perspectiva de que nós tivéssemos um acordo.

Pelo menos uns três ou quatro artigos, parágrafos, incisos foram modificados do que nós combinamos, então não tem acordo realmente. Nós queremos... Estamos fazendo novas propostas, tentando chegar a um denominador comum, para que a gente possa aprovar então a emenda aglutinativa, caso contrário isso não será possível.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra a deputada Bebel.

 

 A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente. Cumprimento novamente a Mesa, cumprimento os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas, toda a assessoria novamente cumprimento, e cumprimento também o público presente.

Antes de fazer a minha posição contrária ao PL 147, eu quero reafirmar, de certa forma concordar com o deputado Campos Machado. Eu não vou nem entrar no mérito de quem falou, eu estou entrando no mérito do que ele falou quando assim foi abordado por colocar um posicionamento de uma forma de privatização que está acontecendo e de que ele discorda. De certa forma, isso merece ser... Nós temos que prestar atenção a isso, é necessário.

Eu sou novata - embora de idade seja um pouco vivida já -, mas novata de bancada, de Casa, e a gente aprende muito tanto com os companheiros de partido, da bancada do Partido dos Trabalhadores, dos companheiros do PSOL que aqui já estavam, com vocês do PTB... Nós aprendemos sempre uns com os outros, então a gente não pode muito subir no salto e vir dar ordem sobre quem já tem um pouco de conhecimento de tribuna, de traquejo de como fazer uma discussão e outra. Isso é necessário entre nós.

Eu não acho que tem que invocar Regimento. Quem sobe aqui tem a prerrogativa de falar, fala o que pensa dentro de uma conjuntura do que está acontecendo, e eu quero ter esse direito também. Até começo inclusive reafirmando, só que em uma perspectiva contrária à do deputado Campos Machado, porque ele não é contra privatização, e eu tenho um princípio contrário à privatização, contrário porque entendo que o papel do Estado é assumir, sim, as questões fundamentais que garantem a vida, que garantem a escola pública de qualidade, que garantem a saúde pública de qualidade, que garantem o direito da mulher. Por isso, nós precisamos cada vez mais ampliar o direito dos transexuais, enfim, nós temos que ter essa clareza quando subimos aqui.

Então, quando fazemos esse debate aberto, mas ao mesmo tempo puxando para o tema em questão... A gente não vive numa redoma de vidro. Tudo acontece ao mesmo tempo. Estão acontecendo as privatizações. Na semana passada, a gente debatia aqui o caso da CPTM, né? Outro dia a gente debatia outras questões, então não é uma redoma de vidro, tudo acontece. Então, essa linearidade não pode ter em um debate e em uma tribuna onde a gente pretende convencer e ser convencido, eu acho que é isso.

Mas eu vou me ater agora... Quero entrar um pouquinho no 147. Eu não sou conhecedora da matéria, por isso eu pedi a meus companheiros de bancada - e isso sem nenhum prejuízo de acordos que se fizerem. O meu voto vai ser... Eu acompanharei, porque tenho uma postura, deputado Campos Machado, de ser muito disciplinada partidariamente, e vou para a defesa do meu partido. O Lula Livre é a causa para mim, tenho isso muito claro, por isso que é justo quando o senhor vem aqui e faz as cobranças que faz.

Mas eu quero entrar no 147. Por que eu sou contra o Projeto de lei 147? Ele dispõe sobre o quê? Dispõe sobre registro de empresas, o cadastro de produtos e a fiscalização do uso, do consumo, do comércio, do armazenamento, do transporte, da prestação de serviço na aplicação, na destinação de embalagens dos agrotóxicos e afins de uso fitossanitário em área agrícola e altera a Lei nº 15.266, de 26 de dezembro de 2013, que dispõe sobre o tratamento tributário relativo às taxas no âmbito do Poder Executivo e dá outras providências.

A primeira questão que eu tenho, o primeiro sentimento que eu tenho disso é que esse Projeto de lei, já de antemão, sem entrar no mérito, coloca o agrotóxico como dado. Está dado. Vamos usar o agrotóxico, desde que seja dentro desta regulação, desta lei. E tem pegadinhas no meio, mas é bom refletir sobre o mérito: o que o agrotóxico faz na vida das pessoas.

Quando você regula algo que é para o uso, você tem que conhecer o mérito disso. Ou eu estou errada? Tem uma pesquisa que a Anvisa fez e demonstra há que muitos resíduos de agrotóxicos. Primeiro, 58% dos alimentos no Brasil estão contaminados por eles; 38% dos alimentos apresentam resíduos em quantidades aceitas; 19% dos alimentos apresentam resíduos não autorizados para a cultura em quantidades acima do limite; apenas 42% dos alimentos não apresentam resíduos de agrotóxicos.

Isso é sério. Quando a gente debate essa questão do agrotóxico, ela não está descolada de uma outra questão que é: eu não estou aqui jogando dúvida. Nós estamos em um país capitalista, que tem uma visão de um país continental e que tem muita gente para comer. Então, tem que produzir muito rápido. Tem as sementes, os herbicidas, os inseticidas e também as sementes que levam ao apressamento da cultura de uma determinada plantação que se quer colher. Não é diferente disso.

Tem a questão dos transgênicos, vamos debater. Abre uma audiência pública e vamos debater. O que não dá é para regular alguma coisa como se nada tivesse acontecendo. É levantar as pesquisas, por exemplo, com relação ao câncer, a questão da hepatite e tantas outras doenças que são contraídas, sim, pelo uso excessivo de agrotóxico.

E eu não sou Madre Tereza de Calcutá. Eu chamo atenção para o seguinte: há que ter um marco regulatório. Eu conversava com os professores da USP hoje pela manhã e chamei atenção daqueles aviõezinhos que passam pulverizando tudo e matam animais, as ervas e atingem pessoas, inclusive. E dizia o pesquisador da USP: “professora, já tem algo na tecnologia, que está avançada, que é a questão de ter os mesmos aviõezinhos, mas que está de forma direcionada para aquela planta que quer atingir. Mas a gente não está vendo isso aqui no PL. E eu vou destacar no PL o que eu discordo.

Aqui, no próprio Art. 4, na versão original, está dito que o registro das empresas dar-se-á pela emissão de certificado e modelo próprio. Depois, o parágrafo terceiro diz que fica dispensada de licenciamento ambiental atividade e comércio de agrotóxicos embalados, salvo se houver fracionamento no estabelecimento. Aqui, no mínimo, tem que ter “poderá ser dispensada”, mas não peremptoriamente ficar dispensada.

Quando eu chamo a atenção para que se tenha um marco regulatório, é para não deixar a questão tão aberta, embora eu tenha uma posição muito mais pela agroecologia, pelo orgânico, acho que o sonho de consumo dos pequenos agricultores seria exatamente oferecer alimentos saudáveis, e não alimentos - desculpem quem discorda de mim - envenenados por agrotóxicos.

Mas eu me predisponho a me debruçar na lei, não tenho problemas, estou me debruçando na lei. Aí tem o Art. 4º. Aliás, já falei do Art. 4º. Aqui, no caso, o próprio inciso todinho pode ser vetado, porque deixa aberto que a pessoa pode, que fica dispensada de apresentar o certificado, é muito aberto.

Fica muito aberto e não podemos, temos que ter regulamentação no que tange às questões que tratam de Saúde. Você pode investir aqui e gastar mais em Saúde depois. É uma questão de Saúde Pública, sobretudo.

Outra questão é no que diz respeito ao segundo dispositivo, o Art. 5º, na versão original do projeto. Eu não peguei emenda aglutinativa, Márcia, peguei a versão original. Se tem aglutinativa está aqui. Os agrotóxicos e afins, de uso fitossanitário em área agrícola, poderão ser comercializados, utilizados, transmitidos após a obtenção.

Como a gente proporia? Aqui vocês tiram, na verdade, pela emenda aglutinativa apresentada, que tinha a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. É importante ter entidades legalmente constituídas, e não somente aquelas relacionadas, qualquer uma, até porque mexe com os direitos coletivos e difusos.

Então, por essa razão e assim sendo, eu venho a esta tribuna me colocar contrária.

Aí tem mais um dispositivo que também, no Art. 7º, a gente pede, eu pessoalmente peço, para mexer no oitavo, no nono, no décimo primeiro, no décimo terceiro, no décimo quinto e no vigésimo quarto. Porque aqui tem atenuantes genéricas aplicáveis aos casos concretos nesta Lei.

Então, a gente precisaria, e aí quero concordar, ter um marco regulatório. Se você não domina, pelo menos entra no marco regulatório. A gente tem uma audiência pública. A audiência pública é a oportunidade de a gente, no mínimo, lamentavelmente, admitir que tem, mas não fica a cancela aberta, de tal forma que a gente fica mais vulnerável às doenças que o agrotóxico impõe à comida. Isso está no ar que nós respiramos, no leite que nós tomamos, na fruta que nós comemos, em tudo. Então não é pouca coisa isso aqui.

Pode render muito lucro, mas também tem a outra porta de saída, muita doença também tem que ser tratada pelo Poder Público. É uma via de saída dupla. Eu chamo a atenção deste plenário para a gente debater melhor essa questão.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Próxima inscrita para falar a favor é a nobre deputada Beth Sahão.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Sr. Presidente, deputadas e deputados desta Casa, telespectadores que nos assistem, funcionários, público da galeria, pessoal da Emplasa, que hoje esteve no Colégio de Líderes ao lado de outras empresas que estão correndo risco de serem privatizadas, minha saudação e meu respeito por todos vocês.

Antes de iniciar o debate sobre o Projeto 147, quero deixar registrado, indo ao encontro do que a deputada Bebel falou em relação ao Projeto Guri, que nós estamos nessa briga, vamos dizer assim, desde sexta-feira, no final da tarde, quando ficamos sabendo da intenção do governador Doria de extinguir o Projeto Guri, um programa importante, que atende mais de 60 mil crianças, que tem 300 e poucos polos no interior do estado de São Paulo, que ajuda as crianças e os adolescentes a terem uma ocupação no período extracurricular, em que eles não estão na sala de aula. De repente, do dia para a noite, o governador Doria resolve extinguir.

E ele não voltou atrás porque ele é um bom governador não, ele voltou atrás por conta da pressão que aconteceu, por conta da pressão da opinião pública, da sociedade de um modo geral, de atores que estão envolvidos nesse projeto. Por isso ele voltou atrás. O governador é extremamente refratário a esses tipos de pressão. Ele não gosta muito de ser pressionado. Mas o que importa para nós é que o programa vai voltar a funcionar e não vai prejudicar milhares de crianças, deixando de ser apresentado.

Sr. Presidente, hoje participamos pela manhã da discussão sobre o Projeto 147, que tenta regulamentar a utilização dos agrotóxicos aqui no estado de São Paulo. Quero dizer já de pronto que eu sempre pensei, deputado Jorge, que os agrotóxicos são nocivos à saúde. Os estudos têm demonstrado isso cada vez mais.

O Brasil é campeão da utilização de agrotóxicos no mundo. Entre 2007 e 2014, o estado de São Paulo foi responsável por 12.562 denúncias de intoxicação. Há uma suspeita muito grande de que essas denúncias são subnotificadas, ou seja, muita gente que manuseia isso, que respira isso, que convive com esses agrotóxicos infelizmente não levam adiante os efeitos perversos que o agrotóxico provoca sobre a saúde humana. Eu estou pegando um aspecto, que é o aspecto da saúde humana.

A gente sabe, muitas vezes, que os alimentos que chegam à nossa mesa são responsáveis pela ocorrência de centenas de doenças na população brasileira. O Brasil é o maior aplicador de agrotóxico do mundo. Isso nós precisaríamos restringir, isso nós precisaríamos limitar. Mais do que isso, fazer com que a fiscalização fosse efetiva, fazer com que houvesse de fato fiscais suficientes e cada vez mais capacitados e treinados para poder ir “in loco” verificar os malefícios, a maneira como esses agrotóxicos estão sendo aplicados, estão sendo manuseados, se os trabalhadores estão usando os equipamentos de proteção individual.

A aplicação de agrotóxicos, por exemplo, de forma aérea, havia sido proibida. De repente, quando entrou o Temer golpista, ele liberou a aplicação de agrotóxico através de aviões. E nós sabemos que quando o avião passa com o veneno, ele não aplica só no lugar onde está passando. O ar e o vento espalham o veneno para todos os lugares, e as pessoas respiram esse veneno. É preciso trazer esse debate também.

Agora, tem uma lei federal. A discussão que nós fizemos aqui nesta Casa hoje, na tentativa de poder aproximar esse projeto de lei do estado à lei federal, porque a lei federal é mais completa, deputado Barros Munhoz, que eu respeito muito e que está fazendo um esforço grande para que a gente possa chegar a um denominador comum... Ainda não chegamos, porque nem tudo o que foi apresentado nós concordaremos. Nem tudo.

Por exemplo: a questão da interdição temporária quando se pega uma empresa utilizando de forma irregular um agrotóxico. Então, você interdita temporariamente ou definitivamente o comércio. Você interdita temporariamente ou definitivamente a indústria. Agora, eu pergunto: e a propriedade, como é que fica? E se o proprietário daquela área rural, daquela área agrícola, estiver armazenando esses produtos de forma inadequada? Se esses produtos estiverem vencidos? Se houver ali algum tipo de produto que já foi proibido no Brasil, muito embora a legislação brasileira seja extremamente condescendente com os agrotóxicos utilizados no Brasil, na nossa agricultura, infelizmente. Produtos que já foram suspensos em países como os Estados Unidos, no Brasil continuam sendo utilizados. Os mesmos sais, as mesmas fórmulas que já foram proibidos lá, aqui nós continuamos utilizando, infelizmente.

Então, quando a gente pensa em elaborar um projeto de lei, a gente tem que fazê-lo de forma a proteger todos aqueles que estão envolvidos nessa cadeia produtiva, mas principalmente a população. E principalmente a preservação do meio ambiente, porque nós sabemos que os agrotóxicos não afetam só a saúde humana; afetam a saúde dos animais e a saúde ambiental, seja da terra, seja da flora, seja da fauna, seja do que for.

Então, nesse sentido, nós temos que aprofundar esse debate aqui na Casa. Por isso mesmo, nós estamos solicitando à liderança do Governo a realização de uma ampla audiência pública, porque precisamos fazer uma audiência pública com especialistas, com pessoas que possam vir aqui, que possam trazer a sua contribuição para que, ao final da elaboração desse projeto, ele seja o mais amplo possível e o mais contemplativo possível.

E eu acho muito estranho quando se diz que não deve ter elementos políticos aqui no projeto, para fiscalizar. Mas espera um pouco: essa Casa é o quê? É uma Casa política ou uma casa de venda de alguma coisa? É uma Casa política e, enquanto tal, precisa haver representantes nesse comitê. Esse comitê consultivo que está aqui no Art. 18 do projeto e que nós colocamos uma emenda, para que fosse também estendido a representantes do Ministério Público, a representantes da Defensoria Pública, porque a Defensoria, deputada Márcia Lia, tem defensores especializadíssimos nessa área de agrotóxicos. Para que tivesse representante da Abrasco e para que tivesse representante da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Não é qualquer coisa. Nós não estamos pedindo a entrada de pessoas que não têm a ver com essa realidade. São pessoas que acompanham, que trabalham com esse assunto e que são citadas no projeto exatamente para vir, para ajudar na fiscalização e para dar a sua contribuição.

Infelizmente, o deputado Barros Munhoz e a liderança do Governo não querem aceitar essa emenda, mas é uma emenda que aprimora o projeto. Tem que ter um representante da Assembleia Legislativa, porque a Assembleia Legislativa precisa ter um espaço em todo e qualquer comitê, porque é daqui que sai a discussão, senão para que estamos aqui? Qual é a nossa tarefa e função, senão acompanhar de perto aquilo que afeta a população?

Essa é uma tarefa importantíssima. Agora, nessa última minuta apresentada pelo deputado Barros Munhoz, está ali constando que nós poderemos ter um representante da Assembleia Legislativa no comitê consultivo. Avançamos um pouquinho. Mais um pouquinho ainda: que os membros da Comissão de Atividades Econômicas, da Comissão do Meio Ambiente e da Comissão de Saúde poderão fazer as suas intervenções e até a suspensão de produtos, se esses forem considerados inadequados para o uso. Já melhorou.

Na verdade, isso deveria ser uma prerrogativa para toda a Casa, mas concordamos com esse item, de ficar restrito a essas três comissões, que são comissões que vão lidar com essa realidade, cada um na sua respectiva área, desde a de Atividades Econômicas, que compreende a questão da Agricultura, o Meio Ambiente, evidentemente, e a Saúde, porque agrotóxico é um problema de saúde pública, antes da mais nada. Quando veio esse projeto, veio exatamente tirando essas duas últimas comissões e essas duas secretarias.

Também discutimos e conseguimos a introdução do trabalho conjunto entre a Secretaria Estadual da Agricultura, a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria da Saúde. Sabem por quê? Porque a Secretaria da Agricultura, há muito tempo, vem sendo sucateada. Ela tem 0.34% do Orçamento do Estado. Ela perdeu, era 0.5, caiu para 0.34 por cento. Com 0.34%, eu pergunto a vocês: como é que ela vai contratar? Como é que ela vai abrir concurso para os técnicos da Defesa Agropecuária serem treinados e preparados para ir a campo e fazer essa fiscalização?

Porque vai competir a eles fazer a fiscalização, vai competir a eles multar àqueles que estiverem adotando e utilizando esses produtos de uma forma errada, que prejudicam a população. Agora, não tem a mínima condição, sobretudo, porque agora o governador Doria, que tem governado por decreto, que adotou a prática autoritária de governar por decreto, ignorando o papel do Legislativo, deixando de enviar para esta Casa projetos importantes, também tem elaborado decretos e os publicado para fundir secretarias, para fundir pessoal de secretaria.

Ele fundiu atividades da Secretaria da Agricultura com a Secretaria de Meio Ambiente. Aliás, o secretário de Meio Ambiente nem especializado em Meio Ambiente é, porque ele conhece de obra, mas não conhece das questões ambientais. Então, como é que pode você concentrar esse trabalho e essa fiscalização, exclusivamente, na Secretaria da Agricultura?

Acabou de destruir a CAT, importante órgão da agricultura paulista. Então, é um equívoco atrás do outro. Quem paga a conta, no fim disso tudo, é a população. Quem paga a conta, no fim disso tudo, são os trabalhadores, que vão estar, na agricultura, manuseando esses produtos, muitos deles se intoxicando e adquirindo doenças ocupacionais por conta de estarem fazendo essa respiração de produtos químicos, que é tão maléfica à saúde.

É só vocês irem à região de Ribeirão Branco, Ribeirão Grande, onde você tem grandes produções de tomate.

A deputada Maria Lúcia é de Sorocaba. Estive lá umas duas ou três vezes. Você chega a 50 quilômetros da região e já começa a sentir o cheiro de veneno. Não sei, sinceramente, como aquelas pessoas conseguem conviver com aquilo 24 horas por dia. Essa é uma prática que temos que condenar, que temos que abolir da nossa agricultura. A agricultura não precisa disso. A agricultura é algo importante.

Pode usar, mas tem que usar de forma comedida. Tem que usar com critérios. Tem que usar sem ganância para, em nome da lucratividade, destruir a saúde das pessoas. É contra isso tudo que vamos nos posicionar.

Ainda não temos uma ideia fechada, do ponto de vista de bancada, em relação a esse projeto. Vai depender muito de como ele evoluir nas próximas horas, nos próximos dias, para que possamos nos posicionar. Se entendermos que esse projeto irá atender aquilo que consideramos importante nessa área, podemos, sim, estar acordados. Do contrário, votaremos contra, Sr. Presidente.

Por ora é só.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra o projeto, o nobre deputado José Américo. (Ausente.) Deputada Erica Malunguinho, tem a palavra para falar contra o projeto.

 

A SRA. ERICA MALUNGUINHO - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a “todxs”. Boa tarde. Me sinto muito contemplada pela fala da deputada Beth e da Bebel também. Acompanhei hoje a reunião. Tinha considerações importantes a fazer, e acredito que foram solucionadas. Serei breve na minha posição. Espero que tenhamos muita consciência de que estamos discutindo sobre o uso de veneno. Acho que isso precisa ficar muito explícito.

Estamos discutindo e debatendo o uso de veneno nas nossas mesas, para os animais que convivem com a aspiração e a proximidade a esses venenos. Com o próprio meio ambiente, com o solo. Temos que ter consciência que estamos falando sobre o uso de veneno. O uso de veneno. Não existem níveis seguros para a utilização de agrotóxicos.

Eu me pergunto, às vezes, se todos os deputados e deputadas consomem alimentos vendidos nos supermercados que, obviamente, passam por um processo de uso desses venenos? Ou se a gente tem feito escolhas mais saudáveis, como comprar alimentos orgânicos? Porque, se a gente estiver fazendo a escolha por orgânicos, a gente sabe que essas substâncias não apresentam níveis razoáveis para utilização humana.

Então volto a dizer: estamos discutindo sobre o uso de veneno. Mas sei que, uma vez que ele está sendo utilizado, é impossível termos uma agricultura em funcionamento enquanto não haja uma regulação dessas substâncias. Portanto, acho prudente e coerente, e estou participando da construção de um marco regulatório, de uma legislação que seja, efetivamente, voltada a pensar na regulação.

Mas que ela veja, além da regulação, um processo de reparação. E, principalmente, um processo de redução de danos em relação ao uso dessas substâncias. Redução de danos é fundamental. Retomo a dizer: estamos falando de veneno. É fundamental, à medida que regulamentarmos o uso dessas substâncias, que também pensemos numa possibilidade de redução de danos. Substituir, de maneira progressiva, essa monocultura, essa forma de se pensar a agricultura, para a agricultura familiar, para a agroecologia. É fundamental. Torno a dizer, estamos falando sobre veneno.

Se nós, que estamos comprometidas com a saúde das pessoas, sabemos muito bem, uma vez que não existem níveis seguros de uso dessas substancias, daqui a pouco tempo as pessoas, que somos nós também, estaremos nas filas dos hospitais tentando curar doenças provocadas pelos venenos que nós mesmas colocamos os nossos alimentos.

  Então, é uma reflexão que é necessária fazer agora, mas muito consciente disso: o que estamos cultivando agora nós vamos colher no amanhã, ouviu deputado Frederico d’Avila, deputado Barros Munhoz? Estou aqui a falar como contrária ao projeto, mas entendo a importância dele. Entendo a importância. Acho que é necessário haver um marco regulatório, é necessário haver uma regulamentação, mas tão importante quanto a regulamentação é a gente pensar num processo de redução de danos. Por isso, é fundamental a audiência pública, é fundamental, sim, ouvir especialistas e principalmente pessoas que sejam contrárias ao uso, porque repito, estamos falando de veneno e não de outra coisa. Obrigada.

 

  O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor do projeto deputado Carlão Pignatari. (Ausente.) Deputada Janaina Paschoal. (Ausente.) Tem a palavra o deputado Wellington Moura para falar favoravelmente ao projeto.

 

  O SR. WELLINGTON MOURA - PRB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a todos os deputados, ao público aqui presente, à TV Assembleia - antes até de começar, pedir à mesa de som, só para colocar o PLC 28/17 que está no site da Assembleia, por favor.

  Sras. Deputadas, Srs. Deputados, venho a esta tribuna, estamos aqui com um projeto muito importante, que é o dos agrotóxicos, que eu acho que é de suma importância para o nosso Estado e para a qualidade de serviço aí, sem dúvida. Mas o que me traz a esta tribuna é para falar sobre o PLC nº 28/17, que é o que cria a Controladoria Geral da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e dá providências correlatas.

  E está escrito o seguinte: “Cria a Controladoria Geral da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e dá providências correlatas”. E eu parei para pensar sobre esse projeto que está sendo discutido para ser votado na quinta-feira, aqui na Casa, e eu achei uma simples palavra que dá uma conotação totalmente diferente: “A Controladoria Geral da Assembleia”. Não deveria ser “na” Assembleia? Primeiro passo. Porque se esse projeto é para controlar todos os gastos da Mesa Diretora daqui desta Casa eu acho que deveria ser “na”. Aí você diz “não, foi um erro de palavras”. Mas o Art. 2 diz o seguinte: “compete à Controladoria Geral, sem prejuízo das competências legais e constitucionais de órgãos da Administração pública estadual exercer funções de controle e auditoria internos no âmbito da Assembleia Legislativa” - concordo, estou plenamente de acordo - “por intermédio do acompanhamento fiscal, contábil, financeiro e orçamentário. Até aí tudo bem, na minha concepção.” 

  Mas, diz assim sobre o projeto: "Avaliar a eficiência e eficácia dos atos que impliquem despesas e obrigações para a Assembleia Legislativa, propondo, quando for o caso, o aprimoramento dos mesmos". Concordo.

Aí, diz assim. Tem um artigo, que eu estou tentando achar, que eu vou achar aqui, que fala que a Assembleia Legislativa vai controlar todo o orçamento do Plano Plurianual, do Plano Orçamentário e da PPA.

Aqui, olha: "Realizar ações previstas no plano anual de controle", e é esse que me deixa a pergunta sobre esse projeto. Porque se ele vai cuidar do plano PPA, do Plano Plurianual e do Orçamento do Estado, a Assembleia Legislativa, essa Controladoria, então, eu não vejo que ela é simplesmente para ser discutido, ser apenas discutido, em relação à Assembleia, às coisas que acontecem aqui na Assembleia.

Eu vejo que é mais profundo do que isso. Então, eu gostaria de fazer uma sugestão até mesmo ao Sr. Presidente e aos Srs. Deputados, para que esse projeto possa ser discutido depois, para que esse projeto não possa ser votado quinta-feira; mas, para que esse projeto possa dar continuidade depois de ser discutido entre os deputados sobre essa questão de qual será realmente a função dessa Controladoria: se é somente para controlar a Assembleia ou é através da Assembleia controlar órgãos do Estado.

Então, Srs. Deputados, eu deixo aqui a minha sugestão aos Srs. Deputados, aos líderes, para que possa ser avaliado esse projeto de lei complementar que traz um pouco de dúvidas.

Não quero nem entrar na questão das dúvidas em relação aos cargos. Porque aos cargos, primeiro, está sendo mostrado aqui que um cargo é de comissão, que é o do controlador-geral, e mais sete cargos efetivos, que realmente são dos auditores internos, que serão, então, escolhidos de livre providência através da Mesa Diretora.

Mas, o que me deixa, então, com uma dúvida no ar é em relação ao que essa Controladoria vai realmente controlar: se é somente a questão da Assembleia Legislativa, o que ia ser feito com o Orçamento da Assembleia, ou se, também, nós vamos estar controlando o que é feito no estado de São Paulo.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra o projeto, nobre deputado Enio Tatto. (Ausente.) Deputado Luiz Fernando.

 

O SR. LUIZ FERNANDO LULA DA SILVA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, nobres pares, pessoal que acompanha, assessorias, pessoal da TV Alesp, nós estamos discutindo hoje um projeto que o Governo do Estado de São Paulo manda a esta Casa ao apagar das luzes, que vem buscar regulamentar o uso do agrotóxico, a fiscalização, enfim, num momento em que nós discutimos no Brasil a agricultura orgânica, em que nós lutamos pelo Conselho de Segurança Alimentar.

E é importante que se diga: o "coiso" que ocupa hoje a Presidência da República, em seu primeiro ato, ele extingue o Conselho de Segurança Alimentar. Em momento algum o ocupante do cargo de presidente da República deste país justificou essa extinção do Conselho de Segurança Alimentar. Surgiu a dúvida: isso é algum acordo com a agroindústria, que foram os grandes financiadores, os grandes eleitores do candidato do PSL à Presidência? No momento em que o mundo busca oferecer à sua população uma alimentação saudável, o “coiso” vai lá e acaba com o Conselho de Segurança Alimentar.

O Governo do Estado traz uma proposta a esta Casa, uma proposta que estamos debatendo, discutindo. Amanhã, devemos ter uma audiência pública para que as entidades que cuidam da matéria venham trazer a sua opinião e ver como podemos melhorar esse projeto, como é que podemos minimizar danos para que esta Casa possa produzir uma legislação que de fato interesse a todo o povo do estado de São Paulo.

Então, quero deixar consignado aqui, nessa parte que estou usando do tempo... Vou dividi-lo com a deputada Márcia Lia. Quero efetivamente... Ah, vou dividir com o deputado Barba. O meu líder acabou de dizer que eu estava errado. Sigo a orientação do meu líder.

Quero dizer que temos muita coisa a melhorar nesse projeto. Algumas coisas vêm evoluindo, mas a bancada do Partido dos Trabalhadores está aqui fazendo esse debate por um único motivo: queremos que o povo de São Paulo tenha uma alimentação saudável, com o mínimo possível de veneno. Estamos aqui para defender o Meio Ambiente, para defender a flora, a fauna. Por isso, não aceitamos votar de afogadilho. É essa a nossa resistência. Estamos trabalhando para, efetivamente, melhorar esse projeto, para que possamos, ao final, ter uma lei que de fato regulamente o uso do agrotóxico no estado de São Paulo.

Passo o resto do meu tempo ao deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, primeiramente quero agradecer ao deputado Luiz Fernando, que cedeu parte do seu tempo para que eu pudesse usar a tribuna.

Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero dizer que o Projeto nº 147, embora tenha uma comissão discutindo, debatendo, com técnicos, deputados, deputadas, inclusive com duas deputadas do meu partido, as deputadas Márcia Lia e Beth Sahão, é um projeto que tem uma coisa estranha.

Eu disse, desde o primeiro dia em que esse projeto entrou nesta Casa, que iríamos obstruí-lo, pois esse projeto... Se vocês pegarem o Orçamento de 2018, vocês vão ver que houve 24 bilhões de reais de desoneração, deputado Nishikawa. Se não me falha a memória, o Orçamento da Segurança é algo em torno de 24 bilhões, ou algo parecido.

Então, houve uma renúncia fiscal do Governo do Estado para um setor. Esse é um dos setores, o dos agrotóxicos, que se beneficiaram dessa renúncia. São 16 setores. Esses 16 setores estão lá no Orçamento do ano passado sob sigilo, deputado Frederico d’Avila. Ninguém sabe quais são os 16 setores. Esse é um dos motivos de estarmos obstruindo.

Concedo um aparte ao nobre deputado Frederico d’Avila.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PSL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu fiquei muito feliz hoje de manhã, quando vi a notícia da Caoa com a Ford. Fiquei muito feliz. Nós conversamos aqui no corredor. E creio que a Carla também está feliz na região dela, porque os empregos vão ser mantidos e os produtos, os caminhões, vão continuar sendo fabricados. Estou muito feliz com essa notícia e acho que o senhor também está.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Depois eu vou falar um pedaço sobre isso, ok? Obrigado pelo apoio, deputado Frederico d’Avila. Você tem caminhões Ford, estava muito preocupado, então foi importante seu apoio nessa questão.

Mas então nós estamos falando de um setor que tem, deputada Professora Bebel, minha companheira de movimento sindical, presidenta do maior sindicato do estado de São Paulo, que é a Apeoesp, Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, grande parceiro dos metalúrgicos. A maioria é de trabalhadoras mulheres, diferentemente da minha categoria, em que a maioria é de trabalhadores homens. Mas esse setor goza de um benefício que daqui a pouco pode fazer igual à Ford. No estado de São Paulo tem uma renúncia importante, a gente não sabe quanto de renúncia foi para esse setor, mas é um dos setores que estão envolvidos na renúncia fiscal.

Além do debate colocado, desde a década de 80 tem a falta de regulação aqui no estado. Tentaram aprovar alguma coisa na década de 90, não conseguiram, veio a lei federal, como o marco regulatório dos agrotóxicos, e criou esse debate. São Paulo realmente tem um vácuo, então nós estamos debatendo como melhorar o projeto, pois da maneira que ele estava, estava muito ruim, muito ruim. Pode ser um projeto importante, pode ser, mas nós vamos continuar aqui debatendo.

Tem algumas etapas a serem cumpridas. A minha bancada está dialogando com o deputado Barros Munhoz, que está coordenando esse projeto. Amanhã não é isso, é outra reunião, mas, esgotado o debate aqui, tem o compromisso de não votar esse projeto até que haja audiência pública. E, se na audiência pública, surgir coisa nova, que é importante, nós deveremos debater para incorporar essa coisa nova no projeto. Aperfeiçoar um projeto faz parte aqui da nossa vida nesta Casa. É papel dos deputados e deputadas mudar o projeto que venha para a gente discutir, para a gente debater. Então esse é o primeiro ponto que eu queria discutir.

O segundo ponto que eu queria discutir é o PL 01. Amanhã vai ter uma reunião com os técnicos do governo, deputados, assessorias de deputados, mas hoje ficou ainda mais confuso, deputada Monica Seixas, porque o primeiro que falou, que foi o Nelson Souza, ex-presidente da Caixa Econômica, que os três projetos de três empresas têm o mesmo objetivo, só que não esclareceu qual é o objetivo.

Aí vem a segunda dupla que falou - agora não lembro o nome dos dois, mas está marcado nas minhas anotações que eu deixei ali. A segunda dupla falou da importância de fazer uma sinergia entre Imesp e Prodesp, uma de comunicação e a outra de processamento de dados. Vocês sabem o que é sinergia? Eu participei de uma empresa que fez isso.

Eu entrei na Volkswagen em 1985. Em 87, juntou a Ford e a Volks e virou uma holding chamada Autolatina. Essa holding demitiu 15 mil trabalhadores de um total, na época, de 70 mil trabalhadores. Ela durou de 87 até 95. Quando chegou 95, as duas se separaram e demitiram mais 10 mil trabalhadores. Então, quando estão falando de juntar, fazer sinergia, otimizar as mãos de obra, os técnicos, as áreas de tecnologia, as áreas de recursos humanos, é exatamente para poder pegar e demitir as pessoas.

E demitir de que maneira? É que são pessoas que hoje são CLT. Eram concursadas, abriram mão de ser concursadas e viraram CLT, então abriram mão de um direito importante, deputado Gil. Então essa reunião em que vieram os representantes das empresas explicar deixou mais confuso, nos dando a certeza de que quem é a favor da privatização tem que discutir uma empresa por vez. Não dá para vir um projeto acabrunhado com seis empresas de uma vez.

E o sexto ia falar da Dersa, do déficit da Dersa, mas não falou - pesquisem -quanto subiram as ações da Dersa na Bolsa de Valores de Nova Iorque? Subiram na casa de mais de 70% e, em outra Bolsa, algo em torno de 50. Vou pedir para fazerem esse levantamento.

Então é esse um dos debates importantes que temos que fazer. Por isso que estamos aqui obstruindo. E tem os novos deputados e deputadas que chegaram cheios de boa vontade, com vontade de votar logo, mas que estão entrando em algumas armadilhas do governo tucano. Chamo a atenção de vocês para isso.

Hoje, quando eu pedi inversão de pauta para discutir o projeto do ex-governador Márcio França - não é projeto meu e nem nada -, que é o da paralisação dos metrôs, paralisação quando acaba energia elétrica, quebra ou alguma outra coisa, o pessoal entrou no engodo do líder do Governo, Carlão Pignatari. Ele ficou feliz da vida. Manobrou vocês com uma facilidade.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Um aparte, deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Só para eu concluir o raciocínio aqui.

Ele manobrou vocês, deputados e deputadas que chegaram, com uma facilidade. Ele está tão feliz porque ele ganhou um debate. Coisa que não estava acontecendo na semana passada. Eles não conseguiam nem falar, porque vocês estavam ocupando a tribuna.

Vocês parecem já terem perdido a sede, a vontade de ocupar a tribuna. Eu quero ver vocês debaterem. O debate é bom para tentarmos esclarecer. Então faço essa provocação, deputado Gil, porque olhei na lista e não tem ninguém do PSL inscrito.

São a favor do projeto? Venham defender o projeto. Se não, vocês vão ter o mesmo comportamento do PSDB aqui há quatro anos, que ficava igual você está fazendo aí. Eu aqui na tribuna falando, o PT falando e eles sorrindo. O PSOL falava e eles ficavam sorrindo. O “grupão” do apoio, a gente falava e eles ficavam sorrindo, depois todos votavam a favor do governo.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Obrigado, deputado Barba.

Acho que vale a pena, aqui, exemplificar o que o senhor está dizendo. Eu fui olhar a lista de votações que inviabilizou a inversão que o senhor propôs e reparo, de novo, que o PSL votou unido, junto com o PSDB, para evitar que se fizesse a inversão.

E vou, para ser justo, dizer que tivemos as bancadas do DEM, do NOVO, do PODEMOS, do PP, do PRB, do PSDB e do PSL. Aí eu tenho que perguntar para o senhor, deputado: o que está acontecendo com o PSL? É uma questão de debate ideológico? De obstrução? Essa é a discussão que precisamos colocar aqui. Se não, não ajudamos o PSL a fazer a oposição. Precisamos contribuir.

E esse debate nós vamos continuar fazendo, porque isso daqui fica nos Anais da Casa.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - A conclusão é que começaram a soprar os ventos do Palácio dos Bandeirantes. É só o vento que está soprando. Não é um vendaval ainda, Carlão, é só um vento. Vocês vão ver quando soprar o vendaval. A pressão é grande. Vocês vão sofrer. Eu acho que vocês têm mais cara de governista do que de qualquer coisa. Não tem jeito.

Como se obstrui um projeto aqui, por exemplo? É necessário, para se debater qualquer projeto nesta Casa, ter 24 deputados em plenário. Cem podem ter assinado a lista de presença, mas se não tiver 24 deputados aqui no plenário não se pode discutir nenhum projeto, a sessão cai. Logo em seguida iria para a segunda extra, se na segunda extra não tiver 24 deputados, a sessão cai.

Quando vocês colocarem a bancada de vocês em obstrução, vocês podem votar sim ou não. Não tem problema. O Carlão foi lá e falou para vocês “vocês estão em obstrução, mas não votem não, não é preciso votar sim e nem não” com medo de dar quorum. Vocês estão seguindo.

Quem já é da base aliada, igual o Telhada, o Gilmaci Santos, está correto, mas vocês chegaram assim: “Nós somos independentes e vamos obstruir esta Casa para poder discutir projetos de deputados”. Vocês vão ver que aqui, durante quatro anos, cada deputado aprova um projeto. Chega no dia 31 de janeiro do ano seguinte e o governador veta. É assim ou não é, Telhada?

É desse jeito. Está lá a PEC 2. Segundo o presidente, tem um grau de inconstitucionalidade, então é ruim o Parlamento discutir. Se o Major Mecca, se a turma juntar as assinaturas dos líderes, vai ter que vir ao plenário para ser debatido. O governo que vete, que diga que é inconstitucional. Que história é essa de que não pode discutir? Esse é o debate que nós vamos trilhando aqui.

Agora, vocês que chegaram, novos, com muita sede ao pote, parece que já beberam água demais, deputado Gil. Parece que a água está subindo. Então estou querendo ver. Eu quero debater, eu quero discutir.

Por último, para encerrar, hoje todo mundo aqui está falando, o deputado Frederico d'Avila falou que agora a Caoa já acertou a compra da Ford. Teve uma reunião com o João Doria na quarta-feira ou quinta-feira. Realmente, tem uma coisa avançada. Realmente, tem três interessados. Não tem fechamento de compra ainda.

Hoje os trabalhadores da Ford voltaram para dentro da fábrica. Os trabalhadores - nós orientamos - estavam na assembleia, às seis horas da manhã, na porta da fábrica. Acordei às quatro da manhã.

Tem um pessoal do PSL que me xinga direto na minha página, do MBL. Eu não ligo. Fiquem à vontade, a democracia é isso. Podem nos xingar. Tem uns que faltam com respeito, tem uns que fazem comentários de oposição, mas com respeito.

Mas não comprou ainda. Nós temos até o dia 30 de abril para ir desenvolvendo as negociações e ver se o comprador - porque não basta comprar - compra, mas mantém o grupo de trabalhadores que existe lá. É assim que funciona.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência está se aproveitando da conversa que eu estou tendo com o líder Camarinha e com o líder Campos Machado e está utilizando mais tempo. Para concluir, deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Só para encerrar essa questão da Ford, não houve ainda a compra da Ford. Existem três investidores interessados. Tem uma manifestação pública da Caoa dizendo que gostaria, mas para nós não chegou nada de maneira oficial.

Muito obrigado.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Sr. Presidente, como este debate é importante, quero pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Há quórum visual de deputados. Não cabe a verificação de presença.

Para falar favoravelmente, a deputada Janaina Paschoal.

Deputado Barba, quando V. Exa. requereu a verificação, V. Exa. estava no plenário, então V. Exa. contava para quórum visual.

Com a palavra a deputada Janaina Paschoal.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigada, Sr. Presidente.

Primeiramente, eu gostaria de consignar que um pouco mais cedo o deputado Douglas fez uma, entre aspas, reclamação, uma queixa para que as falas aqui ficassem no tema. O deputado Campos veio, pediu a palavra e defendeu que cada deputado poderia falar o que bem entendesse e que não caberia a outro deputado fiscalizar o colega. Foi isso que eu entendi, não foi, excelência? Entendi certo, não entendi?

Pois bem, eis que agora os parlamentares do PT querem nos fiscalizar. Eles querem dizer como nós temos que votar, se nós vamos participar de obstrução ou não, o que é que nós vamos defender, se nós somos base ou oposição, se nós somos independentes ou não. Então, eu entendo que é uma forma de ingerência absolutamente indevida. Cada parlamentar e cada partido que vote e defenda o que bem entender. Não compete nem a outra sigla nem aos colegas quererem definir o que cada um vai falar.

Bom, nessa seara, pode o colega voltar aqui e dizer: “Mas eu falei o que eu bem queria e você está me cerceando.”. Pode ser. Agora, é necessário deixar claro que o PT não é o coordenador do comportamento de cada qual nesta Casa. Parece brincadeira. Então, assim, respeitosamente, se nós vamos votar sim ou não, se nós vamos decidir fechar questão, se o nosso líder vai determinar como fazer ou não - é um problema da sigla. E eu entendo que tem que haver respeito. Não é possível.

Ultrapassada essa preliminar, eu gostaria de chamar atenção... Primeiro, eu parabenizo os colegas que estão trabalhando há dias para aprimorar o projeto. Eu tenho acompanhado o esforço que os colegas estão fazendo, e acho isso digno de nota. E eu gostaria, para colaborar, de chamar atenção para alguns pontos. Eu entendo que a matéria é importante, mas ainda acho que o texto... Vossa Excelência quer um aparte?

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Um aparte.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Por favor.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputada Janaina, deixando de lado todas as nossas divergências, eu queria dizer que a senhora tem razão, tem toda a razão.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Muito obrigada.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Nenhum partido deve interferir em outro partido. Isso é inadmissível nessa Casa, no estado e no País. A senhora está de parabéns; é o que eu defendo. A senhora está tomando essa atitude; a senhora está agindo corretamente, em defesa do seu partido e da nossa dignidade.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Muito obrigada. Eu ainda entendo, colegas que estão nesse trabalho árduo, o qual eu louvo, que é necessário tornar a lei mais taxativa, ou seja, a lei mais clara. Percebam bem: “Receber, armazenar ou dar destinação final a embalagens vazias de agrotóxicos ou afins, em desacordo com as disposições legais”. Quais disposições? Quem vai dizer quais são as infrações aqui nesse caso? É importante...

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Sr. Presidente, para uma verificação de presença.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Mas eu posso terminar minha fala?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Na verdade, preservado o tempo de V. Exa., deputada Janaina, se a gente não tiver 24 deputados no plenário, V. Exa. não pode, porque teoricamente a gente não teria sessão. A gente tem que verificar. Então, peço à Mesa que faça uma breve contagem, se nós temos 24 deputados no plenário, preservado o tempo da deputada Janaina.

Não tendo 24 deputados no plenário, é regimental o pedido de Vossa Excelência. Convido os nobres deputados Vinícius Camarinha e Rafa Zimbaldi para auxiliarem a Presidência na chamada dos 94 deputados. Só lembrando os deputados que, para a manutenção da sessão, nós temos que ter 24 parlamentares, durante o processo de discussão, no plenário.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra à deputada Janaina.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Muito obrigada, Excelência. Pois bem, vejam: eu tenho uma preocupação com a taxatividade da lei, talvez em função de ser da área penal. Entretanto, hoje a doutrina já trabalha com a ideia do Direito Administrativo Sancionador, que comunga com o Direito Penal, divide com o Direito Penal alguns princípios. Dentre esses princípios, a taxatividade.

Então, por exemplo, quando a gente analisa a lei dos crimes ambientais ou das infrações ambientais, uma das críticas que mais se repetem é a seguinte: muita referência a “autoridade competente”. Então, “fazer qualquer coisa em desacordo com a autoridade competente”. Entretanto, ninguém sabe dizer com clareza qual é a autoridade competente, o que possibilita lavratura de auto de infração pelas mais diversas autoridades, nas mais diversas esferas.            

Então, aqui nós não estamos falando de autoridade competente, mas estamos falando em “desacordo com as disposições legais”. Em “desacordo com as disposições legais”, abre-se margem para a pessoa que está produzindo e que está trabalhando ter que olhar as muitas normas municipais, as muitas normas estaduais e as muitas normas federais. Não raras vezes, essas muitas normas são incompatíveis entre si, e isso faz com que o cidadão esteja sempre numa situação de ilicitude, sempre passível de ser autuado e ser penalizado.

Então, é necessário - e eu tomo a liberdade de sugerir aos colegas que estão nessa comissão - fechar esse dispositivo. Quais são as disposições legais? Ou se faz referência expressa aos artigos de lei, ou se não houver, porque, às vezes, o legislador não sabe quais são, desculpem falar dessa forma, e na dúvida, deixa uma situação genérica. Isso aqui, colegas, com todo o respeito, é porta aberta para corrupção. Então, nós não podemos trabalhar de forma a deixar a porta aberta para corrupção.

Por óbvio, nós queremos cuidar da Saúde, cuidar do Meio Ambiente, mas com normas claras e objetivas. Na mesma linha, nós temos um artigo no final da lei que diz o seguinte: “nº 8. Insira-se onde couber o seguinte artigo: a Secretaria de Agricultura e Abastecimento deverá elaborar relatório semestral sobre a aplicação da presente lei, encaminhando para a Assembleia Legislativa, que dará conhecimento às suas comissões”. Como é que a gente publica uma lei, aprova uma lei, que diz “insira-se onde couber o presente artigo”?

Faz parte do nosso trabalho tentar zelar pela sistematicidade da legislação. Então, por mais importante que seja a matéria, nós não podemos aprovar uma lei com essa característica. Uma outra questão: eu acho que seria interessante a comissão, se puder, discutir essa ideia, que eu sei que, politicamente, é correta, de instituir um comitê consultivo, coordenado por representantes das secretarias e assim por diante.

O que mais nós temos neste País são conselhos, comitês e comissões inoperantes, então, toda vez que se cria uma comissão, um comitê ou um conselho, desculpem, posso estar sendo dura demais, radical demais, exagerada, já é sabendo que não vai acontecer nada. Então, talvez seja melhor fazer uma lei mais enxuta, mais objetiva e mais efetiva, porque, quando a gente fala “vamos fazer um comitê”, é meio que para passar a nossa responsabilidade. “Serão feitos relatórios.” Eu pergunto: quem é que vai ler esses relatórios? Ninguém!

Então, por que a gente vai criar uma lei que já começa errada? Eu gostaria de dizer para os colegas que não é que eu estou contrária a disciplinar esta matéria, que é uma matéria de primeira importância, mas vamos enxugá-la ainda mais, tornar essa lei clara para que ela seja efetiva, porque, senão, a gente vai deixar as pessoas que querem produzir numa situação de insegurança, passíveis de serem autuadas por várias autoridades ao mesmo tempo.

Então, eu acho que esse tem que ser um compromisso da Assembleia, fazer leis eventualmente até duras, não é que não pode ter sanção, mas que o que é proibido fique claro, e a resposta para quem descumpre a norma também seja objetiva: a pessoa sabe o que está proibido e sabe ao que ela está sujeita. Só assim uma lei funciona, e só assim a gente protege a sociedade de corrupção.

Com relação ao PL 1, hoje eu achei que foi bem produtiva a conversa, durante o Colégio de Líderes. Eu não sou líder da bancada, mas fiz questão de acompanhar, e me parece que ainda é necessário o governo tentar traçar um caminho para cada uma das empresas. Talvez não seja necessário fazer tantos projetos conforme o número das empresas, mas os próprios presidentes das instituições, que nos visitaram hoje e tiveram a boa vontade de fazer as suas apresentações, deixaram claro que eles não sabem qual será o futuro de cada empresa.

Os presidentes, por exemplo, da Prodesp e da Imesp, disseram que provavelmente haverá uma fusão. E que estão fazendo altos estudos. A preocupação que a gente fica, em dar ok para esse projeto, em aprovar esse projeto é: se amanhã esses estudos indicarem outro caminho, podem tomar outra medida com relação a essas duas empresas. E a mesma situação se verifica com relação às demais.

Por que estou falando de Prodesp e Imesp? Porque a Prodesp e o Imesp se mostram empresas superavitárias, diferentemente das demais, que são deficitárias. Então temos que levar essas questões em consideração para aprovar um programa de desestatização - com o qual eu concordo - de maneira responsável e de forma que possamos cobrar resultados.

Porque, da maneira como os presidentes fizeram as suas apresentações, não sabemos o que ocorrerá com as empresas. Não sabemos o que será feito do dinheiro. Não sabemos - aqui acho muito importante - quem prestará os serviços. Depois, quando entraram os representantes dos funcionários, eu pude conversar, ao final, com aquele que veio representar os funcionários da Prodesp. Ele chamou a atenção para um ponto que, confesso, até este momento eu não tinha atentado para ele.

A Prodesp gerencia todo o trabalho do Poupatempo. O Poupatempo é um dos maiores orgulhos do nosso estado. Vejam, não é que seremos irresponsáveis de dizer “somos contra por sermos contra”. Mas queremos saber como ficará a gestão do Poupatempo. Porque não podemos perder um conjunto de serviços que é modelo.

É modelo para o País e, ouso dizer, é modelo para o mundo. Porque poucos são os países que têm estruturas tão organizadas, para tantos serviços diversos, em tão pouco tempo, como é o Poupatempo. Essas questões não significam estar contra, estar a favor, ser base, ser oposição. Significam, apenas, querer o bem do nosso estado. Não acho que houve má-fé na maneira de elaborar o projeto. Mas talvez tenha havido um açodamento que acaba gerando essas inseguranças todas.

Me parece muito importante que os coordenadores e os secretários envolvidos...

Eu pensei, até, em convocarmos, convidarmos, não para constranger, mas para esclarecer, o próprio secretário Meirelles, que tem falado sobre o tema na imprensa. E poderia vir aqui conversar conosco, expor esses detalhes. Porque fica tudo registrado, de maneira, vamos dizer assim, pública. Acaba sendo uma assunção de compromisso com esta Casa, com a população de São Paulo. Não com o intuito de constranger, de criticar, de atacar. Mas com o intuito positivo de esclarecer.

Porque é uma proposta importante. São empresas que muitos podem considerar menos importantes. Mas que prestam serviços relevantes. E esses serviços terão que ser prestados. Esse detalhamento é necessário para que a gente possa dar um voto de qualidade. Agradeço a paciência, apesar do adiantado da hora.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - Para uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes da comunicação, eu gostaria de convidar a deputada Márcia Lia para que pudesse se dirigir à tribuna para falar contra o projeto. Tem a palavra o deputado Ed Thomas.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, tomando a liberdade de fazer um pedido a V. Exa. e aproveitando o líder Carlão, o meu líder, o deputado Vinícius Camarinha, o sempre líder Barros Munhoz, os líderes desta Casa.

Porque os deputados hoje se manifestaram, eu sou mais um deles. Hoje é o dia 2 de abril, é o dia de comemorarmos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Temos 2 milhões de autistas no estado e 70 milhões no mundo. O autista vê o mundo de uma maneira muito diferente, da forma dele, o espectro do autismo. Esse deputado tem um projeto. Outros deputados e deputadas também têm projetos com a causa.

Eu gostaria de consignar um pedido ao deputado Campos Machado, que também está por aqui e é líder, ao presidente da Assembleia, deputado Cauê Macris, porque nós estamos vivendo o abril azul, o autismo e nós temos muitos projetos na Casa, Sr. Presidente. Então, que a gente pudesse se esforçar, se debruçar sobre esses projetos - certo? - e votarmos pelo menos um, seja de que deputado realmente for, para que a Assembleia dê essa colaboração, que é sua obrigação, para esse mundo diferente que os autistas vivem e ao mesmo tempo agradecer a todos aqueles que assinaram a nossa Frente das Apaes e Frente do Autista, que também tem nesta Casa, e que empreendessem esses esforços para que a gente pudesse fazer uma votação muito, mas muito importante neste Abril Azul em homenagem a todos os autistas. Obrigado pela atenção, Sr. Presidente

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra a deputada Márcia Lia.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT – SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito boa noite a todos os deputados e deputadas, à nossa assessoria, o que me traz nesta tribuna hoje é a discussão de um projeto extremamente importante, que é o Projeto de lei nº 147, um projeto que chegou na Casa de uma forma muito açodada. Ele chegou à Casa em maio do ano passado, rapidamente esse projeto chegou com urgência constitucional, portanto ele não passou pelas comissões permanentes, ele não foi debatido, não se fez nenhuma audiência pública, não se discutiu com nenhuma comissão, por conta da urgência constitucional. Esse projeto ficou pronto em maio, no dia oito de maio, ele chegou a esta Casa - corrigindo - em março, dois meses depois, ele já estava pronto para a Ordem do Dia. Portanto, ele foi de forma muito apressada discutido nesta Casa.

Dito isso, eu quero considerar que no período em que o governador Geraldo Alckmin se afastou do Governo do Estado, porque concorreu ao cargo de presidente da República, nós tivemos a sua substituição pelo vice, o senhor Márcio França. E durante o período em que o Márcio França foi governador do Estado, esse projeto de lei ficou engavetado. Isso porque o PSDB não tinha interesse em favorecer, em discutir esse projeto para não dar os créditos todos ao, então, governador Márcio França. 

Esse é um projeto que tem como linha mestra um projeto federal, uma lei federal, aliás, que é a Lei nº 7802/89, que trata desta matéria. Portanto, o estado de São Paulo tem matéria concorrente a esse projeto de lei. O que aconteceu? O projeto foi ressuscitado agora em março, ele corre rapidamente na Casa, como se houvesse algum interesse por traz de todo esse debate. E nós tentamos ajuntá-lo para que ele pudesse, minimamente, atender aí aquilo que não constava no texto do projeto. Como diz a deputada Janaina, tem algumas lacunas, do ponto de vista de técnica legislativa, e nós tentamos, tivemos três reuniões para tentar ajustar esse projeto.

Fizemos várias propostas. A bancada do Partido dos Trabalhadores, outras bancadas se posicionaram, nós melhoramos o projeto. Fizemos um acordo, no dia de hoje, pela manhã, para que o projeto pudesse, então, ser submetido a uma audiência pública, que também foi feito um acordo no dia de hoje, na reunião que nós fizemos lá no plenário Tiradentes, e nós discutimos que esse projeto de lei seria, então, submetido a uma audiência pública. E nós fomos surpreendidos com a negativa dessa audiência pública, o que é extremamente grave, porque um projeto que trabalha a questão do agrotóxico tem envolvimento na Saúde, tem envolvimento na vida das pessoas, tem envolvimento na questão ambiental, tem envolvimento na questão do descarte dos materiais, tem envolvimento na questão da fiscalização.

E nós sabemos - nós sabemos - que não há fiscalização no estado de São Paulo. Eu rodo esse interior do estado de São Paulo todinho. E, agora, para enfeitar ainda mais essa situação, eles estão acabando com as Catis, eles estão desestimulando o pessoal do Itesp, eles estão desmontando a agricultura no estado de São Paulo, eles reduziram o Orçamento de meio por cento a zero ponto três por cento.

E, aí, vêm falar que querem liberar, querem fazer tudo rapidamente para que não haja debate.

Eu quero dizer para vocês que nessa questão do agrotóxico e das isenções que são feitas e a que nós, deputados, não temos acesso - a essas isenções -, nós não sabemos quais são as empresas que têm isenções de tributos. Mas nós sabemos que empresas que têm essa discussão e que têm agrotóxico são empresas privilegiadas que recebem, sim, isenção de tributos.

Então, a quem interessa fazer de forma tão atropelada a votação do PL 147? A quem interessa? Eu garanto que para o povo do estado de São Paulo não é. Eu garanto que para aquele pequeno produtor, para aquela pessoa que está lá no campo, para aquela pessoa que tenta trabalhar a agroecologia, para essa pessoa este projeto de lei não tem nenhum interesse.

Existem outros interesses, interesses difusos, interesses obscuros, na discussão do PL 147. Nós caminhamos muito. Nós fizemos essas reuniões, nós chegamos a consensos, nós chegamos a debates, nós tivemos hoje uma reunião que começou às 10 horas da manhã, acabou era mais de meio-dia, para a gente ajustar o projeto.

Algumas coisas que foram acertadas, acabamos tendo que assimilar outras mudanças, e aceitamos. Agora, abrir mão da nossa audiência pública, nós não vamos abrir mão.

Então, quero deixar muito consignado aqui com vocês que esse projeto de lei, infelizmente, será contestado judicialmente, porque existem algumas coisas de que a gente não pode fugir - e a nossa assessoria jurídica sabe disso - da legislação federal.

Então, se não há consenso, se não há acordo, se nós não vamos discutir esse texto da forma como nós conversamos na reunião, também não vamos aceitar esse projeto de lei, e arguiremos a inconstitucionalidade nos aspectos que nós entendermos que estejam ferindo a Lei 7.802, de 1989.

Quero deixar consignado aqui também que o estado de São Paulo ganharia muito se a gente aprovasse esse projeto de lei com as modificações, com as melhorias, com aquilo que a gente foi, aos poucos, aprimorando. E quero destacar neste momento todo o esforço e empenho do deputado Barros Munhoz. O deputado Barros Munhoz foi a pessoa que juntou as divergências e construiu a convergência. Então, deputado, parabéns pelo seu trabalho, parabéns pelo seu esforço. Pena que a gente vá ter que caminhar por um caminho que não foi o caminho combinado na nossa reunião de hoje.

Quero dizer também que nós vamos convidar todas as pessoas que nos procuraram, os ambientalistas, as pessoas que discutiram conosco, as pessoas que fizeram sugestões para que estejam aqui no dia da votação desse projeto. Porque nós não vamos aderir, não vamos aceitar, da forma como se combina, se faz acordo. Palavra é palavra, e a gente não pode voltar atrás naquilo que a gente tratou. E foi isso o que aconteceu aqui, infelizmente. É muito triste quando a gente coloca pessoas para gerenciar um assunto e, depois, a gente deslegitima no processo.

Então, quero deixar aqui algumas questões para os Srs. Deputados, para que a gente possa pensar. São questões inerentes a esse debate dos agrotóxicos. A primeira delas é: qual é a política fiscal do Governo do Estado de São Paulo para os agrotóxicos? Qual é a política fiscal do Governo do Estado de São Paulo para os agrotóxicos? A segunda: quanto é arrecadado? A terceira: qual é a porcentagem de tributos incidentes na produção e na comercialização em São Paulo? A terceira questão é: quais são as isenções e para quem são concedidas essas isenções, que sequer nós, deputados, que temos a prerrogativa constitucional de fiscalizar, temos acesso a essas informações?

A senhora sabia, deputada Janaina, que não temos acesso a quais são as empresas que recebem isenção? Pois é, nós não temos. Nós queremos saber, queremos abrir essa caixa-preta. Qual é o montante de isenção em termos relativos e absolutos? Quais são?

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT – Gostaria de pedir uma verificação de presença, Sr. Presidente, reservando o restante do meu tempo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Preservando o seu tempo,  convido os deputados Vinícius Camarinha e Rafa Zimbaldi para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada.

 

* * *

 

O SR. WELLINGTON MOURA - PRB - Sr. Presidente, peço para que o orador possa falar com mais... Senão, não dá tempo nem de os deputados ouvirem os nomes deles. Por gentileza.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Peço então uma verificação de presença, por favor, de maneira mais pausada.

 

O SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - Sim, senhor, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra à deputada Márcia Lia.

O tempo dela já está contando.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Voltando ao debate do PL 147, quero considerar o momento difícil, deputado Mauro Bragato, que nós estamos vivendo no Brasil, onde diariamente agrotóxicos proibidos no mundo todo, agrotóxicos proibidos na Europa, agrotóxicos proibidos nos Estados Unidos e no Canadá são introduzidos diariamente pela liberação do governo federal na nossa alimentação.

As frutas que nós ingerimos, as verduras, os legumes, os cereais, tudo aquilo que a gente ingere está contaminado e cada dia mais contaminado pelo agrotóxico, e o agronegócio é o grande propulsor de todo essa distribuição de veneno que nós temos no nosso País. No estado de São Paulo, pelo desmonte, como eu já disse, da Secretaria de Agricultura, das Catis, pela precarização da prestação dos serviços que a gente tem acompanhado pelo estado de São Paulo, a gente sabe que não há fiscalização para o armazenamento, para a compra, para a manipulação, para tudo aquilo que envolve o agrotóxico.

Isso é muito sério, porque isso significa o aumento da incidência de cânceres. Nós estamos a cada dia mais tendo doenças graves, doenças sérias, e a gente sabe, porque os médicos nos dizem isso, que muitas dessas complicações que nós temos são advindas desse uso excessivo do agrotóxico pela agricultura no estado de São Paulo e no nosso Brasil afora, então é uma situação bastante triste.

A gente sabe que o projeto melhorou muito com as sugestões que foram incorporadas. Nós aquiescemos a vários pedidos do Carlão Pignatari, nós aquiescemos a vários pedidos que nos foram feitos pelo deputado Barros Munhoz. Nós chegamos a um consenso para que a gente pudesse discutir um pouco melhor, de forma mais participativa, de forma mais democrática, de forma mais humana, de forma mais justa com as pessoas o que significa o agrotóxico na nossa alimentação diária. Nós consumimos, me parece, 5 ou 6 litros por ano de veneno que vem embutido na maçã, na pera, no abacaxi, na banana. Então, nós estamos todos os dias ingerindo agrotóxicos.

Quando o estado de São Paulo tem a possibilidade de melhorar um projeto, de fazer um conjunto de melhorias para que a gente tenha a participação da secretaria de Saúde, a participação da Secretaria do Meio Ambiente, a participação da Secretaria da Agricultura, a construção de um comitê consultivo para que possa debater as questões relativas ao cadastro, ao armazenamento, à questão da mobilidade desses agrotóxicos, nós vemos que todo o esforço empenhado, que todo o esforço de todas as bancadas que participaram foi em vão.

Então é pena. Infelizmente o Parlamento do estado de São Paulo poderia dar um exemplo de democracia e não o faz, quando não chama uma audiência pública para discutir com a população, com aquele que vai ser o destinatário final dos problemas, o que está de fato acontecendo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputada Márcia Lia, por favor.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Estou concluindo. Então, esse é o retrato de todo o debate do PL 147. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Já convido a deputada Monica para poder falar contra o projeto. Antes, porém, queria fazer a leitura de um ofício enviado pelo governador do estado de São Paulo e dar publicidade a esse ofício com a leitura. “Tenho a honra de comunicar V. Exa. para os devidos fins que indico, nos termos do Art. 79 do Regimento Interno, para a Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Wellington Moura para exercício da função de vice-líder do Governo. Então, a partir deste momento, está nomeado Wellington Moura, vice-líder do Governo.

Com a palavra, deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, boa noite, colegas.

Esse é um tema bastante caro para nós, a bancada ativista é, de fato, um mandato de agricultores. Temos permacultores, indígenas, além de mim, que sou militante da pauta da água. É com muita tristeza que a gente começa, justamente esse ano, debatendo veneno, que é esse o nome que devemos dar para as coisas, o nome certo que elas têm. Veneno envenena e intoxica pessoas, mata trabalhadores. Esses são os agrotóxicos.

Para além disso, precisamos colocar esse PL num bojo muito maior de desmonte das políticas públicas ambientais patrocinada pela gestão Doria. Gestão Doria que conseguiu fazer a proeza de ter uma proposta piorada do governo federal, que juntou as pastas do Meio Ambiente e de Infraestrutura, subordinando o setor de quem fiscaliza ao de quem executa.

Nesse bojo, estamos votando um projeto de bastante interesse desta Casa, da população de São Paulo, um estado que tem oito milhões de hectares de plantação. Temos 300 mil unidades de agropecuária, consumimos 110 mil toneladas de agrotóxico por ano, 70% disso pulverizadas, atingindo crianças, populações urbanas, matando toda a fauna, toda a flora em seu entorno.

É nesse bojo de desmonte que também vimos, no início desse ano, na legislatura passada, esta Casa aprovar a flexibilização da Lei do Serrado, que permite a exploração de minério em uma área de preservação ambiental.

Mas temos muita coisa para discutir. Por exemplo, as políticas de isenções fiscais para o setor dos agrotóxicos são muito eficientes. Temos cerca de um bilhão por ano de isenção sem qualquer fiscalização para esse setor.

Em um bojo também de que esta Casa não participa, não quer participar e não debate, o debate, venda e fiscalização de órgãos públicos, de setores públicos, de empresas públicas. Quanto de dinheiro e em que poderia ser aplicado se tivéssemos, de fato, participação e transparência nesse setor?

Sobre o PL especificamente, minha colega Janaina disse que o comitê poderia ser um empecilho porque não funciona. Ora, se não funciona, eu já disse muitas vezes em minha fala que eu acho que nós mesmos, este Parlamento, nossa formação, nossos espaços de debate não funcionam.

Agora mesmo eu estou falando. Outros homens estão falando por cima, ninguém está debatendo, ninguém está se ouvindo. O que funciona? Qual é o pressuposto do que a gente deixa funcionar ou não? A política não funciona para as pessoas porque elas não estão adaptadas, fora desse espaço, a construir política, a participar dela, a ser consultadas por ela. Temos que trabalhar para construir espaços em que as pessoas se sintam à vontade, porque tem muito conhecimento fora desta Casa e é nesse sentido que sinto falta de olhar para venenos como, de fato, eles são.

É um tema da Saúde. É um tema de alimentação. É um tema de segurança alimentar. E por isso a minha preocupação justamente com o item do comitê. Para além da participação popular, precisamos prever a maior participação do debate de Saúde quando a gente vai discutir veneno. Temos que discutir qual é a capacidade do corpo humano de absorver veneno e, para além disso, precisamos garantir marcos regulatórios que garantam a diminuição do consumo de veneno.

Sempre falo isso nesse lugar, mas no estado mais desenvolvido - sei que tem senhores aqui de diversas regiões do estado -, quem estava nesta Casa em 2015 se lembra da crise hídrica que atingiu o estado. Mas, ainda hoje, a gente tem mais de uma centena de municípios com dificuldades de colocar água na torneira.

E veneno chega à mesa de todo mundo. E o veneno está chegando ao copo de todo mundo. Semana passada, matérias anunciavam que 22 cidades de Santa Catarina já têm incidência de veneno nos aquíferos. Quais estudos a gente tem para demonstrar que, senhores, vocês e suas famílias, minha família e eu mesma, não estamos ingerindo veneno agora, na água? Na alimentação a gente sabe que consome.

Então, a política de agrotóxicos eu já considero muito vitoriosa, ela já funciona bem, porque o Brasil é o país que mais libera agrotóxico no mundo. O estado de São Paulo é o estado que mais consome agrotóxico no País. Então quando é que a gente vai começar a debater marcos regulatórios que nos tragam saúde, que nos tragam a diminuição do consumo desse veneno, que nos tragam segurança alimentar e de saúde no geral para as nossas vidas?

Nesse sentido - eu sempre gosto de apontar alternativas -, a gente protocolou, semana passada, dois PLs referentes às isenções fiscais. Eu falo de isenção fiscal sempre, porque a gente está discutindo orçamento no marco geral desta Casa quando o governo impõe para a gente uma agenda de desestatização. A gente quer colocar parâmetros na concessão de incentivos fiscais e a gente quer que esta Casa tenha uma comissão de fiscalização delas. Já passou da hora de a gente ter transparência de quem é que está ganhando desconto e por que, quais são os critérios. 

A gente traz aqui também o debate sobre o que é que tramita, como é que tramita e se esta Casa, eleita pelo povo, funciona, se a gente tem a capacidade de dialogar e avançar, porque existem dois projetos de lei nesta Casa tramitando já há mais de quatro anos que dizem respeito à proibição da pulverização de agrotóxicos no estado de São Paulo. Esses, projetos de interesse da população. Esses sim dizem respeito às nossas vidas e à nossa sobrevivência e não tramitam. Então, por isso, a gente está reprotocolando esse projeto de lei.

Já passou da hora de o estado de São Paulo não permitir mais essa prática. A gente já avançou muito em tecnologia, em ciência, em conhecimento do manuseio da terra e de capital também. Capital também, porque esse é o Estado que mais lucra com a atividade agropecuária no Brasil também, que é um dos grandes produtores e exportadores. 

Sr. Presidente, só pedir um minuto para o senhor, porque a Casa está muito barulhenta. Eu acho bastante complicado a gente conseguir debater nesse sentido.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência tem toda a razão. Eu gostaria de preservar o tempo da deputada Monica e pedir para os deputados que ficam no plenário que possam prestar atenção na discussão. Aqueles que queiram conversar, que vão ou ao café dos deputados ou ao café no andar de cima. Eu acho que aqui, no plenário, não é lugar de conversas paralelas. Gostaria, pela última vez, porque eu me sinto até em uma situação desagradável, como presidente da Casa, ao ficar chamando a atenção de deputado. Eu acho que não é o meu papel fazer esse tipo de trabalho. Cada um aqui faz o que pensa. Com toda razão a deputada Mônica faz essa consideração.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Não no sentido de fiscalizar o trabalho de ninguém. Eu acho que todo debate é necessário, mas eu gostaria de debater com os senhores também. Aí a gente vem a esta tribuna e diz que a participação popular não é relevante e também vira as costas para debates políticos relevantes no momento de se fazer. E a gente está discutindo aqui um tema que, para mim, é muito caro e, para mim, é muito sério.

Então, por isso, só para concluir, eu gostaria de chamar a atenção sobre o que representa os venenos no sentido do que eu estava falando na minha fala. A gente já produz bastante, a gente já comercializa bastante, a gente já lucra bastante, a gente já evoluiu em ciência, tecnologia e conhecimento da agricultura para a gente ter outras formas de produção agrícola que não nos envenene e que não nos mate constantemente.

Então, por isso, no marco regulatório das embalagens - eu acho que é importante a gente estar à disposição do diálogo, acho que tem que ter mesmo uma regulamentação nesse sentido - a gente precisa observar a situação complexa e sistêmica da venda de agrotóxicos no estado de São Paulo e partir para outras legislações e fiscalizações.

É isso. Muito obrigada.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu queria só dialogar. A senhora trouxe um assunto importante e eu queria aproveitar para ouvir qual é a opinião da senhora, em especial nesse tema.

O governador traz para o debate um projeto que vai discutir multa, que vai discutir uma mudança na legislação, talvez com mais fiscalização, com menos, mas não coloca no debate essa questão da quantidade de agrotóxicos que é utilizada nas lavouras do Estado. No caso do governo federal, a gente percebeu o aumento do uso de agrotóxico. Hoje a gente corre sérios riscos por conta desse tipo de uso quase que liberado.

Talvez a gente pudesse ter aqui uma emenda para dialogar sobre isso. Eu não sei qual é a opinião da senhora para não perder a oportunidade desse debate, porque aí, sim, me parece que a sociedade vai olhar para a gente e entender que nós estamos preocupados com uma situação grave de saúde pública, porque tem lugares neste Estado, que muitos deputados aqui conhecem, em que as pessoas estão doentes. E elas estão doentes por conta da pulverização com agrotóxico. Eu tive a oportunidade de conhecer gente que perdeu uma quantidade enorme de abelhas por conta da pulverização da cana, como outros casos que os deputados aqui conhecem. Então, eu queria aproveitar e ouvir, antes de a senhora sair da tribuna, qual é a opinião da senhora com relação a esse tema. E se não caberia, quem sabe, uma emenda para fazer esse debate. Muito obrigado.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Sim, faltam muitas emendas e muitos temas. Mas, para além disso, falta fiscalização e poder de fiscalização. Eu me esqueci de falar - e coloquei aqui, Paulo - de um elemento importante: que a Secretaria de Agricultura tem apenas um fiscal para fazer o cadastramento de agrotóxicos e acompanhar esse processo pelo Estado. Então, a gente não tem sequer a segurança de acompanhamento de qualquer política que a gente vai travar aqui. É importante a gente debater, é importante a gente melhorar, é importante, sim, o comitê, é importante, sim, a gente virar a chave da participação, da transparência e da inserção da saúde nesse debate, que é um debate importante.

Mas é importante, também, a gente olhar para esse bojo maior, como eu estava falando, que é um projeto do governo Doria de ataque às políticas ambientais, de destruição das políticas ambientais, de menosprezo pelas políticas ambientais. E, mais uma vez, eu faço aqui um apelo: pode parecer contra negócio, pode parecer contra o agronegócio etc. Mas, de uma forma geral, é contra toda a nossa vida. É contra cada um de nós. Ninguém aqui está imune, nesse momento, naquele restaurante, de se envenenar, de contrair câncer, de beber água contaminada, de pegar qualquer doença. E são muitas as pesquisas que apontam o seguimento da doença e das mais variadas doenças - mal de Parkinson - derivadas dos agrotóxicos.

Então, é um tema que a gente merece debater com muito carinho, e juntar outros setores aqui. Também, Paulo, eu acho que vale uma grande audiência pública, sim. Acho que vale, sim, as pessoas poderem participar e opinar sobre temas tão caros. E olha, o estado de São Paulo, o estado mais desenvolvido do País... Tem muitos países aqui dentro: a gente tem aldeias indígenas, a gente tem quilombolas, a gente tem fazendas de permacultura, a gente tem cidades inteiras que são canaviais. Na minha região, é muito comum você ter cidades de 10, 15 mil habitantes, que são só canaviais. Você corta estradas no meio de canaviais. E essas pessoas estão se envenenando pelo ar, se envenenando todos os dias.

Então, é um tema bastante complexo, de difícil debate, e que precisa ser debatido como é, porque o estado de São Paulo não será nada se a gente continuar avançando no sentido da poluição. Água, por exemplo - a Sabesp é a maior poluidora da América Latina. Qual é a solução para a Sabesp vender? Não. A gente precisa criar outra política de saneamento básico, que obrigue as concessionárias a tratar esgoto. Faltam profissionais de fiscalização na Secretaria de Agricultura. Qual é a solução, desestatizar? Não. A gente precisa produzir políticas que caminhem no sentido da diminuição do uso de agrotóxicos e que nos permitam ter agentes de fiscalização.

Desmontar a política pública, como foi o desmonte do CAT, que era o principal responsável por dar assistência técnica aos menores, aos pequenos produtores etc., demonstra o desprezo. Mas esse desprezo não é por outrem, não é pelos ambientalistas, não é pelos hippies etc. É pelas nossas vidas, é pelo nosso futuro, é pela condição de a gente subexistir. O estado de São Paulo está sob ataque; ataque no sentido de que, se faltar água, não restará negócio.

 

O SR. APRÍGIO - PODE - Me concede um aparte, por favor?

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Claro.

 

O SR. APRÍGIO - PODE – COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputada, boa noite à Mesa. Uma coisa: estou pensando muito também nesse projeto. E eu vejo que, de um lado, traz o mal para as pessoas, traz mal para o meio ambiente. Faz mal para tudo, até para a fauna, tudo do meio ambiente, basicamente. Mas depois eu fico pensando: realmente, tem um lado muito ruim, que é toda essa coisa de trazer doença para o público.

Mas às vezes fico pensando: mas sem essa... Nós vamos ver o outro lado do projeto agora. Sem esse adubo, sem o veneno, sem esses materiais, nós vamos ter problemas, também, com a falta de alimentos. Por quê? Tudo, hoje, na agricultura, tem que ter o veneno ou tem que ter o adubo, porque, se não tiver, não vai dar a mercadoria. Se não dá, o que vai acontecer? Nós vamos ficar com déficit, falta de alimentos. Os alimentos vão aumentar, e não vai aumentar pouco, porque não vai ter na praça, vai sumir, não é?

Pensando bem, acho que é um mal necessário, vai ter que ter, porque sempre teve. Agora, está certo o governo ou vocês. Nós temos que defender o público, quando a gente quer melhorar o projeto para que eles cuidem bem do meio ambiente, para que eles cuidem bem do descarte do adubo, para que eles cuidem bem em quantidade, quanto vão usar, não é? Mas que precisa, não tem como não fazer isso. Precisa, tem que usar.

Nós só precisamos ver como eles vão usar, não vou dizer ensiná-los a usar. Quem precisava ensinar, quem deveria estar aqui com a gente, seriam os agricultores, que produzem e sabem que há determinado tipo de planta e de terra, em que, se você puser adubo, nem dá quatro ou cinco anos, e depois não dá mais nada. O adubo, pelo contrário, às vezes, estraga a terra.

Você veja, a cana-de-açúcar, por exemplo, você coloca lá o adubo, e duas ou três safras, ela vai e vai embora, mas depois de duas ou três safras, você tem que tratar muito a terra para ela dar outro tipo de alimento. Então, é uma coisa para a gente pensar muito bem. Que faz mal, a gente sabe. Não estou dizendo que é um projeto ótimo, não estou dizendo que não faz mal. O que eu estou dizendo é que a gente tem que pensar bem, porque nós precisamos desse adubo e desse veneno para os agricultores poderem produzir.

Obrigado.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Eu concordo, deputado, que seria um colapso se a gente proibisse o uso de veneno, neste momento, para a Agricultura. O que a gente precisa fazer é virar uma chave de aceitar que isso, para sempre, tenha que ser assim.

Acho que a gente chegou a índices lamentáveis e inaceitáveis. Então, agora, a gente tem que virar a chave para uma redução, e é disso que a gente está falando. A gente não pode dar como certo e dado que temos que manter esse alto consumo de agrotóxicos, que a gente tem que regularizar a destinação e que a gente não precisa fiscalizar.

A gente também não tem como dar a monocultura como única técnica. Sim, a cana-de-açúcar destrói o solo como monocultura, mas existem outras experiências e outras formas de agricultura que preservam a mãe-terra, que a tornam ainda mais produtiva e que dispensa o uso de veneno. São essas outras tecnologias e ciências que a gente tem que levar em consideração neste debate que fazemos hoje.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, o nobre deputado Emidio de Souza, pelo tempo remanescente da sessão. Logo em seguida, teremos outra sessão extraordinária.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - O que me preocupa é a confirmação dita que, em nome de um mal maior, desculpe, deputado, eu me colocar... Então, a gente come o veneno e, enfim, usa o adubo. O adubo a gente sempre usou.

A questão é que, para ter uma rapidez numa determinada cultura de produtos, está se usando muito agrotóxico, entendeu? Essa é a questão que é preocupante para a sociedade, porque qual a tendência no mundo que nós estamos desenvolvendo? Não é negar o avanço tecnológico. Eu sou favorável. O que é mais difícil nessa discussão, e eu não senti no texto, é o marco regulatório, deputado Barros Munhoz.

Nós poderíamos ter um marco regulatório que tenha como embasamento a audiência pública, conforme foi dito aqui, e a gente regular. Agora, o que não pode é ficar aberto como está o texto. O deputado Emidio vai fazer uso da palavra e vai constatar que é isso. O texto está aberto para usar o que quer e ainda abre para pouca fiscalização.

É isso. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra o deputado Emidio, pelo tempo remanescente da sessão.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Cauê Macris; Srs. Deputados e Sras. Deputadas dos mais diversos partidos aqui representados; boa noite.

Primeiro. Eu creio que esse debate, em torno do Projeto de lei nº 147, é um debate apropriado para um tema que deveria preocupar mais do que tem preocupado as pessoas. Evidente que a destinação das embalagens que comportam agrotóxico é um debate que tem que ser feito com um pouco mais de fôlego.

Por exemplo, se tem um lugar, nesse País, que tem especialistas em tudo quanto é coisa, gente formada na USP, na Unesp, na Unicamp, nas universidades particulares, com especialização em tudo quanto é canto, é o estado de São Paulo. É um Estado que pode contribuir em qualquer tema que se for discutir. Temos condição de discutir em profundidade.

Eu gostei muito da colocação da deputada Monica, que me antecedeu aqui. Porque ela aprofundou essa questão. Ela mostra que temos por onde ir. A Assembleia, para decidir um tema como esse, deveria se cercar de todo o conhecimento acumulado que temos sobre isso.

Por isso, devemos fazer audiência pública em torno dessa questão. Não é para retardar. Audiência pública não é para retardar a tramitação de projeto. É para que o projeto saia melhor e a futura lei saia melhor do que aquilo que está proposto. Nesse caso, a pressa não nos ajuda em nada.

O que ajuda é o aperfeiçoamento. Essa é uma preocupação que todos nós temos que ter. Eu me lembro, da última vez que fui deputado aqui, entre os anos de 2001 e 2004. Um dos temas que debatemos aqui, na época - alguns mais antigos deverão lembrar - foi o tema da mecanização da agricultura de São Paulo. Para evitar aquelas antigas queimadas, que poluíam as cidades e tornavam insuportável o ar nas cidades. E trazia prejuízos evidentes.

Foi feito um amplo debate em torno do que fazer com aquilo. De quanto tempo levaria para se implantar a mecanização. Teria que dar tempo para a produção de máquinas, para superar problemas que a tecnologia precisava de tempo para superar. Hoje foi um debate que enriqueceu demais a Assembleia e ofereceu, para São Paulo, uma legislação mais moderna, melhor.

Eu penso que o que falta, nesse debate sobre a destinação de embalagens de agrotóxico, é você ouvir todo mundo, ouvir especialistas, não temos problema. Deputado não é obrigado a ser especialista em todos os assuntos. Alguns temas, que dizem respeito à vida e à saúde de milhões de pessoas, são temas que precisam a opinião de mais gente, de cientistas, de gente que a gente pode ouvir.

Eu diria o seguinte. Precisamos ter presente que esse tema, do agrotóxico, um tema não só da embalagem, mas do agrotóxico como um todo, da qualidade de vida, da qualidade do alimento que se consome, é um tema muito caro. Agora há proposta, na legislação federal, de aumentar o percentual de agrotóxico permitido. E o Congresso Nacional debate isso o tempo todo. Precisamos estar atentos a esse tema.

O deputado Aprígio colocou uma coisa que precisa ser levada da seguinte forma. Evidentemente, numa sociedade de consumo, como a que nós vivemos...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Emidio, vou pedir desculpa a V. Exa. mas encerramos o tempo da presente sessão. Preservados os seus 10 minutos e 34 segundos, em 10 segundos, V. Exa. retoma a fala.

Esgotado o objeto da presente sessão, está levantada a sessão. Lembrando a todos que, em 10 minutos, vamos para a segunda sessão extraordinária.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 40 minutos.

 

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