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19 DE MARÇO DE 2018

13ª SESSÃO SOLENE - OUTORGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA OS LÍDERES ECUMÊNICOS REVERENDO ALDO QUINTÃO, MONSENHOR TARCÍSIO JUSTINO LORO, PADRE APARECIDO SILVA E DOM DAMASKINO MANSOUR

 

Presidente: FERNANDO CAPEZ

 

RESUMO

1 - FERNANDO CAPEZ

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Tece considerações regimentais sobre a solenidade. Informa que a Presidência Efetiva convocara a presente sessão solene para a "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo para os Líderes Ecumênicos Dom Damaskinos Mansour, Reverendo Aldo Quintão, Monsenhor Tarcísio Justino Loro e Padre Cido Silva, por solicitação deste deputado. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Justifica ausências de autoridades. Anuncia um minuto de silêncio em homenagem à filha do deputado Orlando Bolçone, Karina Bolçone, falecida nesta data. Narra breve histórico da Catedral Ortodoxa Metropolitana de São Paulo. Enaltece atividades de cunho social realizadas pela comunidade síria, em benefício principalmente de crianças carentes, idosos e refugiados. Faz leitura curricular. Anuncia a entrega de homenagem ao Sr. Dom Damaskinos Mansour.

 

2 - DOM DAMASKINOS MANSOUR

Sacerdote da Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo, saúda os presentes. Manifesta gratidão a Deus e aos fiéis presentes na solenidade. Cita fala de Jesus Cristo aos discípulos. Acrescenta que as boas obras que fizera devem-se à graça de Deus e à cooperação dos amigos, durante 25 anos de estada no Brasil. Estende a homenagem recebida aos membros da igreja e à comunidade árabe no País. Tece considerações sobre a fundação da Igreja Ortodoxa, em Antióquia, na Síria. Ressalta a missão de servir e de pastorear, sobretudo a comunidade sírio-libanesa. Discorre acerca da migração árabe para o Brasil e a contribuição desse povo para o desenvolvimento do País, na seara comercial, política, social e industrial. Manifesta contentamento por receber a homenagem. Enaltece a iniciativa do deputado Fernando Capez. Clama a Deus que ilumine os dirigentes mundiais, no combate à violência e em benefício do meio ambiente. Valoriza a vida e defende a pacificação e a fraternidade no Oriente Médio.

 

3 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Discorre acerca da história da Igreja Nossa Senhora de Fátima, situada na Vila Leopoldina. Faz leitura curricular e anuncia a entrega de homenagem ao Sr. Monsenhor Tarcísio Justino Loro.

 

4 - MONSENHOR TARCÍSIO JUSTINO LORO

Pároco na Igreja Nossa Senhora de Fátima, saúda os presentes. Agradece ao deputado Fernando Capez pela homenagem recebida. Manifesta carinho pelos demais homenageados, unidos pela capacidade, dada por Deus, de transformar a palavra em atitudes. Enaltece o valor da vida humana, necessitada de amor, de perdão, e de motivação, por exemplo. Assevera que a simplicidade é requisito para viver a fé. Tece considerações elogiosas a Maria, mãe de Jesus. Acrescenta que é desafiador organizar a comunidade com o propósito de servir aos irmãos. Afirma que a esperança combate decepções. Lembra encontro de adolescentes e de casais, na paróquia. Afirma que a igreja deve ser companhia que faz brotar o rosto de Cristo, que ama e que perdoa. Defende a não separação de irmãos a serem adotados.

 

5 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Narra breve histórico da Igreja do Santíssimo Sacramento. Faz breve leitura curricular e anuncia a entrega de homenagem ao Sr. Padre Cido Silva.

 

6 - PADRE CIDO SILVA

Pároco na Igreja do Santíssimo Sacramento, cumprimenta os presentes. Estende a comenda recebida a toda a paróquia que representa. Enaltece a presença de Jesus Cristo na comunidade do bairro Paraíso. Enaltece o trabalho de atendimento a famílias carentes e o exercido pela pastoral dos moradores de rua. Agradece aos paroquianos. Ressalta a importância do Evangelho. Defende a agregação e o acolhimento. Cita fala de Dom Paulo Evaristo Arns. Clama pela união de forças em torno da construção da fraternidade.

 

7 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Narra breve histórico do Cristianismo na Inglaterra e da Catedral Anglicana de São Paulo. Faz breve leitura curricular e anuncia a entrega de homenagem ao Sr. Reverendo Aldo Quintão.

 

8 - REVERENDO ALDO QUINTÃO

Pároco na Catedral Anglicana de São Paulo, saúda os presentes. Narra sua chegada à Igreja Anglicana, há 23 anos. Reverencia sua mãe, essencial em sua educação. Lembra episódios da infância, em Taguatinga. Informa que hoje assinara convênio, com a prefeitura de Botucatu, para atender crianças, a partir dos serviços de duas creches. Elogia o deputado Fernando Capez. Comenta a "Campanha dos Lençois", realizada na Catedral Anglicana, para angariar mil lençóis, em benefício do orfanato. Manifesta amor pelos paroquianos da Catedral Anglicana de São Paulo. Comenta o interesse do deputado Fernando Capez em favorecer, segundo o patrocínio de 7 milhões de reais, da Cultura Inglesa, a ampliação do serviço de creche da igreja. Valoriza a pluralidade religiosa. Afirma que a Catedral Anglicana acolhe pessoas vítimas de discriminação. Comenta a diminuição no número de casamentos. Lembra demora da polícia para registrar boletim de ocorrência, em caso de gêmeas abandonadas na igreja. Acrescenta que decidira construir um orfanato, em razão disso.

 

9 - CELSO NASCIMENTO

Deputado estadual, cumprimenta os presentes. Manifesta contentamento por participar da solenidade. Enaltece a importância dos homenageados, para a sociedade. Afirma-se pastor membro da Igreja do Evangelho Quadrangular. Elogia o deputado Fernando Capez. Acrescenta que esta Casa hoje recebera luz.

 

10 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Reflete sobre a fé, a esperança, e o amor, contidos na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios. Faz agradecimentos. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Fernando Capez.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Sessão Solene com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo para os líderes espirituais e sociais, numa sessão solene ecumênica. Dom Damaskinos Mansour, reverendo Aldo Quintão, monsenhor Tarcísio Justino Loro e padre Cido Silva, aqui no plenário mais importante da Casa, o Juscelino Kubitschek.

Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Com base nos termos do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta não é uma sessão comum, mas uma sessão solene. Sendo assim, obedece a rígida forma sacramental nos termos do Regimento Interno desta Casa. Mas esta não é uma sessão solene comum, é especial, porque outorga a mais importante comenda do Poder Legislativo do estado de São Paulo, o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. Esta é uma comenda em que a Assembleia Legislativa é bastante econômica em sua concessão. Não pode ser concedida por qualquer motivo, existe uma série de requisitos examinados e percorridos vários órgãos internos da Casa, inclusive de funcionários efetivos e concursados, para que só então seja levada à deliberação do Colégio de Líderes, que congrega os principais líderes de todos os partidos da Casa. Há casos em que sessões são propostas e não são autorizadas, esta foi autorizada por unanimidade dos líderes desta Casa Legislativa. Não é por menos, ela foi convocada por solicitação minha ao presidente da Casa, deputado Cauê Macris, para outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo para os líderes ecumênicos, que irei chamar agora, um a um. Peço uma calorosa salva de palmas. (Palmas.)

Peço ao Cerimonial que já se prepare para encaminhá-los. Aguardando a vinda do primeiro homenageado, Dom Damaskinos Mansour, da Catedral Metropolitana Ortodoxa de São Paulo; o reverendo Aldo Quintão, da nossa querida Catedral Anglicana de São Paulo, uma calorosa salva de palmas a ele. (Palmas.) Querido e amado monsenhor Tarcísio Justino Loro, nossas palmas com carinho e amor. (Palmas.) Meu queridíssimo padre Cido Silva, aqui da nossa Paróquia do Santíssimo Sacramento.(Palmas.)

Neste momento convido todos aqueles que puderem ficar em pé para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Comunicamos a todos os presentes, e aqueles que estiverem nos assistindo neste momento, que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web, e será retransmitida pela TV Assembleia no sábado, dia 24 de março, às 21:30 pela NET - canal sete; TV Vivo - canal nove; e TV Digital - canal 61.2. Estaremos também retransmitindo esta sessão em nossas redes sociais, que terá também uma grande audiência, assim como nos respectivos homenageados.

Estão aqui presentes homenageando esta sessão o querido amigo e deputado federal Miguel Haddad; meu querido irmão Celso Braz do Nascimento, deputado estadual com um trabalho maravilhoso aqui na Assembleia; nosso sempre senador da República e presidente da Câmara Brasil-Líbano, Dr. Alfredo Cotait, que traz também o prestígio de sua presença; meu irmãozinho Ricardo Franco Montoro, que foi deputado aqui comigo e vice-presidente da Cohab, tivemos aqui uma sessão maravilhosa no centenário do seu pai, o inesquecível governador André Franco Montoro; o ex-deputado estadual Hanna Garib; Victor David, secretário das Regionais do governo de Jânio Quadros; Bispo Romanós, da Catedral Metropolitana Ortodoxa.

Dr. Fabio Kadi, presidente do Esporte Clube Sírio, um clube amador que foi campeão mundial de basquete em 1979, base da seleção brasileira terceira colocada no Campeonato Mundial de 1978. Clube Sírio que manteve esse time com Oscar, Marquinhos, Carioquinha e tantos outros, com recursos próprios. Parabéns ao Clube Sírio que nos prestigia aqui também. Ao Guilherme Mattar, da Câmara de Comércio Brasil-Líbano, sempre nos prestigiando; Helô Fonseca, representante da OAB/SP, da Comissão de Direitos Civis, parabéns e obrigado pela presença; Sua Excelência, embaixador Osmar Chohfi, vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, parabéns pela reforma, estão lindíssimas as novas instalações da Câmara de Comércio.

Ana Paula Quintão, esposa do reverendo Aldo Quintão. Costuma-se dizer que atrás de um grande homem, tem sempre uma grande mulher, e aí tivemos que atualizar. Ao lado de um grande homem, tem sempre uma grande mulher. Neste caso, se o reverendo Aldo me permitir, à frente de um grande homem, tem uma grande mulher, essa queridíssima Ana Paula Quintão, os dois braços do nosso reverendo. Também o Alejandro Sfeir Tonsic, cônsul-geral do Chile; Antonio José Neaime, presidente laico do Conselho Administrativo Ortodoxo, estive na sua posse assistindo e foi uma cerimônia lindíssima; Getúlio Rosas, membro da Junta Paroquial da Catedral Anglicana, um braço social importantíssimo da Catedral; Ohans Banous Hanna, presidente do Conseg-Perus, um homem de uma coragem inacreditável, parabéns pelo trabalho que faz; Marina Gabriela, representando os estudantes da Unip, universidade onde sou professor convidado.

Misael, empresário representante da Smith Wesson Taser. Não deveria dizer isso, mas tive uma polêmica com ele sobre o desarmamento, mas é um dos grandes homens aqui, que nos ajuda muito. Eu diria que a maior parte das contribuições sociais que fazemos tem o Misael por trás. É um grande homem, uma grande alma sem dúvida alguma. Salim Taufic Schahin, vice-presidente do Conselho da Igreja Ortodoxa; Dr. Ramez Al Raee, vice-cônsul da Síria; padre Cássio, da Paróquia Santa Generosa. Que delícia, que cerimônia bonita e gostosa com tantas pessoas. Mustapha Abdouni, cônsul honorário da Jordânia, que esteve comigo lado a lado na cerimônia de posse do Conselho da Catedral Ortodoxa no último domingo. À medida em que as autoridades forem sendo identificadas, vamos nominando no Cerimonial.

Vamos dar início às homenagens, mas antes quero agradecer pelas mensagens que recebemos. O prefeito da cidade de São Paulo, João Doria Junior, nos cumprimenta pela cerimônia e deseja sucesso. Me telefonou pouco antes de iniciar a sessão lamentando não estar presente, mas gostaria de estar. Manda um abraço e cumprimenta todos os homenageados, e os parabeniza pelo trabalho que vêm realizando. O professor Wilson Modesto Pollara, secretário municipal da Saúde; também David Barioni Neto, presidente da SPTuris; Alexandro Schneider, secretário municipal da Educação, a prefeitura em peso prestigiando. Cláudio Carvalho, secretário municipal das Subprefeituras; o cônsul-geral da República de Myanmar, Ricardo Cateb Cury; o deputado Cauê Macris, presidente da Assembleia; deputados João Caramez, Coronel Telhada, Doutor Ulysses, Milton Vieira.

Eu pediria que todos agora, em posição de respeito, mas sentados mesmo, fizéssemos um minuto de silêncio pelo trágico falecimento nesse final de semana, da filha do deputado Orlando Bolçone, tragicamente levada de uma hora para outra por um infarto fulminante. É um momento de nos concentrarmos e colocarmos nossas orações para confortar essa família. Que Deus acolha essa alma. Um deputado tão querido e amado por todos nós. Pediria um minuto de silêncio para aproveitarmos nossas orações.

 

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- É respeitado um minuto de silêncio.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Muito bem. Vamos dar início às homenagens. A sessão solene tem um script e não podemos sair dele por um milímetro. Neste momento procederemos à homenagem dos líderes ecumênicos. O primeiro homenageado, Dom Damaskinos Mansour, bispo da Catedral Ortodoxa Metropolitana. Até o final da década de 1930, os fiéis ortodoxos de São Paulo tinham somente a pequena igreja da antiga Rua Itobi, hoje Rua Cavalheiro Basílio Jafet, na região da Rua 25 de Março, onde podiam praticar seus ritos e cumprir seus preceitos religiosos. Em 1939, foi comprado um terreno na Rua Vergueiro, no bairro do Paraíso, onde foi construído o mais esplendoroso e maior templo bizantino da América do Sul, dedicado ao Santo Apóstolo Paulo, padroeiro da cidade.

Seu projeto foi concebido pelo arquiteto Paulo Taufik Camasmie,  em puro estilo bizantino, nos moldes da Grande Basílica de Santa Sofia de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, seu interior é revestido de mármore. A catedral não só tem a função de manter a pura continuidade dos ritos e tradição da Igreja Ortodoxa em terras brasileiras, como também ser um centro de informação e difusão da espiritualidade e vivência do cristianismo ortodoxo. Sua arquitetura e cântico litúrgico, seu papel e participação ecumênica no desenvolvimento e relação entre as várias denominações cristãs e religiosas não cristãs estão presentes em nosso País.

A catedral, por ser sede da arquidiocese, tem a presença constante de seu superior maior, Dom Damaskinos Mansour, arcebispo metropolitano de São Paulo e de todo o Brasil, na função desde 1997. A principal obra da Catedral Ortodoxa não é sua esplendorosa arquitetura, feita para espelhar o orgulho de toda a comunidade síria aqui em nosso País, é mais do que isso; a catedral é um verdadeiro monumento em homenagem ao trabalho social que realiza Dom Damaskinos Mansour. Trabalho social pelas crianças carentes que acolhemos no Lar Sírio, por exemplo, na Instituição Mão Branca, para pessoas da melhor idade, que necessitam do carinho e atenção, dos refugiados desesperados que vêm de uma Síria consumida pela guerra civil, e aqui encontram carinho e solidariedade, e do conforto espiritual das cerimônias realizadas lá.

É entrar, e ao mesmo tempo que somos impactados positivamente pelo esplendor, pela maravilha de sua arquitetura, um orgulho para toda a cidade de São Paulo, logo somos tocados pela humildade do seu rito, pela elevação espiritual que nos traz, e pelo grande e enorme bem-estar que sentimos. Quando entramos, por mais que esteja doendo nossa alma, lá nos confortamos e nos sentimos bem.

Quero que o Cerimonial agora me auxilie, para fazer a entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao arcebispo Dom Damaskinos Mansour. Uma salva de palmas ao nosso arcebispo. (Palmas.)

 

* * *

 

- É entregue a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Peço que nosso Cerimonial conduza Dom Damaskinos Mansour ao parlatório principal da Casa, que é privativo de uso dos deputados estaduais, mas que hoje, engalanado por esta elevada sessão, se rende às autoridades maiores, as espirituais. Toda e qualquer autoridade é constituída por Deus, principalmente neste caso. Passamos a palavra ao Dom Damaskinos Mansour.

 

O SR. DOM DAMASKINOS MANSOUR - Exmo. Deputado Fernando Capez, presidente desta sessão solene e autor do projeto de Decreto Legislativo, na pessoa da qual saúdo todos os deputados e secretários presentes. Excelentíssimos componentes da Mesa, Sr. Osmar Chohfi, digníssimo embaixador, na pessoa da qual saúdo todo o corpo diplomático. Prezados fiéis e representantes de entidades aqui presentes, reverendos homenageados, reverendo Aldo Quintão, padre Aparecido Silva, monsenhor Tarcísio Justino, senhoras e senhores, boa noite a todos.

Tendo agradecido primeiramente a Deus, agradeço a todos que aceitaram o convite para participar desta homenagem. Sua presença, senhoras e senhores, é para nós mostra de consideração e respeito para os homenageados. Antes, afirmo que lemos no Santo Evangelho as palavras do Senhor Jesus Cristo aos seus discípulos, quando disse: “Assim também vós, depois de ter desfeito tudo que vos foi ordenado, dizei, somos servos como quaisquer outros, fizemos apenas o que devíamos fazer”. No espírito deste ensinamento cristão, confesso diante dos senhores que tudo de bom que fiz, as boas obras que pratiquei em minha vida religiosa, inclusive nos campos humanitários, sociais e atividades pastorais em diferentes países, se devem à graça de Deus e à cooperação dos fiéis e amigos em tudo.

Não teria feito tudo que fiz nesses 25 anos no Brasil, sem auxílio e sacrifício do Clero Ortodoxo e dos membros de nosso Conselho Arquidiocesano em São Paulo, bem como dos conselhos paroquiais em outros estados e apoio dos filhos de nossa comunidade em geral. Foi a ajuda de todos, a cooperação durante esses anos que possibilitaram um resultado altamente positivo para a igreja e a comunidade. Por isso, considero esta homenagem que recebo como uma homenagem aos membros de nossa igreja, que servem com sinceridade nossa arquidiocese, e também a todos os filhos da comunidade árabe, especialmente sírios e libaneses em São Paulo e em todo o Brasil. O caminho do sucesso em qualquer empreendimento, sua regra de ouro é o sentido de união, cooperação, trabalho sincero com amor e a benção de Deus. Estas são a base do sucesso em todos os campos na vida.

Senhoras e senhores, hoje estou sendo homenageado com o honroso Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. Na qualidade de arcebispo da Igreja Ortodoxa Antioquina, uma das igrejas mãe do cristianismo, com sede atual em Damasco, na Síria. Essa igreja foi fundada no século I, na cidade de Antioquia, na Síria, pelos santos Pedro e Paulo, cabeças dos apóstolos. Lembramos que foi nessa cidade, como narra o livro dos atos dos apóstolos, que os discípulos de Jesus Cristo foram chamados pela primeira vez de cristãos. A palavra “cristão” nasceu na cidade de Antioquia. Minha presença neste abençoado País, o Brasil, se deve ao fato de ser o representante dessa igreja apostólica oriental, com a missão de servir e pastorear primeiramente os filhos dessa igreja, assim como os filhos da comunidade sírio-libanesa em geral, no campo religioso e patriótico, fortalecendo sua ligação com as igrejas irmãs no Brasil, e a igreja irmã é como uma pátria mãe.

Como todos sabem, os membros de nossa comunidade emigraram dos países do Oriente Médio devido a muitas adversidades enfrentadas em seus países de origem. Felizmente foram recebidos aqui no Brasil de braços abertos, e por corações calorosos. Digamos graças a Deus por eles, por sua luta e trabalho, pois tiveram importante papel no desenvolvimento do Brasil, em todos os campos da vida brasileira como presidentes, ministros, senadores, embaixadores, governadores, deputados, prefeitos, vereadores e outros. Como também o incremento do comércio e da indústria em função de inúmeras entidades humanitárias e sociais, como hospitais, lares para órfãos e idosos, clubes, órgãos de cooperação e organização de atividades comerciais, indústrias e turismo, em contato com outros países, especialmente do Oriente Médio.

Hoje, como membro dessa grande comunidade árabe, sinto-me honrado e tenho orgulho de receber oficialmente nesta nobre Casa, o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. Senhoras e senhores, após 25 anos de serviços pastorais neste amado País, é me concedida a grande honra de outorga deste título, por iniciativa do Exmo. Deputado Fernando Capez. Isso em minha visão e entendimento é uma atitude sincera, movida por um elevado sentimento por parte do deputado Fernando Capez, que supera as diferenças étnicas, religiosas, políticas e outras, dada a dimensão desta iniciativa do querido deputado. Um jovem amigo, sincero e batalhador que ama o próximo e defende seus direitos, bem como os direitos dos fracos e injustiçados. Por isso, agradeço a ele de coração, desejando-lhe pleno êxito em sua caminhada política e patriótica, concretizada no serviço a seu semelhante.

Finalmente, encerro pedindo a Deus que ilumine as mentes e corações dos dirigentes mundiais, para que seja detida a cultura de violência, tanto entre seres humanos como contra a natureza. O mundo e os seres humanos foram criados por Deus para a vida, e não para a morte injusta. Que nosso Deus conceda paz a nosso querido país Brasil, e a todo o mundo, especialmente ao nosso Oriente Médio. Desde a Palestina, terra santa, até o Irã, terra do patriarca Abraão, abençoando e pacificando Damasco, cidade de apóstolo Paulo, toda a Síria e o Líbano, essa terra santificada pelos profetas e santos apóstolos de Cristo, que nela estiveram levando a mensagem de fé em Deus, de amor e fraternidade entre os povos. Dentre os quais o padroeiro dessa cidade, o santo apóstolo Paulo, através do qual o anúncio de amor e paz chegou ao mundo inteiro.

Mais uma vez, agradeço sinceramente a todos os presentes, sem distinção. Parabenizo os reverendos irmãos que hoje também receberão este Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. Que a paz de Deus sempre esteja com todos nós. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Anuncio a presença do Sr. Walter Abud, presidente do meu querido Club Homs; do Walter Abib Abud, presidente da diretoria do Club Homs. Também está presente o Márcio Bico, presidente do DCE da Unip. O Márcio e o João Digênio são os dois maiores símbolos da Universidade Paulista. Um estudante que virou um emblema dessa grande universidade, que tenho orgulho de ser professor. Também o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Matias, um jovem que revolucionou o conceito de administração, parabéns pelo trabalho maravilhoso que tem realizado à frente da Prefeitura Regional de Pinheiros.

Seguindo o Cerimonial, leitura da justificativa da concessão do Colar de Honra ao Mérito Legislativo. Dom Damaskinos Mansour nasceu em Damasco, na Síria, é formado em teologia pela Universidade de Balamand no Líbano, e em literatura árabe pela Universidade Libanesa de Beirute. É mestre em teologia pela Universidade Telasônica da Grécia, foi professor de catequese e ordenado diácono na Igreja Antioquina em 1974. Foi nomeado auxiliar do reitor da Universidade Teológica São João Damasceno de Balamand, posteriormente transferida para a Grécia, por conta de uma guerra civil no Líbano. Foi ordenado sacerdote na Igreja de Santa Sofia na Grécia, e depois esteve a serviço do patriarcado antioquino em Damasco.

Em 1992 foi eleito bispo auxiliar para o Brasil. Em 1997 arcebispo metropolitano da Arquidiocese de São Paulo e de todo o Brasil. Reuniu ao seu redor a comunidade árabe sem distinção de religião, portanto um fator de união de toda a comunidade árabe em nosso País. É reconhecido nacional e internacionalmente, irmão mesário da Santa Casa de São Paulo, foi membro do Comitê Mundial de Igrejas, recebeu o título de Cidadão Paulistano e Medalha da Ordem do Ipiranga.

Passemos ao segundo homenageado, da Igreja Nossa Senhora de Fátima, da Vila Leopoldina. Era uma vez, em 19 de maio de 1929, a construção de uma capela situada na Rua Waldemar Gerscou, atual Rua Carlos Weber, na Vila Leopoldina, denominada Capela de São José, ponto de partida de uma linda história hoje vivenciada por todos nós. Sua inauguração ocorreu em 19 de maio de 1929 com a missa solene, celebrada pelo pároco da Lapa, monsenhor Venerando Nalini. Em rara foto datada de maio de 1939, registra-se a festa de coroação de Nossa Senhora de Fátima, presidida pelo padre Venerando Nalini. O então arcebispo da cidade de São Paulo, Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, funda em 1940 a Paróquia de Vila Leopoldina, com o nome de Puríssimo Coração de Maria de Domingos de Morais, situada na Rua Barão de Passagem, 971.

Com a graça de Deus, os padres claretianos realizaram a primeira fase desse audacioso projeto, e entregaram à comunidade um grande salão paroquial, transferindo-se para esse local todas as atividades religiosas que eram desempenhadas na capelinha da Rua Carlos Weber. O salão paroquial passou a ser a matriz, até concluir-se a construção definitiva da paróquia. Em maio de 1943 ocorre o lançamento da primeira pedra da nova igreja. Em 12 de março de 1944 é celebrada pela primeira vez a missa do salão paroquial, que a partir daí foi convertida em matriz provisória. Com muito entusiasmo foi recebida pela comunidade a imagem do puríssimo coração de Maria de Fátima, doada pelo Sr. Jeremias da Costa Neves.

Dom Alfredo Novack, bispo auxiliar da região da Lapa, nomeia ao cargo de pároco da Paróquia do Imaculado Coração de Maria de Fátima da Vila Leopoldina o Reverendíssimo Padre Tarcísio Justino Loro, provisão publicada em 15 de abril de 1988. Em quatro de dezembro de 1988 foi impresso e distribuído aos fiéis estampa com Nossa Senhora de Fátima em lembrança da inauguração da Gruta Nossa Senhora de Fátima, pelo padre Tarcísio. No ano de 2017 assume os trabalhos da paróquia o padre Flávio Helilton da Silva, que está responsável pelas atividades pastorais da comunidade de São Joaquim Santana, no Jardim Humaitá.

Tarcísio Justino Loro nasceu na cidade de Três de Maio, no Rio Grande do Sul. É graduado em português, pedagogia, teologia e direito, sendo mestre em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e mestre doutor em teologia pelo Centro Universitário Nossa Senhora de Assunção, além de doutor em ciências pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor da Faculdade de Teologia da PUC, onde também é orientador de mestrado e doutorado. Tem vasta experiência na área de teologia, com ênfase na teologia pastoral e na administração paroquial. É líder do Grupo de Pesquisa Ética Cristão e Realidade Social da PUC. É pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima, do bairro de Vila Leopoldina, há 29 anos.

No próximo sábado ele completará 30 anos nessa paróquia. Não fosse por tudo isso e pelo trabalho maravilhoso que realiza a frente do Lar do Pequeno Cidadão, esta Assembleia Legislativa não homenageia, mas é homenageada por ter a oportunidade de entregar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. Uma salva de palmas. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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O SR. MONSENHOR TARCÍSIO JUSTINO LORO - Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao nobre deputado Fernando Capez, que pensou na comunidade Nossa Senhora de Fátima, da Vila Leopoldina, e apresentou essa comunidade como merecedora de um voto de gratidão e de homenagem, que hoje recebo em nome da história e de tantas pessoas que nos ajudaram a caminhar nesses 30 anos. Se quiséssemos acrescentar ainda, todos aqueles que iniciaram a Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Vila Leopoldina. Quero saudar com muito carinho todos os deputados e deputadas, os secretários que estão presentes, e também estão olhando para essas instituições com olhar positivo, aplaudindo o trabalho feito pelas comunidades.

Meu abraço carinhoso aos colegas de recepção dessa comenda, só não tinha tanto conhecimento pessoal do reverendo Damaskinos, mas o reverendo Aldo é amigo meu há mais de 20 anos, então é um grande prazer estar aqui com você. E o padre Cido, há mais de 20, 30 anos que somos colegas. O que nos une neste momento não é apenas uma estrela, mas a capacidade que Deus nos deu de transformar a palavra em atitude, estamos um tanto quanto cansados de escutar, e pouco se realiza, mas vejo nesses irmãos um coração voltado para a prática, para a vida humana, para o ser humano, na minha maneira de ver aqui está a verdadeira religião. Não uma religião burocrática, mas que liga o ser humano ao humano de Jesus Cristo, que nos ensina a trabalhar o humano.

É o humano que vai se salvar e precisa de pão, de carinho, de abraço, de perdão, de força, de motivação e de coragem. Eu acho que foi esse impulso que a fé nos dá que nos levou a realizar algumas coisas, poderíamos ter feito muito mais. Deveríamos olhar cada vez mais para o ser humano, e ali descobrir o Cristo sofredor, é a partir daí que nasce a verdadeira religião, sem esse olhar simples, olhar de mãe, nós não conseguimos viver a fé. Quando o nobre deputado falou que atrás, do lado e na frente de um grande homem existe uma grande mulher, vou dizer deputado, que tenho também uma grande mulher.

 Essa grande mulher se chama Maria, a mãe de Jesus, é ela que aos poucos foi me mostrando seus filhos na rua, sem cama, sem comida. Foi ela que me ajudou a ver no cadeião de Pinheiros tantas mães sem esperança de onde colocar seus filhos depois do nascimento. Foi ela que me ajudou a ver que a vida vale, não pelos rótulos, mas pelo abraço simples e carinhoso, pelo beijo e partir do pão, por isso tenho uma grande mulher.

O que tenho feito na minha vida de padre é exatamente ajudar os meus irmãos a descobrirem o valor da mãe, dessa mãe que perdoa, que acolhe, que amamenta, dessa mãe que não quer ser rainha, mas quer ser amiga e companheira. Quem de nós não se recorda de um gesto simples e carinhoso da mãe? Todos nós, com gratidão. Então meus queridos irmãos e irmãs, este é de fato o conteúdo principal de uma comunidade. Não adianta construirmos uma comunidade bonita de pedras, enfeitada com flores, pinturas, se faltar o conteúdo essencial, que é o amor de Deus, que é mãe e é pai para todos, é aqui que reside a verdadeira fé e religião.

Vivemos em comunidade, por isso o grande desafio de qualquer pastor é organizar a comunidade, para que ela se torne instrumento de ajuda e serviço aos irmãos, o que não é muito fácil, é difícil. Mas aí que se justifica a fé e tudo que Jesus ensinou, “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. É aí que se justifica o nosso sacrifício de padres, sem isso, sem dúvida nenhuma não vale a pena ser padre e nem cristão. Por que sou cristão? Porque quero seguir Jesus Cristo, quero construir uma comunidade, nem que seja pequena, como Cristo construiu, uma comunidade de 12. Mandou dois a dois, mas mandou sempre uma comunidade, para que pudesse olhar para os porões da humanidade, olhar onde as pessoas estão sofrendo, e fazer alguma coisa para redescobrir a esperança.

Vivemos num mundo tão marcado pelas decepções de todos os tipos, todo pastor deveria organizar a comunidade com a Palavra de Deus, para que de fato pudesse surgir novamente a esperança. Um jovem sem esperança é um jovem morto, e nós temos que advir, o Evangelho nos dá a possibilidade de redescobrir a esperança de um mundo melhor, de ser amigo daqueles que nos amam, esperança em todos os sentidos, que acaba com as guerras e assim por diante. Então esse reconhecimento não é individual, é um reconhecimento de uma comunidade toda, que está se unindo cada vez mais para viver esse princípio fundamental, amar o ser humano.

Nesse último fim de semana tivemos um encontro de adolescentes com mais de 80 jovens, e outro grupo com mais de 130 casais. Eles cantavam, mostravam a alegria de pertencer à igreja. A igreja não pode ser uma máscara, mas a transparência do Cristo misericordioso, onde cada um possa olhar para esse rosto e dizer: “Muito obrigado Senhor, por ter me dado a mão, por me amar e me perdoar, por me ajudar a levantar todas às vezes que caio. Muito obrigado Senhor, por não me deixar sozinho neste mundo, mas estar comigo em todos os momentos da vida”. A igreja tem que ser essa companhia, que faz brotar o rosto de Cristo, que ama e que perdoa.

Muito obrigado a todos. Dr. Fernando Capez, estou aqui não individualmente, mas com toda uma comunidade que o considera muito, por tantas coisas que o senhor já fez por nós. Por ter nos ajudado a tirar da rua tantas crianças, que encontraram no seu abraço e carinho tanta ajuda. Que continuemos em frente. Várias diretorias já passaram pelo orfanato, aqui temos uma diretoria animada, com muitas dificuldades, mas o que não é difícil, nem sempre é valorizado. Nós esperamos continuar ainda mais com sua interseção, e que de fato possamos ter uma família, não tanto de sangue, mas de fé. Já tivemos na Casa do Pequeno Cidadão, uma família com sete irmãos. Dois já foram para a Itália, outros receberam outras famílias no Brasil. Mas eu falo para o senhor com toda a franqueza, eu gostaria que eles ficassem juntos como família no Brasil, e espero que o senhor continue nos ajudando nesse sentido.

Que Deus abençoe a todos. Desculpa se falei demais. Amém.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Dando prosseguimento, passemos agora à Capela de Santa Filomena, do Ibirapuera, a Igreja do Santíssimo Sacramento. As primeiras ideias levaram a novo encontro, dessa vez em São Paulo, na casa da família de Guilherme Jorge. Dessa reunião, participaram o padre José Mayer Paine, pároco da Igreja de Santa Generosa, e o monsenhor Guilherme Bonomo, pároco da Igreja de São Cristóvão, e principal difusor no Brasil da devoção à Santa Filomena, que se pensava que seria titular da paróquia, e também moradores do bairro.

Naquele momento, foram discutidos os problemas relativos à construção da nova igreja, tendo sido organizada uma comissão de obras. Em 30 de outubro de 1960 foi publicado o decreto de instituição da paróquia, assinado pelo cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota. A paróquia que tinha como primeiro titular o Santíssimo Sacramento, e segundo titular Santa Filomena, nascia do desmembramento das paróquias de Santa Generosa de Vila Mariana, e São Gabriel Arcanjo do Jardim Paulista. No dia 14 de agosto de 1960, houve a instalação e inauguração da capela provisória, situada na Rua Tutoia, 1025, tendo como vigário provisório o padre Augusto Norberto Preto, que fora substituído em 1961 por frei Casto dos Santos - Agostiniano Ricoleto.

A instalação oficial da Paróquia do Santíssimo Sacramento e de Santa Filomena do Ibirapuera ocorreu somente em 28 de maio de 1961, com celebração da santa missa às 19 horas e 30 minutos, quando tomou posse seu novo vigário, frei Casto dos Santos. Naquela cerimônia foi lido o decreto do Cardeal Arcebispo, assinado em outubro do ano anterior. Frei Casto dos Santos esteve à frente dos trabalhos paroquiais somente até setembro de 1961, quando fora nomeado frei Baltasar Vicente de São José, que tomou posse no dia 24 daquele mesmo mês, tendo permanecido até janeiro de 1962. Esses foram os primeiros passos da nossa querida Igreja do Santíssimo Sacramento.

Nosso querido homenageado, padre Aparecido Silva, ou padre Cido, é natural de Patos de Minas, e está em São Paulo há 35 anos. Licenciado em filosofia, teologia e psicologia, foi ordenado diácono em 1995, por dom Paulo Evaristo Arns, na Catedral da Sé. Tornou-se sacerdote em cerimônia conduzida por dom Paulo, e atuou na Paróquia de Vila Espírito Santo em 1992. Foi auxiliar de cura na Catedral da Sé. Após ser vigário na Paróquia Santa Cecília, se tornou pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Pinheiros, na cidade de São Paulo. Foi coordenador da Pastoral da Região Episcopal da Sé, entre os anos de 2000 e 2001. Em seguida, foi vigário adjunto da Região Episcopal da Sé. Atualmente é pároco da Igreja Santíssimo Sacramento.

O padre Cido, como é carinhosamente chamado, tem uma importante atuação naquela comunidade, e exerce sua missão como dirigente espiritual e importante líder social, com muita responsabilidade. É um padre amigo de todos, sempre disposto a ouvir os paroquianos que têm por ele um grande respeito e admiração. Ele agrega a comunidade da Igreja do Santíssimo Sacramento e merece toda a nossa consideração. Há três anos, tentaram tirar o padre Cido, removendo-o da nossa paróquia, e fizemos um grande movimento. Dali ele não sai, dali ninguém o tira. Ele é nosso, pertence a nossa comunidade. Uma salva de palmas ao nosso homenageado padre Cido. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Peço ao Cerimonial que conduza nosso padre Cido ao parlatório, para que nos profira suas sábias palavras, que temos sempre o privilégio de ouvir aos domingos, e quando possível, durante a semana.  

 

O SR. PADRE CIDO SILVA - Saúdo meu paroquiano, deputado Fernando Capez, na intimidade, a todos os deputados e deputadas aqui desta Casa, as autoridades e todos os irmãos e irmãos. Também saúdo Dom Damaskinos, Aldo Quintão e meu irmão no sacerdócio, a quem devo muito, monsenhor Tarcísio Justino Loro, e aos meus paroquianos que vieram aqui. Esta comenda não é destinada a mim, mas a uma paróquia atuante, que procura imitar aquele que é sua razão de ser, o Senhor Jesus Cristo, ele que revelou a face humana de Deus. Nossa paróquia é um transbordamento da presença de Jesus Cristo aqui no bairro do Paraíso, e tantos outros lugares da nossa grande arquidiocese. Assim nós levamos o pão da palavra, e também o pão material.

Nós atendemos muitas famílias e instituições carentes, e também temos a Pastoral dos Moradores de Rua, que não apenas leva um lanche, mas também o afeto e carinho, com intuito de tirá-los daquela situação e reintegrá-los na vida social e familiar. Quero com todo carinho, agradecer aos nossos paroquianos que são responsáveis por essa obra maravilhosa. Eles são uma página viva do Evangelho, e isso não é porque nós estamos num bairro privilegiado, é porque aprendemos o que significa viver o Evangelho de Jesus Cristo. Hoje a grande tentação é distorcer o Evangelho, e nós iremos conhecer o Evangelho de Jesus, e o Jesus dos Evangelhos. Ele é o grande sinal do amor de Deus, é por isso que somos uma paróquia que agrega e acolhe, e é um verdadeiro transbordamento do amor de Deus, que consola, apoia e dá toda a força.

E assim temos grandes exemplos, e não poderia deixar de citar aqui a pessoa de dom Paulo Evaristo Arns, de esperança em esperança, é a esperança que move a todos nós. Hoje temos à frente o dom Odilo, nosso arcebispo que também muito nos apoia e incentiva em nossa missão, para que sejamos continuadores da própria missão de Jesus Cristo. Então nunca nos deixemos vencer pelo cansaço, mas que possamos unir as nossas forças, para que possamos construir um mundo melhor, um mundo justo e fraterno. Obrigado aos meus paroquianos e a todos. Obrigado ao Fernando Capez, nosso paroquiano que participa e frequenta nossa paróquia, e muito nos apoia em nossos trabalhos. Deus abençoe a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Passemos ao nosso último homenageado desta noite, em sessão solene especial, de outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo. História breve sobre o anglicanismo.

O cristianismo chegou à Inglaterra no século III, nessa época o território estava sob um processo de colonização romana. Os legionários, mercadores, soldados e administradores levaram à colônia suas leis, costumes e religião. A primeira referência histórica sobre a existência de cristãos na Grã-Bretanha foi registrada por Tertuliano que, em 208, falava de regiões da ilha que haviam se convertido ao cristianismo. Doze séculos depois, a igreja inglesa julgou necessário resistir à antiga intromissão papal, rompendo suas relações com Roma.

Os primeiros sinais da reforma inglesa que eclodiram na separação provocada por Henrique VIII, em 1534. A luta que começou entre a coroa e a igreja confirmou, mais tarde, que a Inglaterra fez sua reforma religiosa debruçada sobre si mesma, Henrique VIII não fundou uma nova igreja, mas simplesmente separou a igreja que já existia na Inglaterra da tutela e controle romanos por razões políticas, econômicas, religiosas e até pessoais. A era elisabetana foi um período de apogeu, foi nessa época que começou a colonização da América, onde a igreja anglicana se desenvolveu rapidamente e se organizou, principalmente depois da independência americana em 1776.

As principais igrejas anglicanas defendem e proclamam a fé católica e apostólica nas escrituras e interpretada à luz das tradições, do estudo e da razão. A fé, a ordem e prática estão expressos no Livro de Oração Comum, mais resumidamente, no Quadrilátero de Lambeth. O ecumenismo faz parte do modo de ser dos anglicanos. Os anglicanos acreditam que o trabalho da igreja é pregar o Evangelho da reconciliação para o universo inteiro, e não só para a parte que se considera cristã. A Igreja Anglicana busca equilibrar a tradição católica com as influências benéficas da Reforma Protestante. Um dos símbolos mais conhecidos da igreja anglicana é a Rosa dos Ventos. No centro, vemos a cruz de São Jorge, que lembra a origem dos anglicanos, a cruz celta, é um símbolo do início do cristianismo nas ilhas britânicas, e hoje muito associada à fé anglicana.

Pois bem, a Igreja Anglicana aqui de São Paulo é a maior igreja anglicana da América do Sul, sua principal referência é o reverendo Aldo Quintão. Nascido em Brasília em 1962, entrou para o seminário carmelita da Igreja Romana em 1979, na cidade de Itu. Estudou em Camocim de São Félix, Pernambuco, depois em Curitiba e em São Paulo, tornando-se frade carmelita. Entrando na Igreja Anglicana, e já ordenado sacerdote, estudou e morou em Toronto, no Canadá. É formado em filosofia, teologia e pedagogia, com especialização em psicologia da educação. Atualmente é pároco da Catedral Anglicana de São Paulo. Criou o Instituto Anglicano em 1947. Mantém cinco creches, que atendem 1.056 crianças com 120 funcionários.

Tanto a catedral como o instituto são auditados pela PricewaterhouseCoopers e tem selo de administração da Faculdade Getúlio Vargas. O reverendo Aldo foi reconhecido pela revista Veja e outros jornais como o padre que mais celebra casamentos no Brasil, razão pela qual foi entrevistado duas vezes pelo Jô Soares. A primeira vez que estive na Catedral Anglicana, fui assistir uma missa dos ingleses, em inglês. E por curiosidade, fiquei para ver a missa seguinte, do reverendo Aldo. Achei interessante o método leve como ele leva a Palavra de Deus, e introduzindo, o que é muito difícil, sem ofender os sacramentos, certo humor em suas pregações. A finalidade do humor é apenas um veículo para ligar pessoas que estavam afastadas da igreja ao culto da igreja anglicana.

O resultado disso é que mesmo em dias chuvosos e com muito frio, em horários inóspitos, a catedral está sempre lotada. Se é para levar a palavra de Deus, Jesus lhe dá toda a licença. Peço agora uma salva de palmas, e vamos encaminhar ao nosso cerimonial o reverendo Aldo, para sua fala no parlatório, não sem antes lhe passar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. (Palmas.)

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- É entregue a homenagem.

 

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O SR. REVERENDO ALDO QUINTÃO - Boa noite. Nobre deputado Capez, na sua pessoa cumprimento todos os deputados aqui presentes. Quero me dirigir também ao prefeito da cidade de São Paulo, João Doria, na pessoa do subprefeito de Pinheiros, que leve o abraço ao prefeito. Tarcísio, meu irmão, quando eu chegava à igreja anglicana, fazendo minha portabilidade, eu e o reverendo César, o senhor esteve lá conosco, 23 anos atrás. O senhor fez o sermão de ordenação do reverendo César, e por muitas vezes também nos falamos e nos encontramos. É uma honra reencontrá-lo novamente. Dom Damaskinos, a tradição que recebemos do oriente é maravilhosa, fantástica, é também uma honra estar aqui com o senhor. Padre Cido, o Capez é seu paroquiano e também gosta de ir no monsenhor Tarcísio, e também frequenta Dom Damaskinos. Mas para não ficarmos mal, o dízimo dele será anglicano. Fico feliz com isso.  

O monsenhor falou de Nossa Senhora, mãe de nosso Senhor Jesus Cristo. O Capez falou da Ana Paula, aquela pessoa que mais me ajuda em meu trabalho, ali ao lado do Getúlio, que representa todos os membros da Catedral Anglicana presentes. E vindo para cá, como todas às vezes que acontece algo na minha vida, que eu tenha que agradecer a Deus, eu tenho um jeito para agradecer através da minha mãe. Uma faxineira que hoje, na cadeira de rodas, sem entender e compreender o que esteja acontecendo, mas uma coisa ela entendeu, quando eu disse para ela assim: “Mãe, qual é a nossa frase?” E ela falou assim: “É quando você olha em meus olhos e diz assim, ‘eu jamais vou te abandonar’”. É o maior amor da minha vida, a minha mãe, que me educou e não me abandonou, nem a mim e nem meus seis irmãos, nos criando com tecido branco de saco de açúcar e de arroz, fazendo nossas roupas e toalhas de banho.

Minha mãe dava banho nos filhos um por um. Quem for dessa época vai lembrar, que mamãe passava talco, e depois um perfume chamado Seiva de Alfazema. Quem não conhece, é mais ou menos Pinho Sol com álcool. Aí ela falava: “Você é o filho mais lindo que uma mãe poderia ter”. E uma das grandes tristezas que tive na minha vida foi quando fiquei atrás da porta do barraco de madeira, vendo meu próximo irmão recebendo talco e perfume, e ela falou a mesma coisa para ele. Ela falava isso sete vezes.

Capez, quando lhe conheci, não queria mais saber de políticos na minha vida. Você foi- me apresentado por promotores e juízes, que casei e batizei os filhos. Eu disse para eles: “Não me venha com mais político na minha vida não”. Eles falavam: “Aldo, mas você precisa, olha seus programas sociais”. Hoje nós assinamos um convênio com a Prefeitura de Botucatu, foi uma coincidência. Mostrei o WhatsApp para o Capez, mais duas creches sob a educação do Instituto Anglicano. São sete, 1.219 crianças. Graças a Deus.

E os juízes que compõem o conselho da igreja, junto com o Getúlio, falavam: “Nós vamos te apresentar um promotor público que é um dos homens mais inteligentes que conhecemos”. Tanto é que dos quatro juízes que conversaram comigo, três foram seus alunos e falaram para você no jantar de final de ano - perdão padre Cido, ele também jantou conosco no Natal no fim do ano -, “Capez, quando pegamos a nossa prova, lembrávamos das suas aulas, das suas músicas e histórias”. Aí amados, eu tive uma grande decepção na minha vida, foi quando a imprensa detonou com o Capez. Eu pensei: “Meu Deus, o que é isso que aconteceu?”. Eu voltei a acreditar em político, botei todas as minhas fichas, e quem é da Catedral Anglicana sabe o que fiz e o quanto trabalhei, corri e fui atrás. E depois veio de novo, porque você tem que passar, amassar e repetir.

Há pouco tempo me reuni de novo com eles e falaram assim para mim: “Nós garantimos para você, e sabe que está na Bíblia, não tem nada pior do que inveja”. Então o Capez se sobressai, foi um dos mais jovens a ser promotor público, passando em primeiro lugar. O Capez formou muitos promotores, juízes e advogados. É o homem que mais vende livros jurídicos neste País. É um dos homens mais respeitados, então os inimigos precisam destruir o Capez. Isso foi dito para mim por juízes e promotores, e hoje aqui, vou dizer para vocês, que ao ver você, monsenhor Tarcísio, porque te conheço bem, ao ver o Damaskinos aqui, o Cido, falei: “Estou nessa também, vamos juntos”. Porque amados, não vivemos sozinhos, não tem jeito. Os três irmãos sabem o que passamos, não é fácil.

Eu sou considerado, acho que vocês também, olham para nossas caras e falam: “O que você quer pedir hoje?”. Eu quero pedir pão, arroz, feijão. Estou fazendo na catedral a campanha dos lençóis, eu preciso de mil lençóis. Não vou levar para minha casa, o que vou fazer com mil lençóis? Daqui duas semanas tem outra campanha. Estamos fazendo nosso orfanato, então vou pedir torneira, pia de banheiro, geladeira, fogão, cama. Como que recebemos as crianças? Sem nada. Amados, os três reverendos aqui presentes estão em bairros nobres. Eu estou ali no limítrofe com o Largo 13 e o Alto da Boa Vista. Para eu estar aqui, foi por causa da Catedral Anglicana de São Paulo, e como amo as pessoas dessa catedral, como sou grato aos paroquianos, é por causa deles que estou aqui.  Foi por causa deles que construímos, mesmo no centro, vocês sabem quantas igrejas britânicas têm na cidade de São Paulo? Uma. Com todo o carinho e respeito, Dom Tarcísio, o senhor imagina quantas paróquias romanas têm na cidade? Mais de 300 na sua região eclesiástica. Nós somos sozinhos, britânicos, e construímos a maior creche do País. Que com sua ajuda agora Capez, porque o Doria falou: “Capez, vai à luta e ajuda o Aldo, porque a creche anglicana é muito bonita e tem que aumentar.” E você foi atrás, lutou e correu, colocou sua cara para bater, e tirou quanto? Oito milhões?

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Sete milhões da Cultura Inglesa para fazer a primeira creche bilíngue do País. Você me ligava todo dia e não me deixava dormir, até conseguir o patrocínio.

 

O SR. REVERENDO ALDO QUINTÃO - Capez, sem avisar o padre Cido, fui até a sua casa. Falei: “Capez, precisamos fazer isso”. Sabe por que, meus amados? Porque o que nós fazemos, e meus irmãos que me antecederam falaram, é o seguinte, muitas vezes nós fazemos porque sabemos o lado de lá. Eu quando criança, minha mãe saía para trabalhar, era faxineira das sete da manhã às três da tarde, e das três até sete da noite ela lavava roupa para fora. Eu queria minha mãe comigo. Ela fala ainda que eu era muito grudado a ela, e eu sentia muita falta. Eu queria dizer para vocês que abriu uma padaria em frente à minha casa em Taguatinga, em Brasília, e isso tem 50 anos. Eu tinha quatro, cinco anos. Vocês sabem qual era meu sonho? Comer um pão quente com manteiga. Mas não podíamos, não tinha condições.

Íamos à noite, escondido, sem ninguém ver, para uma pessoa fornecer para nós o pão vencido. Minha mãe inventou o pão na chapa, de manhã, cantando e sorrindo. Ela colocava a frigideira no fogão à lenha e fazia o pãozinho na chapa, é o pão mais gostoso que existe na face da Terra. Aí eu disse para Deus: “Se o senhor me ajudar e permitir, vou fazer algo por quem está passando o que eu passei”. Então esse foi o nosso interesse de ter as creches, essa foi a minha falta de vergonha na cara em pedir para as pessoas, fazer as festas, ir atrás, porque não é fácil. Algumas pessoas muito queridas e amigas, às vezes eu ligo e falam: “Peça, Aldo”.

Então, obrigado Capez, por seu carinho comigo, de todo o coração. Obrigado a todos os irmãos aqui presentes, nós somos uma só igreja, Cristo é só um. E ele é tão maravilhoso, mas tão maravilhoso, que permite que sejamos diferentes, porque ele sabe que o mundo é plural. Olha que Deus fantástico, ele sabe que o mundo é plural. Ele sabe que os gays querem ser tratados em igualdade de condições em todos os sentidos, até para receber uma benção, então vai na Anglicana. Ele sabe que os divorciados querem ter um Novo Sacramento, vai na Anglicana, ela é pequeninha e humilde, é a única da cidade de São Paulo, ela vai te receber e aceitar. É isso.

E por fim, para encerrar, digo a vocês que estamos passando pela maior crise que o País já passou. Se vocês perguntarem ao monsenhor Tarcísio, Dom Damaskinos, ao padre Cido, nós quatro aqui, estamos entre as igrejas que mais fazem casamentos na cidade de São Paulo. Somos nós, junto com a Brasil, Fátima e São José. Todos são unânimes, diminuiu em mais de 30 ou 40%. Eu ainda dei sorte porque a imprensa me ajudou, colocou meu nome num lugar onde não merecia, e ainda sou um pouco procurado.

Amados, no Dia das Crianças ano passado, quando uma família desapareceu da favela, foi embora e deixaram duas gêmeas conosco, duas irmãs de dois anos de idade, o Conselho Tutelar estava no feriado, aí você vai numa delegacia, nós que somos pessoas normais, vai numa delegacia de polícia para você ver. Perdão por falar isso no Parlamento, deputado, mas vai registrar um BO. Com aquelas duas crianças, ficamos lá por quatro horas, e elas deitadas no chão. Até que o delegado nos atendeu, e ameaçou prender o presidente do Conselho Tutelar. Foi lá, pegou as crianças, levou para onde quis, colocou não sei onde e nós nem tivemos mais notícias. Aí cheguei à catedral, me ajoelhei diante do altar de Deus e falei: “Nós vamos ter o nosso orfanato”. Isso é uma criação das igrejas. Casa lar, abrigo é só para mudar, mas tudo continua como antes do quartel de Abrantes.

Amados, é uma honra estar aqui com vocês, e uma alegria imensa. Não estou para conversinha não, o que menos merece sou eu. Mas Deus é tão bondoso, tão maravilhoso, que quando pensamos que pagamos, estamos devendo. Capez, quero olhar para você, porque conversei com todos os padres antes. Aguenta firme, está tudo sob o controle de Deus. Se você tiver um voto na eleição, esse voto é do reverendo Aldo Quintão. Muito obrigado, é uma honra.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Parabéns Aldo. Estamos no epílogo desta sessão, que consistiu nas quatro outorgas e a fala. O encerramento é meu discurso, porém como está presente um colega meu, um deputado estadual cristão e evangélico, vou abrir mão da minha fala e darei a ele a oportunidade de fazer uma saudação rápida, porque já estamos no adiantado da hora, em nome de todo o Parlamento paulista, aos quatro homenageados, e a todos nós.  

 

O SR. CELSO NASCIMENTO - PSC - Quero saudar os homenageados desta noite, reverendo Aldo Quintão, monsenhor Tarcísio Justino Loro, padre Aparecido Silva e Dom Damaskinos Mansour. A minha alegria de estar aqui hoje, como eu gostaria que tivéssemos aqui todos os canais e emissoras de televisão, não só do estado de São Paulo, mas do Brasil e do mundo registrando este momento solene. Porque quatro homens de Deus estão sendo homenageados esta noite, e nós temos a alegria de saber que são homens que estão dando frutos para uma nação, um estado e uma cidade. Cada um na sua visão espiritual, atendendo a necessidade do ser humano na área espiritual, física, emocional e social.

Como pastor evangélico e ministro da palavra de Deus, e também membro da Igreja do Evangelho Quadrangular, posso congratular com esses homens santos que trazem aqui na Terra a essência maior, que é a presença de Deus através do trabalho, da palavra, da mensagem transformadora que tira o homem do pecado e muitas vezes contaminado pelas forças negativas, e traz ele para uma realidade espiritual e uma condição de vida digna nesta Terra. Aqui os que estão prestando esta homenagem sabem que cada um que foi hoje laureado, tem um trabalho maravilhoso.

Quero dizer também, como colega do meu querido e sempre presidente desta Casa, Fernando Capez, aquilo que foi dito agora sobre você. Um homem temente a Deus e com frutos maravilhosos, que durante sua gestão como presidente desta Casa, honrou este Parlamento em todos os cantos do Brasil. Crescia de uma forma grandiosa, para se tornar com certeza, um dos nomes mais importantes deste País. Jogaram e tentaram jogar o seu nome na lama, mas a lama não vai pegá-lo, porque certamente estamos tratando de uma pessoa que tem uma espiritualidade e vida ilibada. A Palavra de Deus os garante que, ainda que se tente lançar contra ele os dardos por um caminho, os inimigos terão que fugir por sete caminhos.

Estar nesta noite aqui, junto com essas autoridades eclesiásticas, é poder ver que a grandeza de Deus continua presente no meio da sociedade humana, da Terra. E esta Casa hoje é laureada, recebe luz, porque muitas vezes aí sentados os deputados, estão debatendo situações, muitas vezes debatendo questionamentos, e quantas vezes nós precisamos sentir nesta Casa a iluminação sagrada, a presença de Deus aqui? E hoje esta Casa está sendo também homenageada com a presença dessas autoridades que Deus constituiu na Terra para representá-lo. Quero saudá-lo por trazer para todos nós deputados desta Casa, este momento importante. Certamente a presença dos mesmos aqui e de outros que estão entre nós, contribuirá para que tenhamos neste ano um período de mais paz e tranquilidade no meio de tantas coisas ruins que temos visto.

Desejo a você Capez, toda a sorte e felicidade, toda a benção de Deus por proporcionar a esta Casa, este momento. Parabéns a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Eu me lembro quando estava passeando com a minha filha mais nova, a Maria Eduarda, que todos conhecem, pelo Jardim Zoológico. Ela muito pequenininha, estava tomando um sorvete, e falou: “Ué papai, já acabou?” O que é gostoso e prazeroso passa rápido, e nós não sentimos o tempo passar. De fato Aldo, quando resolvi me candidatar pela primeira vez a deputado estadual, minha mulher, que é promotora de Justiça, falou: “Você está preparado para a baixaria?” Eu falei: “Valéria, sou promotor há 20 anos, professor há 19, corri este Brasil inteiro e enfrentei organizações criminosas. Eu já sei tudo, estou preparado para tudo”. Não estava. Por mais que você imagine a baixeza que pode vir, é sempre surpreendido pela intensidade. Dessa feita, porque partiu de amigos e pessoas que comigo trabalharam e me conhecem, que sabiam exatamente o que estavam fazendo. Mas o poder corrompe a alma, e a ganância leva o ser humano às ações mais surpreendentes. Dói, mas a dor dói por saber de quem partiu e como partiu.

Mas não há verdade que não apareça e não seja revelada. Basta aguardarmos, termos fé e perseverança, porque quando a verdade aparecer, ela vai ser triste e vai surpreender muita gente que ainda acredita nas instituições, como eu acredito. Mas para encerrar, quero trazer uma palavra de união e ligação, esperança. E como eu combati a violência das torcidas organizadas, resolvi buscar inspiração na Primeira Epístola que São Paulo encaminhou aos Coríntios. E nessa Primeira Epístola, unindo já desde aquela época, ele diz que: “Os três dons mais importantes da pessoa humana são a fé, a esperança e o amor”. A fé é a força motriz que propulsiona diante a nossa ação, é a fé que nos leva a agir. A fé é o motor das nossas ações. A esperança, o leme que nos direciona num ou outro sentido, e que nos faz manter a trajetória movida pela fé, mesmo quando a visão é obnubilada pelas vicissitudes que às vezes nos surpreendem de maneira tão drástica.

Mas São Paulo destaca que dos três dons, o mais importante é o amor. Eu confesso que todas as vezes que esse sentimento foge de mim pela indignação, e tenta ser substituído pelo ódio, sento e rezo, converso com Deus, para que o Espírito Santo me ilumine. Acho que o que esta Assembleia Legislativa precisa, todos nós deputados, é mais destas sessões, é mais da presença destes homenageados aqui, para trazerem a nós que o amor constrói. A verdadeira política não pode ser a da destruição, mas da construção e do amor. A política de fazer o bem, e não se destacar tentando destruir quem faz o bem.

Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece a todas as autoridades, à minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa, e das assessorias policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta sessão. Deus abençoe a todos nós.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 54 minutos.

 

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