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17 DE MARÇO DE 2016

009ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO A CELEBRAÇÃO DA LÍNGUA, LITERATURA E CULTURA ÁRABE E DA PRESENÇA ÁRABE NO BRASIL.

 

Presidente: FERNANDO CAPEZ

 

RESUMO

 

1 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Abre a sessão. Informa que convocara a presente sessão solene, com a finalidade de "Comemorar a celebração da língua, literatura e cultura árabe e a presença árabe no Brasil". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Nomeia as autoridades presentes. Anuncia a apresentação de vídeo sobre ações culturais, educativas e sociais da comunidade árabe.

 

2 - JAMAL JAMIL YUSSEF CHAYA

Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, menciona que os refugiados e a cultura do Iraque estão no centro da programação da sétima edição do Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, que começa no dia 18/03 em diversas cidades. Enaltece a riqueza da cultura iraquiana, que considera ser um legado para a humanidade. Repudia e lamenta ataques terroristas que levaram à destruição de sítios arqueológicos no país. Elogia o acolhimento do Brasil a imigrantes árabes.

 

3 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Anuncia a declamação de poesia pelo Dr. Ahmad Serieh. Enaltece a beleza da sonoridade da língua árabe, bem como de sua cultura.

 

4 - VIVIAN KHOURI SAMARA

Representante da comunidade árabe na sociedade civil e membro do programa para refugiados da BibliAspa, cita dados sobre o número de árabes residentes no Brasil. Destaca a importância do Festival Sul-Americano de Cultura Árabe. Discorre sobre a questão dos refugiados vindos do Oriente Médio. Fala sobre o papel da ONG BibliAspa - Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul - Países Árabes - na inserção de imigrantes na sociedade brasileira.

 

5 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Anuncia declamação de poesia pela Sra. Mariela Loreto Pizarro.

 

6 - PAULO DANIEL FARAH

Presidente da BibliAspa e professor na Universidade de São Paulo - USP, faz agradecimentos gerais. Menciona que o objetivo do Festival Sul-Americano de Cultura Árabe é promover a diversidade cultural e a aproximação entre os povos. Elenca os vários segmentos artísticos presentes no evento. Destaca a importância da BlibiAspa e dos programas desenvolvidos em prol dos refugiados. Convida a todos para participar das atividades do festival, incluindo exposição nesta Casa.

 

7 - ARSHAD OMAR ESMAEEL

Embaixador da República do Iraque no Brasil, pronuncia-se em língua estrangeira com tradução simultânea, saúda todos os presentes. Agradece a oportunidade de apresentar um pouco da cultura árabe, nesta Casa. Afirma que a cultura é a maior riqueza do Iraque. Adiciona que a região fora berço de diversos legados deixados para a humanidade. Lamenta que heranças culturais do país tenham sido alvo de ações terroristas. Mostra-se esperançoso com a recuperação política, econômica e social da região.

 

8 - PRESIDENTE FERNANDO CAPEZ

Manifesta-se honrado por receber o Festival Sul-Americano de Cultura Árabe, nesta Parlamento. Diz ser sua intenção a abertura de espaço cultural, nesta Casa. Destaca a importância da difusão da cultura árabe. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Abre a sessão o Sr. Fernando Capez.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

Sessão solene com a finalidade de comemorar a Celebração da Língua, Literatura, Cultura e presença árabe no Brasil.

Senhoras deputadas, senhores deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada por este presidente com a finalidade de celebrar em sessão solene toda a contribuição da comunidade árabe no nosso País.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos a primeira parte do Hino Nacional Brasileiro, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do subtenente músico PM Borghese e para aplaudir os nossos integrantes, que se sentarão à Mesa principal dos trabalhos.

Sr. Arshad Omar Esmaeel, embaixador da República do Iraque no Brasil; Sr. Jamal Jamil Youssef Chaya, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque; Prof. Dr. Paulo Daniel Farah, presidente da BibliASPA e professor da Universidade de São Paulo; e, completando a mesa, Vivian Khouri Samara, membro do programa para refugiados da BibliASPA. (Palmas.)

Ainda considerem-se como pertencentes à Mesa principal: Dom Romanós Daoud, bispo auxiliar da Arquidiocese Ortodoxa Antioquina; Dr. Ahmad Serieh, arqueólogo da diretoria geral de Museus e Sítios Arqueológicos da Síria; Jalal Jamel Dawood Chaya, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque; Fernando Corrêa, vice-presidente financeiro da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque; Faisal Saleh Hussein, diretor do FH Sistemas. (Palmas.)

Agora, vamos ouvir, em pé, o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Agradeço ao subtenente músico Marcos Borghese e à nossa queridíssima Polícia Militar, sempre cooperando com esta Assembleia Legislativa e com a segurança da nossa população.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Web e será transmitida pela TV Assembleia nesse domingo, dia 20, às 20h. Quem tem a Net, se o sinal não cair, como costumeiramente acontece, coloque no canal 7; TV Vivo, canal 66 analógico e 185 digital; e pela TV digital aberta, canal 61.2.

Assistiremos, agora, a apresentação do vídeo sobre as ações culturais, educativas e sócias da comunidade árabe no Brasil.

 

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- É feita a exibição de vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Tem a palavra o Sr. Jamal Jamil Youssef Chaya, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque.

 

O SR. JAMAL JAMIL YOUSSEF CHAYA - Boa noite a todos. Prezadas senhoras e senhores, é sempre com muita alegria que os saúdo no Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, que este ano decidiu homenagear o Iraque. Quero parabenizar a BibliASPA pela iniciativa, a Assembleia Legislativa pelo acolhimento e demais autoridades do governo brasileiro que tanto contribuíram para o êxito deste evento. Esta é a primeira oportunidade que o público brasileiro tem de admirar a milenar cultura iraquiana. Temos diante de nós um vislumbre do passado iraquiano, uma pequena parcela do passado comum de toda a humanidade. O Iraque, como vocês sabem, foi o berço da civilização. E, portanto, essa herança pertence a toda a raça humana. Por isso, é com bastante pesar no coração que todos nós recebemos as notícias da agressão terrorista contra essa valiosa herança da humanidade. Sítios arqueológicos, monumentos e peças de valor incalculável foram alvo de ação criminosa dos terroristas.

Quero fazer também um elogio público ao bravo povo do Iraque, que luta contra esse câncer chamado terrorismo que atinge todos nós. Ao mesmo tempo, quero chamar a atenção de todos para a alegria que me enche o coração pelo fato de essa exposição estar aqui no Brasil, um país que sempre acolheu muitas levas de estrangeiros. Continuam sendo recebidos com carinho e consideração. A escolha do local para a abertura do 7o Festival Sul-Americano da Cultura Árabe não poderia ser melhor. Como todos sabem, a Assembleia Legislativa é a Casa do povo paulista. Quando digo “paulista”, estendo essa denominação a todos aqueles que, como eu, residem e fizeram suas vidas aqui, mesmo tendo nascido em terras tão distantes como o Iraque. Dessa forma, sou iraquiano-brasileiro, sem saber onde começa um e termina outro. Trata-se de uma mescla de cultura que me engrandece e me faz responsável por contribuir sempre para o progresso pacífico dos dois países. Tenho um duplo orgulho pela grata qualidade de visitante e ao mesmo tempo anfitrião no Festival Sul-Americano da Cultura Árabe.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Parabéns, Sr. Jamal. Agora assistiremos a uma declamação de poesia por Ahmad Serieh.

 

O SR. AHMAD SERIEH - Vou declamar poemas de um dos principais poetas iraquianos, Muhammad Mahdi al-Jawahiri, que nasceu em 1903 na cidade de Najaf, no Iraque.

Ele foi educado na cidade de Najaf, onde fica um grande centro religioso e literário. Ele nasce em uma família tradicional na ciência, na literatura e na poesia. Ele estudou gramática, sintaxe, retórica e jurisprudência.

O primeiro poema de al-Jawahiri foi publicado em 1921. Ele atuou na Corte real e depois renunciou, devido aos eventos políticos de 1930. Foi presidente da União dos Literatos Iraquianos e também do Sindicato dos Jornalistas, no início da era republicana.

Entre as coletâneas de poesia que ele publicou, pode ser citada a “Coletânea de al-Jawahiri”. Ele recebeu diversas homenagens e prêmios, entre eles o “Prêmio Lótus”. Ele é considerado um dos principais escritores e poetas do século XX.

Vou declamar um poema escrito por al-Jawahiri em homenagem ao Imã al-Hussein.

 

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- É declamada uma poesia em língua estrangeira.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Como é bela a sonoridade da língua árabe, uma coisa maravilhosa, assim como o som, as músicas, a cultura e toda a milenar contribuição árabe para a humanidade.

Tem a palavra a Sra. Vivian Samara, representante da comunidade árabe na sociedade civil.

 

A SRA. VIVIAN KHOURI SAMARA - Boa noite a todos. Boa noite, presidente Fernando Capez, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

O Brasil possui mais de 16 milhões de árabes e ascendentes, dos quais 3,5 milhões residem em São Paulo. É com satisfação que estamos aqui para celebrar o Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, que tem se empenhado há mais de sete anos em difundir a cultura árabe e, assim, promover a cultura de paz por meio do saber e das expressões culturais desse povo.

O desenvolvimento social, cultural e econômico do Brasil, como todos nós sabemos, se deve primordialmente à imigração. Nós, descendentes de árabes, somos gratos a este país por ter acolhido os nossos pais e avós que, em contrapartida, se entregaram de corpo e alma ao trabalho, participando de todas as fases de seu progresso. Trouxeram com eles o peso da cultura árabe, que teve influência na formação de todas as sociedades desenvolvidas no mundo. Sempre tivemos muito orgulho dessa memória e de termos em nossas veias o sangue árabe.

Agora, infelizmente, um grande número de nossos irmãos foi escorraçado de seus lares e, sem condição de sobrevivência na terra natal, tenta ser acolhido em várias partes do mundo. Nós, pela nossa história, temos obrigação de acolhê-los e ajudá-los. Atualmente o Brasil está recebendo refugiados de países árabes, que têm encontrado apoio da sociedade de forma extraordinária. Eu sou uma dessas pessoas que têm dedicado parte do tempo e conhecimento na tentativa de provê-los da melhor maneira possível.

A BibliASPA, ONG da qual sou colaboradora, acolhe refugiados de várias nacionalidades e tem lhes proporcionado o que é essencial: o ensino do idioma e da cultura brasileira, além de alimentação, transporte, tradução, interpretação, apoio para inserção no mercado de trabalho, etc.

A sociedade civil, em parceria com a BibliASPA, está se mobilizando para auxiliá-los por meio de apoios diversos: doação de alimentos e roupas e mobilização de profissionais especializados para atendê-los (médicos, dentistas e empresários que possam empregá-los, entre outros). Acho que a melhor coisa a se fazer hoje em dia é empregá-los, além de dar a eles alimentação. Nós já damos alimentação e vestuário, e agora estamos precisando realmente é de emprego para eles.

Nesse exato momento, estamos batalhando patrocínio para que a BibliASPA estruture uma cozinha semi-industrial, onde possa oferecer cursos profissionalizantes de gastronomia. Assim, eles poderão se preparar para o mercado de trabalho de forma imediata, enquanto solucionam a questão do aprendizado da língua, equivalência, diplomas e outras situações que dificultam a rápida empregabilidade.

Acho que a melhor coisa, ainda hoje em dia, é dar empregos a eles na cozinha, porque é o que eles mais sabem fazer e fazem muito bem. Então, nós resolvemos fazer uma cozinha semi-industrial para eles fazerem aquilo que sabem fazer bem. Assim, podem procurar outros empregos enquanto isso.

Além da cozinha industrial, estamos estruturando mais salas de aula na BibliASPA, pois a formação desses refugiados é muito importante para que consigam trabalho. Convido todos para conhecer esse projeto de perto. Estão todos convidados para ir à BibliASPA.

O programa em que trabalhamos, ensinando Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para os refugiados, promove a sua integração e fornece meios para que possam assegurar seus direitos de acesso a serviços, além de procurar capacitá-los a encontrar trabalho, moradia etc.

Além desse programa, a BibliASPA também tem procurado meios de favorecer a geração de renda de imigrantes por meio do ensino de idiomas e cultura. Essas aulas são ministradas pelos próprios refugiados - essa é uma ação clara de troca de conhecimento. Todos saem ganhando, quem aprende e quem ensina. Nós os colocamos para dar aulas de árabe para os brasileiros, que recebem aulas de árabe com eles. Assim há uma convivência de ambos.

Assim, gostaríamos de agradecer a todos e a todas que vêm colaborando com essa iniciativa e convocar os demais membros da sociedade a olhar esta questão com atenção e a também se mobilizarem.

Muito obrigada. Boa noite. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Parabéns, e parabéns pelo trabalho. Assistiremos agora a declamação de uma poesia pela senhora Mariela Loreto Pizarro.

 

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- É declamada uma poesia em língua estrangeira.

 

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O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Neste momento ouviremos as palavras do Prof. Dr. Paulo Daniel Farah, presidente da BibliASPA e professor emérito da Universidade de São Paulo.

 

O SR. PAULO DANIEL FARAH - Boa noite a todas e a todos. Inicialmente, eu gostaria de agradecer à Assembleia Legislativa na pessoa do seu presidente, o deputado Fernando Capez. Gostaria, também, de agradecer à Embaixada do Iraque, na pessoa do seu embaixador, à Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque.

Muito obrigado ao Iraque, o país homenageado deste 7º Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, e a todas as entidades envolvidas na realização desse festival. Gostaria de citar algumas delas: a Unesco; alguns ministérios, secretarias estaduais e municipais de Cultura, Educação e Relações Exteriores; museus - especialmente o Museu Afro Brasil e o Museu da Imagem e do Som.

O Museu Afro Brasil fica dentro do Ibirapuera e tem uma série de atividades. É pertinho daqui. Dá para fazer um combinado, visitar as exposições da Assembleia, participar das ações na Assembleia e esticar para o Ibirapuera, participando das ações no Museu Afro Brasil, também.

Quero agradecer às escolas, universidades, CEUs envolvidos, centros culturais e toda a equipe BibliASPA. São muitas as pessoas para citar, especialmente a sociedade civil, que apoia este festival e as ações da BibliASPA em geral.

O Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, que chamamos carinhosamente de “Saca”, chega à sua 7ª edição, estreitando as parcerias em mais de 20 cidades e, sobretudo, fortalecendo o seu objetivo maior.

O objetivo maior do festival e da BibliASPA é promover a cultura de paz, a diversidade cultural, o diálogo e a aproximação entre os povos. Entendemos que cultura de paz significa: o comprometimento de promover e vivenciar o respeito à vida e à dignidade de cada pessoa, sem discriminação ou preconceito; a rejeição de qualquer forma de violência; o compartilhar de tempo e recursos, com generosidade, a fim de terminar com a exclusão, a injustiça, a opressão política e econômica; desenvolver a liberdade de expressão e diversidade cultural por meio do diálogo e da compreensão do pluralismo; manter um consumo respeitável, respeitando todas as formas de vida; e contribuir para o desenvolvimento da comunidade, da área, do País e do Planeta.

A BibliASPA, Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul - Países Árabes, tem se empenhado para que esses princípios permeiem todas as ações que desenvolve de forma interdisciplinar. Nós organizamos ações, projetos e grupos de estudo sobre o tema, com frequência.

Eu gostaria de citar Khalil Gibran, que diz: “A Terra é minha pátria. A humanidade é minha família. Amo-te, irmão, quem quer que seja.” Qualquer pessoa que acredita nessas palavras é muito bem-vinda a compartilhar da nossa missão.

Entre as nossas ações, uma ação muito importante, que foi citada, são os programas para refugiados que só são possíveis graças à participação de pessoas especiais como a Vivian, a Ive, a Nanami, a Semiramis, a Eni, o Toni, a Inês, a Vanessa e muitos outros voluntários que permitem que as ações se fortaleçam.

A programação desse festival conta com apresentações de vários segmentos artísticos, entre os quais caligrafia árabe, literatura, teatro, música, dança, artes plásticas, contação de histórias, fotografia, palestras, debates, mediação de leitura e mostra de cinema. O festival tem início hoje e termina no dia 31 de março.

Convido todos a participarem das atividades da Assembleia Legislativa, que consistem em quatro exposições. No Hall Monumental, temos uma exposição sobre a arte da caligrafia árabe, que é uma arte islâmica por excelência, extremamente importante para todos os países árabes, seja o Iraque - país homenageado - seja a Síria, o Líbano ou a Palestina. Todos os países árabes valorizam a caligrafia.

Temos outra exposição, denominada “Iraque: tesouros arqueológicos e a destruição de patrimônios da humanidade”, que mostra a riqueza histórica arqueológica do Iraque, dos sítios arqueológicos que ali estão. Após esta sessão solene, teremos a oportunidade de contar com o privilégio de uma explicação do Dr. Ahmad Serieh sobre esses sítios arqueológicos. O Dr. Ahmad Serieh é arqueólogo, foi diretor-geral da Diretoria de Museus e Sítios Arqueológicos da Síria, e poderá nos explanar um pouco sobre as exposições aqui presentes.

Temos também uma exposição de tapeçaria iraquiana, com alguns tapetes expostos, e temos ainda uma exposição chamada “Deleite do estrangeiro em tudo que é espantoso e maravilhoso”, que fala justamente sobre a vinda do primeiro árabe muçulmano ao Brasil, em meados do século XIX, e todo o espanto e a admiração dele pela fauna, pela flora e principalmente pela sociedade brasileira. É um olhar de grande admiração pelo Brasil de um erudito árabe e muçulmano nascido em Bagdá, portanto essa exposição tem um vínculo especial com o Iraque. Tive a oportunidade de debater a obra dele com acadêmicos iraquianos, e foi um diálogo extremamente rico.

Por fim, convido ainda todos a participar das atividades nos outros espaços que acolhem o festival, seja em São Paulo, nos vários museus, centros culturais, universidades e escolas, seja nas várias outras cidades que participam desse festival. Muito obrigado e sejam todos muito bem-vindos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - Maravilha! Parabéns, professor. Tem a palavra o Sr. Arshad Omar Esmaeel, embaixador da República do Iraque.

 

O SR. ARSHAD OMAR ESMAEEL - (Pronunciamento em língua estrangeira com tradução) - Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Boa noite, Sr. Presidente Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, senhoras e senhores. Primeiramente quero apresentar meus agradecimentos ao governo brasileiro, à Assembleia Legislativa de São Paulo e ao Ministério da Agricultura. Meu agradecimento à BibliASPA e, em especial, à Assembleia Legislativa de São Paulo, que nos deu a oportunidade de apresentar este evento sobre a cultura do Iraque.

Nosso país antigamente era chamado de Mesopotâmia, que na língua iraquiana quer dizer entre rios, e hoje é chamado Iraque.

O Iraque é um país rico em diversidade, mas o mais importante de todas as riquezas do Iraque é sua cultura, seu passado, os sítios arqueológicos e o legado que deixou para a humanidade.

No Iraque sucederam-se várias culturas, que deixaram para a humanidade exemplos de cultura, de leis, de vida em todos os segmentos que uma sociedade pode ter.

Os sumérios, os acádios, os babilônios, os assírios deixaram, através dos tempos, um legado, uma herança que passou para toda a humanidade, e todas essas culturas sucederam no Iraque, e muitas cidades que foram por eles fundadas passaram a ser capitais do império islâmico e depois passaram muitos legados, muitas heranças e muitas leis e muitas riquezas para a humanidade inteira.

Essas culturas deixaram um legado, deixaram impressões em todos os segmentos da vida para a humanidade.

A escrita apareceu pela primeira vez no mundo no Iraque. A primeira Constituição, as primeiras leis que foram feitas no mundo, foram feitas através de Hamurabi, rei da Babilônia. Cito como exemplo a harpa, que é o primeiro instrumento musical que a humanidade conheceu foi desenvolvida na Babilônia. Essa cultura, esse legado não ficou preso. O Iraque passou para todos os lugares, inclusive até no meio do deserto e digo que chegou para o mundo inteiro.

Nós podemos verificar que foram fundadas cidades, palácios, culturas, e foram inclusive diversidade cultural que está espalhada nesses lugares que, se formos visitar hoje poderemos ver que tem esses lugares lá.

No Iraque vivem como vizinhos diversas etnias, diversas religiões e diversas culturas, que no passado viveram através dos tempos como vizinhos pacificamente e de uma maneira civilizada.

Mas o que nos deixa tristes é que esta herança cultural, este patrimônio da humanidade, tornou-se a dianteira das vítimas de terrorismo. O chamado Estado Islâmico, que é audaz, conseguiu ou tenta destruir toda essa cultura do Iraque. Tenta perseguir, cometer crimes, destruir museus e contrabandear peças históricas desse patrimônio da humanidade que existe no Iraque. Os terroristas estão cometendo crimes bárbaros contra a humanidade. Contra esta cultura, contra este patrimônio que é da humanidade, contra a diversidade e contra todas as etnias que existem no Iraque.

Irmãs e irmãos, apesar de tudo o que passou através dos tempos e de todas as dificuldades que enfrentou, o Iraque sempre conseguiu se reerguer e continuar vivo. Eu considero que este acontecimento hoje seja apenas como uma nuvem negra. Espero que seja como uma nuvem de verão, que logo passará. O Iraque conseguirá se reerguer e conseguirá tomar a dianteira da cultura e da convivência no mundo.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - FERNANDO CAPEZ - PSDB - A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o segundo maior parlamento da América Latina, tem a imensa honra de receber essa iniciativa da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul - Países Árabes, BibliASPA, para o Festival Sul-Americano de Cultura Árabe, que tem o apoio de várias e renomadas instituições como a Unesco, a Secretaria de Educação e Cultura, bibliotecas públicas, escolas, universidades, CEUs, museus, centro de cultura e pesquisa, consulados e embaixadas, dentre inúmeras instituições e parcerias. Nós nos sentimos homenageados e engalanados em receber um evento tão importante, um evento internacional e reconhecido da mais alta relevância.

Queremos que este prédio, localizado em frente ao Parque do Ibirapuera, considerado um dos dez mais importantes parques do mundo por uma revista norte-americana, e que recebe de 300 a 400 mil pessoas por final de semana, possa receber essas pessoas como integrando o mesmo espaço cultural. Nós temos salas onde podemos exibir mostras de cinema, curta metragem, exposições artísticas; podemos reconstituir a antiga Babilônia no estacionamento - estamos conversando sobre isso -, e levar isso a todas as pessoas que não têm condições de se deslocar em voo e em viagem até o Iraque e os países árabes do Oriente Médio, que elas possam vir à Assembleia ter essa integração. Quando se fala em cultura de paz, fala-se em duas coisas muito importantes que faltam no mundo: cultura e paz. É por isso que esse é um evento tão importante.

Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades, a minha equipe, aos funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa - veja tudo que envolve a realização de uma sessão como essa - das assessorias policiais Civil e Militar, bem como a todos que colaboraram para o êxito desta cerimônia.

Ainda lembro a preocupação dos organizadores em realizarem obras de arte em exposição - se puder focalizar em Braille para todas as pessoas que têm deficiência visual possam sentir e apreciar a cultura árabe, mais um toque da sensibilidade de todos os organizadores. Estão de parabéns por mais esse gesto de inclusão.

Convido a todos para visitar as exposições culturais no Espaço V Centenário no Hall Monumental, e convido apenas os presentes - já que a transmissão da sessão não será ao vivo - para um coquetel, e apresentação da música árabe que se realiza nesta data.

Boa noite a todos e está encerrada a presente sessão. (Palmas.).

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 20 minutos.

 

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