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06 DE AGOSTO DE 2018

112ª Sessão Ordinária

 

Presidência: CARLOS GIANNAZI

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a visita de professoras da Escola Estadual Professora Marie Nader Calfat, readaptadas pelo Governo do Estado, mas convocadas para o retorno às atividades de origem. Critica a medida, por entender que há afronta à dignidade, haja vista estarem as docentes enfermas. Informa que ingressara com representação junto ao Ministério Público e que deve acionar o Conselho Regional de Medicina, e as Comissões de Educação e de Direitos Humanos, desta Casa. Menciona presença na Escola Estadual Dario de Queiroz, em São Miguel Paulista. Anuncia que a direção da entidade emitira documento contra a reforma do Ensino Médio. Critica a Diretoria de Ensino de Diadema, por afastar do cargo diretora concursada que defende a gestão democrática da Escola Estadual Simon Bolívar. Clama à Secretaria da Educação que tome providências urgentes. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 07/08, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra sessão solene a ser realizada hoje, às 20 horas, para "Comemoração do Dia da Liderança Jovem e Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Presidente da Associação São Paulo Diferenciado, o Professor Emerson Nunes de Oliveira." Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE – CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Procede à leitura da matéria do Expediente, publicada separadamente da sessão.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI – PSOL - PRONUNCIA-SE DA PRESIDÊNCIA - Antes de dar continuidade à nossa sessão eu gostaria de anunciar, aqui no plenário da Assembleia Legislativa, a presença das professoras da Escola Estadual Professora Marie Nader Calfat: as professoras Carla, Lourdes e Lucenilda.

São professoras readaptadas que estão sendo vítimas. Estão vivendo aquela situação que tenho denunciado exaustivamente aqui na Assembleia Legislativa: são forçadas a voltar à sala de aula, mesmo adoentadas.

São professoras readaptadas, e as readaptações estão sendo cessadas por conta de uma orientação criminosa do governo estadual. É uma orientação que não sei se vem da Secretaria de Gestão Pública, da Secretaria da Educação, da Casa Civil ou do Departamento de Perícias Médicas do Estado.

É um absurdo, o que está acontecendo. Já tomamos providências aqui pela Assembleia Legislativa. Recentemente ingressei com uma representação no Ministério Público Estadual. A nossa representação foi acatada. A promotora encarregada do caso, que está investigando o caso, já abriu o inquérito civil público, já está colhendo informações das secretarias envolvidas e do próprio Departamento de Perícias Médicas, porque é um absurdo.

Já acionei também, pela Assembleia Legislativa, o Conselho Regional de Medicina. Já acionei a Comissão de Educação e Cultura e a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, daqui da Assembleia Legislativa, para que as providências sejam tomadas. Porque é inconcebível o que está acontecendo com as nossas professoras readaptadas.

O Estado não está contratando funcionários. Não está fazendo a chamada dos concursos realizados. Continua precarizando a contratação dos professores categoria “o”. Como não está mais investindo nas contratações, ele obriga os professores adoentados a voltarem a lecionar em sala de aula.

É uma agressão! É uma violação à dignidade, à vida e à saúde das professoras readaptadas da rede estadual. Não vamos aceitar isso. Por isso, estamos tomando todas essas medidas: acionando as comissões da Assembleia Legislativa, acionando o Conselho Regional de Medicina, acionando a Secretaria de Gestão e a Secretaria de Educação e, sobretudo, o Ministério Público Estadual.

As professoras Carla, Lourdes e Lucenilda, saibam que não vamos nos calar. Estamos irmanados na luta em defesa das professoras readaptadas.

Aproveito ainda para dizer que estivemos presentes, na semana passada, na Escola Estadual Prof. Dario de Queiroz, que fica em São Miguel Paulista, onde participei de uma reunião que avaliou a Base Nacional Comum Curricular naquele famoso e famigerado Dia D do governo Temer, quando ele pediu para que as escolas, em um único dia de aula, avaliassem a Base Nacional Curricular, que tem mais de 150 páginas. Pura demagogia, tentando dizer que houve um amplo debate em torno da Base Nacional Curricular, que visava basicamente legitimar a reforma do ensino médio, que, na verdade, não é reforma, mas a destruição do ensino médio no Brasil.

E foi feita por medida provisória. Não houve debate, não houve aval da comunidade escolar para que houvesse essa reforma do ensino médio. As escolas fizeram os debates, mas fizeram críticas, denúncias. Se para o governo foi o Dia D, para nós, educadores, educadoras e profissionais da Educação, foi o Dia da Denúncia. Nós denunciamos a farsa da reforma do ensino médio e também a farsa da Base Nacional Comum Curricular.

Várias escolas se colocaram contra. Acho que a maioria das escolas consultadas se posicionou contra, pois elas fizeram uma análise crítica de toda essa situação, sobretudo do documento que o governo enviou. Colocaram-se contra e encaminharam documentos às diretorias de ensino.

Eu recebi o documento da comunidade escolar, que foi produzido após um amplo debate feito na escola. Vou solicitar que a Assembleia Legislativa faça a publicação desse documento no Diário Oficial, pois ele foi muito bem feito, com todos os argumentos e fundamentos da rejeição da Base Nacional Comum Curricular.

Inclusive, nessa escola onde estive, percebi que os alunos, professores e funcionários estavam preocupados, não com a reforma do ensino médio, pois eles sabem que não tem reforma nenhuma, mas com a reforma da própria escola.

Até mostrei, na semana passada, que o telhado do pátio onde foi realizado o debate é feito de amianto, que é cancerígeno. A comunidade quer a troca, já solicitou a troca e, até hoje, nada. Há salas desabando na Escola Prof. Dario de Queiroz. Então, se o governo não faz nem a reforma estrutural da escola, como vai fazer essa falsa reforma do ensino médio?

Então, queria fazer o registro do debate que houve na Escola Estadual Prof. Dario de Queiroz, em São Miguel Paulista, e solicitar que o documento encaminhado à Diretoria de Ensino seja publicado no Diário Oficial do Poder Legislativo, para que toda a população tenha acesso ao que vem acontecendo.

Por fim, eu gostaria ainda de dizer que recebemos aqui uma nota de repúdio, uma denúncia contra a Diretoria de Ensino de Diadema. Temos aqui uma denúncia gravíssima. Conversei com os professores e estou conversando com a comunidade escolar. Tenho um documento em mãos e estou acionando agora a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e a própria Secretaria da Educação, para que providências sejam tomadas.

É uma escola que está implantando uma gestão democrática, participativa. Os alunos, no ano passado, foram à Secretaria da Educação reivindicar a contratação de funcionários, pois as escolas estaduais não têm funcionários. Faltam servidores do quadro de apoio, faltam agentes de organização escolar na rede estadual. Dificilmente vamos encontrar uma escola da rede estadual com quadro de apoio completo, com agentes de organização escolar. O estado não contrata esses funcionários.

A comunidade se organizou e foi à Secretaria da Educação exigir a contratação de funcionários, a realização de concurso público e também a reforma da escola, exigindo o envio de carteiras novas porque a escola tinha sido parcialmente reformada, enfim, e por isso a diretora da escola foi penalizada. Isso porque ela permite o conselho participativo, a gestão democrática, que é um princípio básico da educação brasileira. E, a Diretoria de Ensino, enciumada, para retaliar a escola e a comunidade escolar, afastou a diretora efetiva e concursada - ela que segue a Constituição Federal e a LDB, Lei de Diretrizes Básica da Educação Nacional - para realizar trabalho burocrático na Diretoria de Ensino.

Esse comportamento da Diretoria de Ensino é uma afronta ao Magistério, à gestão democrática. Nós vamos apurar isso, queremos uma apuração rigorosa desse afastamento. Vamos convocar a dirigente de Ensino de Diadema na Comissão de Educação, e, se necessário, vamos acionar o Ministério Público também em relação a esse caso. Imagine uma diretora que estimula a gestão democrática é perseguida e afastada do seu cargo.

Ela é penalizada por conta de algo que todos os diretores devem fazer: estimular a gestão democrática, a participação no Conselho de Escola, na APM, no grêmio estudantil, porque o grande objetivo da educação brasileira é o preparo do aluno para o pleno exercício da cidadania. É exatamente o que a escola está fazendo. E, por fazer isso, a professora Nilza Sizuca está sendo penalizada, e a comunidade está revoltada.

Há um abaixo-assinado que está sendo entregue a todos os deputados da Casa. Espero que todos tomem providências e saiam em defesa da diretora Nilza e de toda a comunidade escolar da Escola Estadual Simon Bolívar, de Diadema, em Eldorado. Essa escola tem um trabalho importante, um projeto pedagógico crítico na linha de Paulo Freire, e está sendo perseguida pela Diretoria de Ensino, tanto a comunidade escolar, como a diretora Nilza Sizuca. Pedimos providências imediatas.

Gostaria que a parte desse meu pronunciamento fosse encaminhada com urgência para o secretário de Educação, João Cury. Tenho certeza de que ele não está sabendo, mas na hora em que tiver conhecimento, tomará as devidas providências porque ele é contra esse tipo de retaliação e de autoritarismo. Que ele receba as cópias do meu pronunciamento e tome providências imediatas para que a diretora volte à direção da escola, e que a Diretoria de Ensino de Diadema seja investigada por conta dessa postura autoritária.

Passo a ler o documento conclusivo da Escola Estadual Professor Dario Queiroz Ministério de Educação, Conselho Nacional de Educação e à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo:

 

“SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO LESTE 2 ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR DARIO DE QUEIROZ

Rua Luís Atílio Rossi, 75 - Vila Nitro Operária, São Paulo - SP, 08010-380 / Fone: (11) 2297-2909

 

DOCUMENTO CONCLUSIVO DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR DARIO DE QUEIROZ AO MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO, CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO

 

Assunto: Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio - BNCC e Reforma do Ensino Médio / Dia "D"

 

Aos dois dias de agosto de dois mil e dezoito, nós, professores(as), estudantes, funcionários(as) da Escola Estadual Professor Dario de Queiroz e membros da comunidade local realizamos o dia "D", momento de amplo debate em torno da Base Nacional Comum Curricular, conforme solicitado pelo Governo.

Após intensa discussão, chegamos à conclusão de que SOMOS VEEMENTEMENTE CONTRÁRIOS A BNCC tal como se apresenta e REPUDIAMOS O MODELO ATUAL DE REFORMA DO ENSINO MÉDIO. Somos contrários à Lei 13.415/2017, que dispõe sobre as mudanças no Ensino Médio, exercendo nossa cidadania, exigimos sua REVOGAÇÃO e requeremos aos membros do Conselho Nacional de Educação a REJEIÇÃO DA BNCC E DA REFORMA DO ENSINO MÉDIO, pelas seguintes razões:

• Não houve a devida transparência por parte do governo federal no processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular, tampouco durante as discussões sobre a Reforma do Ensino Médio;

• Somos contrários a qualquer mudança na Educação brasileira sem consulta direta aos educadores(as), estudantes e comunidades e sem a escuta de suas opiniões e sugestões;

• Fazemos oposição à intervenção no Ensino Médio por meio de Medida Provisória (MP), constituindo-se um instrumento ditatorial em nosso regime político e democrático;

• Somos favoráveis à gestão democrática em nossas escolas e não acolhemos alterações instituídas por profissionais que desconhecem a verdadeira realidade escolar em suas especificidades;

• Consideramos desnecessárias a BNCC e a Reforma do Ensino Médio como dispostas por já haver em pleno cumprimento a Lei de Diretrizes e Bases (LDB   9394/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais;

• A reforma do Ensino Médio, da qual a BNCC faz parte, torna obrigatórias nas escolas de Ensino Médio apenas as disciplinas de Português e Matemática, excluindo todas as outras de sua obrigatoriedade, impossibilitando aos alunos(as) de escolas públicas verdadeira adesão à cultura mais ampla;

• Veta o acesso direto aos estudantes de Ensino Médio que estão a caminho do Ensino Superior às disciplinas que desenvolvem o senso crítico, como as de Ciências Humanas, em especial;

• Neutraliza disciplinas importantes para o desenvolvimento pleno da consciência e que fomentam discussões, reflexões, bem como o exercício da transformação social,  tais como: História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Física, Química, Arte, Biologia, Educação Física e Língua Estrangeira. A exclusão das disciplinas de Ciências Humanas do Ensino Médio acarretará em uma formação de alunos e alunas obedientes e que não contestem, que não conheçam a cidadania e seu exercício;

• É uma reforma que se apresenta na contramão daquilo que o resto do mundo vem praticando, ou seja, uma educação onde estudantes se tornem conscientes de seus papéis sociais e não sejam pessoas sem senso crítico e sem compromisso com a transformação da sociedade;

• Acreditamos que tal mudança atende apenas aos interesses dos empresários e fundações que lucram com o desmonte da Educação e não atende às necessidades da Educação brasileira, dos estudantes e educadores(as);

• Entendemos que a reforma proposta está a serviço da lógica do capital que quer acabar com a formação do pleno exercício da cidadania dos nossos estudantes;

• A flexibilidade do currículo permitirá que boa parte do Ensino Médio regular e a totalidade da Educação de Jovens e Adultos sejam realizadas fora do espaço escolar e sem a contribuição direta dos(as) professores(as);

• A certificação dos estudantes que estudarão à distancia terá qualidade duvidosa e desatrelada aos princípios da formação escolar;

• A reforma do Ensino Médio e a BNCC como se  apresentam servirão para dificultar o acesso dos estudantes ao Ensino Superior ou excluir a população de baixa renda das periferias de ingressar nas universidades públicas e privadas que exigem em seus vestibulares bons resultados em TODAS as áreas de conhecimento, tendo inclusive, suas redações com temáticas sempre refletidas e discutidas, prioritariamente, pelas disciplinas de Ciências Humanas, as mais ameaçadas com essa reforma;

• Aos pobres oferecem apenas Português e Matemática e aos mais abastados todas as demais disciplinas (certamente vendidas em pacotes extras) que permitirão o acesso às melhores universidades do País;

• Intimida a autonomia dos(as) professores(as) no processo de fazer Educação em sala de aula;

• A Reforma do Ensino Médio ameaça o quadro do Magistério, uma vez que oferece como obrigatoriedade de execução apenas duas disciplinas;

• A Reforma do Ensino Médio também atinge professores(as) de Língua Portuguesa e Matemática, pois seus exercícios serão reduzidos a partir do momento que boa parte dos conteúdos curriculares dessas disciplinas será oferecida à distância, diminuindo a necessidade de professores(as) presenciais em sala de aula;

• Além de exonerações e demissões em massa, as relações de trabalhos nas escolas serão precarizadas pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) e pelas substituições de educadores(as) graduados(as) e especialistas nas áreas que lecionam por contratações de profissionais com "notório saber", em uma educação técnica-profissional;

• Não oferece reforma estrutural às nossas escolas, portanto, não responde aos nossos anseios mais urgentes;

• Não pretende ampliar o quadro de servidores, agentes escolares, que desempenham importante papel no processo educativo nas escolas;

• Não   garante   espaços   pedagógicos   que   permitam   o   maior desenvolvimento dos saberes dentro das escolas, tais como: ambientes com   recursos   digitais   e   tecnológicos,   como   salas   de   vídeo   ou informática com acesso à internet; bibliotecas com respeitável acervo de obras literárias nacionais e internacionais;

• A mercantilização e privatização da Educação, fomentadas pela Reforma  do  Ensino  Médio,   apresentam-se  em  consonância  com  a Emenda Constitucional n° 95/2016 e com o teto dos gastos públicos levando o  Brasil  de volta ao estado de  exceção econômico e ao capitalismo do desastre.

 

Pelo presente documento, firmado e assinado por todos e todas presentes, manifestamos nossa OPOSIÇÃO à BNCC e o nosso REPÚDIO à Reforma do Ensino Médio e REQUEREMOS sua TOTAL REJEIÇÃO.

São Paulo, 02 de Agosto de 2018.

           

Esta Presidência, cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia o Projeto de lei nº 417, de 2018, bem como os Projetos de lei nº 253, de 2013, e nº 1.174, de 2017, vetados.

Havendo acordo entre as lideranças presentes em plenário, antes de dar por levantados os trabalhos, esta Presidência convoca V. Exas. para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de quinta-feira, com os aditamentos ora anunciados, lembrando-os ainda da Sessão Solene que será realizada hoje, às 20 horas, com a finalidade de comemorar o Dia da Liderança Jovem, e outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao presidente da Associação São Paulo Diferenciado, professor Emerson Nunes de Oliveira.

Está levantada a presente sessão.

 

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            - Levanta-se a sessão às 14 horas e 53 minutos.

 

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