072ª SESSÃO
SOLENE EM COMEMORAÇÃO
AOS 100 ANOS DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Presidente: ROBERTO MASSAFERA
RESUMO
1 - ROBERTO MASSAFERA
Assume a Presidência e abre a sessão.
Anuncia a composição da Mesa. Informa que a presente sessão solene fora
convocada pela Presidência Efetiva desta Casa, a pedido deste deputado, na
direção dos trabalhos, com a finalidade de "Comemorar os 100 anos do
Instituto de Engenharia do Estado de São Paulo". Convida os presentes a
ouvirem, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
2 - RAMALHO DA CONSTRUÇÃO
Deputado estadual,
saúda os presentes. Considera a importância da engenharia para diversos
setores da sociedade. Discorre sobre sua trajetória profissional na construção
civil. Felicita-se pela eleição de sua filha como vereadora da cidade de São
Paulo. Parabeniza o instituto por seu aniversário.
3 - PRESIDENTE ROBERTO MASSAFERA
Anuncia a exibição de vídeo
institucional sobre as atividades do Instituto de Engenharia.
4 - ITAMAR
BORGES
Deputado estadual,
cumprimenta os membros da Mesa. Acentua a relevância do centenário do
Instituto de Engenharia. Faz elogios ao trabalho realizado pela instituição.
5 - CAMIL EID
Presidente do Instituto de Engenharia, saúda as autoridades presentes. Expõe as finalidades do
instituto, bem como projetos deste para os próximos anos. Tece considerações
acerca das relações entre a carência de alimentos no mundo, o
agronegócio e o transporte ferroviário. Apresenta ações de uso da
tecnologia para modernização dos processos de trabalho na engenharia.
6 - JOÃO CARLOS
MEIRELLES
Secretário estadual de Energia e
Mineração do Estado de São Paulo, cumprimenta os
presentes. Declara-se orgulhoso por ser engenheiro. Defende o fortalecimento do
instituto como espaço para mobilização. Enaltece a atuação de profissionais da
engenharia na construção e reconstrução do Brasil.
7 - ARNALDO JARDIM
Secretário estadual de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, representando o governador do estado de
São Paulo, Geraldo Alckmin, saúda as autoridades presentes. Reitera as palavras
do Sr. João Carlos Meirelles.
8 - PRESIDENTE ROBERTO MASSAFERA
Anuncia homenagem, com leitura sobre
a trajetória profissional e entrega do título "Paula Souza", aos
engenheiros Ion de Freitas, representado pelo Sr.
José Olimpio Dias de Faria; Haroldo Jezler,
representado por Ione Jezler; e Peter Greiner.
9 - PETER GREINER
Engenheiro,
cumprimenta os integrantes da Mesa. Ressalta a postura ética e os feitos
dos ex-diretores do Instituto de Engenharia. Enaltece a colaboração dos
engenheiros para a reconstrução da Pátria brasileira. Discorre a respeito do
idealismo e da prevalência da proficiência técnica dos profissionais envolvidos
na história do instituto. Faz críticas à dependência política da engenharia na
atualidade. Lê citação bíblica em defesa da humildade.
10 - PRESIDENTE ROBERTO MASSAFERA
Lê discurso de Juscelino Kubitschek
sobre a construção de Brasília. Discorre acerca de sua trajetória estudantil e
profissional na engenharia. Relata inovações tecnológicas
vivenciada pelo Brasil, no setor. Defende o trabalho conjunto de
engenheiros, agrônomos e arquitetos, pelo bem do País. Cita a atuação política
de João Carlos Figueiredo Ferraz, ex-prefeito de São Paulo, em favor do
crescimento planejado da cidade. Tece argumentos favoráveis à ampliação do
número de engenheiros na composição política do Brasil. Critica a legislação
que permite a apresentação de licitações sem projeto executivo. Reprova a falta
de atenção com o planejamento e a demora para a
execução de obras no Brasil. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Roberto Massafera.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.
Esta sessão solene tem a finalidade de comemorar os 100 anos do Instituto de Engenharia. Quero agradecer a presença do presidente do Instituto de Engenharia, Camil Eid; secretário João Carlos Meirelles; secretário Arnaldo Jardim e secretária adjunta Mônica Porto, representando o secretário de Recursos Hídricos, compondo nossa Mesa principal.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, deputado Fernando Capez, atendendo minha solicitação, com a finalidade de comemorar esses 100 anos do Instituto de Engenharia.
Convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do subtenente Borges.
* * *
- É executado Hino Nacional Brasileiro.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Esta Presidência agradece a Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Quero agradecer a presença das autoridades que estão nos honrando com suas presenças.
O vice-presidente do Instituto de Engenharia, engenheiro José Olímpio de Farias; João de Oliveira Gomes, representando o presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Dr. Dimas Eduardo Ramalho; Sr. Eden Rodrigues, diretor da Fiesp, representando o Sr. Paulo Skaf; Carlos Alberto Laurito, gerente de relações institucionais do Sindicato da Indústria de Construção Pesada do Estado de São Paulo; Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária; Vinicius Marchese Marinelli, presidente do Crea de São Paulo; Pascoal Satalino, representando o presidente José Tadeu da Silva, do Conselho Federal de Engenharia; e todos vocês que nos honram com a presença, dando brilho a essa solenidade.
Quero comunicar aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será retransmitida pela TV Assembleia nesse sábado, dia 29, às 11 horas da noite, pela NET, canal 7; Vivo, canal 9; e pela TV Digital canal 61.2.
Neste momento, eu gostaria de convidar para fazer uso da palavra o deputado estadual e sempre presente, nosso amigo Ramalho da Construção.
O SR. RAMALHO DA CONSTRUÇÃO - PSDB - Boa noite a todos e a todas. Quero cumprimentar o nosso presidente da sessão, grande deputado Massafera, professor com quem aprendo bastante, representando nosso presidente Fernando Capez. Quero cumprimentar o presidente do Instituto de Engenharia, Camil Eid e a secretária Mônica.
Meu secretário e amigo, outro grande mestre, sem dúvidas nenhuma, todos nós aprendemos com o Meirelles. Outro secretário fera, um dos maiores políticos do Brasil, é o secretário da Agricultura e deputado que é um exemplo a ser seguido, Arnaldo Jardim. O senhor sempre nos recebeu com carinho, não só como secretário, mas como parlamentar. Sempre ao nosso lado.
Quero dizer a V. Exa. que amanhã instituímos um prêmio - criamos com ajuda do deputado Massafera - o Prêmio João Losada, dado no dia 25, que foi o Dia da Construção Civil. Amanhã, serão homenageadas algumas pessoas com esse prêmio, um dos mais atuantes homens públicos, seu companheiro de partido... Todos estão convidados, serão homenageadas muitas pessoas do setor de construção civil, não apenas empresários, mas também trabalhadores.
Um dos homenageados é o José Serra. Alguém me pergunta o porquê de ele ser homenageado com esse prêmio. Todas as obras que ele terminou e inaugurou tinha o nome dos Josés, Joãos... Estão gravados lá até hoje. Além de ter sido também responsável pelo Seguro Desemprego.
Gostaria de dizer da alegria de passar aqui para dar uma breve palavra com todos vocês da Engenharia. Ela está presente em tudo, não apenas na construção. Aqui na Mesa só tem engenheiros. Ela está presente na Medicina, nos laboratórios... Sem engenheiros não conseguimos fazer nada. Claro que os arquitetos desenham, não é Camil? Depois fica essa briga entre vocês engenheiros e arquitetos para ver como segura e faz. A Engenharia é uma ciência que representa economia e segurança e está presente em todas as áreas.
Estamos aqui vendo todos os mestres, pouquíssimos aprendizes... Você olha aqui e 99% são mestres dos mestres. Parabenizo o grande deputado Massafera pela iniciativa de estar aqui comemorando em nossa Casa de Leis, a Casa do povo, os 100 anos do Instituto de Engenharia. Eu sou peão de obra há 48 anos, em 68 iniciei minha vida na obra, como servente de pedreiro. Hoje, somos tão ousados que nos tornamos deputados. Tive a honra, como muitos de vocês, de acabar de eleger uma filha como vereadora na capital, com nove mil votos, pela primeira vez.
Talvez isso se dê ao fato de a vida inteira termos construído amigos e trabalhar. O engenheiro só sabe trabalhar. A Engenharia anoitece e amanhece trabalhando e construindo. Em todas as áreas, devemos à Engenharia, seja na fabricação do carro, na montagem do carro, seja nos laboratórios que colocamos e precisamos, seja naquilo que boa parte sabe fazer. Onde estivermos, a Engenharia está presente. Você está sentado na cadeira, a Engenharia desenhou essas poltronas.
Quero deixar meu abraço e alegria de estar junto com um dos maiores deputados desta Casa, o Massafera. Eu chego às cinco horas dos forrós e o Massafera já está acordado e mandando mensagem para mim. Eu danço forró no mínimo três vezes por semana. Além de aprender a fazer obra, fui peão de mais de 700 canteiros de obras - deve estar chegando nos 750, porque não parei de fazer obra - e continuo sendo peão de obra, tenho um orgulho imenso de ser dessa origem operária, construir um prédio e ver ele terminado. Fico muito feliz quando vejo um engenheiro terminar um projeto.
Talvez graças ao Collor de Melo, que chamou os carros de carroça e hoje temos carros lindos por aí, montados e fabricados no Brasil. Enfim, nossa Engenharia está presente em todo o planeta. Camil, esse menino que é o senhor... Receba meu abraço e carinho, o carinho dos trabalhadores de São Paulo e do Brasil pela Engenharia estar sempre criando formas de gerar emprego para todos nós. Grande abraço a todos os engenheiros e, principalmente, os amigos que dirigem o Instituto de Engenharia. Que possamos continuar inventando, a Engenharia é a arte de inventar, mas inventando para criar emprego e renda.
Parabéns, Massafera e Camil, grande abraço a todos.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Neste momento, assistiremos ao vídeo institucional do Instituto de Engenharia.
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- É exibido o vídeo institucional.
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O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Eu queria convidar o deputado estadual Itamar Borges para fazer parte da nossa bancada de autoridades. Convido o nobre deputado para que faça uso da palavra.
O SR. ITAMAR BORGES - PMDB - Boa noite, presidente e deputado Roberto Massafera, é uma satisfação estar aqui esta noite. Não poderia deixar de participar deste momento, até porque sua iniciativa realmente não só faz justa homenagem ao instituto, mas ao mesmo tempo permite que esta Casa do povo, nossa querida Assembleia Legislativa do povo de São Paulo, possa fazer essa homenagem através de sua iniciativa. Parabéns mais uma vez, deputado Massafera, você que é da família, além de tantos exemplos como parlamentar em nossa Casa de Leis.
Fico muito honrado de participar ao lado de todos os nossos amigos neste momento, o secretário Meirelles ao lado do secretário Arnaldo Jardim - grande parceiro, representando nossos engenheiros e amigos que temos convivido nessa luta de apoio. Arnaldo, na Câmara Federal agora como secretário de Agricultura, e tantas outras missões que já teve; Dr. Meirelles, que também tem toda uma história à frente do governo e hoje na Secretaria de Energia; e a Mônica Porto, representando a Secretaria de Recursos Hídricos. Enfim, saúdo todas as autoridades e parlamentares aqui presentes.
Da mesma forma, a satisfação de poder cumprimentar os componentes e membros do Instituto de Engenharia. Digo que um centenário realmente não é para qualquer um, ainda mais quando se fala de tecnologia e tudo aquilo que o instituto tem realizado. Portanto, cumprimento não só o presidente, mas a representação de todo o instituto e sua diretoria pelo brilhante trabalho que exercem. E como parlamentar desta Casa, sempre me coloco à disposição ao lado de nossos 93 colegas, em especial ao lado do líder Massafera. Estou vendo o Ramalho da Construção, que também tem uma história tão importante ao lado dos representantes dos departamentos.
Presidente Massafera, essa sua iniciativa aprovada por esta Casa faz com que pudéssemos estar aqui para dar parabéns a todos que ajudaram a construir esses 100 anos de história, que merece todas as homenagens. Tudo que fizermos será pouco para registrar esse reconhecimento a cada um dos senhores, senhoras e entidades. Vejo aqui tantas entidades representadas, tantos amigos e parceiros que fazem parte da família do Instituto de Engenharia do Estado de São Paulo.
Boa noite a todos, um grande abraço e muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Quero agradecer a presença do engenheiro, que já foi diretor da Escola Politécnica da USP, e chamá-lo para fazer parte da Mesa, o Dr. Vahan Agopyan.
Neste momento, tenho o prazer de convidar para que faça uso da palavra, nosso engenheiro e presidente do Instituto de Engenharia, Camil Eid.
O SR. CAMIL EID - Boa noite a todos. Senhoras, senhores, meus companheiros e todos os engenheiros e representantes da Engenharia. Queria cumprimentar todos da Mesa através de todos que já foram devidamente qualificados. Cumprimento meu amigo José Carlos Meirelles no sentido de, com isso, cumprimentar todos os presentes na Mesa e todos os deputados presentes. Quero agradecer a Assembleia e nosso associado, o ilustre deputado Massafera, por ter proporcionado este momento de alegria ao Instituto de Engenharia.
O Instituto de Engenharia comemora, a partir desse mês, 100 anos de existência, promovendo a Engenharia em benefício do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade. É uma trajetória fantástica. Após uma caminhada inteiramente voltada para o desenvolvimento e o progresso do nosso país, tenho a honra de presidir esta Casa durante seu centenário. Pensando nos próximos anos, estamos tomando algumas atitudes com o desenvolvimento em parceria com outras instituições do projeto Rota para o Futuro - Plano Nacional de Ocupação de Território Brasileiro pela Ferrovia, associado ao Agronegócio. É, hoje, um dos nossos trabalhos.
São inúmeras as razões para justificar esse empreendimento, mas basta examinarmos o enorme dinamismo da produção agropecuária, seu potencial de crescimento e a carência mundial por alimentos para avaliarmos o seu importante impacto. O plano deverá ter como pilar base um conjunto de investimentos em infraestrutura, logística, ferrovias e a integração com outros modais e com algumas prioridades com plena operação da ferrovia Norte-Sul, contando com ferrovias transversais que serão utilizadas para alimentar.
Além de investimentos de portos, instalações de apoio, operações portuárias e plataformas logísticas. O desenvolvimento regional deverá ser sustentado pela implantação de atividades industriais, comerciais de serviços da cadeia produtiva com a produção de parques industriais, tecnológicos e centros de armazenamento, comercialização e distribuição.
Com essas ações voltadas para os próximos anos, o Instituto de Engenharia busca a inserção da Engenharia na IV Revolução Industrial. Assim como nos subsequentes no mundo em constante transformação, a meta agora é a Engenharia 4.0. Em continuidade, iremos implantar o E-Engenharia, que consiste na associação dos profissionais e nossa entidade por meio da internet. Consequentemente, iremos criar a plataforma de conhecimento, que tem por objetivo ser um acervo digital dos conteúdos ligados à Engenharia com contribuições de materiais disponíveis para nosso acervo.
Temos em nossas instalações o Engemaker, que possui um ambiente de trabalho compartilhado co-working, e hoje funciona o espaço maker. Essa iniciativa oferece para os associados do Instituto de Engenharia e ao público em geral o acesso a ferramentas especiais, inclusive impressoras 3D, que possibilitam ao usuário criar seus próprios produtos.
De um modo geral, o Instituto de Engenharia se mantém atualizado e acompanhando a evolução global, a integração e a era digital. É a forma do momento que nos parece mais adequada para os próximos anos. Muito obrigado a todos os colaboradores, e um agradecimento especial a todos os funcionários dessa instituição centenária. Que a superior inteligência nos ilumine, ajude e proteja, para que possamos manter a perenidade dessa instituição tão representativa da sociedade civil. Muito obrigado a todos.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Obrigado. Quero convidar a professora Liedi Bernucci, vice-diretora da Escola Politécnica, para fazer parte da Mesa.
Eu queria, neste momento, convidar para que fizesse uso da palavra o nosso secretário estadual de Energia e Mineração, engenheiro João Carlos Meirelles.
O SR. JOÃO CARLOS MEIRELLES - Boa noite a todos e todas. Caro presidente deputado Massafera, que está neste momento presidindo essa sessão; o deputado estadual Ramalho da Construção, companheiro de lutas de muitos anos pela boa representação dos trabalhadores da Construção Civil; deputado Itamar Borges, grande companheiro nosso também e nosso grande deputado Arnaldo Jardim, que na sequência vai falar em nome do governador. Ele está aqui como delegado do governador, e nosso delegado. Estou apenas fazendo a introdução do deputado Arnaldo Jardim.
O Arnaldo é politécnico como eu e está desempenhando uma missão absolutamente importante no governo, não só como secretário da Agricultura, mas também como representante desse novo ideário nacional. Mônica Porto, nossa engenheira, secretária adjunta de Saneamento e Recursos Hídricos; José Olímpio Dias de Farias, nosso vice-presidente do Instituto de Engenharia; Vahan Agopyan, nosso vice-reitor e ex-diretor da Escola Politécnica; nossa diretora atual da Escola Politécnica, que está aqui também, nossa companheira de muitos trabalhos conjuntos; Laurence, diretor do Dersa, responsável por coisas extremamente importantes em São Paulo; o João Gomes de Oliveira, que está representando nosso advogado e presidente do Tribunal de Contas do Estado, o Dimas Ramalho.
Quero também saudar os homenageados com o título Paula Souza e Ion de Freitas, o Peter Greiner e o Aroldo, representados por sua filha. Quero saudar todos os engenheiros, e dizer que tenho extremo orgulho por ser engenheiro, e não só engenheiro. Até o Mário Covas e o Geraldo Alckmin de vez em quando fazem brincadeira comigo, dizendo que sou tão fanático por ser engenheiro que meu médico é engenheiro. E é verdade. Ele é politécnico e depois de formado, o Claudio, formou-se em Medicina. É um grande médico, recomendo, porque ele é um grande engenheiro, então pode ser um razoável médico. Isso é importante.
Queria participar dessa solenidade por força do encantamento. Provavelmente, eu seja o mais antigo dos engenheiros aqui presentes, mas enquanto estudantes de Engenharia, nós tínhamos um verdadeiro fascínio pelo Instituto de Engenharia. Ele representava uma possibilidade. E nós éramos estudantes, tínhamos uma carteirinha de sócio estudante do Instituto de Engenharia, que na verdade era o lugar onde começava a se discutir a grande Engenharia nacional.
Eu tenho a impressão que estamos precisando, nesse próximo centenário, nos esforçar para devolvermos nesse Instituto de Engenharia essa capacidade de mobilização da Engenharia nacional e dos estudantes. Nós precisamos retomar aquela vocação que nos é própria de construtores da realidade, nós construímos a realidade e fazemos tudo aquilo que existe. O companheiro Ramalho ainda lembrava disso, tudo que tem aqui é fruto de Engenharia, tudo aquilo que constrói a realidade, bem-estar e o conforto das pessoas.
Deputado Massafera, representando aqui o presidente Fernando Capez, nós temos que estar atentos para a enorme oportunidade que se abre para a Engenharia nacional. Temos que reconstruir o Brasil e construir um Brasil novo. Temos que consolidar a posse do Brasil que começamos desde quando Juscelino Kubitschek foi eleito em 55 e redescobriu o Brasil. Nós vivíamos até então nos 500 quilômetros da costa, ele nos obrigou a descobrir o Brasil. Nós íamos a Campo Grande por Buenos Aires porque não tinha nenhuma estrada para ligar até lá. Cuiabá era só de avião e outros lugares do território nacional não eram sequer estados.
Nós construímos esse Brasil, os trabalhadores e engenheiros. E talvez não haja uma única profissão que faça uma mistura tão boa e democrática quanto os trabalhadores da Engenharia. Nós convivemos dia e noite como parceiros do trabalho. Nessa noite que viemos comemorar esses 100 anos, deveríamos estar extremamente orgulhosos pelo país que construímos, mas sobretudo extremamente esperançosos pelo país que vamos construir. Muito obrigado e parabéns pelos 100 anos.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Agora tenho a honra de ouvir a palavra do engenheiro Arnaldo Jardim, vulgo Chefão. Politécnico formado em 1968, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, que nesse ato representa o nosso governador do Estado, Geraldo Alckmin. Como eu e o Dr. Meirelles não queremos ser governadores, o Arnaldo representará.
O SR. ARNALDO JARDIM - Boa noite. A delicadeza do Roberto Massafera, que preside essa sessão - e tão bem representa a Assembleia aqui - dá conta da informalidade que nos une pelo fato de estarmos em casa e entre amigos. Eu estou muito lisonjeado de ser homenageado porque, quando se homenageia o Instituto de Engenharia, homenageia-se os engenheiros e todos nós que aqui estamos.
Muito obrigado, Roberto Massafera. Muito obrigado, Ramalho da Construção e Itamar Borges. Muito obrigado, Assembleia Legislativa de São Paulo. Cumprimento nosso querido Camil Eid, toda a diretoria, todos os conselheiros presentes, os membros das comissões técnicas e todos aqueles que, como nós associados do Instituto de Engenharia, temos orgulho imenso dessa centenária instituição.
O governador Geraldo Alckmin manda seu caloroso abraço a todos os amigos engenheiros que aqui estão. Para fazer isso, pediu que três secretários viessem aqui: a secretária Mônica Porto, de Recursos Hídricos e Saneamento; eu, que estou agora na condição de secretário da Agricultura; e todos nós coordenados pelo nosso querido secretário João Carlos de Souza Meirelles, secretário de Energia e Mineração.
Ajuizado que sou, não posso ir além disso, porque em nome de todos nós e em nome do governador Geraldo Alckmin, falou o nosso João Carlos de Souza Meirelles. Só aproveito para reiterar um grande abraço e nosso orgulho pelo Instituto de Engenharia de São Paulo. Muito obrigado a todos.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - O Instituto de Engenharia, neste momento, presta homenagem a três engenheiros. Individualmente será lido o currículo de cada um e entregaremos um diploma e uma homenagem. Quero neste momento, homenagear o Sr. Ion de Freitas com o título Paula Souza.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - VERA BUCHERONI - Ion de Freitas nasceu em São Paulo em 1925, é engenheiro civil e graduado pela Escola Politécnica em 1946, onde se doutorou e lecionou de 1960 a 1992. Foi criador do curso de Engenharia de Transportes. Sua trajetória profissional confunde-se com a construção das primeiras rodovias pavimentadas do Brasil, especialmente de São Paulo.
Em 1947, recém-formado, foi contratado pelo Departamento de Estradas de Rodagem, o DER. Ion dizia que era uma época em que o emprego te procurava, e não o contrário. O estado inteiro tinha apenas 47 quilômetros de estradas pavimentadas. No final dos anos 40, Ion foi responsável pelas obras de pavimentação da Via Anhanguera. No final dos anos 60, chefiou o grupo de trabalho encarregado de definir o traçado da Rodovia Imigrantes, construído em razão da saturação da capacidade do fluxo da Via Anchieta. Ocupou diversos cargos e funções na Administração pública.
Foi secretário municipal de Transportes de São Paulo de 1971 a 1973. É considerado o precursor da Engenharia de Tráfego no Brasil. Criou a Companhia de Engenharia de Tráfego na cidade de São Paulo - CET - e a Zona Azul. Colaborou ativamente no início da construção do metrô de São Paulo. Concedeu o Anel Viário de São Paulo, cujo primeiro projeto coordenou em 1973.
Passados 35 anos, foi dado início às obras do Rodoanel Mário Covas. Depois de se aposentar como engenheiro, graduou-se em Psicologia e obteve o título de mestre nessa área, em 2009, aos 84 anos de idade. É um exemplo de cidadania, competência, força de vontade e comprometimento com sua cidade e seus semelhantes.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Quero convidar o engenheiro José Olímpio Dias de Faria, meu companheiro de mais de 50 anos de estudante, para que recebesse em nome do Ion.
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- É feita a homenagem.
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O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Em seguida, o segundo homenageado, o engenheiro Aroldo Gessler, que nesse ato é representado por sua filha.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Aroldo Gessner é engenheiro formado pela Escola Politécnica de São Paulo, mestre em Engenharia Sanitária pela Universidade da Carolina do Norte e Harvard, nos Estados Unidos. Lecionou na USP como assistente, na Politécnica e na Faculdade de Higiene. No caso da Politécnica, tendo sido aluno do professor Lucas Nogueira Garcez, que veio a ser governador de São Paulo, foi convidado por esse para lecionar na cadeira de Saneamento.
Na Amazônia, foi funcionário do Sesp - Serviços Especiais de Saúde Pública. No tempo que exerceu o magistério na Politécnica para aliar teoria e prática, criou com amigos a empresa Saneamento SA, especialista em água e esgoto. Alguns anos depois, a convite, foi trabalhar em Washington DC, onde foi funcionário da Omsops - Organizações Mundiais e Pan-americanas da Saúde - como assessor regional para a América Latina em programas de abastecimento de água e educação, treinamento e pesquisa.
Por quatro anos teve contatos frequentes com órgãos governamentais, como o Bird, banco mundial e o BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, onde trabalhou na definição de programas de saneamento para toda a América Latina. Foi, em seguida, a convite de Eduardo Yasuda, secretário da Saúde do governador Abreu Sodré, o organizador e único presidente por seis anos da Comasp - Companhia Metropolitana de Água de São Paulo, posteriormente desmembrada em Sabesp e Cetesb.
Na Comasp, completou o projeto e implantou a primeira fase do Sistema Cantareira, para abastecer dez milhões de pessoas na cidade de São Paulo. O projeto Cantareira aumentou o fornecimento total de água de São Paulo de dez para 33 metros cúbicos por segundo. A Comasp foi ainda a primeira empresa do país de âmbito metropolitano. A Comasp foi introdutora de importantes novas técnicas administrativas e gerenciais, mudanças profundas na área de recursos humanos e nos programas de licitações. Sobre esse último tempo, escreveu importante trabalho premiado pelo Instituto de Engenharia. A Comasp formulou ainda importantes novas normas técnicas.
Na iniciativa privada, foi diretor de diversas empresas de consultoria, Engenharia Civil e Sanitária, tendo inclusive dirigido a joint-venture da Construtora Guarantã com a japonesa AOK no programa de construção dos hotéis Caesar Park do Rio e em São Paulo. Foi, por 15 anos, diretor do Consórcio Nacional Engenheiros Construtores - CNEC. Nos anos mais recentes tem se dedicado a pesquisas e a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES, da qual foi conselheiro. Foi também conselheiro do Instituto de Engenharia por diversos mandatos.
Convidamos o deputado Roberto Massafera para fazer a entrega para sua filha.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Solicito que a Dra. Mônica entregue a homenagem.
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- É feita a homenagem.
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O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Neste momento, nós homenagearemos o engenheiro Peter Greiner com o título da Paula Souza. Solicito que seja feita a leitura de seu currículo.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - É engenheiro civil hidráulico pela Escola Politécnica de São Paulo, da turma de 1963, com mestrado em 1986. Também fez doutorado em 1995 em Administração de Empresas, pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Entre muitos outros cursos, participou, em 1970, do Seminário de Avaliação de Projetos Economic Development Institute do Banco Mundial
Brasileiro naturalizado, nasceu na Áustria, de onde imigrou aos sete anos de idade. Iniciou sua vida profissional na economia e humanismo, participando do diagnóstico das condições sanitárias do estado de São Paulo e Paraná. Dirigiu um programa de construção de escolas no estado do Maranhão, financiado pela USAID entre 1963 e 1965. Atua no setor elétrico desde 1965, primeiro nas usinas elétricas do Paranapanema, que passou a integrar a Companhia Energética de São Paulo - CESP, em 1966.
Por oito anos, exerceu o cargo de superintendente e diretor adjunto na empresa Eletricidade de São Paulo - Eletropaulo. Nessas empresas, dirigiu diferentes áreas como: construção de hidrelétricas, administração de contratos, orçamentos e coordenação do programa de obras, tarifas, mercado, planejamento empresarial e chefia da assessoria técnica da presidência da Acesp.
Ao lado dessas funções, teve a oportunidade de exercer uma série de outras atividades: organizador e presidente da Fundação dos Empregados da Acesp, fundador e presidente da Associação dos Engenheiros da Acesp, vice-presidente das divisões técnicas do Instituto de Engenharia de São Paulo, coordenador e relator da revisão institucional do setor elétrico - Revise, delegado nacional do Subcomitê de Construção da Cier, entre outros.
Entre 1975 e 1978, trabalhou na Construtora Camargo Correa como assessor para o desenvolvimento do mercado no exterior. Em 1988 e 1989, integrou a equipe de assessores Pnud, da ONU, para reabilitação do setor elétrico da República Dominicana, reassumindo depois com as funções da Acesp a qualidade de assessora diretoria até 1994. Secretário nacional de energia do Ministério de Minas e Energia de março de 1994 a março de 1999, tendo concebido, liderado e dado início a implementação da reestruturação do setor elétrico brasileiro, executado com consultores internacionais e nacionais, em coordenação com uma estreita participação de mais de 150 especialistas do setor promovendo o treinamento desses últimos para um mercado competitivo, ajustado para a realidade brasileira e assegurando a aceitação geral da escritura proposta.
Entre 2000 e 2010, foi consultor autônomo Senior Associate da Cambridge Energy Research Associates (Cera), e colaborador do Instituto Fernando Brudel de Economia Mundial e membro do Conselho de Administração da AES Eletropaulo SA. A partir de 2011 dedicou-se à consultoria pontual em assuntos de suas especialidades e a trabalhos de caráter cívico. Pessoas com quem trabalhou e às quais dedica admiração e gratidão: Lucas Nogueira Garcez, Francisco de Souza Dias Filho, Bernardino Pimentel Mendes, Jan Arpad Mihalik, Maria Helena de Souza Coelho, Tulio Romano Cordeiro de Mello, Camilo Pena, Mario Behring, Raimundo Mendes de Brito, Darci Andrade de Almeida, Eduardo José Bernini, Pedro Roberto Cauvilla, Reinaldo Medeiros e Ernesto Lindolfo Paixão.
Passo a palavra ao deputado Roberto Massafera para fazer a entrega.
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Quero convidar o engenheiro Agopyan para que faça a entrega.
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- É feita a homenagem.
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O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Neste momento, passo a palavra ao engenheiro Peter Greiner, que falará em nome dos três homenageados sobre o título Paula Souza.
O SR. PETER GREINER - A todos os integrantes da Mesa, em especial o presidente do Instituto de Engenharia e todos os deputados, lugar em que encontro tantos amigos a tantos anos de labuta e relacionamento, inclusive o engenheiro Meirelles, que quando ainda era estagiário eu já tinha contato com ele.
Eu fui avisado esta semana deste prêmio inesperado e não sabia exatamente como seria. Como fui convidado a fazer uma pequena intervenção, eu a escrevi. Parabenizo todos que me antecederam pela brevidade que me obrigou a pular parte do que escrevi. Vou começar resumindo, dizendo que nós homenageados, em particular representando o Aroldo, grande amigo de contatos anteriores, e Ion de Freitas, de outro setor que conheço, mas não tanto, mas são engenheiros de grande projeção e méritos, por isso foram escolhidos. Embora nós todos saibamos que muitos outros engenheiros poderiam ser escolhidos, e por isso estamos muito sensibilizados e honrados.
Eu diria que naquilo que eu queria falar eu iria rememorar um pouco os personagens e grandes engenheiros que presidiram o instituto, e também com os quais trabalhei. Por que eu faria isso? Porque só a lembrança desses homens e das obras que realizaram dão o peso que o instituto tem, o peso que a Engenharia tem, tão bem lembrado pelo Meirelles. Mas o tempo é escasso, então peço que vocês consultem. Vocês encontrarão pessoas como Francisco de Lima Dias, o Garcez e o Yasuda, grande projetista de um sistema que abastece São Paulo até hoje e no qual o Aroldo trabalhou.
Todos esses representam o estilo de trabalho que se perdeu no Brasil ultimamente. São pessoas que tinham éticas e posturas que realmente se impunham como exemplos aos alunos, que se impunham como exemplos aos empregados, que visavam o futuro e a construção de um país. A pátria não era naquela época um conceito vazio, era um conceito buscado e praticado.
Feita essa pequena introdução com a qual pulei duas páginas, eu pretendo ler apenas a outra porque representa certo posicionamento, que decorre de uma vida em que se trabalhou visando a construção do país. Reformar com todas as oposições, inclusive resistências principalmente no setor elétrico, mas hoje em função do que aconteceu posteriormente a situação mudou, então devemos de certa forma refletir sobre isso, é algo que eu proponho.
A tal memória a exemplo suscita um paralelo cuja consideração apresenta fundamental para as próximas gerações de engenheiros e para o novo século da vida do instituto. A geração a qual pertencem esses homenageados foi privilegiada pelo fato de ter tido uma plêiade de engenheiros e idealistas que constam das necessidades do desenvolvimento. Foram capazes de conceder programas, projetos, propostas de amplo espectro com a ampla percepção do futuro.
Além disso, empreenderam a formação de equipes especialistas necessários para sua implementação. Não há um engenheiro aqui que não deve algo ao professor Celestino, Telema, Garcez. Falei como politécnico, me desculpem os mackenzistas. O importante é que esses engenheiros operaram com uma relativa independência da ingerência externa na medida em que a época se trilhava campos tecnológicos relativamente desconhecidos e desafiadores, curvando-se à sociedade da necessária autonomia na constituição dos quadros especializados e escassos, como disse muito bem o Freitas.
Não custa refrescar a memória exemplificando que, nessa fase, as diretorias das empresas e instituições governamentais tendiam a ter quadros dirigentes com expertise, limitando a ingerência política aos setores administrativos. Lembro-me das diretorias,o governador indicava o diretor administrativo, apenas. Claro que ele participava da constituição, mas a competência mandava.
Tal situação evoluiria gradualmente de forma clássica para uma predominância de indicação nas áreas financeiras, alinhadas ao setor econômico do governo. Falta apenas falar que foi a “era Delfim”, tá certo? E mais adiante, colocando as áreas de suprimentos e compras na mão dos indicados na área militar. Ainda assim a Engenharia continuava preservada. Infelizmente, na medida em que o setor estatal assumia extraordinário porte e grande capacidade de movimentação financeira, passou a ser objeto da volúpia de aventureiros e grupos políticos.
Tal ingerência deletéria foi acentuada pela confluência de vários fatores que constituíram farto material para as mais variadas análises políticas e sociológicas. Destacam-se a redemocratização com o sistema política multiplicador de partidos, a emergência de um grupo político que se pretendia hegemônico e maniqueísta. No setor estatal, o surgimento e consolidação de um corporativismo a imagem e semelhança do sindicalismo gerado na Era Getulista no setor privado com privilégios cada vez maiores na revelia da eficiência e as dispensas da capacidade de investimento geral do país.
Nesse quadro, as empresas e instituições foram tomadas de assalto por interesses que se valem por programas e projetos para fins exógenos como a mobilização de fundos eleitorais, ampliação do faturamento dos fornecedores, incluindo nesse processo o enriquecimento dos políticos e intermediários envolvidos. Com isso, a boa engenharia, a proficiência técnica e a objetividade econômica e social perderam o seu lugar. Se alguém tem dúvida, basta lembrar-se do projeto do trem-bala ou a tomada de três pontas. Coisas apenas para ilustrar e reforçar.
Assim sendo, creio que nossa experiência e vivência de engenheiros mais vividos sejam um repto às gerações emergentes de nossas escolas, e ao querido Instituto de Engenharia, que é de assumir uma luta pela recolocação da verdadeira engenharia voltada para a produção de bens, para o bem-estar social e para a racionalidade econômica evitando a tentação de uma postura corporativa voltada para si mesmo.
Termino repetindo o posicionamento extraído do meu discurso de formatura na Escola Politécnica em 1963. Por isso é imperioso que construamos desveladamente dentro de nós aquela humildade irreconhecível dos grandes para que ouçamos e pratiquemos as palavras do profeta do Senhor: “Riquezas cegam os olhos dos sábios, destruída é a causa dos justos. Procura unicamente a justiça e veneras, e possuirás a terra que o Senhor te dá.”
O SR. PRESIDENTE - ROBERTO MASSAFERA - PSDB - Para encerrar, vocês também terão que ouvir minhas palavras. Como descendente de italiano, prefiro falar de pé. Todas as autoridades já foram nomeadas, estamos hoje festejando os 100 anos do Instituto de Engenharia.
Tudo que já fizemos e tudo que vocês já fizeram, tudo que cada um de nós fizemos...Está aqui nosso grande engenheiro João Carlos Meirelles; nosso engenheiro Arnaldo Jardim; a engenheira Mônica Porto; também tivemos nossos políticos engenheiros politécnicos como o Mário Covas, Maluf e Kassab, que honraram de certa maneira. Ano que vem estarei formado há 50 anos no Instituto de Engenharia, e mais um pouco de antes no tempo de estudante em que éramos ativistas políticos.
Tem algumas coisas que eu gostaria de ouvir depois, não vou repetir muita coisa. Eu queria uma data que julgo importante, 1955, 62 anos atrás, Juscelino Kubistchek foi em uma pequena cidade no sul de Goiás, no cerrado, e num discurso ao presidente, ele falou: “Vou trazer a capital para o coração do Brasil, vou construir Brasília. Fica lançada aqui minha promessa”. Eleito, ele fez Brasília em 1955. Fica a lembrança disso aí.
Durante 30 anos fui engenheiro civil, formado em São Carlos. Naquela época havia o pré-vestibular, nós passávamos e tínhamos que escolher uma. Eu escolhi São Carlos porque era perto de casa e mais barato morar lá, então fui me formar lá. Tive grandes professores e mestres, escolhi Engenharia de Estrutura seguindo exemplo do Zé Olímpio, o professor Martinelli, Telemaco... Grandes professores. Naquelas épocas nós usávamos régua de cálculo e maquininhas, não tinha computador.
Em 1964, no Instituto de Energia Atômica na Cidade Universitária, saiu o primeiro computador. Tínhamos que saber Fortran, furar cartão, aquelas linguagens. O mundo foi evoluindo e nós também na Engenharia. Muitas coisas aconteceram na telefonia e energia. Na energia, foi concebido que o Brasil funciona em rede, em qualquer lugar da rede Tucuruí, Itaipu. Qualquer rede que você produzir energia, você lança e ela será consumido no centro. Isso foi uma inteligência no Brasil que superou muitos países.
Da mesma forma a comunicação, que era estatal e direito do Estado, mas foi privatizada. Eu tinha aqui em São Paulo, em 1970 e pouco, o telefone de aluguel. Alugavam telefone por 100 dólares. Com a abertura da telefonia, o telefone não valia mais nada. Então, vejam como o País evoluiu. Eu trabalhei em uma usina de açúcar em que fazíamos projeto do pró-álcool, o petróleo foi de dois dólares para dez. O álcool era a solução do Brasil.
Fizemos um projeto de ampliação de capacidade no ar. Nós tínhamos, naquela época, cinco mil alqueires de terra plantados de cana e precisávamos de 200 alqueires de eucalipto para tocar aquela usina. No meu projeto que passava para dez mil alqueires, precisaríamos de mil alqueires de eucalipto para tocar a usina. Seguramos um pouco e, em quatro anos, a Engenharia brasileira reformulou os conceitos de produção de vapor e, em cinco anos, não se usava mais eucalipto para usar em usina. Cinco, dez anos depois, as usinas passaram a sobrar energia e vendê-la no período de safra que corresponde ao período de entressafra dos rios, da seca.
O Brasil evoluiu muito em todos os setores graças ao trabalho dos engenheiros, do agrônomo, do arquiteto. Aliás, até acho que essa divisão, temos que juntar um pouco mais essas coisas, porque somos nós que fazemos o futuro desse país. Eu me lembro que foi desenvolvido um modelo reduzido de barragens, ficávamos vendo o professor Martinelli fazer, o professor Telemaco dando aula. Inventaram naquela época que o concreto tinha muita reação química isotérmica, muito calor, e no Brasil saiu a tecnologia do gelo no concreto. Jogava gelo no cimento e o calor do aquecimento daquela massa esfriava, derretia o gelo e depois vinha a transformação química. Uma coisa brilhante.
Um agrônomo desenvolveu toda a teoria de solo tropical, em que o nosso clima, sendo tropical, era diferente dos outros solos europeus, americanos e temperados. Ao invés de passar o arado fundo, a grade, tínhamos que preservar. Houve um grande salto na produtividade agrícola fruto disso. Um engenheiro de São Carlos, Douglas Villibor desenvolveu a técnica de análise de solo de produção e de dimensionamento. O Brasil copiava as normas americanas para fazer rodovias e estradas. Graças ao trabalho dele, as nossas normas foram reformuladas e hoje temos as próprias normas com dimensionamento de solo tropical e estamos exportando isso por aí.
Enfim, também ao longo da minha carreira de engenheiro, durante 30 anos, eu me lembro daquele acidente em Minas, no Gameleira, que foi sério e por falha de projetos e cálculos. Depois tivemos um grande acidente no Rio, o Viaduto Paulo Frontin, que foi falha de execução. Abriram inspeção no caixão perdido em lugar que não podia, caiu. Enfim, falhas que nós engenheiros provocamos e detectamos. A falha lá em Mariana agora. Não vi muito claro, mas um professor nosso, durante dez anos, trabalhou em Mariana fazendo monitoramento da barragem. Ele parou de trabalhar e durante quatro anos essa barragem ficou sem ninguém para monitorar. É a grande causa de ter caído.
Nós, às vezes, levamos culpa quando na verdade a culpa é de outros. Uma coisa que marcou muito é 1971, em que foi nomeado prefeito de São Paulo um engenheiro politécnico e professor, João Carlos Figueiredo Ferraz. Ao assumir a prefeitura, em seu discurso de posse ele simplesmente falou que São Paulo precisa parar para se planejar. Não podemos deixar a invasão das marginais Tietê e Pinheiros, temos que nos planejar. Uma semana depois ele foi demitido pelo governador da época.
Enfim, são coisas que nós engenheiros passamos e nos submetemos. Agora nós temos a passarela do Rio de Janeiro que a ressaca bateu e derrubou. Uma coisa tão elementar para um calculista, mas que hoje é inadmissível na Engenharia que se coloquem peças pré-moldadas na Beira Mar com ressaca e ondas fortes. Isso tudo mostra que evoluímos muito, mas nesse momento está na hora de nós engenheiros darmos um alerta. Falta engenheiro no governo, Dr. Meirelles.
O engenheiro planeja, organiza, executa e controla. Essas coisas estão um pouco dispersas, têm que ser mais centralizado em nossa mão, na competência que nós podemos fornecer. Eu digo isso tudo porque, nesse momento, fica minha proposta. Já fui prefeito de Araraquara, mexi muito com problemas jurídicos de licitação e está lá na lei de licitação. Era na 89/72 e hoje na Lei 8.666/1993, uma coisinha que prejudica muito nossa engenharia. Toda licitação pode ser feita com um projeto base. Não, temos que brigar. Toda concorrência acima de um determinado valor tem que ser feita necessariamente com um projeto executivo de arquitetura, estrutura elétrica e hidráulica para que não ocorram as coisas que tem ocorrido e que nós engenheiros levamos a culpa.
Fica essa mensagem para que o Instituto de Engenharia encabece um movimento nessa direção de impor na legislação estadual e federal essa norma de que os projetos devem ser contratados dentro do projeto executivo. Podemos gastar um ou dois anos num projeto e faz a obra em seis meses. No Brasil, fazemos o projeto em um mês e a obra em cinco anos. É o que tenho visto ao longo dos meus 50 anos de Engenharia. Fica minha proposta para nós dos próximos anos.
Os próximos 40 anos, devemos fazê-los em seis: os dois anos que faltam para esse governo terminar e os quatro anos do futuro presidente. Quem assumir esse compromisso com a Engenharia e obedecer a ética, o rigor, a técnica. Esse deverá conduzir esse país no futuro. Nós temos obrigação de aproveitar a energia que nós temos, nosso conhecimento e saber, e impor a esses futuros dirigentes esse paradigma. Somente a Engenharia vai conduzir esse país ao seu destino.
Muito obrigado e boa noite. Esgotado o objeto da presente sessão, esta Presidência agradece às autoridades, a minha equipe, aos funcionários do serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria-Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa e das assessorias das Polícias Civil e Militar, bem como a todos que, com suas presenças, colaboraram para este evento.
Está encerrada a sessão.
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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 43 minutos.
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