038ª SESSÃO SOLENE EM "Homenagem à Sociedade
Madrigal Ars Viva pelo Quinquagésimo Aniversário".
|RESUMO
001 - TELMA
DE SOUZA
Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia as autoridades
presentes. Informa que o Presidente Barros Munhoz convocara a presente sessão
solene, a requerimento da Deputada Telma de Souza, na direção dos trabalhos,
para "Homenagear a Sociedade Madrigal Ars Viva pelo Quinquagésimo
Aniversário". Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional
Brasileiro". Dá conhecimento da íntegra de mensagens alusivas à efeméride.
002 - MARIA
LÚCIA PRANDI
Ex-Deputada Estadual, parabeniza a iniciativa. Enaltece o seu
reconhecimento e admiração pelo Madrigal. Recorda que a fundação do grupo se
deu na era JK, quando o "Brasil fervilhava". Lembra sua amizade com a
Deputada Telma de Souza, quando estudantes do Colégio Canadá. Destaca o
"laboratório sonoro" do Madrigal, com músicas que vão da época
medieval ao contemporâneo. Cita as dificuldades e as lutas do grupo, bem como
sua altivez, competência e talento.
003 - Presidente TELMA DE SOUZA
Informa que esta sessão solene seria transmitida pela TV
Assembleia, oportunamente.
004 - ROBERTO
MARTINS
Maestro, regente do Ars Viva, lembra o trabalho desenvolvido
com a Deputada Telma de Souza, quando ambos trabalharam na Secretaria Municipal
de Cultura de Santos. Agradece a amizade e a generosidade dos componentes do
grupo. Recorda que assumira a regência do grupo, após a morte do fundador Klaus
Dietter-Wolff, fato que mudou a sua vida. Destaca a dedicação e as
particularidades do trabalho minucioso do grupo. Questiona a "ideologia do
sucesso", incentivada pela mídia. Ressalta a preocupação artística do
grupo, aliada às dificuldades de manutenção e sobrevivência financeira de seus
membros.
005 - Presidente TELMA DE SOUZA
Anuncia apresentação do Coral Ars Viva, acompanhado dos
Amigos do Coral Municipal de Santos e da organista Sonia Domenighi.
006 - ROBERTO
MARTINS
Maestro, dá conhecimento de histórico de compositor, bem como
da obra ora apresentada.
007 - Presidente TELMA DE SOUZA
Presta homenagem, com entrega de flores, à Sra. Eliane
Mendes, esposa do maestro Gilberto Mendes, fundador do Ars Viva e do Festival
Música Nova.
008 - REINALDO
LOPES MARTINS
Vereador da Câmara Municipal de Santos, ressalta a
importância desta solenidade. Recorda a cultura cosmopolita de São Paulo.
Elogia o trabalho do Ars Viva pelo repertório que vai do tradicional à
vanguarda.
009 - Presidente TELMA DE SOUZA
Anuncia homenagens, com entrega de flores, às Sras.:
Margarida Maria Alvarez Lopes Zanelato, coralista com mais tempo de atuação no
Ars Viva; Esmeralda Quaresma, representante do Coral Municipal de Santos, pela
participação neste evento; e à organista Sônia Domenighi, por sua apresentação.
Presta homenagem, com a entrega de placa comemorativa, ao Maestro Roberto
Martins.
010 - ROBERTO
MARTINS
Maestro, dá conhecimento da citação da honraria.
011 - Presidente TELMA DE SOUZA
Argumenta que a música leva ao refinamento da alma e nos transporta
para outra dimensão. Questiona as veleidades modernas, que não dão espaço à
música erudita. Recorda seu trabalho político em Santos. Elogia o maestro, por
sua dedicação e persistência. Louva os músicos Klaus e Gilberto Mendes,
fundadores do Ars Viva, que tem 40 componentes "caiçaras". Informa
que o grupo faz apresentações nacionais e internacionais. Cita medalhas e
premiações recebidas, especialmente neste jubileu de ouro. Faz agradecimentos
gerais. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Telma de
Souza.
* * *
A
SRA. PRESIDENTE - TELMA
DE SOUZA - PT -
Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos.
Com
base nos termos da XIV Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência
dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da
Ata.
* * *
-
É dada como lida a Ata da sessão anterior.
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Boa noite a todos. Sob
a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta
Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Para
compor a Mesa, chamo a representante do Maestro Gilberto Mendes, Sra. Telma
Simões, Fundador do Madrigal Ars Viva e do Festival Música Nova. (Palmas.) Sr. Vereador da Cidade de Santos, do Partido dos
Trabalhadores, Reinaldo Lopes Martins. (Palmas.) Atual e sempre presente
maestro, que coordena as atividades do Ars Viva, nosso amigo Maestro Roberto
Martins. (Palmas.) E também para compor a nossa Mesa, a honra de receber entre
nós, a sempre Deputada Estadual Maria Lúcia Prandi. (Palmas.) Quero declinar
também a presença entre nós, das seguintes chamadas autoridades: Margarida
Maria Alvarez Lopes Zenelato, que é coralista com mais tempo do Ars Viva, para
quem eu peço uma salva de palmas. (Palmas.) A Sra. Sônia Domenighi, que nos
representa ao órgão. (Palmas.) O Sr. Professor Pablo
Wanderley de Jesus, representando a APEOSP - Associação dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Paulo, da Baixada Santista. (Palmas.) E
representando o Deputado Antônio Salim Curiati, o Sr. Hamilton Prado Alves, seu
assessor. (Palmas.)
Quero
declinar também, os seguintes termos de cumprimento ao Madrigal Ars Viva e a
esta sessão solene. Primeiro do Deputado Estadual Enio Tatto, que é o líder do
Partido dos Trabalhadores nesta Casa, com os seguintes dizeres: “Com alegria,
recebi o convite da sessão solene, com a finalidade de homenagear a Sociedade
Madrigal Ars Viva, pelo 50º aniversário. Venho parabenizar a sociedade pelo
lindo trabalho que vem prestando à arte brasileira durante 50 anos de
existência, levando a música para todo país e mundo afora e a iniciativa da
nobre Deputada em homenagear a sociedade. Coloco-me à disposição na Assembleia
Legislativa. Deputado Enio Tatto”.
Agora,
o Deputado Estevam Galvão de Oliveira, líder do DEM. “Recebi e agradeço o envio
do convite para a Sessão Solene, com a finalidade de homenagear a Sociedade
Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo aniversário, por solicitação de Vossa Excelência.
É
uma Sociedade que surgiu pela necessidade que tinha o Movimento Música Nova,
voltada para a música de vanguarda, que permitia inovar, um verdadeiro
laboratório para criação e recriação da Música Contemporânea Brasileira e
Mundial.
Parabenizando-a
pela meritória iniciativa, associo-me à justeza da homenagem, subscrevendo o
presente com reitera estima e distinta consideração. Atenciosamente, Líder do Democratas, Deputado Estevam Galvão de Oliveira”.
Agora,
o Deputado Milton Vieira, com os seguintes dizeres: “Acuso o recebimento do
convite para a Sessão Solene Sociedade Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo
aniversário. Impossibilitado de comparecer, em decorrência de compromissos
inadiáveis e anteriormente agendados, externo os meus votos de sucesso e êxito
a esta Sessão Solene. Atenciosamente, Deputado Milton Vieira.”
Agora
a Academia Santista de Letras, na pessoa da sua Presidente Maria Araújo, nos
manda o seguinte cumprimento: “A Presidente da Academia Santista de Letras
sente-se honrada com o convite para a Sessão Solene na Assembleia Legislativa,
em homenagem à Sociedade Madrigal Ars Viva, no dia 19, mas infelizmente,
compromissos assumidos anteriormente impedem o nosso comparecimento.
Agradecendo pelo convite, desejo pleno êxito ao evento. Atenciosamente Maria
Araújo. Presidente da Academia Santista de Letras”.
O
próximo cumprimento é do Professor Mestre Edson da Silva, Diretor da UNIP, com
os seguintes dizeres: “Sirvo-me da presente, para acusar o recebimento da
correspondência referente à Sessão Solene, para homenagear a Sociedade Madrigal
Ars Viva pelo quinquagésimo aniversário, realizada no dia 19 de setembro de
2011.
Gostaria
imensamente de prestigiá-lo. Porém, como havia firmado compromissos anteriores,
não será possível estar presente nesse evento. Aproveito o ensejo para proferir
grande sucesso e reiterar os meus elevados protestos de estima e consideração. Professor Mestre Edson da Silva Monteiro, Diretor da UNIP”.
E
finalmente, por ordem do Magnífico Reitor da Universidade Federal de São Paulo,
Dr. Walter Manna Albertoni: “Agradeço o convite para a Sessão Solene, que
homenageará a Sociedade Madrigal Ars Viva, e comunico a impossibilidade de
comparecimento, devido a compromissos pré-agendados para esta data. Assina pelo
Magnífico Reitor, a Sra. Flávia Patrícia Pinto, Secretária Executiva da
Reitoria da Unifesp”.
Mandado
ao Exmo. Deputado Barros Munhoz, Presidente desta Casa, a seguinte questão:
“Viemos por meio desta, informar que, infelizmente, por compromissos já
anteriormente assumidos, a Sra. Lu Alckmin estará impossibilitada de participar
da Sessão Homenagem a Sociedade Madrigal Ars Viva pelo quinquagésimo
aniversário, a ser realizada no próximo dia 19 de setembro de 2011.
Desejamos
sucesso no referido evento e colocamo-nos à disposição para outras
oportunidades. Gabinete da Primeira Dama do Estado”.
Isso
colocado, os Srs. vão ter que me dar um tempo, porque não é todo dia que eu
presido uma Sessão Solene dessa monta, e talvez a Deputada Maria Lúcia Prandi
tenha mais experiência do que eu, mas eu chego lá.
Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, minhas Sras. e meus Srs., essa Sessão Solene foi
convocada pelo Presidente efetivo da Casa, Deputado Barros Munhoz, atendendo
solicitação desta Deputada, com a finalidade de homenagear a Sociedade Madrigal
Ars Viva, pelo seu quinquagésimo aniversário. Convido neste momento todos os
presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela
Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do Subtenente
músico PM Aguiar.
* * *
- É executado o Hino Nacional Brasileiro.
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Tem a palavra a Sra.
Maria Lúcia Prandi.
A SRA. MARIA LÚCIA
PRANDI - Boa noite, Exma. Sra.
Presidente desta Sessão Solene, nobre Deputada Telma de Souza. Como ex-Deputada,
tenho que seguir o Regimento. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nobre Vereador
Reinaldo Martins, querida Telma de Souza, já nominada, Professora, querida
também Telma Simões, e muito especial e carinhosamente o Maestro Roberto
Martins.
Primeiramente,
quero parabenizar a Deputada Telma de Souza por essa homenagem, mais do que
merecida homenagem ao Madrigal Ars Viva. Esta Casa de Leis é o maior Parlamento
Estadual do Brasil, e Deputada Telma, realmente, o Madrigal Ars Viva merece,
não só homenagem, reconhecimento, admiração.
Queria
dizer que nos anos 60, exatamente no ano 1961, quando o Brasil fervilhava
naquela pujança democrática do Governo Juscelino Kubitscheck, a Telma e eu no
Colégio Canadá, já no Ensino Médio. O Brasil vivia um momento muito especial, é
como se tivesse se redescobrindo e se abrindo para novas experiências, para o
mundo.
É
nesse contexto fantástico que surge o Ars Viva, impossível deixar de citar o
Gilberto Mendes e outros com toda a sua, mais do que inovação, com aquilo que
está além do momento em que se vive, a chamada música
nova. E o que me encanta no Ars Viva é esse verdadeiro laboratório sonoro, que
se faz permanentemente, de composições da época medieval, de autores
desconhecidos, passando brilhantemente pela música renascentista e chegando ao
moderno, ao pós-moderno, ao contemporâneo. Poucas são as experiências de um
grupo musical neste país, que tem a vida, até então de meio século, e que
esperamos que tenha muito mais tempo na sua
persistência, no seu talento.
Fico
feliz de ver muitas amigas e amigos aqui. Quero também, homenagear a todos, na
pessoa da Margarida. Vejo novos integrantes, muitos professores e professoras
queridas e queridos, ex-alunos. Então, é com imensa emoção que quero dizer,
Deputada Telma, que por mais que possamos fazer, e V.Exa. o
faz de maneira brilhante essa homenagem, nunca conseguiremos expressar mais do
que o reconhecimento, a nossa gratidão, o nosso entusiasmo pelo Madrigal Ars
Viva.
Sabemos
e conhecemos as dificuldades sempre enfrentadas a cada apresentação fora da
cidade, a luta, não é Maurílio. Para o transporte,
quando se apresentam, como fizeram na Argentina, também as grandes dificuldades
que enfrentam. Mas não se dobram, não se
institucionalizam naquela maneira da dependência do poder público, com altivez,
com competência, mas acima de tudo, com talento, continuam e cada vez de
maneira mais bela apresentando o trabalho.
Para
encerrar, Deputada Telma, quero dizer que é difícil
falar para amigos e amigas e, principalmente, é difícil falar, Roberto. E na
sua pessoa, quero estender a todos os que estão, os
que já pertenceram ao coral e já se foram, como a Maria Rosa e tantos outros,
dizer apenas que, especialmente a mim, que não recebi de Deus ou da genética,
nenhum talento especial para a arte. É com imensa gratidão, que ouvimos,
acompanhamos e torcemos por vocês, e tem acima de tudo, a convicção de que
fazem a verdadeira arte. Ouvi recentemente, não sei de quem, que na verdade a
arte é a razão da vida, e cabe a mim, especialmente, que não tenho talento
artístico nenhum, o prazer de ouvi-los e acima de tudo, a honra de compartilhar
a amizade de muitos. Muito obrigada. Parabéns. Mais uma vez, parabéns Deputada
Telma. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Obrigada, Deputada Maria
Lúcia Prandi, pelas palavras tão generosas para o Ars Viva e também para a
minha pessoa, muitíssimo obrigada.
Antes
do Maestro Roberto Martins usar a palavra, quero
comunicar aos presentes que essa Sessão Solene será transmitida pela TV
Assembleia no próximo sábado, dia 24 de setembro, às 21 horas, pela NET Canal
13 e pela TVA, canal 66. Em Santos, canal 9 e pela TVA, Canal 66.
O SR. ROBERTO MARTINS
- A minha linguagem realmente é a música, então, peço a generosidade de todos,
de me dispensarem das formalidades, das apresentações, e ir diretamente naquilo
que estou pensando em dizer neste momento. Para mim é difícil também agradecer
os amigos. Telma, tantos anos trabalhando juntos na Prefeitura Municipal de
Santos, Secretaria de Cultura na criação do Coral Municipal. Aproveitando essa
oportunidade, quero agradecer a generosidade do Coral Municipal de Santos, por
ter vindo se juntar com a Madrigal Ars Viva, para
apresentar essa obra, que requer um efetivo maior. (Palmas.)
Também
é raro juntar dois conjuntos, principalmente da mesma cidade. Muita ciumeira; vocês
sabem que artistas têm essas coisas. Faço dois trabalhos junto com o Coral
Municipal de Santos e o Madrigal Ars Viva. Seria
muito difícil resumir as coisas do Madrigal Ars Viva.
Apenas
dizer, não sei se o destino me pegou pela perna, se me
puxou ou se me tomou pelo braço naquele momento exato, em que falecia o meu
mestre, o maestro Claus Iterfolf, fundador, junto com o Gilberto Mendes e
outros do Madrigal Ars Viva. Foi algo que mudou completamente a minha vida,
talvez tivesse lá no momento certo, fosse a pessoa certa para aquele momento e
o final de uma vida, de um tipo de ação artística, que vai lentamente morrendo
com o tempo. Que é a dedicação a um trabalho tão minucioso, tão difícil às
vezes, do Madrigal Ars Viva. Que as pessoas de uns anos para cá, com a mudança
de mentalidade, etc., dificilmente o farão.
Então, às vezes, eu sinto essa nostalgia, de como será
a continuação desse trabalho minucioso que fazemos no Madrigal Ars Viva. As
pessoas não têm mais paciência para fazer isso, elas estão buscando o pão nosso de cada dia, que é muito difícil. Todo mundo que
canta, quer ganhar dinheiro, quer cantar em casamento, quer cantar em festa,
etc. e tal. Vocês não imaginam como é difícil manter um trabalho, do tipo do
Madrigal Ars Viva, nos tempos de hoje. Mas na verdade, sempre foi difícil, como
foi dito aqui. Foi difícil porque a ideologia do sucesso passa longe de nós, e
a ideologia do sucesso está mais presente do que nunca. Mas ela era assim faz tempo,
nasceu com todas as mídias, isso foi crescendo até atingir essa coisa, que não
sei definir exatamente, mas que todos nós sentimos; que é essa coisa da tal
ideologia do sucesso.
Mas
sinto-me feliz de receber essa homenagem, de falar em nome do Madrigal Ars
Viva, principalmente da minha amiga, Telma de Souza. Que sempre nos acompanhou
muito tempo, já nem sei dizer tantas coisas boas que nós fizemos naquela
Secretaria de Cultura, com o Secretário Reinaldo Martins. Estamos lembrando
alguma coisa, foi um período quase heróico, eu diria,
comparado com hoje em dia, as coisas que fizemos e que olhamos para trás e
dizemos “puxa vida, fizemos alguma coisa importante”. Uma delas, como eu disse,
foi instalar o Coral Municipal de Santos, que até hoje esperamos que com o
tempo e as circunstâncias, a gente definitivamente resolva todas as questões
relativas ao Coral Municipal de Santos.
Madrigal
Ars Viva, eu é que tenho que agradecer, porque toda essa coisa, somos cantores, se não tivessem os cantores, se não tivessem
pessoas que se dispunham a fazer isso, nada teria acontecido, o apoio, a
disponibilidade e o carinho de vocês também. Vocês não me declararam amor
diretamente, mas sei que vocês têm um carinho por mim e isso é importantíssimo
para aguentarmos as coisas e ir adiante. Muito obrigado, principalmente a
Deputada Telma. Agradeço a Telma, por essa homenagem nesta Casa. É a primeira
vez que estou nesta Casa, já tivemos lá em Santos, na Câmara; e nesta Casa acho
que é a primeira vez. Tão bonito, tão agradável, tão importante essas coisas
todas para nós. Obrigado a todos. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Na verdade, essa
cadeira onde estou, tem vida própria e se eu não me cuidar, caio no chão.
Então, tenho que ir devagar, porque estou aprendendo os trâmites do meu
iniciado na Presidência da Casa.
Agora
vamos assistir a apresentação do Coral Ars Viva, acompanhados dos amigos do
Coral Municipal de Santos, da Prefeitura de Santos e também da Organista Sônia
Domenighi. Serão apresentados trechos do Tedel, de Luis Álvares Pinto,
compositor pernambucano do século XVIII.
O SR. ROBERTO MARTINS
- É só uma palavrinha sobre essa obra, esse compositor Luis Álvares Pinto,
compositor pernambucano do século XVIII, ele faleceu antes de Mozart. Portanto,
a música dele é uma música entre Mozart e Vivaldi, assim uma mistura de
clássico, pré-clássico e Barroco. Um compositor do grupo de compositores
negros, quase todos compositores dessa época eram negros, inclusive esse
pernambucano.
Uma
obra que foi encontrada, talvez a obra mais antiga do Coral da Música
Brasileira. São pequenos trechos, a obra toda é entremeada com o canto
Gregoriano, vamos apresentar apenas, vai ter uma duração de 12 a 15 minutos a
obra, o total que vamos apresentar, no original se
fôssemos fazer todo, cada trecho seria precedido de uma entoação de Canto
Gregoriano.
Outra
coisa interessante é sobre o Tedel, que é uma música apresentada, geralmente,
em ocasiões festivas, finais de grandes vitórias. Embora certa parte seja
melancólica, ela tem a intenção de ser uma música de agradecimento e,
tradicionalmente, é atribuído a Santo Agostinho. Que, num rasgo de entusiasmo,
pela sua decisão final de pertencer à igreja, de se converter ao Cristianismo,
num rompante, ele disse esse texto de improviso e depois escreveu esse texto de
agradecimento, quando foi batizado por Santo Ambrósio. Muito interessante,
esse texto é anterior à Idade Média, final de um período, começo da
Idade Média. O texto é do Tedel, e essa música do
Luis Alvares Pinto, compositor brasileiro, no final do século XVIII.
* * *
- É feita a apresentação musical do Coral Ars Viva.
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Acabou, Maestro. Que
pena!
Enquanto
o Maestro se aproxima novamente de seu lugar, nossa próxima atividade é uma
homenagem, com entrega de flores à Sra. Telma Simões,
que representa a Sra. Eliane Mendes, esposa do Maestro Gilberto Mendes,
Fundador do Ars Viva e do Festival Música Nova. (Palmas.)
* * *
- É feita a entrega da homenagem.
* * *
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Agora ouviremos as
palavras do nosso vereador da Cidade de Santos, Sr. Reinaldo Martins. E como
disse já o Maestro Roberto Martins, não são parentes. Ele foi o nosso
Secretário de Cultura à época em que fundamos o nosso Coral Municipal, que veio
depois o Ars Viva, mas colado à ideia nessa representação fantástica do som que
o Ars Viva representava. E os corais nas escolas, que o queridíssimo Roberto
Martins dirigia sob a batuta do Secretário Reinaldo Martins, por favor.
O SR. REINALDO LOPES
MARTINS - Exa. Sra.
Deputada Telma de Souza, Exa. Sra. Maria Lúcia Prandi, Sra. Telma Simões,
Ilustríssimo, brilhantíssimo maestro Roberto Martins, minhas Sras. e meus Srs.,
boa noite.
Uma vez no Teatro Municipal de Santos, quando nós reativamos o quarteto Martins Fontes, foi uma apresentação magnífica e ao final dela, subi ao palco para falar alguma coisa e logo ouvi de alguém, que eu tinha quebrado o clima. Portanto, depois de ouvir o Ars Viva aqui, falar agora é mais uma vez quebrar o clima e, portanto, quero ser extremamente sintético na minha fala, mas quero mencionar a importância da homenagem que V.Exa., Deputada Telma propôs e dela se realizar nesse recinto. Porque como disse a Deputada Maria Lúcia Prandi, essa é a maior Assembleia Legislativa do país, que não é à toa, afinal de contas, é do maior Estado do país, do Estado mais rico do país, do Estado teoricamente mais educado e culto do país. Tudo isso, em tese, mas que sem nenhum provincianismo se São Paulo é tudo isso é também e principalmente porque é o Estado mais cosmopolita da Nação, ou seja, aquele em que as mais variadas influências, digamos, culturais, aqui estão presentes em função de toda a formação histórica do nosso Estado, que dispensa aqui maiores explicações.
Portanto,
essa Assembleia, esse recinto representam tudo aquilo que também representa o
Ars Viva, quero dizer, uma produção de vanguarda, uma produção, um trabalho
além de extremamente sensível, outros também o são, mas especialmente capaz de
juntar, de discutir e tratar de forma não rotineira, desde a música mais
tradicional até a música mais contemporânea e de vanguarda. Portanto, há uma
perfeita harmonia nesse caso, entre a homenagem que esta Casa presta na pessoa
da Deputada Telma e o homenageado que no caso é o Ars Viva. Que na verdade,
presta a esta Casa uma homenagem em estar aqui presente e fazer essa
apresentação.
Só
isso que eu gostaria de dizer e parabenizar mais uma vez, como eu já fiz em
Santos, o Ars Viva pelos seus 50 anos, a Assembleia Legislativa e a Deputada
Telma de Souza, por fazerem essa homenagem. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Muito obrigado,
Vereador Reinaldo Martins, pelas suas belíssimas palavras. (Palmas.)
Agora
vamos homenagear, com uma entrega de flores, a Sra. Margarida Maria Álvares
Lopes Zanelato, que é a coralista de mais tempo no Madrigal Ars Viva. Por favor, suba. (Palmas.)
Também vamos
homenagear, com uma entrega de flores a Sra. Esmeralda
Quaresma, representante do Coral Municipal de Santos, pela participação no
evento. (Palmas.)
Ainda
teremos uma homenagem com entrega de flores à organista Sônia Domenighi, pela
apresentação ao órgão. (Palmas.)
E
agora eu vou ter o prazer de entregar ao Maestro Roberto Martins, uma homenagem
em nome desta Assembleia, em nome deste ato, uma placa comemorativa dos 50 anos
de Ars Viva. (Palmas.)
* * *
- São feitas as entregas das homenagens.
* * *
O SR. ROBERTO MARTINS
- “A Música é o idioma cósmico das esferas, o som da beleza expressando o
divino inexprimível. Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por
iniciativa da Deputada Telma de Souza, parabeniza o Madrigal Ars Viva pelos
seus 50 anos de arte. São Paulo, 19 de setembro de 2011”. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - TELMA DE SOUZA - PT - Estamos nos aproximando
do fim da reunião e gostaria que me permitissem falar sobre algumas
considerações a respeito de dados sobre o nosso querido coral.
Sei
que já conhecemos o coral há algum tempo, mas sei também que nem todos conhecem
toda a trajetória que esse coral teve que enfrentar para estar aqui hoje, nesse
momento dividindo com todas as pessoas presentes, os louros de 50 anos de
atividade. Isso não é pouca coisa. Maestro Roberto, penso
que a música proporciona um refinamento da alma, que nem sempre todos podem
alcançar. Há grosserias da nossa energia cósmica, que nos empurram para
veleidades modernas, possivelmente programas xucros de televisão, o uso
indiscriminado da Internet, dos celulares, toda uma ausência da possibilidade
que o ser humano tem de se enraizar no aqui e agora. E superar dentro de si,
com a sua alma, momentos que são, eu diria, divinos.
Quando
o coral cantou e canta, é uma excelência tão fantástica, que nós somos
transportados para outra dimensão. É assim que eu me sinto, não há como receber
o convite desse refinamento, para que a gente possa estar usufruindo desse som
maravilhoso. Imagine, estamos falando algo do século XVIII, você disse que o
autor foi contemporâneo de Mozart, embora tenha sido antecipado a ele, um pouco
antes.
Estamos
aqui cumprindo uma tarefa que, para nós, é mais um prazer do que um dever. Sabemos
que o Clauss, o Gilberto e outras pessoas já têm as
suas almas em outro patamar, em outra dimensão. Tenho certeza de que há 50 anos
jamais aquelas pessoas pensariam que nós estaríamos hoje aqui reverenciando
essa situação que com as suas bodas de ouro, nos tem dado tanto prazer.
Eu
falo isso porque quando eu era vereadora, até o ano passado, em Santos, alguns
dos Srs., das Sras., a Margarida era uma delas, foram pedir ajuda e apoio e já
passo essa responsabilidade para o Reinaldo Martins, de que pelo menos um
salário “condizente” com as necessidades de ir e vir de quem faz a música
pudesse ser contemplado pela prefeitura. Não sei se isso está contemplado,
desconfio que não, de qualquer maneira, cito isso como um dos grandes
impedimentos para que as pessoas possam usufruir daquilo que elas têm de
melhor. Maria Lucia diz que ela não tem talentos, não sei não Maria Lúcia, você
pode não ter o talento direto, mas você tem o talento de estar aqui hoje para
ser partícipe de uma cerimônia, onde a arte é a grande convidada e você é uma
das protagonistas, como o Reinaldo, como a Telma, como o próprio regente do Ars
Viva.
Tive
a honra de estudar piano, não sei se sei tocar mais, porque os afazeres
cotidianos me afastaram desse privilégio, mas eu vou me comprometer de voltar a
pegar aquelas teclas brancas. As unhas não crescem mesmo, lá vamos nós para ver
se tiro algum som do piano, que eu de uma maneira afoita, diria traidora,
acabei deixando em segundo plano.
Estar
a um passo desse momento, praticamente divino pelo som das vozes do coral, é
algo espetacular. Roberto, vamos lá, sabemos das
dificuldades que simbolicamente você, em nome do Madrigal, tem enfrentado.
Mas
algo eu sei nessas alturas da minha vida, por mais que queiramos,
ninguém pode impedir a luz de entrar sobre todas as frestas, em todos os
aposentos, em todos os recônditos, não só dos espaços, mas como também da nossa
alma. A sua resistência é uma resistência para nos aprimorar enquanto seres
humanos, se é reconhecido ou não, eu acho que isso não
importa. Hoje estamos fazendo um reconhecimento, que é o mínimo que quem tem o
privilégio de privar com vocês, com você em especial, com vocês que cantam e
nos encantam, nós podemos agradecer de uma maneira até
pouco sutil e um tanto grosseira nessa homenagem. Nós temos flores, a Gardênia
lá da nossa cidade fez essa maravilhosa oferta de nos dar essas flores, para
que elas fossem repartidas entre nós, mas eu acho que não há como devolver a
vocês ou trocar com vocês essa singeleza, que nos toca a todos de uma maneira
mais profunda.
Nós
somos melhores, porque o Ars Viva existe, podem ter certeza. Nós não
conseguimos quebrar todos os grilhões, não esperem que as pessoas sejam
refinadas, numa sociedade de consumo, refinamento é algo para poucos. Eu diria
que nesta sala estão os que compreendem o que significa essa
sutileza da alma, é tão grande a ideologia do sucesso, do rebaixamento da
condição da sua energia interna, que nós chamamos de alma, que é impossível as
crianças, os jovens e até mesmo adultos se renderem à beleza que um Ars
Viva traz para nós. E não falo daqueles que têm diploma, eu falo daqueles que
sabem compreender o que esse som, mesmo que não compreendam as palavras, sejam
elas em latim, em italiano ou em português, estão dizendo.
Acho
que essa é a nossa tarefa, a tarefa dos que estão aqui, a tarefa daqueles
funcionários da Assembleia, a quem eu agradeço a noitada de segunda-feira. Mas
especialmente de vocês, que produzem essa delicadeza para a nossa alma, isso
não tem preço e, possivelmente, o tempo histórico para que essas questões
aconteçam verdadeiramente, ele não coincida com o nosso tempo de vida.
Esses
atos ficam. Aqui tem uma criança, ela não chorou em nenhum momento, ela não
está entendendo nada, racionalmente falando, o que está acontecendo, mas o
coração dela está pleno dessa música, está pleno desse som. Vocês têm dúvida
disso? Eu observava a mãe saindo com ela, ela voltou, está ali sentada, quieta
e quando isso acontece, Roberto, que queremos mais, são sementes
que estão plantadas e que germinarão. Vocês podem ter certeza de que o
mundo não será sempre assim, será de outra qualidade e outro refinamento.
Agora,
tenho que ler algo que foi preparado e não posso deixar de ler, porque eu tenho
algumas informações a respeito do próprio Ars Viva.
Não é de hoje que mantenho uma próxima relação com o Madrigal Ars Viva. É uma relação de tempos atrás, mas que se renova constantemente, solidificando-se. Agora, no aniversário de 50 anos da obra original de Gilberto Mendes, meu amigo, nosso magnífico maestro e compositor.
O
Ars Viva cresce a cada dia, com certeza de já ter construído um legado
gigantesco em prol da cultura, particularmente da música erudita.
Merece
um especial destaque, sem dúvida, o pioneirismo do Festival de Música Nova. Que
espalhou partituras e notas musicais em espetáculos, concertos e semanas
culturais, ajudando a popularizar um estilo de música que, para muitos, deveria
estar confinado apenas nas grandes salas.
Formado
originalmente em 1961, o grupo trabalha hoje com cerca de 40 profissionais,
regidos pelo premiado maestro Roberto Martins, por quem eu nutro uma profunda
admiração. A capacidade dessa turma de talentosos caiçaras, que representa
Santos e o Brasil, é tamanha, que a nossa música já encantou corações em
diversos eventos internacionais, como o Encontro de Corais do Mercosul e de Buenos Aires, ambos na Argentina, além de
excursões por todo o mundo.
Na
sua bagagem, relicários com as formas mais sofisticadas e delicadas da música erudita,
do cancioneiro popular e até daquelas que compõem a vanguarda musical mundial.
É também a marca do Ars Viva, a revelação contínua de novos nomes e propostas
musicais para a arte brasileira.
Ao
longo de sua história, o Madrigal teve fortes e relevantes atuações, como a
participação no filme “Odisseia Musical de Gilberto Mendes”, dirigido por
Carlos Mendes. A realização de concertos em cenários internacionais, paulistas
e, particularmente, na Baixada Santista, sendo agraciado com homenagens e
prêmios, tais como: Medalha do Elos Clube
Internacional (Melhor Grupo Coral do ano de 2000), Medalha de Honra ao Mérito
Brás Cubas, concedida pela Câmara Municipal de Santos, indicação para o VI
Prêmio Carlos Gomes de Música Erudita, entre tantos outros.
Em
seu Jubileu de Ouro, o Ars Viva conserva sua tradição de contínuo laboratório
da música erudita, de diferentes épocas e estilos, dando ênfase à música
contemporânea. E quem disse que não é possível popularizar o erudito? O
Madrigal, sob a batuta destes estupendos maestros, verdadeiros alquimistas do
som, provou que é possível. Basta talento, educação e, acima de tudo, amor pela
arte. Muito obrigado. (Palmas.)
Continuando
o nosso roteiro. Esgotado o objeto da presente sessão, insisto, essa Sessão
será reproduzida pela Alesp no Canal 9, da NET e o 66
da TVA, no próximo sábado, dia 24, às 21 horas.
Quero
informar também que a frase que faz parte da placa foi uma contribuição, embora
não esteja presente, o nosso queridíssimo Flávio Amoreira Viegas, que mesmo não
podendo vir, trouxe a sua contribuição ferro e fogo, como está colocado na
nossa placa.
Esgotado
o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às
autoridades e todos aqueles que, com as suas presenças, colaboraram para o
êxito dessa solenidade. Convida para um cafezinho amigo no Salão Waldemar Lopes
Ferraz, Salão dos Espelhos.
Está
encerrada a presente sessão. Muito obrigado. (Palmas.)
* * *
-
Encerra-se a sessão às 21 horas e 44 minutos
* * *