24 DE JUNHO DE 2024

90ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: CARLOS GIANNAZI, EDUARDO SUPLICY e REIS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.

        

2 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

5 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - REIS

Assume a Presidência.

        

7 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

9 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

11 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

12 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - REIS

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

14 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Defere o pedido. Comenta as eleições para o Comitê Intersetorial da Política Municipal para a População em Situação de Rua. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 25/06, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h02min.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

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- Passa-se à

 

AO PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Dando início à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra a deputada Dani Alonso. (Pausa.) Com a palavra o deputado Caio França. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará o uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, Carlos Giannazi, desta sessão, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, deputado Reis, na última quinta-feira, 20 de junho, nos reunimos aqui na Assembleia Legislativa, na audiência pública da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, para discutir um tema de extrema importância para a Saúde pública e para o bem-estar da nossa sociedade: a cannabis medicinal e a redução de danos.

Foi muito importante ouvir as pessoas convidadas falarem sobre como a redução de danos salvou a vida delas e contribuiu para que deixassem de usar drogas como a cocaína e o crack.

A redução de danos é uma abordagem de Saúde pública que busca minimizar os efeitos negativos associados ao uso de drogas, sem necessariamente exigir a abstinência completa; estratégia essa defendida pelo relator especial da ONU, Tlaleng Mofokeng, sobre o direito de todas as pessoas ao usufruto do mais elevado nível possível de saúde física e mental.

É fundamental que possamos escutar o que as pessoas que usam drogas nos dizem. Ontem elas falavam sobre o estigma vivenciado, sobre o quanto são marginalizados e sofrem preconceitos, e como isso impacta a forma com que são tratadas nos serviços de Saúde - eu me refiro ao depoimento que elas fizeram aqui na última quinta-feira. É necessário que olhemos para o uso de drogas como uma questão de Saúde pública, sem julgamentos morais.

A audiência pública também contou com a presença de duas pesquisadoras que trouxeram informações riquíssimas sobre o uso da cannabis para tratar a dependência de outras drogas, a importância do vínculo dos profissionais com os usuários, e como o estigma afasta as pessoas do cuidado e do serviço de Saúde ou de Assistência Social.

Existem diversas estratégias de redução de danos que têm se mostrado eficazes em lidar com o uso de diferentes substâncias, mas devem ser adequadas às demandas das pessoas pautadas nos direitos humanos, no vínculo e centrado na pessoa.

Nesse sentido, a cannabis medicinal, por sua vez, representa uma área promissora que exige nossa atenção e entendimento. Devemos continuar a explorar suas potencialidades terapêuticas e integrá-la, de forma responsável, em nossas políticas de Saúde.

Para finalizar, eu gostaria de lembrar que, em março deste ano, tive a honra de protocolar o Projeto de lei nº 98, de 2024, que institui a política estadual de redução de danos. Esta proposta legislativa visa estabelecer diretrizes e ações concretas para implementar e fortalecer estratégias de redução de danos em nosso Estado.

Acreditamos que, com a aprovação desse projeto, poderemos criar um ambiente mais seguro e saudável para os cidadãos, especialmente àqueles que enfrentam os desafios do uso de substâncias.

Também gostaria, aqui, de registrar que o dia 20 de junho de 2024 acaba de entrar para a história como mais um importante episódio na organização da luta política e da disputa intelectual no Brasil e no mundo.

Ontem, isto é, no dia 20, com grande alegria, pude participar do evento Festival de Ideias Poder e Prosperidade em um Mundo Multipolar, realizado na Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. A estrutura do evento foi organizada de forma inteiramente gratuita, aberta a (inaudível), com plenária, painéis e discursos que passo a destacar adiante.

Faço uma saudação especial ao professor Pedro Rossi e toda a sua equipe de orientandos, assistentes, técnicos e estudantes que, sob sua liderança como docente do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica, nos receberam de forma tão generosa. O evento reuniu pesquisadores, ativistas e lideranças políticas do mundo todo.

O festival foi coordenado pela Internacional Progressista, Phenomenal World e pela recém-inaugurada Transforma Unicamp, unindo conferencistas, estudantes e a população em geral, para debater como o poder e a prosperidade podem ter lugar em um mundo multipolar.

Entre os mais de 30 palestrantes internacionais, encontram-se nomes ligados à política como Karol Cariola, a presidenta da Câmara dos Deputados do Chile; Clara Lópes Obregon, a senadora da Colômbia, ex-ministra país e ex-prefeita de Bogotá; Mariela Castro Espín, deputada de Cuba; Gerardo Pisarello, deputado espanhol; Christian Duarte, o ministro de Honduras; Andrés Arauz; e Alberto Garzón Espinosa ex-ministro de Estado da Espanha.

Entre os brasileiros há nomes como, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Pedro Tourinho, Dandara Tonantzin, Guilherme Mello, Carlos Gadelha, Letícia Bartholo e tantos pesquisadores.

As mesas discutiram transformação ecológica, G20, neoliberalismo, a questão da Palestina, imperialismo, renda básica universal, poder dos trabalhadores, políticas públicas, hierarquias monetárias e crises climáticas.

O Brasil teve um papel histórico de relevância estratégica internacional como ator na política mundial, sobretudo, na defesa de uma agenda do sul global, que pense a melhor distribuição da renda e da riqueza.

A Presidência do Brasil no G20, em 2024 e a liderança mundial do presidente Lula garantem em função articuladora para disputar agendas que atravessam fronteiras, como, a tributação dos super-ricos; a dívida externa dos países em desenvolvimento; mecanismo de financiamento para América Latina, Ásia e África; e o avanço da implementação da renda básica universal.

Parabenizo a todos que organizaram esse histórico evento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado deputado Eduardo Suplicy. Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra a deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rui Alves. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. REIS - PT – Quero cumprimentar o deputado Carlos Giannazi que preside os trabalhos nesta tarde; os funcionários da Assembleia Legislativa; os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Técnico-Científica e da Polícia Penal; todos os professores, os diretores, os educadores; os funcionários da Saúde; os funcionários públicos do estado de São Paulo e da prefeitura de São Paulo; a Guarda Civil Metropolitana também; e fazer uma saudação especial para todos aqueles e aquelas que estão em suas residências, que estão em seus afazeres e nos acompanham pela Rede Alesp.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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E presidente... agora assumindo o presidente deputado Suplicy. Parabéns pelo seu aniversário, eu vi a comemoração lá no centro de São Paulo. No ano passado eu fui.  Este ano eu tive uma agenda bastante extensa, e acabei não conseguindo ir lá para te dar um abraço, mas sinta-se abraçado por mim.

Você que faz parte da nossa história e é de suma importância a sua presença nesta Assembleia Legislativa. Comemorar seu aniversário, também é importante para a história de São Paulo ou a história do Brasil.

Eu tenho vários assuntos para tratar, o problema é que o tempo é muito curto.   E já dizem que esta vai ser a última semana antes do recesso. Já estão falando que vão votar a LDO para poder ter o recesso. E aí os deputados vão ficar, praticamente, 30 dias sem frequentar esta Casa. Frequentarão a Casa, sim, mas sem frequentar o parlamento, esse local de fala.

Mas eu quero começar falando do aumento que a Assembleia Legislativa deu para os seus servidores. Para que todos servidores tomem conhecimento da postura da Mesa Diretora com relação à valorização dos servidores, que a gente tem que reconhecer. A gente tem que reconhecer.

E o governador não teve esse mesmo comportamento, o governador não teve esse mesmo entendimento com os servidores do Executivo, mas ele sancionou. Ele não devolveu para que a Casa promulgasse.

E eu acho que ele sancionou, e sancionou com muita inveja da Assembleia Legislativa, porque ele não fez nada, ele foi omisso. Um governador que sabe da necessidade que têm os funcionários públicos, de que tenham correção dos seus vencimentos, de que tenham a correção do vale-alimentação. Mas ele se calou, ficou quieto, se acovardou. Essa é a realidade do governador que aí está.

Ele sancionou e promulgou na quarta-feira a Lei Complementar nº 1.402, que dispõe sobre a revalorização das escalas de classe e vencimento do quadro da secretaria da Assembleia Legislativa.

A lei foi publicada na edição de 20 de junho, no Diário Oficial. Dentre os pontos principais, estão o reajuste de 6,59% nos vencimentos dos servidores da Alesp. E isso retroativo a primeiro de março, viu governador? E o aumento de 10% no vale-refeição. Olha, governador, enquanto você paga 12 reais para os seus servidores, a Assembleia reajustou. Reajustou!

Parabéns, Assembleia Legislativa! Parabéns, Mesa Diretora, que reconheceu o direito dos servidores: 10% no vale-refeição; a revalorização do auxílio-alimentação em 25,10%; e o aumento de 50% no auxílio pré-escolar.

Além disso, foi instituída a bolsa-estudo àqueles que estejam frequentando o curso de graduação ou pós-graduação. O adicional de qualificação aos que tenham os certificados de curso, com a finalidade de modernizar os serviços públicos.

O auxílio-inclusão que é voltado aos trabalhadores que possuem dependentes com deficiência. Olha, governador de São Paulo omisso, covarde. Olha só o que a Assembleia fez: ela está reconhecendo as pessoas que tenham dependentes - não são nem os funcionários com deficiências.

Outro importante avanço foi a criação da gratificação de pregoeiro, em valor mensal de 7.200 reais, que será atribuída a seis servidores efetivos da coordenadoria de licitações.

Segundo informações obtidas pelo Sindalesp, os salários reajustados e benefícios serão pagos no quarto dia útil de julho, e os valores retroativos serão quitados por meio de folha complementar até o dia 20 do mesmo mês.

Então, até o dia 20 de julho, funcionários, vocês estavam apreensivos, né? Até 20 de julho haverá folha suplementar. É o que está aqui no boletim do Sindalesp; eu estou repercutindo esse boletim aqui do Sindalesp.

O presidente do sindicato, Filipe Carriço, comemora. “Esses avanços vieram através da união infindável dos servidores e o Sindalesp, que negociou com a Mesa e garantiu a revalorização das carreiras, bem como os aumentos nos salários e benefícios.

Nossa luta é permanente em defesa da categoria. Neste ano, saímos vitoriosos desta campanha salarial”, explica Felipe. “Agora iremos mais fortes para as negociações permanentes, em busca de melhorias a todos”, completa o presidente do Sindalesp.

Então, eu fiz questão de repercutir isso aqui, presidente. Repercutir aqui, deputado Carlos Giannazi, V. Exa. que é um lutador pela valorização dos servidores públicos, pela valorização dos educadores, dos diretores de escolas, dos professores, de todos os funcionários públicos, dos funcionários lá do Iamspe que sofrem muito para mostrar que a Assembleia teve atitude.

Quero dar os parabéns para a Mesa Diretora, dar os parabéns para a diretoria do Sindalesp, que fez uma excelente negociação. E continuar cobrando, cobrando do governador que ele mande um projeto de reajuste para os servidores públicos do estado de São Paulo, mande um projeto para esta Casa.

Não se esconda, governador; não se acovarde, governador; não seja omisso. Mande um projeto para valorização e reajuste o vale-refeição dos servidores. Doze reais é uma vergonha.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Reis, pelas sugestões aqui colocadas. Passo a palavra agora ao deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Deputado Edmir Chedid. (Pausa.)

Deputado Carlos Giannazi aqui presente, tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Eduardo Suplicy, deputado Reis, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

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Sr. Presidente, é inusitado o que acontece nesse governo, nessa gestão do Tarcísio de Freitas. Agora o governo estadual, governo Tarcísio, está criando a figura do desaposentado. O que significa isso na prática, Sr. Presidente?

Significa que a nossa Constituição Estadual garante a aposentadoria dos servidores e servidoras, para quem já tem idade e para quem já deu a sua contribuição, quem já teve tempo de contribuição e idade mínima para a aposentadoria.

E o Art. 126 da nossa Constituição diz que, a partir do momento que a pessoa já tem todas essas condições, a partir do momento que ela protocolou o pedido, se a aposentadoria dessa pessoa não sair em 90 dias, ela vai se afastar, ela já pode já sair e receber o seu provento, a sua aposentadoria em casa.

Ela não vai esperar todo o processo, porque 90 dias seria um prazo mais do que suficiente para que houvesse a regularização da aposentadoria dessa pessoa, como diz aqui o Art. 126, que eu trouxe.

Deputado Eduardo Suplicy, o Art. 126 diz: “O servidor, após 90 dias decorridos da apresentação do pedido de aposentadoria voluntária, instruído com prova de ter completado o tempo de contribuição necessário à obtenção do direito, poderá cessar o exercício da função pública independentemente de qualquer formalidade.”

Então ele tem 90 dias. Ele protocolou, não saiu a publicação, o problema não é mais dele. É da burocracia, é do Estado. Ele vai para casa, ele está aposentado, é uma garantia constitucional. Veja o que aconteceu no último dia 12 de junho agora. Eu mudo aqui os quadros, e vai colocar o outro quadro.

Saiu uma publicação da Gerência de Aposentadoria de Civis da Secretaria da Fazenda, de um órgão que é a São Paulo Previdência. Olha só a gravidade da situação, do que diz esse comunicado, essa portaria. “Considerando a inércia, quanto à incompleta comprovação da instrução documental básica que a São Paulo Previdência faz exigir, por portaria...”

Ou seja, o que está dizendo? Que vai desaposentar, está pedindo para todo mundo voltar ao seu trabalho. Porque? Por inércia, não do servidor, que já está aposentado, mas por inércia da própria Secretaria da Educação. Olha só que absurdo, Sr. Presidente! É algo jamais visto na administração pública, é o governo contra o governo aí. É uma secretaria denunciando a outra secretaria em praça pública, pelo Diário Oficial, dizendo que a inércia é da Secretaria da Educação.

E essa inércia é tão grave que quem vai pagar o pato não é o secretário da Educação, nem os responsáveis pela inércia. Quem vai pagar o preço, o pato, vai ser o servidor que estava aposentado e vai ter que voltar.

Eu fico imaginando: um professor que trabalhou 30, 40 anos, se aposentou, está lá na casa dele, e aí ele tem que voltar. Ele volta para a escola depois de 90 dias, 100 dias, já aposentado. E ele volta para a escola.

Veja bem a escola que ele trabalhou, durante anos, ele vai tirar o professor que estava no lugar dele. Vai criar uma crise na escola, vai prejudicar os alunos, porque quebra o vínculo do outro professor com a escola, com o projeto pedagógico. Olha só a confusão, a irresponsabilidade, a leviandade, a crueldade desse governo com os servidores, criando a figura do desaposentado.

Então a pessoa que se aposentou, amparada pelo Art. 126 da Constituição Estadual, vai ser prejudicada pela inércia. Não dele, porque ele cumpriu, ele tem tempo de contribuição, ele tem idade para se aposentar, ele entrou com pedido.

Está aposentado, demorou passou 90 dias, ele foi curtir, aproveitar a sua aposentadoria. Olha só, Sr. Presidente, o que está acontecendo no estado de São Paulo. A São Paulo Previdência, ligada à Secretaria da Fazenda, está denunciando a Secretaria da Educação por inércia e incompetência. Sr. Presidente, isso é uma leviandade jamais vista na administração pública, tamanha a gravidade da situação.

A causa disso tudo, Sr. Presidente, além da política de ódio do governo Tarcísio contra os servidores e do desprezo que ele tem pelos servidores públicos em geral no estado de São Paulo, tem a ver também com a falta de estrutura, sobretudo na área da Educação, nas diretorias de ensino e na própria Seduc, que tem um número insuficiente de servidores e servidoras. Não tem o quadro completo. Então esses processos se acumulam nas diretorias de ensino e na própria Secretaria da Educação.

Eu tenho denunciado exaustivamente, desde 2007, Sr. Presidente, aqui na tribuna. Apresentei projetos de lei para acelerar esses processos. Uma das lutas que a gente tem travado aqui no estado de São Paulo é que haja agilização nos processos de aposentadoria, da progressão funcional e da evolução funcional.

Tudo está parado porque não tem funcionários nas diretorias de ensino. O governo não realiza concurso público para contratar servidores para fazer esse trabalho. Ele não investe numa informatização, Sr. Presidente. Por isso vivemos esse caos.

Nós estamos tomando providências contra isso. Lógico que é grave, e os servidores da Educação que estão sendo prejudicados pela inércia da Secretaria da Educação podem acionar, com certeza, a Justiça por danos morais e danos financeiros em relação a essa gravíssima situação, Sr. Presidente, acionando seus respectivos sindicatos, seja a Apeoesp, seja o CPP. E nós vamos continuar cobrando que o governo resolva imediatamente essa situação, Sr. Presidente, porque a inércia não é do funcionário público, não é do servidor.

Essa inércia é do próprio governo, que causa essa crise e cria, por incrível que pareça, no estado de São Paulo, a figura do desaposentado. Esse é o governo Tarcísio.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista de oradores e de oradoras, chamo para fazer uso da palavra a deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. Deputado Ricardo Madalena. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Deputado Maurici. (Pausa.)

Entrando na Lista Suplementar, chamo para fazer uso da palavra deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Reis, deputado Reis, deputado Carlos Giannazi, senhores deputados, senhoras deputadas.

A UOL publica hoje uma notícia importante, pois “o Imposto Sobre Grandes Fortunas tem apoio de 70% dos brasileiros. De cada dez brasileiros, sete apoiam a ideia de uma taxa sobre grandes fortunas.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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Os dados fazem parte de uma pesquisa publicada pelo Ipsos, e que revela que nas grandes economias do mundo, mais de dois terços das populações defendem que os ricos paguem o volume maior de impostos.

A pesquisa, encomendada pelas entidades Earth for All e pela Global Commons Alliance, está sendo divulgada enquanto o G20 se prepara para organizar a sua reunião de ministros de Finanças em julho.

O encontro tem como meta consolidar a proposta do Brasil de que haja um avanço real na imposição de um maior imposto sobre as grandes fortunas como forma de lidar com as desigualdades no mundo.

De acordo com a pesquisa, 68% dos entrevistados nos países do G20 defendem impostos maiores sobre as grandes fortunas como meio de financiar grandes mudanças na economia e estilo de vida, apenas 11% se opõem.

Setenta por cento dos entrevistados apoiam taxas mais altas no imposto de renda sobre as pessoas ricas, 69% favorecem taxas mais altas de impostos sobre as grandes empresas. No Brasil, o imposto sobre as grandes fortunas tem um apoio acima da média mundial, de 70 por cento.

Com base em entrevistas com mil brasileiros com mais de 18 anos, a pesquisa revelou que 53% defendem a ideia de uma renda básica universal, acima de 52% no G20. Na Índia, a taxa de apoio à renda básica universal é de 71 por cento. O apoio a um imposto sobre a fortuna para pessoas ricas é maior na Indonésia, 86%; Turquia, 78%; Reino Unido, 77%; Índia, 74 por cento.

O apoio é menor na Arábia Saudita, 54%; e na Argentina, 54%; mas ainda assim mais da metade dos entrevistados apoiam. Nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, cerca de dois em cada três entrevistados apoiam o imposto sobre a fortuna para pessoas ricas, 67%, 67% e 68%, respectivamente.

De uma forma geral, a pesquisa concluiu que grande parte das pessoas está disposta a mudanças importantes na estrutura da economia e da organização política. A pesquisa destacou o amplo apoio ao uso de receitas fiscais adicionais para financiar propostas de políticas para a mudança em nossa economia e estilo de vida, explicaram as entidades.

Principais áreas com forte apoio incluem iniciativas de energia verde, assistência médica universal, fortalecimento dos direitos dos trabalhadores. Até mesmo propostas menos populares como a renda básica universal e o investimento em assembleias de cidadãos para fortalecer a democracia atraem o apoio de cerca de metade dos entrevistados.

Para Owen Gaffney, colíder da iniciativa “Earth is for All”, a mensagem para os políticos não poderia ser mais clara. ‘A grande maioria das pessoas que pesquisamos nas maiores economias do mundo acredita que é necessário tomar medidas importantes nesta década para combater as mudanças climáticas e proteger a natureza.

Ao mesmo tempo muitos acham que a economia não está funcionando para eles, e querem uma reforma política e econômica. É possível que isso ajude a explicar o aumento de líderes populistas’, alertou. ‘Os resultados dessa nossa pesquisa fornecem um mandato claro das pessoas nos países do G20 pesquisados, redistribuir a riqueza. Uma maior igualdade criará democracias mais fortes para impulsionar uma transformação social justa e um planeta mais estável’.

O estudo também revelou que quando se pensa em mudança climática e proteção da natureza. Setenta e um por cento das pessoas dos 18 países do G20 pesquisados acreditam que é necessário tomar medidas na próxima década para reduzir as emissões de carbono. ‘Impostos mais altos sobre o carbono, tributação progressiva mais alta sobre a renda e taxas de impostos mais altos para grandes empresas também recebem o apoio da maioria dos países G20’, indicou.

O levantamento também indica apoio às reformas políticas e econômicas. Duas em cada três pessoas do G20 pesquisadas concordam que a forma como a economia funciona deve priorizar a saúde e o bem-estar das pessoas e a natureza, em vez de concentrar apenas no lucro e no aumento da riqueza.

Esse número sobe para 91% dos mexicanos, 83% dos sul-africanos e 81% dos brasileiros pesquisados. Essa crença é mais baixa na Arábia Saudita, 52%, e nos Estados Unidos, 62 por cento. Para Jane Madgwick, diretora executiva da Global Commons Alliance, “a Ciência exige um salto gigantesco para enfrentar a crise planetária, as mudanças climáticas e proteger a natureza”.

Muito obrigado, presidente Carlos Giannazi.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Suplicy. Com a palavra a deputada Professora Bebel. (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. REIS - PT - Presidente Giannazi, eu retorno à tribuna porque eu quero deixar registrado aqui nesta tribuna, para que todos tomem conhecimento. Aconteceu que eu aprovei um projeto de lei, para que os policiais civis se aposentassem na classe em que eles se encontrassem no ato da aposentadoria.

E levei ao conhecimento do governador que a forma como o governo estava tratando essa questão era inconstitucional - quer dizer, ela é inconstitucional. E propus o projeto para excluir da Lei nº 1354, artigo 12, § 2º, para que tratasse só do “cargo” e excluísse “classe ou nível”, porque tanto a Emenda Constitucional nº 103, que tratou da Reforma da Previdência nacional, como a Emenda à Constituição do Estado nº 49, mencionaram somente o “cargo”.

Mas o João Agripino Doria, que era o governador naquele período, não gosta muito de funcionários públicos. Não sei se vocês sabem disso e eu acho que o atual que está aí também não gosta, porque encenou, encenou e está apenas no faz de conta, porque não mandou nenhum projeto de reajuste dos servidores e tem folga para mandar o reajuste.

Eu estava até analisando o que foi gasto junto com a minha assessoria. Tem uma folga de mais de nove bilhões no estado de São Paulo que ele teria condições sim de reajustar o salário dos servidores públicos. Então, o João Agripino tudo o que ele fez, tudo o que ele pôde fazer para prejudicar os servidores, ele fez.

Tudo que ele pôde fazer para prejudicar os professores, os policiais, ele fez, por isso que ele é odiado. Logo, logo esse também será odiado. Tem muita gente que hoje bate palma que vai entender o que é esse governo que aí está.

E ele vetou o projeto e eu fui até o Ministério Público. Fiz uma representação no Ministério Público para que eles pudessem entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao TJ. E aí nesse caminho trocou o Procurador-geral de Justiça.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O procurador-geral de justiça não é mais o Mário Sarrubo; entrou um novo procurador e na semana passada eu fui lá falar com esse novo procurador. Ele foi o terceiro na lista tríplice e o governador Tarcísio o escolheu para ser o Procurador-geral de Justiça, o chefe do “Parquet”. E eu entendi que ele ficou um pouco constrangido para poder entrar com essa ação direta de inconstitucionalidade.

Ele falou que estaria remetendo para o PGR, para o Procurador-geral da República para que lá, sim, se eles entendessem que caberia entrar com essa ação direta de inconstitucionalidade, eles então entrariam. Mas aí eu conversei com a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann.

Expliquei para ela toda a história e ela, por meio do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade com pedido de medida cautelar em detrimento da expressão “nível ou classe” contida no Art. 12, § 2º, da Lei complementar nº 1.354, de 6 de março de 2020, do estado de São Paulo, nos termos e fundamentos aduzidos adiante, nos termos e argumentos que se seguem.

Aí ela explica, na sua ação, o porquê de tirar esse termo “classe ou nível”, porque ele é inconstitucional. Os policiais estão indo à Justiça, e já tem dois julgamentos, porque a SPPrev foi recorrendo, recorrendo e chegou ao Supremo Tribunal Federal.

Lá no Supremo Tribunal Federal, o relator, o ministro Fachin, deu ganho de causa para o investigador, deu ganho de causa justamente dizendo que classe não é cargo. Classe não é cargo, deputado Carlos Giannazi, classe não é cargo.

O cargo é aquele para o qual você foi concursado; classe e nível são ascensões na carreira que você tem. Você não muda de cargo. Você não passa, por exemplo, de professor nível 1 para diretor. O cargo é de professor e o cargo é de diretor.

Então, eu quero deixar público que o PT, por meio da presidente do PT, a presidente nacional, deputada federal Gleisi Hoffmann, entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade para impugnar esse artigo, esse nível e classe que está no art. 12, § 2º, que é inconstitucional.

É inconstitucional porque várias ações os policiais estão ganhando no controle repressivo da primeira instância, e, naqueles casos em que a SPPrev está recorrendo até o Supremo, o Supremo está dando ganho de causa para todos eles.

O governador poderia ter arrumado isso. Ele tomou conhecimento de que é inconstitucional, chegou ao conhecimento dele, mas ele não fez nada. Ele simplesmente vetou o projeto e ficou por isso mesmo. Ele poderia ter mandado um projeto para esta Casa? Poderia, mas não o fez.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Reis. Tem a palavra agora o deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado Reis, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, na semana passada, na última sexta-feira, foi publicada, no “Diário Oficial”, uma concorrência internacional - veja bem, concorrência internacional - para a concessão administrativa da construção, manutenção, conservação, gestão e operação dos serviços não pedagógicos de 17 novas unidades de ensino médio e fundamental, dois no estado de São Paulo, lote oeste.

Foram publicadas duas concorrências internacionais pelo governador Tarcísio de Freitas, Sr. Presidente. O que significa na prática? Significa que o Governo Estadual vai leiloar escolas estaduais, escolas públicas, na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo. É manchete de vários jornais: “Governo Tarcísio define data de leilões para a construção de escolas”.

Isso vai se iniciar em setembro, aqui tem as datas do leilão internacional. Repito: leilão de escolas públicas na Bolsa de Valores de São Paulo para também empresas internacionais, estrangeiras concorrerem.

Olha só o absurdo da privatização, Sr. Presidente. Se nós já éramos críticos de qualquer tipo de terceirização e privatização, agora não é só isso que o governador vai fazer. Ele vai entregar as nossas escolas para empresas internacionais administrarem toda essa parte que está aqui na concorrência.

É bem claro, são vários os serviços: concessão administrativa da construção, manutenção, conservação, gestão e operação de serviços não pedagógicos. Isso envolve limpeza, segurança, merenda escolar, Sr. Presidente, para que essa empresa que vai ficar com os serviços, com a concessão, com a privatização tenha lucro, ganhe dinheiro, recebendo um dinheiro do orçamento da Educação. Logicamente, que ele está querendo cortar, o Tarcísio de Freitas, com a PEC nº 9.

É um absurdo, Sr. Presidente, vender escolas em um leilão. É um leilão de escolas da rede estadual na Bolsa de Valores, a que ponto nós chegamos no estado de São Paulo.

Lembrando que também agora, já abril, o leilão, há licitação para a venda das ações da Sabesp que foi, infelizmente, privatizada e o projeto foi aprovado pelos deputados aqui da base do governo.

Então, é o governo da privataria bolso-tucano. Agora, é um absurdo, eu nunca vi, Sr. Presidente, na minha vida -e olha que já estou há um bom tempo combatendo as terceirizações e as privatizações -, mas nunca vi algo semelhante de um governador leiloar escolas na Bolsa de Valores para empresas internacionais. É algo inédito e criminoso contra a educação pública.

Nós já estamos tomando providências para impedir que essa concorrência internacional, que esse leilão se realize aqui na Bolsa de Valores do estado de São Paulo, e essa tem que ser uma luta de toda a sociedade, porque se isso vira moda, se isso se propagar, Sr. Presidente, vai ser um horror.

Eu fico imaginando uma escola que vai ter um diretor da rede estadual cuidando da parte pedagógica e um outro diretor da empresa pensando como que ele vai aferir lucros para a empresa que vai administrar, que ganhou a concessão, que privatizou aquele espaço.

Então, Sr. Presidente, nós somos totalmente contra. Nós vamos judicializar essa questão porque é grave: leilão de escola pública na Bolsa de Valores. A concorrência é internacional, está aqui, publicação no Diário Oficial, Sr. Presidente.

Então, nós vamos reagir à altura, e aproveito também a oportunidade, Sr. Presidente, para dizer que nós estamos aqui perplexos com essa resolução conjunta da Secretaria da Educação e da Secretaria de Segurança Pública de 2024, publicada no último dia 20 também aqui. É a Resolução Conjunta nº 1, que trata da regulamentação e implantação do programa cívico-militar no estado de São Paulo.

O projeto está judicializado, a lei está judicializada, Sr. Presidente. Nós entramos com uma Adin, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. O Supremo acatou a nossa Adin do PSOL que foi formulada pelos nossos três mandatos da Educação, do coletivo da Educação, deputada federal Luciane Cavalcante, o vereador Celso Giannazi e o meu mandato.

Nós entramos com essa Adin, foi acatada pelo Supremo, que pediu informações paro o governador Tarcísio, para a Assembleia Legislativa, para a AGU e para a PGR.

O Supremo está analisando ainda essa questão, e o governo já correu, antecipou-se para regulamentar. É a primeira vez que eu vejo uma resolução da Secretaria da Educação com a Secretaria de Segurança Pública com a assinatura aqui em parceria com o Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, fazendo aí uma intervenção já na Secretaria da Educação. É uma atividade aqui conjunta essa resolução da Seduc e da SSP nº 1.

Mas o que eu quero chamar atenção, Sr. Presidente, antes de encerrar aqui o meu pronunciamento, é que essa resolução fala dos objetivos do programa escola cívico-militar e fala também dos conteúdos que serão feitos, serão colocados em prática nessa escola.

Aqui no Art. 20 eu fico assim perplexo como o governo nem sabe como justificar a existência desse tipo de escola. Ele diz o seguinte: “Art. 20 - A atividade extracurricular abrangerá conteúdos de ética e civismo como: valores cidadãos, como civismo, dedicação, excelência, honestidade e respeito; habilidades para o exercício consciente da cidadania; direitos e deveres de um cidadão; estrutura e funcionamento dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário”.

Isso tudo a escola já faz, deputado Suplicy, deputado Reis. A escola já elabora, já coloca em prática, em curso, todos esses conteúdos. Não precisa de escola cívico-militar para fazer isso.

Isso mostra um profundo desconhecimento do secretário da Educação do que é ensinado nas nossas escolas, um profundo desconhecimento do que é ensinado nas escolas pelo governador Tarcísio de Freitas, e nem vou mencionar o secretário Derrite, que não sabe mesmo.

Mas todos esses conteúdos já são trabalhados. Olha que absurdo, chega a ser patético e bizarro, por exemplo, dizer que é o militar que vai ensinar para o aluno a estrutura e o funcionamento dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

Isso já existe, Sr. Presidente. Uma disciplina como história, geografia, filosofia, sociologia, a escola já aborda todos esses conteúdos, todas essas habilidades são já colocadas em prática no projeto pedagógico das nossas escolas. Inclusive está lá que o objetivo central da educação nacional é formar o aluno para o pleno exercício da cidadania.

E aqui fala: “são objetivos do programa ‘Escola Cívico-militar’ promover a qualidade de ensino”. Isso a escola tem que fazer, já está no programa, está na Constituição Federal, na LDB, no Plano Nacional de Educação, desenvolver a disciplina, o respeito e a responsabilidade entre os alunos. Já existe isso no projeto pedagógico de cada escola. Garantir segurança e ordem no ambiente escolar também.

O inciso V, Sr. Presidente, só pra concluir, “promover um ambiente escolar acolhedor e inclusivo”, é o que não vai existir. Porque na escola cívico-militar não se leva em conta a diversidade cultural, a diversidade de gênero, a diversidade religiosa, nada disso.

Não vai ter inclusão nenhuma, ao contrário, é uma escola excludente. Então, Sr. Presidente, é patética essa resolução da Secretaria Estadual da Educação em parceria com a secretaria do Derrite, que entende nada de Educação, pelo menos até onde eu saiba.

E ele respondeu, Sr. Presidente, agora para o Gilmar Mendes. O ministro do Supremo pediu informações, deu dez dias para o governador explicar essa lei, que é inconstitucional, ele disse que a escola cívico-militar vai promover os direitos humanos.

Mas a escola já faz isso, deputado Reis, já trabalha a cidadania. Agora, a escola cívico-militar duvido que faça esse trabalho de valorização dos direitos humanos, que me parece que eles não gostam muito de direitos humanos.

Tem toda uma perseguição, tem todo um discurso construído, uma narrativa contra os direitos humanos. Eles falam que nós que defendemos os direitos humanos, os bandidos, os marginais.

Então, Sr. Presidente, era isso que eu queria dizer hoje, dizer que nós vamos tomar também medidas e denunciar a farsa dessa resolução que regulamenta a implantação do programa “Escola Cívico-militar”.

Espero que o Supremo Tribunal Federal revogue imediatamente essa famigerada lei do Tarcísio de Freitas que implanta a farsa da escola cívico-militar no estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Obrigado, deputado Carlos Giannazi. Cumprimento-o pela sua iniciativa. Eu gostaria de indagar ao deputado Carlos Giannazi... Está presente ou saiu? Saiu. Deputado Reis tem a palavra.

 

O SR. REIS - PT - Deputado Suplicy, ainda temos um pequeno tempo e eu vou fazer uso dele para também registrar que hoje, aqui ao lado do Obelisco, nós vamos ter a entrega do Colar Guilherme de Almeida - Poeta de São Paulo e da Epopeia de 32.

O Colar Guilherme de Almeida foi criado por um projeto de resolução de minha autoria, na Câmara Municipal de São Paulo, juntamente com os coautores, o vereador in memorian Toninho Paiva e o vereador Aurélio Nomura.

Esta homenagem aos escolhidos é também uma reverência ao poeta, escritor, jornalista e advogado. É, ainda, uma forma de chamar atenção do Legislativo e dos legisladores para a importância da valorização da cultura e da história da nossa cidade.

A entrega vai ser hoje, agora, às 16 horas. Eu vou para lá, para fazer a entrega junto com a Câmara de São Paulo, que estará presente. E eu vou passar aqui a lista das pessoas que vão ser homenageadas com o Colar Guilherme de Almeida.

O primeiro homenageado será o Pascoal Ferreira da Conceição. Diretor e produtor teatral. O ator interpretou o Dr. Abobrinha no Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, além de interpretar Mário de Andrade na minissérie Um Só Coração.

O segundo vai ser Roberto Sion, que é um maestro. Nome consagrado da música brasileira, o saxofonista, flautista e clarinetista, Roberto Sion, também é conhecido pelo trabalho de compositor, arranjador, maestro e professor.

O terceiro homenageado será o Instituto Victor Brecheret. Quem vai receber o colar vai ser o Sr. Victor Brecheret Filho. O Instituto Victor Brecheret, fundado em 18 de novembro de 99, tem como objetivo realizar e promover pesquisas, estudos, consultorias, cursos, conferências, avaliações e implementações de projetos destinados à divulgação e ao incentivo de atividades artísticas e culturais relativas às artes e artistas plásticos em geral, especialmente à obra do escultor Victor Brecheret.

O quarto vai ser o Luiz Gonzaga Bertelli. É um advogado e jornalista, presidente da Academia Paulista de História. Luiz Gonzaga Bertelli é consultor de empresas, advogado, jornalista, professor universitário, presidente do conselho de administração do Centro de Integração Empresa Escola, CIEE São Paulo, e presidente do conselho diretor do CIEE nacional.

O quinto homenageado será Osvaldo Barro, ou Osvaldinho da Cuíca. Músico da primeira formação do Demônios da Garoa, cantor, compositor, instrumentista, produtor e pesquisador musical brasileiro, é considerado um dos grandes representantes do samba paulista e um dos integrantes do conjunto Demônios da Garoa.

O sexto homenageado será o senhor Roberto Barbosa, o Canhotinho. Instrumentista, compositor e cantor, Roberto Barbosa, conhecido como Canhotinho do Cavaquinho, nascido em Espírito Santo do Pinhal, em 14 setembro de 38, é um grande músico, compositor e instrumentista brasileiro.

E o sétimo homenageado vai ser José Juca de Oliveira Santos. Juca de Oliveira, ator e autor. José Juca de Oliveira Santos, mais conhecido como Juca de Oliveira, é um ator, diretor, escritor, pecuarista e dramaturgo brasileiro. Interpretou personagens que marcaram a dramaturgia, como o professor Praxedes, de Fera Ferida, o Dr. Albieri, de O Clone, e o Santiago, de Avenida Brasil.

O oitavo homenageado vai ser Carlos Alberto Maciel Romagnoli. Advogado, presidente da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC, sociedade com propósitos cívicos, patrióticos e de assistência médica, auxílio funeral e assistência.

E o nono homenageado vai ser o senhor Leandro Karnal. Professor, historiador, filósofo e escritor. Foi professor da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, até abril de 2020, quando pediu exoneração do cargo. É especialista em história da América, escritor, palestrante e apresentador de TV. Colaborou ainda na elaboração curatorial de museus como o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

Então, presidente Suplicy, eu não poderia deixar de vir aqui fazer esse registro, porque o Colar Guilherme de Almeida é uma criação minha, lá na Câmara de São Paulo.

E todos os anos nós temos essa edição onde é premiada a televisão, o cinema, é premiada a música, a literatura. E, mesmo eu estando aqui na condição de deputado, todas as vezes que eles vão entregar o Colar Guilherme de Almeida eles têm me convidado, a Câmara tem me convidado para participar conjuntamente, para fazer parte desse tão importante prêmio que a Câmara de São Paulo entrega.

Na condição de vereador, eu criei três prêmios na cidade de São Paulo. Criei um prêmio que chama, que é para premiar projetos de música, que é o Heitor Villa-Lobos, e criei um prêmio para premiar o gestor eficiente, a gestão eficiente, na cidade de São Paulo, e criei esse prêmio, que é o Colar Guilherme de Almeida que vai ser entregue daqui a pouco, aqui no Obelisco, no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 32 e, se V. Exa. quiser fazer parte, está convidado e todos que puderem ir estão convidados.

E, não havendo mais tempo neste Pequeno Expediente, eu requeiro de V. Exa., se possível, o levantamento dos trabalhos, havendo acordo de lideranças.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Reis, pela iniciativa de criar esse prêmio para aqueles que se destacam no âmbito da Arte e da Cultura no Brasil.

Antes de levantar a sessão, eu gostaria de registrar que ontem ocorreram as eleições para o Comitê Intersetorial da Política Municipal para a População em Situação de Rua. Criado em 2013 pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, com o objetivo de reunir representantes do governo e da sociedade civil para debater políticas públicas voltadas à população em situação de rua.

Nas eleições de ontem, cada pessoa residente em São Paulo - e eleitora - pôde votar em uma pessoa com trajetória de rua e em uma organização social. Foram eleitas cinco pessoas titulares e cinco pessoas suplentes, no segmento trajetória de rua.

No segmento organização, foram eleitas quatro organizações titulares e quatro suplentes. São as seguintes - as pessoas e organizações eleitas. Segmento trajetória de rua: Danilo Alemão, Hari Kraemer, Adriana Ribeiro, Erik Renato e Mirian Piauí.

E no segmento organização da sociedade civil: a Associação Evangélica Beneficente; o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos; o Fórum da Cidade Pop Rua; e a Cisarte.

Assim, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, havendo acordo, antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira. Está levantada a sessão. Muito obrigado, deputado Reis.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 02 minutos.

 

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