19 DE AGOSTO DE 2002

38ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO DO "DIA DO MAÇOM" E DO 30º ANIVERSÁRIO DA EXCELSA LOJA DA PERFEIÇÃO "GONÇALVES LEDO" Nº 2, DE SÃO PAULO

 

Presidência: WALTER FELDMAN e ALDO DEMARCHI

 

Secretária: ROSMARY CORRÊA

 

DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA

Data: 19/08/2002 - Sessão 38ª S. SOLENE Publ. DOE:

Presidente: WALTER FELDMAN/ALDO DEMARCHI

 

COMEMORAÇÃO DO "DIA DO MAÇOM" E DO 30º ANIVERSÁRIO DA EXCELSA LOJA DA PERFEIÇÃO "GONÇALVES LEDO" Nº 2, DE SÃO PAULO

001 - Presidente WALTER FELDMAN

Abre a sessão. Nomeia as autoridades. Informa que esta sessão solene foi convocada por esta Presidência atendendo à solicitação do Deputado Aldo Demarchi, com a finalidade de homenagear o Dia do Maçom e comemorar o 30º Aniversário da Excelsa Loja da Perfeição "Gonçalves Ledo" nº 2, de São Paulo. Convida todos os presentes para, em pé, acompanhar a execução do Hino Nacional Brasileiro, pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Expõe a influência que diversos maçons tiveram em sua formação, destacando a figura de seu pai.

 

002 - ALDO DEMARCHI

Assume a Presidência.

 

003 - ROSMARY CORRÊA

Discursa sobre a tarefa desempenhada pela atividade maçônica e as diversas formas que esta assume.

 

004 - ANTONIO SALIM CURIATI

Realça a importância de oportunidades como esta para mostrar a Maçonaria de forma verdadeira, como movimento educativo, filantrópico e progressista que é.

 

005 - JORGE CARUSO

Relata experiência pessoal que o fez vislumbrar o espírito de solidariedade que vigora entre os maçons.

 

006 - JOÃO BATISTA MORAES DE OLIVEIRA

Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, menciona diversos acontecimentos históricos que contaram com a participação de maçons, especialmente o processo de independência do Brasil.

 

007 - PEDRO LUIZ RICARDO GAGLIARDI

Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, declara que no Dia do Maçom deve-se estabelecer as diretrizes, os objetivos gerais e os anseios abstratos por onde deve caminhar o povo maçônico. Sustenta que a Maçonaria possui a melhor orientação, ostentada na trilogia que a caracteriza: liberdade, igualdade e fraternidade.

 

008 - Presidente ALDO DEMARCHI

Reflete sobre a aplicação dos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade no início do novo milênio. Entende que a realidade requer que o maçom lute por aquilo que acredita. Agradece a todos que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade. Encerra a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Convido a Sra. Deputada Rosmary Corrêa para, como 2ª Secretária "ad hoc", proceder à leitura da Ata da sessão anterior.

 

A SRA. 2ª SECRETÁRIA - ROSMARY CORRÊA - PMDB - Procede à leitura da Ata da sessão anterior, que é considerada aprovada.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Agradeço à Deputada Rosmary Corrêa. Quero anunciar a presença dos seguintes componentes da Mesa: Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; João Batista Moraes de Oliveira, Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo; Deputados Rosmary Corrêa, Jorge Caruso, Antonio Salim Curiati; Antonio Carlos Caruso, Grão Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e Presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, colega e querido amigo da Câmara Municipal; Carlos Roberto de Campos, Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente Paulista; Santo Taricano, Past Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Santiago Ansaldo de Arostegui, Past Grão Mestre da Grande Loja da Espanha; Muxeque Chinzarian, Past Grão Mestre da Grande Loja do Estado do Mato Grosso do Sul. João Zimermann Filho, Past Grão Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo. Erly Idamar de Almeida Castro, Grande Orador da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Giulio Césare Cortese, Grande Secretário de Relações Exteriores da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; José Carlos Artur, Grande Tesoureiro da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Elias Kirschbaum, Grande Hospitaleiro da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Luiz Alberto Chaves de Oliveira, Presidente da Comissão de Prevenção do Uso de Drogas, meu particular amigo; Francisco Além, Secretário de Relações Institucionais da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Amadeu da Costa Ribeiro, Secretário da Comissão de Eventos; Miguel Eliazar Bustos Manginelle, Assessor de Gabinete do Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Benedito Antonio de Souza, Presidente do Concistório Saldanha Marinho da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Claudio Laerte Poio, Diretor de Secretaria Geral da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Waldemar Antonio Grazioso Saroca, Presidente da Comissão de Informática da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Silvio Balangio Jr., Grande Representante da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e Delegado Geral da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Mituro Korara Takarab, Grande Secretário de Relações Interiores Adjunto do Grande Oriente de São Paulo; Renato Meca, Grande Secretário de Ritualística do Grande Oriente de São Paulo; Paulo Motti, Grande Secretário de Relações Públicas do Grande Oriente de São Paulo; Clovis Medeiros da Silva, Grande Secretário de Relações Interiores do Grande Oriente de São Paulo; Eminente Paulo Requena, Assessor de Gabinete do Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo.

Srs. Deputados, minhas Sras e meus Srs., esta sessão solene foi convocada por esta Presidência atendendo à solicitação do nobre Deputado Aldo Demarchi, com a finalidade de homenagear o Dia do Maçom e comemorar o 30º Aniversário da Excelsa Loja da Perfeição “Gonçalves Ledo” nº 2, de São Paulo.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvir e cantar o Hino Nacional do Brasil, executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 

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-              É entoado o Hino Nacional.

 

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O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Esta Presidência agradece ao subtenente músico da Polícia Militar, Fidélix, Mestre da 2ª Seção do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, pela agradável contribuição a esta sessão solene que se inicia, e que seguramente será um sucesso. (Palmas).

Não sou muito afeito a leituras, mas dada a importância desta sessão solene, convocada pelo Deputado Aldo Demarchi e compartilhada por todos os Deputados que tenham uma representação e participação na maçonaria, no ano que mais me faz lembrar meu pai pela participação que teve na maçonaria, peço licença para fazer uma rápida leitura que expressa a relação que tivemos durante o período final de sua vida que pude conviver intensamente.

“Caríssimos tios - sim, meus tios, pois meu pai foi irmão de vocês - sinto-me como deveria sentir-me em casa entre vós, afinal, além de vosso sobrinho, aqui encontro também amigos, companheiros e pessoas importantes na minha vida que me serviram e servem de exemplo, homens que sem ter consciência influenciaram decisivamente e anonimamente na formação do médico, do político e do homem Walter Feldman.

Serei muito breve e vos contarei uma das minhas conversas com o irmão de vocês, a quem eu respeitei e admirei, a quem tive o privilégio de chamar de pai.

Um dia, ainda muito jovem, perguntei-lhe: “Pai, o que é a Maçonaria?” Ele me respondeu: “É uma sociedade formada de homens livres e de bons princípios, de caráter universal, e que tem como objetivo o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e melhor para todos os homens”. Então lhe perguntei: “Ah, então um preso não pode ser maçom?” Ele me respondeu; ”Essa liberdade de que falo não é a liberdade física, mas a liberdade de pensamento, por isso a Maçonaria hoje concentra seus esforços nos ensinamentos combatendo a ignorância, pois a ignorância é a mãe de todos os vícios. Um povo ignorante é um povo escravo, submisso, privado de liberdade. Também a Maçonaria combate o fanatismo e a superstição, pois o fanatismo conduz as pessoas a realizar qualquer tipo de barbárie em nome de Deus, e a superstição é um culto aos atos e fatos mal compreendidos ou às mentiras. São, portanto, contrários à razão, e privam os indivíduos de sua liberdade de pensamento, cognição e decisão”. Ainda insatisfeito perguntei: “Mas para que a Maçonaria existe se esses conceitos são preservados pela própria sociedade democrática?” Aí então ele, impiedosamente, como era de seu costume, sepultou toda a minha argüição respondendo: “Realmente, a sociedade democrática tenta preservar todos esses conceitos comuns à Maçonaria, mas a maçonaria está aí é para preservar a sociedade democrática”.

Depois dessa aula, realmente analisei a história das civilizações e pude observar a presença da maçonaria em todos os tempos e por todo o mundo: Revolução Francesa, Independência dos Estados Unidos, Independência do Brasil. Curvei-me, então, à grandiosidade da obra maçônica.

Pois bem, a Maçonaria está aí, formando uma sociedade melhor, formando indivíduos melhores, ensinando-os e aperfeiçoando-os. Portanto, como me ensinou meu pai, a Maçonaria é a zeladora da sociedade democrática.

Obrigado, Maçonaria, obrigado maçons, obrigado homens livres e de bons princípios”. (Palmas).

Faz 10 anos que meu pai se foi. Esses princípios e valores me ajudaram muito a perseguir uma conduta correta, justa, fraterna e democrática no exercício daquilo que nós aprendemos ser uma atividade essencial à vida democrática, que é atividade intensa dos políticos nas suas ações parlamentares ou nas suas ações executivas.

É nesse sentido que eu quero, aproveitando esta oportunidade, nesta extraordinária sessão solene, 10 anos após a morte do meu pai, agradecê-los e passar a Presidência com toda honra e dignidade ao Deputado Aldo Demarchi.

Meu amigo Luiz Alberto lembra que teremos, após esta cerimônia, um copo d’água, na Vila Tavola. Todos os senhores receberam o convite. Estaremos juntos nessa homenagem adicional à Maçonaria de São Paulo. Boa noite a todos.

 

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-              Assume a Presidência o Sr. Aldo Demarchi.

 

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O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Dando seqüência à solenidade desta noite, quero externar minha satisfação e registrar que esta data é comemorada na Assembléia Legislativa por mais um ano consecutivo. Depois de um longo período sem que a Assembléia Legislativa comemorasse, estamos há quase sete anos fazendo esta reunião solene com todos os irmãos da Maçonaria.

Esta Presidência concede a palavra à nobre Deputada Rosmary Corrêa, representando o PMDB nesta Casa.

 

A SRA. ROSMARY CORRÊA - PMDB - Sr. Presidente, Deputado Aldo Demarchi; Sr. Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Sr. João Batista Moraes de Oliveira, Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo; Eminente Paulo Requena, Assessor de Gabinete do Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo; Deputado Salim Curiati; Deputado Jorge Caruso, nas pessoas de quem cumprimentos todos os presentes, irmãos e cunhados, a quem temos a honra de receber, mais uma vez, na nossa Casa.

Dizia o Deputado Aldo Demarchi que depois de um longo período sem se comemorar o Dia do Maçom nesta Casa, há cerca de sete anos essa data vem sendo comemorada. Nesses mesmos sete anos esta Deputada tem tido sempre a honra e satisfação de usar esta tribuna para cumprimentá-los e dar as boas vindas.

Tanto quanto nosso Presidente, Deputado Walter Feldman, eu vou pedir licença a todos para ler, porque, de maneira alguma eu gostaria de resvalar ou errar em qualquer momento na homenagem que com muito carinho eu gostaria de dedicar a todos.

Sinto-me revigorada a cada ano, quando no mesmo mês de agosto, próximo ao dia vinte, ou no próprio dia, como aconteceu nos últimos dois anos, posso receber na minha casa, a casa do povo, parte desta minha grande família, para juntos comemorarmos o dia da maçonaria, congregada e unida por maçons de todo Planeta. No entanto, ela não seria completa se não congregasse também a unidade familiar, através das cunhadas, que aqui sinto-me honrada em representar, e os filhos, todos sobrinhos, protegidos e orientados na busca de um mundo mais justo e fraterno, pois a Maçonaria é uma instituição universal, fundamentada na filosofia, e que trabalha pelo advento da justiça, da solidariedade e da paz entre todos os seres.

A tarefa desempenhada pela atividade maçônica é irradiar a luz dos princípios morais e dos exemplos de dedicação ao próximo para melhorar a condição humana. Para tanto, tal atividade não segue uma só linha, de padrões repetitivos e monovalentes, como uma só raiz, mas de forma multifacetada, polivalente. Assim, vamos encontrar trabalhos de diferentes lojas em diversos campos do desenvolvimento humano, seja cuidando de crianças e adolescentes, em tantas creches e instituições mantidas pela Ordem Maçônica, como nos asilos e hospitais, em especial as Santas Casas, atendendo os mais desvalidos, em vários aspectos.

Muitas são as formas que as lojas unidas encontram para atuar numa sociedade carente e cada dia mais caótica de princípios. A banalidade da violência e o desprezo pela vida de seu semelhante criaram raízes em nosso cotidiano, em especial nos grandes centros urbanos. Nunca foi tão oportuno a pregação de uma revolução moral, que resgate valores de respeito e consideração, que pregue a tolerância mas indique o caminho da retidão.

A Maçonaria, que no passado próximo participou de maneira eficaz em tantas transformações políticas e sociais de nosso País, tem hoje, em especial neste ano eleitoral, uma grande missão: a de orientar e conduzir a nossa classe política a praticar os princípios de moralidade e conduta que levem ao desenvolvimento humano.

Peguei hoje pela Internet texto que revela bem o que é o Maçom, que passo a ler:

“Dia do Maçon

A única atitude criadora em face da vida é a do Maçon que se apega a uma idéia ou causa superior, idéia ou causa que lhe absorva todas as energias do cérebro, do coração e dos braços. Que seja um Obreiro, de alguma forma. Que ponha seu talento a serviço de alguma coisa importante e indiscutível. Que encontre, vale dizer, sua vocação na vida. E quanto às dificuldades intelectuais, elas se resolvem, amiúde, no instante em que o Maçon se põe a trabalhar para cumprir um dever ou realizar na vida um ideal”.

Parabéns a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Antonio Salim Curiati.

 

O SR. ANTONIO SALIM CURIATI - PPB - Sr. Presidente Aldo Demarchi, que substitui o titular e querido sobrinho Walter Feldman, não quero me alongar. Quero saudar todas as autoridades maçônicas aqui presentes, meus irmãos e cunhadas, meus colegas Deputados, Jorge Caruso e demais companheiros, e dizer que o meu discurso também será lido. Ele não oferece realmente a mensagem a nós, maçons. Tudo o que eu vou dizer aqui vocês já têm conhecimento.

O importante de uma sessão como esta é que a população interessada tome conhecimento do que é a Maçonaria, o que faz o maçom. Essa é a efetiva mensagem, a nossa contribuição.

Quero dizer ao sobrinho Walter Feldman que realmente fiquei emocionado com meu colega médico, seu pai, e ele, Walter Feldman também, com o seu comportamento, a sua maneira de ser e viver. Eu me lembro que em Avaré eu exercia a Medicina e tinha, na ocasião, em 1960, duas lojas, e atendia a todos com carinho especial. Aprendi, naquela oportunidade, a conhecer o valor do maçom, da dedicação, do carinho para com a população, de sua sensibilidade com a defesa dos interesses sociais do país ou da sua cidade. Passei a gostar da Maçonaria, então, desde aquela ocasião.

Recentemente, estou freqüentando uma loja carinhosa comigo, de modo que desejo ler o meu discurso lembrando sempre que o que vou ler o maçom conhece de longa data. Sei que isso vai ser divulgado pela televisão e Diário Oficial, e quero que as dúvidas que a população tem em relação ao maçom sejam esclarecidas na medida do possível.

As grandes Lojas Brasileiras decidiram, há mais de 45 anos atrás, na reunião anual realizada em Belém do Pará no dia 22 de junho de 1957, que todos os maçons comemorariam no dia 20 de agosto a sua data.

Através da Lei 3.889 de 26 de outubro de 1983, de autoria do ex-Deputado Estadual Tonico Ramos, ficou oficialmente estabelecida essa data como o "Dia do Maçom.

Hoje, estamos reunidos e esta oportunidade é muito importante porque possibilita a nós - maçons - mostrar à comunidade a Maçonaria de uma forma verdadeira, esclarecendo muitos mitos e estórias, visto que ela não esconde sua existência!

O maçom é um verdadeiro construtor social e, como força viva da sociedade, tem participado ativamente dos grandes movimentos da humanidade, sejam eles: sociais, políticos, filosóficos ou culturais.

Vê-se, portanto, que a Maçonaria é um movimento educativo, filantrópico e progressista que adota a investigação da Verdade em regime de plena liberdade. É uma sociedade formada por homens livres e de bons costumes, amantes da cultura moral, preocupados com os seus semelhantes e com o destino do país em que vivem.

Podemos dizer que ela é a Instituição Orgânica da Moralidade porque seus princípios são a Moral Universal e a Lei Natural, ditadas pela Razão e definidas pela Ciência. Reconhecendo um Ser Supremo, não discriminando religião, raça ou política, ela é um espaço ecumênico.

A Maçonaria respeita a organização civil e política do País. Aprecia nos homens o mérito pessoal, sem distinção de classe social, visto que em seu seio todos são iguais.

Todos aqueles que a ela pertencem têm o dever de conduzir-se moral e decorosamente em suas vidas, devem respeitar-se, proteger-se e viver em plena harmonia.

Por tudo isso, vê-se que a Maçonaria defende comportamentos morais rígidos, respeitando-se a Deus, "O Grande Arquiteto do Universo", só que este Deus é o aceito por cada um, segundo os ditames da liberdade da consciência.

Na Maçonaria encontram-se valores em ação, estímulo ao estudo da filosofia, da ética, das tradições, ambiente fraterno, oportunidade para o crescimento intelectual e a realização efetiva do trabalho construtivo solidário em favor do próximo, seja ele quem for.

Enquanto a sociedade civil discute formas de organização para um efetivo trabalho voluntário, a Maçonaria desenvolve há muitos anos uma política eficiente, voltada para ajudar quem precisa. Este trabalho é anônimo, árduo, mas profundamente gratificante.

Vemos, portanto, que quando falamos dos maçons estamos na verdade homenageando a dignidade, a liberdade e a igualdade.

A população precisa conhecer melhor a Maçonaria, para que velhos preconceitos sejam esclarecidos à luz da verdade.

A Maçonaria já foi vítima, em todo o mundo, de perseguições e intolerância motivadas por razões políticas, religiosas ou por puro preconceito.

Como é do conhecimento de todos, ela não é uma sociedade secreta. Ela apenas cerca-se de um aparato, de um ritual próprio, conforme suas tradições, assim como acontece em qualquer outra entidade. Na verdade ela não divulga seus feitos e nem seus conhecimentos, porque não necessita desse reconhecimento para afirmar-se.

Quando são veiculadas informações não compatíveis com nossa conduta, como aconteceu recentemente, pessoas desinformadas acabam divulgando inverdades sobre a nossa organização, o que é inaceitável.

Somos nós, maçons, que devemos observar os fatos, averiguar a fundo os problemas, apurar devidamente o acontecido, de acordo com nossas regras, e resolvê-los.

Orgulho-me profundamente de ser reconhecido como maçom e agir como tal, e espero, cada dia mais, fazer por merecer esta verdadeira distinção que os irmãos me possibilitaram.

Caros irmãos e amigos, vamos nos unir não só neste dia glorioso, mas em todos os momentos, para que juntos possamos tornar a nossa Instituição cada vez mais atuante e participativa, auxiliando a sociedade com firmeza e determinação e atingindo assim objetivos maiores.

Que o Grande Arquiteto do Universo a todos ilumine e guarde e que nos faça a cada dia melhores seres humanos!

Um Viva à Maçonaria, aos Maçons e a todos os nossos familiares e amigos.

Obrigado!

 (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Tem a palavra o nobre Deputado Jorge Caruso.

 

O SR. JORGE CARUSO - PMDB - Sr. Presidente, Deputado Aldo Demarchi; Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja do Estado de São Paulo, Desembargador Pedro Luiz Ricardo Gagliardi; Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, sr. João Batista Moraes de Oliveira; demais autoridades maçônicas; meus irmãos, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, senhoras e senhores, eu não ia utilizar da palavra, já que minha colega de bancada, Deputada Rosmary, do PMDB, já se pronunciou. Mas, atendendo convite do nosso Presidente desta sessão vou, rapidamente, sem ter preparado nada, homenagear a Maçonaria contando um fato que aconteceu há 24 anos.

Eu tinha 12 anos em 1978, e com minha família, minhas irmãs, meu pai Antonio Carlos Caruso, hoje Grão Mestre Adjunto das Grandes Lojas, estávamos numa viagem de carro na Bahia. As minhas irmãs eram pequenas. Tarde da noite chegamos em Ilhéus. Cansados e sem conhecer ninguém na cidade, era apenas para passar uma noite, procuramos hospedagem na cidade e não encontramos, pois um congresso estava sendo realizado na cidade, que ainda era pequena. Meu pai ficou um pouco desesperado, até que passamos por um templo da Maçonaria, não me lembro o nome, e meu pai pediu que ficássemos no templo. Estava lá o caseiro que nos indicou onde havia uma loja de material de construção da qual o Venerável Mestre era o proprietário.

Chegamos lá, e o que era para ser uma noite apenas na cidade acabou se tornando uma semana. E vocês não imaginam o que a Maçonaria naquela cidade fez por nós naquele momento. Havia irmão que tinha hotel e então arrumaram acomodações e nos trataram como se nos conhecessem há muitos anos e como se realmente fizéssemos parte da família. Naquela época realmente eu não entendia.

Então quero homenagear a Maçonaria neste momento, lembrar daquela Loja e daquele irmão, o Sobral ou Sobreira, não lembro bem o nome. Mas, fica aqui uma homenagem a esses nossos irmãos, demonstrando o que é uma pequenina parte da nossa Maçonaria e da união que há entre nós. Muito obrigado a todos. Fiquem com Deus e até uma próxima oportunidade. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Tem a palavra o Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, Sr. João Batista Moraes de Oliveira.

 

O SR. JOÃO BATISTA MORAES DE OLIVEIRA - Exmo. Sr. e Irmão Aldo Demarchi, presidindo esta solenidade extremamente importante para nós, maçons; Exmo. Sr. Walter Feldman, Presidente desta Casa de Leis; Sereníssimo Irmão Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; poderoso Irmão Carlos Roberto de Campos, Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente Paulista; autoridades maçônicas; Exmos. Srs. Deputados, cara Deputada Rosmary Corrêa, que nos antecedeu; Exmo. Deputado avareense Salim Curiati; minhas senhoras; Srs. convidados, meus respeitáveis e queridos irmãos que o Senhor nos conceda a perpetuidade deste momento para que possamos viver no esplendor de sua sublimidade. Reverenciamos e vergamos perante o Grande Senhor, o Grande Arquiteto, para agradecer pelo privilégio de estarmos nesta noite especial vivenciando um dos momentos mais significativos do mundo maçônico,

Queremos também agradecer o trabalho do nosso irmão Demarchi, juntamente com o seu Presidente e outros Exmos. Srs. Deputados que não mediram esforços para que esta solenidade se tornasse uma grata realidade para todos nós. Nossas homenagens especiais a todos esses queridos, respeitáveis e excelentes Deputados. O mundo maçônico saberá de forma excepcional render suas homenagens em suas Atas e seus Anais dando o reconhecimento do povo maçônico para este importante acontecimento maçônico.

Nesta noite aqui estão agregados, congregados inúmeros irmãos dos mais distantes Orientes e cidades, com o propósito de comemorar esta grande sessão magna. Podemos dizer que nesta noite estamos iniciando não a comemoração do Dia do Maçom mas a Semana do Maçom. Em todos os rincões e em todas as cidades do Brasil hoje se comemora o início da Semana do Maçom, através de festejos, de festas e de relacionamentos que congregam e fortalecem cada vez mais a amizade da família maçom.

Hoje, para não dizer amanhã, estamos efetivamente comemorando o Dia do Maçom. Em 20 de agosto de 1822, exatamente há 180 anos, uma centena e mais irmãos se reuniram na Loja Comércio e Artes no Rio de Janeiro para decidirem sobre o futuro de nosso país. Comandados por José Bonifácio e Gonçalves Ledo, decidiram de forma a mais consciente possível qual seria o futuro de nossa nação. Foi exatamente no dia 20 de agosto de 1822. A Maçonaria se envolveu não com os maçons funcionando e trabalhando isoladamente, mas como uma instituição.

Hoje, nós comemoramos alegremente esse dia. Mas nós perguntamos quantos acontecimentos importantes podem ter ocorrido, para que chegássemos a esta noite de comemoração? Quantos ídolos tivemos que gerar para termos nesta noite esta comemoração? Quantas cabeças rolaram, quantos ídolos foram sacrificados para nós hoje comemorarmos alegremente em todo o Brasil?

Pois bem, meus irmãos, nada impede, sem muito trabalho, que nós percorramos através do túnel do tempo, sabermos dos principais acontecimentos para que hoje aqui estejamos. A centelha, a chispa, a fagulha deste acontecimento vamos encontrar no dia 4 de julho de 1776, há 206 anos, quando os americanos conseguiram a independência dos Estados Unidos, uma independência que foi articulada por três maçons: George Washington, Lafayette e Rocambolt.

Em seguida, 13 anos depois, em 1789, dois grandes acontecimentos também fizeram com que os ideais de liberdade aflorassem. Primeiro, a prisão de Tiradentes, com da Conjuração Mineira, quando muitos maçons estavam trabalhando e também foram presos naquela época. Na segunda, no dia 14 de julho de 1789, tivemos a Revolução Francesa, com a queda da Bastilha, em que maçons, também, como Diderot, Marat, Rousseau e Voltaire, todos homens que lutaram para a grandeza daquela grande revolução que durou cinco anos e na qual muitas cabeças foram decapitadas. Até que Robespierre, cuja cabeça também rolou, encerra esse grande período que eliminou o feudalismo. Tivemos, então, a consagração da Liberté, Égalité e Fraternité. O mundo jamais seria de forma diferente.

Em 1796 tivemos a primeira chispa da Maçonaria no Brasil. No sertão pernambucano tivemos a fundação de uma Loja chamada Areópago de Itambé, fundada por Arruda Câmara e dezenas de padres jesuítas preocupados com os ideais libertários.

Um ano depois, em 1797, aporta na Bahia, no Forte do Farol, uma fragata com o nome de “La Preneuse”. Ali os oficiais da Marinha Francesa fundaram a primeira Loja nos moldes que hoje vivemos, e que recebeu o nome de “Cavaleiros da Luz”. Para aí acorreram as grandes lideranças da época.

Em 1802, vem a Academia Suassuna, aclamando por todos os quadrantes os ideais libertários de que tanto necessitavam os brasileiros.

Em 1808 chega no Brasil a Família Real, quando as tropas napoleônicas, comandadas pelo General Junot, invadem Portugal. Aqui chega então a Família Real, com mais de dez mil membros em sua comitiva, e trazendo Dom Pedro, uma criança de dez anos de idade,

Em 1817 vivenciamos a Revolução Pernambucana que, abafada, 43 ativistas foram sumariamente executados. Quase todos eles eram maçons.

Em 1821 a Família Real decidiu retornar a Portugal. Isso aflora ainda mais os desejos libertários nos nossos brasileiros.

Em 1822 Dom Pedro estava sendo chamado a voltar a Portugal. No dia 09 de janeiro, através de uma possível manobra dos maçons daquela época, pedem para que dom Pedro aqui permaneça. Esse dia ficou conhecido como Dia do Fico, que todos nós sabemos.

Em 13 de maio de 1822, os maçons José Bonifácio e Gonçalves Ledo conseguem fazer com que Dom Pedro receba o título de “Defensor Perpétuo do Brasil Constitucional”.

Em junho houve dois acontecimentos importantes: no dia dois de junho, pela manhã, é convocada a Constituinte Brasileira, e à noite a fundação da Ordem Nobre dos Cavaleiros de Santa Cruz, uma ordem nobre, que se posicionava como a Maçonaria Florestal. Três homens importantes fazem parte dessa ordem: José Bonifácio, Gonçalves Ledo e o próprio Dom Pedro. O lema desse apostolado: “Independência ou Morte”.

No dia 16 de junho temos a fundação do Grande Oriente do Brasil, com as Lojas União e Tranqüilidade, Lojas Comércio e Artes e a Loja Esperança de Vida.

No dia 2 de agosto temos a iniciação de Dom Pedro na Loja Comércio e Artes.

Chegamos, então, no dia 20 de agosto. Mais de uma centena de brasileiros decidem, por intermédio de José Bonifácio e de Gonçalves Ledo, sobre o futuro de nossa nação. Temos que valorizar esse dia, porque José Bonifácio e Gonçalves Ledo foram os maiores líderes para proporcionar esta noite agradável que hoje estamos tendo.

É desta forma que desejamos que o Brasil tenha um futuro brilhante e radiante. Que a Ordem Maçônica estará sempre presente nos grandes acontecimentos da nossa nação.

Muito obrigado a todos. Boa noite. (Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Esta Presidência comunica que recebeu ofício do Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente de São Paulo, Irmão Cláudio Roque Buono Ferreira, pedindo escusas por sua ausência nesta noite por estar trabalhando maçonicamente na Baixada Santista.

Como acaba de registrar o nosso Grão Mestre do Grande Oriente, nós iniciamos a Semana do Maçom. Nós sabemos que temos muitas Lojas que hoje iniciam esta comemoração e por isso é que não podemos contar com a presença de todos.

Neste momento concedemos a palavra ao Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, Poderoso Irmão Pedro Luiz Ricardo Gagliardi.

 

O SR. PEDRO LUIZ RICARDO GAGLIARDI - Sr. Presidente desta sessão de honra, querido irmão Aldo Demarchi, Deputados aqui presentes, Jorge Caruso, Rosmary Corrêa, Salim Curiati, nosso emocionante sobrinho Walter Feldman, saúdo no lado maçônico nosso querido João Batista Moraes de Oliveira, Eminente Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo, não vou saudar o Irmão Antonio Carlos Caruso como Grão Mestre Adjunto, porque me parece mais significativo nesta oportunidade fazê-lo como o Vereador da cidade de São Paulo que conseguiu por iniciativa sua, e apoio do então Vereador Walter Feldman, a criação do “Dia do Maçom” na cidade de São Paulo, nos anos de 1993. Parabéns, meu querido Caruso, por essa brilhante iniciativa que perdura até hoje e há de perdurar por muito tempo.

Irmão Carlos Roberto de Campos, nosso querido Paulistinha, o Grande Oriente Paulista, leve ao seu Grão Mestre a minha afeição e apreço e também o meu apoio. Somos vizinhos e estamos freqüentemente juntos.

Quero saudar também, num passeio já mais para longe, o Muxeque Chinzarian, que é do Mato Grosso, Past Grão Mestre. Saúdo Santiago Ansaldo de Arostegui, Past Grão Mestre Adjunto de Barcelona, na Espanha. Saúdo Giulio Cortese, nosso Relações Exteriores. Nessas pessoas referidas faço a minha homenagem a todos os maçons aqui presentes.

Em cerimônia análoga, no ano passado, tivemos oportunidade de enfatizar que, assim como o Rei da Inglaterra comparece uma vez ao ano ao Parlamento para proferir a esperada fala do trono, assim também entre nós criou-se a tradição do Grão Mestre da Maçonaria comparecer à Assembléia Legislativa para, no dia do Maçom, estabelecer as diretrizes por onde deve caminhar o povo maçônico.

Colocam-se os objetivos gerais, pontuam-se os anseios abstratos e define-se a linha de coerência entre a atuação passada de nossa milenar instituição e o que fazer no aqui e agora na momentaneidade em que estamos vivendo.

Preocupam-nos algumas questões de cujo encaminhamento dependerá a felicidade do povo. A primeira delas se refere à exclusão social dos desfavorecidos. Muitos líderes já perceberam que é fundamental promovermos a inclusão de nossos concidadãos. Resta, todavia, equacionar a fórmula pela qual isso será feito. Para tanto, a Maçonaria possui a melhor orientação ostentada na trilogia que a caracteriza: liberdade, igualdade e fraternidade.

Liberdade e igualdade são conceitos em tensão, mas não em oposição, como explicava magistralmente nosso irmão Mário Covas. Uma não deve matar a outra, porque ambas são componentes do ser humano. Pela liberdade, os homens lutam até a morte. Ocorre, todavia, que a capacidade de uns é muito diferente da potencialidade de outros. De tal sorte que a liberdade acabará jogando alguns muito para cima e a maioria muito para baixo.

Aí surge a revolta pela igualdade, que também tem provocado revoluções, guerra, mortes e sacrifícios. É preciso que a humanidade saiba superar esta dualidade diabólica. Ou luta por uma liberdade que a sufoca, ou se bate por uma igualdade que a escraviza.

No mundo atual temos excelentes exemplos concretos do que afirmamos. No lado capitalista, o excesso da liberdade impõe a globalização e os conseqüentes extremos da riqueza para poucos e da miséria para muitos. No lado comunista, o anseio de se atingir a igualdade sacrificou por completo a liberdade. Não podemos permitir mais que as forças gigantescas do egoísmo e da ignorância continuem movimentando as massas em busca daqueles ideais, porque eles são insuficientes isoladamente considerados. E ainda pior é que referidas forças sempre acabam tirando o próprio da situação.

Todavia, os maçons possuem a chave para superar esse antagonismo, que é a fraternidade. Esta é a maior carência de nosso tempo. A fraternidade pública esvaziou a fraternidade individual. A explicação é simples: nos últimos séculos, o cidadão foi deixando cada vez mais a cargo do Estado a tarefa de ajudar os concidadãos. Os impostos foram ficando sempre mais altos. Assim, para quem paga metade do salário em impostos, já considera que está colaborando muito com os necessitados e, pessoalmente, não precisaria fazer mais nada. Essa experiência não resultou satisfatória. Para quem ajuda, perdeu-se o prazer artesanal de fazê-lo; para quem recebe, falta o calor humano na fria impessoalidade do Estado. Além disso, o alto custo operacional da caridade pública e os infindáveis escândalos de desvios de verbas desmoralizam e inviabilizam o sistema.

A fraternidade, pois, deve ser algo pessoal, direto, feito com as próprias mãos, acompanhada do calor humano de cada um, que como templos vivos do grande arquiteto do Universo, somos capazes de levar aos nossos concidadãos carentes. Resgatemos, meus irmãos, a fraternidade individual, e que o Grande Arquiteto do Universo a todos ilumine e guarde. (Palmas.).

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Justificam sua ausência e cumprimentam a Presidência desta Casa o Deputado Duarte Nogueira, nosso irmão, os Reitores da Unesp, Dr. José Carlos Souza Trindade, e da USP, Prof. Dr. Adolpho José Melfi, e também o Presidente do Tribunal de Justiça, Dr. Sérgio Augusto Nigro Conceição.

Sereníssimo Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Eminente João Batista Moraes de Oliveira, Grão Mestre do Grande Oriente de São Paulo; Poderoso irmão Antonio Carlos Caruso, Grão Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e Presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo; nosso irmão Carlos Roberto de Campos, Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente Paulista e o Past Grão Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, João Zimermann Filho; Past Grão Mestre Santo Taricano, da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo; Past Grão Mestre da Grande Loja do Estado do Mato Grosso do Sul, Muxeque Chinzarian; Past Grão Mestre da Grande Loja da Espanha, Santiago Ansaldo de Arostegui, meus queridos irmãos, cunhadas e presentes, estamos, uma vez mais, nesta casa do povo a comemorar o dia do maçom e o 30º aniversário da Loja Gonçalves Ledo nº2, por força de requerimento de minha autoria, ao qual todos os deputados maçons certamente prestaram o seu valioso apoio.

Esta é uma data sobremodo festiva pelos dois eventos. Convergem eles ao maçom, aquele que cultua o seu credo como verdade, imperecível legada pelo grande arquiteto.

O homem é transitório no mundo. O credo maçônico se reveste da eternidade própria, inerente aos ideais superiores, aqueles que definem o caminho glorioso a ser trilhado por todos os maçons em busca do perfeito.

Com isso, não se está exaltando o plano do ideal e esquecendo-se daqueles vultos do passado que enriqueceram a nossa história pela firmeza do seu caráter e pela bravura do seu destemor. Nada se conquista sem o esforço dos que buscam, com denodo, a realização de um sonho, a fim de viver em harmonia com o seu semelhante, num mundo livre, igualitário e fraterno.

A nossa homenagem, repito, exalta, numa permanente reafirmação, a glória das conquistas maçônicas, cujos reflexos engalanam o livro da vida.

Em verdade, não há democracia implantada ao regime político de qualquer nação, sem a inspiração e participação da maçonaria. Assim foi a revolução francesa, de 1789, com a sua idéia de liberdade e o reconhecimento da supremacia popular.

De igual modo, a independência americana, fruto inconteste da inquietude gerada nas lojas maçônicas, que propulsaram Tomas Jefferson e outros maçons a assegurar, como condição imposta por Deus e pela natureza, que todos os homens nascem iguais, com certos direitos inalienáveis, dentre os quais avultam a vida, a liberdade e a busca da felicidade.

Registrar-se-á, também, as figuras de Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, vinculados, todos, à incipiente maçonaria brasileira que nascia predestinada à gloria, pois que, com a vida um, e com o exílio outros, pagaram o preço do sonho de ver a pátria livre, ainda que tardiamente. Não foi mera rebeldia de insatisfeitos e, sim, o heróico gesto de quem crê que as nações têm o direito de reclamar o seu próprio destino como pugnaram os inconfidentes.

Impossível olvidar a figura dos veneráveis Joaquim Gonçalves Ledo e José Bonifácio de Andrada e Silva, a instigar d. Pedro a romper, nas margens do Ipiranga, os laços que nos prendiam a Portugal.

De igual arte, foi a voz maçônica que conclamou o tufão da igualdade a varrer dos mares os navios negreiros, abolindo as diferenças raciais que irraizavam a escravidão.

Por esses lampejos da historia se constata, indubitavelmente, não só a centelha do credo, mas, também, a ação enérgica, a atitude resoluta do maçom, sem a qual tudo não passaria de quimeras e sonhos, nunca jamais vivenciados, concretamente, pelo homem.

Ademais, a alma maçônica reflete os seus estigmas principais: a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Seria desnecessário abordar essas verdades que tão profundamente nos impressionam, mas, a ebulição das idéias, no presente quadrante da história, torna imperioso refletir sobre elas.

A liberdade não é resultante do impulso compulsivo e animalesco de fazer o que se quer, quando se quer, sem obstáculos, sem fronteiras, na satisfação do egoísmo mesquinho que apequena o homem. A liberdade não traduz permissão desregrada para se agir inconseqüentemente. Ela é limitada pela lei, que a impõe coercitivamente ao respeito de todos; pela moral, como fundamento básico do respeito mútuo que permite ao homem viver em sociedade, como lhe impõe a natureza. É a liberdade, também, conseqüência do espírito de fraternidade, que ao irmanar-nos evidencia um vínculo afetivo, ou seja: o amor, sem o qual nada teria sentido, na esteira do ensinamento de São Paulo, em uma de suas epístolas. Por isso, a creio eterna e onipotente.

Por outro lado, a igualdade não resulta de uma mensuração padrão, apta a identificar desiguais e a ignorar diferenças. A humana natureza qualifica o homem individualmente. Para tal fim, mister realçar as desigualdades, distinguindo-as na medida em que se desigualam. Tratar todos de uma só forma é equívoco evidente e desigualdade flagrante.

É bem verdade que não se pode hierarquizar o gênero humano em castas representativas de grupos, raças, religiões ou de qualquer outro matiz. Afinal, o indivíduo é um ser uno. Ainda que semelhante, é desigual ao seu semelhante. Não há seres só nascidos para a glória e outros só para derrota, não há seres só nascidos para a fortuna e outros só papa a miséria. O que se reclama e se impõe é que todos tenham possibilidades iguais para que, daí, resultem as desigualdades impostas ao respeito de todos. Desigualdades jamais autorizam privilégios ou preterições.

Mas, ainda que libertária e igualitária, em não sendo fraterna, a sociedade não terá paz e, sem a paz: a violência, a miséria, a dor, a guerra, a injustiça, a lágrima.

Vive-se, hoje, o início de um novo milênio.

A algazarra de uma transformação trepidante e veloz é a presença constante no cenário de cada dia.

A tecnologia, com uma agilidade surpreendente, redimensiona e renova a sociedade e o homem, sem lhes dar um ponto de referência, olvidando, às vezes, requisitos e qualidades que não podem nem devem ser alterados ao talante de tempestuosas paixões.

Decorre daí uma nova revolução que está para ser entronizada no mundo, com a celeridade dos relâmpagos, pois que as verdades que a alicerçam, se é que verdades são, são passageiras e efêmeras e inquietam a razão humana que, perdida, reclama o equilíbrio extraviado no tumulto dos acontecimentos.

Cabe notar, também, que estamos diante do fenômeno da globalização, inafastável episódio da vida moderna, cujos efeitos alteram os conceitos de povo e nação, ao sabor do consumo e do comércio, regendo o convívio social por meio de valores incompatíveis com a grandeza do homem.

Demais disso, as noções de tempo e distância já não seguem as equações do passado, previstas para a atender a força, o vento, o vapor. Tempo e distância agora são aferidos por segundos, não se falando mais em horas, dias, anos, séculos. O que acontece nos diferentes quadrantes da terra, quase que instantaneamente, são constatados em qualquer lugar do mundo.

Em face disso, há de se buscar um novo ordenamento para conduzir a humanidade ao império do perfeito, antes que seja jogada no abismo da desordem, submetida ao poder de engenhos sem sentimentos e manipulados por seres deste jaez. Fazem, essas máquinas, o que lhes foi programado e só o que lhes foi programado. Poderão elas, se programadas, continuar a repetir e repisar as mesmas coisas, como se só essas fossem importantes.

Esta roupagem assustadora da tecnologia pode afetar a mente humana e também ela ser programada e agir na conformidade do que foi programado.

Esta visão exagerada, que pode ser havida como absurda, já não é hipótese descartável como impossível.

Por tal motivo, impõe-se que a maçonaria, que ontem enfrentou o despotismo e implantou a democracia; que suplantou a intolerância racial para abolir a escravidão e introduziu a república, por acreditar na força popular, deve agir, agir firmemente como no passado, pois que só as lições não alteram os acontecimentos. Releva notar, contudo, que não há, no plano das idéias, diferença marcante entre os maçons do passado e do presente. O que nos distingue é, apenas, a forma de exercer o ideal que nos identifica.

Ontem, era a ação. Hoje, a contemplação. Agora, praticamos uma maçonaria voltada para si mesma. Antes era uma maçonaria que lutava para alterar os padrões de uma sociedade não afinada ao seu credo.

Estamos diante de novos tempos, momento decisivo que nos impõe uma tomada de posição resoluta e forte.

A maçonaria não perdeu a sua razão de existir. Ritualmente composta, procura, no plano do ideal, o perfeito que nos acalenta.

Contudo, a realidade não se conforma com as utopias, como a cidade do sol de Campanella; a sociedade equilibrada das leis e da república de Platão e nem mesmo se amolda ao sonho.

A realidade requer que o maçom lute pelo mundo perfeito do nosso credo, arquitetado na verdade e no possível que fluem da razão humana e da lei divina.

Exigi-lo, é mister que se exerce em todos os recantos da sociedade, em especial na política, onde a condução do estado - nação politicamente organizada - deve ser norteada por aqueles que crêem e praticam o nosso ideário, motivo pelo qual o maçom não pode permanecer indiferente nos pleitos políticos, prestigiando todos os que atuam iluminados pela fé maçônica, capaz de lhe mostrar a senda justa e perfeita, pelos meandros maquiavélicos do poder.

O maçom não postula a honra do cargo. O que quer, o que deseja, ao pleitear um mandato eletivo, é munir-se de um instrumento de trabalho para servir o povo, a pátria, na conformidade do que propôs o supremo arquiteto e o nosso credo colocou sob nossa responsabilidade.

Neste evento não se pode deixar de ressaltar o Jubileu de Diamante da Grande Loja do Estado de São Paulo, fundada a 2 de julho de 1927, e que até hoje se mantém ativa em nosso estado, por meio dos seus mais de 15 mil obreiros das suas 600 lojas, que participam de diversos movimentos em defesa dos valores que empolgam a nação maçônica.

Finalmente, ressaltamos, ainda, os 30 anos de existência, completados no dia 14 de agosto próximo passado, da excelsa Loja de Perfeição Gonçalves Ledo nº2, cujos trabalhos têm demonstrado alto valor cultural, ampliando os meios de aprimoramento do homem, tanto nas ciências como nas artes.

Por tal razão, prestamos justa homenagem não só aos seus pósteros como, também, para os irmãos que dela hoje fazem parte, mantendo uma conduta sempre voltada para a força que nos congrega ao ideal maçônico.

Não há flores, sem espinhos, não há vitorias, sem lágrimas, não há êxito, sem competência, não há transformação, sem esforço, não há maçonaria, sem que os maçons estejam permanentemente em luta pelo mundo livre, igualitário, justo e fraterno, onde o homem realize seu desiderato, perpetuando a sua espécie e vivendo em paz com os seus familiares e semelhantes.

(Palmas).

 

O SR. PRESIDENTE - ALDO DEMARCHI - PPB - Lembrando, antes de encerrarmos, o Irmão Caruso pede que vocês atentem para o convite. Creio que todos receberam. Os que chegaram atrasados estão convidados também. O nosso Presidente Deputado Walter Feldman conta com a presença de vocês para o queijo e vinho em homenagem ao Dia do Maçom, que vai ser realizado no Restaurante Vila Tavola, na Rua 13 de Maio, 848, Bela Vista. Gostaríamos que todos comparecessem.

Esgotado o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, esta Presidência agradece às autoridades, às autoridades maçônicas, aos irmãos, às cunhadas, aos sobrinhos e àqueles que com suas presenças colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a presente sessão. (Palmas.)

 

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-         Encerra-se a sessão às 21 horas e 49 minutos.

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