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28 DE SETEMBRO DE 2001
28ª SESSÃO
SOLENE EM HOMENAGEM À INSPETORIA SALESIANA DE SÃO PAULO DA SOCIEDADE SÃO
FRANCISCO DE SALES
Presidência: WALTER FELDMAN e JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Secretario: JOSÉ CARLOS STANGARLINI
DIVISÃO TÉCNICA DE TAQUIGRAFIA
Data: 28/09/2001 - Sessão
28ª S.
SOLENE Publ. DOE:
HOMENAGEM À INSPETORIA
SALESIANA DE SÃO PAULO DA SOCIEDADE SÃO FRANCISCO DE SALES
001 - Presidente WALTER
FELDMAN
Abre
a sessão. Nomeia as autoridades. Anuncia que a sessão foi convocada pela
Presidência da Casa, por solicitação do Deputado José Carlos Stangarlini, para
homenagear a "Inspetoria Salesiana de São Paulo da Sociedade São Francisco
de Sales". Convida todos a ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro.
Homenageia a d. Fernando Legal.
002 - JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Assume
a Presidência.
003 - VITOR SAPIENZA
Cumprimenta
as autoridades. Recorda sua presença como aluno no Liceu Coração de Jesus,
durante 14 anos.
004 - Presidente JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Anuncia
um número artístico.
005 - ROBERTO MONELLO
Ex-aluno
do Liceu Coração de Jesus, saúda a Mesa. Enaltece as virtudes do fundador dos
salesianos, Dom Bosco. Disserta sobre o sistema educacional preventivo dos
salesianos.
006 - Presidente JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Anuncia
um número musical.
007 - JUSTO ERNESTO
PICCININI
Sacerdote
e diretor, saúda o Presidente Walter Feldman e o Presidente José Carlos
Stangarlini. Por meio dele saúda a todas as autoridades. Analisa as várias
atividades salesianas em prol da juventude.
008 - Presidente JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Anuncia
um número musical.
009 - NIVALDO LUÍS
PESSINATTI
Provincial
dos salesianos, saúda na pessoa do Presidente José Carlos Stangarlini os demais
Deputados. Agradece a homenagem da Casa aos salesianos. Agradece a todos os que
acreditam na proposta pedagógica e social salesiana. Apresenta um vídeo sobre
Dom Bosco.
010 - JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Anuncia
um número musical.
011 - IRINEU DANELON
Bispo
salesiano, apresenta sua biografia dentro da sociedade de Dom Bosco.
012 - Presidente JOSÉ CARLOS
STANGARLINI
Homenageia várias personalidades da inspetoria salesiana, a saber: d. Fernando Legal, d. Irineu Danelon, pe. Mário Kilit, pe. Aílton Antônio dos Santos, pe. Antônio Lages de Magalhães, prof. Norival do Amaral, pe. Justo Ernesto Peccinini, pe. Fausto Santa Catarina, Sr. Luís Stringari, Dr. Sérgio Roberto Monello, Sr. Roberto de Gênova; homenagem póstuma ao Sr. João Ferreira dos Santos. Disserta sobre a espiritualidade de Dom Bosco. Agradece a todos que colaboraram para o êxito da solenidade. Encerra a sessão.
* * *
- Assume e abre a sessão o Sr. Walter Feldman.
* * *
O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero anunciar os componentes da Mesa, S. Exa. Revma. D. Fernando Legal, bispo da Diocese de São Miguel Paulista, S. Exa. Revma. d. Irineu Danelon, bispo da Diocese de Lins, Revmo. pe. Nivaldo Luis Pessinatti, provincial dos Salesianos, Revmo. pe. Mário Quilici, vice-provincial dos Salesianos. De ofício, quero anunciar a presença do meu amigo nobre Deputado Vitor Sapienza, que me leva periodicamente a Itaquera para rever os amigos da Instituição Dom Bosco e do pe. Rosalvino, que me ensinou a importância histórica e o papel dos salesianos no Brasil particularmente na Cidade de São Paulo. Quero anunciar também, com muita satisfação, a presença da minha esposa, Elcita Ravelli, católica fervorosa, que me ensina pensamentos e princípios cristãos.
Minhas senhoras e meus senhores, esta solenidade foi convocada por este Presidente a pedido do nobre Deputado José Carlos Stangarlini, com a finalidade de homenagear a “Inspetoria Salesiana de São Paulo da Sociedade São Francisco de Sales”.
Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será entoado pelo Coral da Polícia Militar.
* * *
- É entoado o Hino Nacional
Brasileiro pelo Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
* * *
O SR. PRESIDENTE - WALTER FELDMAN - PSDB - Quero agradecer ao maestro e aos membros do Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que sempre nos dão uma enorme contribuição nestas solenidades.
Antes de passar a Presidência a quem de direito, quero fazer uma homenagem especial a d. Fernando Legal. Não o faço por acaso e nem por uma ação protocolar. Estive na casa de d. Fernando Legal por várias vezes, acompanhado ou pelo ex-Governador Mário Covas, ou pelo atual Governador Geraldo Alckmin, ou pelo Ministro José Serra e, de uma forma muito elegante, mas também muito convicta, ouvimos um verdadeiro sermão sobre a necessidade da volta do ensino religioso às escolas do Estado.
D. Fernando falava com uma convicção dos sábios, daqueles que compreendiam a importância de retomarmos, nas escolas públicas do Estado, valores, princípios éticos, morais e particularmente filosóficos para que a nossa juventude pudesse, além dos estudos curriculares, ter também, na sua formação e no seu ensino, elementos que pudessem propiciar a compreensão do papel da humanidade e do ser humano nos tempos de hoje.
Quero fazer esta homenagem juntamente com o nobre Deputado José Carlos Stangarlini que, atendendo uma correta solicitação da Igreja Católica, apresentou nesta Casa um projeto de lei que tramitou nas vias regimentais, nas várias comissões, foi a plenário, sofreu um veto do Executivo, mas com muita habilidade e paciência, pudemos, com a compreensão do Governador Geraldo Alckmin, que também é um católico fervoroso, de formação familiar, particularmente paterna, auxiliou-nos para que pudéssemos dar a conformação final a um projeto que finalmente foi sancionado e hoje é Lei no Estado de São Paulo. (Palmas.)
Devemos este trabalho e este resultado a d. Fernando Legal na representação que tinha a Igreja Católica no sentido de viabilizar esse pleito, essa luta que já remonta alguns anos. Tivemos o papel de representação legítima da Igreja aqui na Assembléia, que é o Deputado José Carlos Stangarlini, bem como outros deputados, como o Deputado Vitor Sapienza, mas outros que compreenderam a necessidade da implantação desta nova regra humanitária, humanística nas escolas públicas do Estado de São Paulo, e também do Governador Geraldo Alckmin que, apesar das resistências internas do próprio governo, soube compreender a necessidade de retomarmos este expediente, esta iniciativa.
Falo isto, porque vivemos um período grave de conflitos e pré-guerra. Esperamos que os homens de bem, os estadistas do mundo, saibam compreender que nada justifica a retirada precoce da vida. Falta filosofia, religião, no coração, na alma e no pensamento de muitos homens ainda no mundo para que possamos superar estas dificuldades contemporâneas. Falo isto só para encerrar, pelo papel que hoje reconhecemos a questão da juventude. Falta ao mundo e, particularmente ao Brasil, políticas públicas para a juventude. Falo isto também porque reconheço o trabalho do pe. Rosalvino. Pude acompanhar a Zona Leste de São Paulo no sentido de retirar esta juventude das ruas, dar-lhes uma profissão e uma expectativa adequada de vida e de formação familiar.
Quero agradecer o trabalho que todos os senhores têm oferecido ao aperfeiçoamento neste estado e neste país. Com o comando desta Presidência, o Deputado José Carlos Stangarlini.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. José Carlos Stangarlini.
* * *
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI
- PSDB - Agradeço ao Presidente desta Casa, nobre Deputado Walter Feldman,
pela oportunidade de presidir este trabalho neste momento. Meu companheiro e
amigo, nobre Deputado Vitor Sapienza, vai fazer uso da palavra.
O SR. VITOR SAPIENZA - PPS - Sr. Presidente, autoridades eclesiásticas já citadas, meus senhores que nos honram com a sua presença, vocês irão acompanhar o depoimento de alguém que, um dia, esteve sentado no teatro do Liceu Coração de Jesus, e ouviu também a palavra de padres, bispos, autoridades.
Neste depoimento eu volto ao ano de 1943, há mais de 50 anos, um garoto, filho de classe média baixa, natural do bairro do Bom Retiro, que ingressava no Liceu Coração de Jesus juntamente com o seu irmão e por lá ele passou aproximadamente 14 anos. Relatório festivo, teatro, irmão de mesa. Naquela época São Paulo era São Paulo romântica, não era São Paulo dos dias de hoje, com bastante violência. Este garoto acompanhou as escolas profissionais, acompanhou o relatório festivo, os cartões que se recebia no dia-a-dia, jogou muito tempo futebol. Aquele garoto tem algumas recordações marcantes que o acompanham até hoje. Sem dúvida alguma, alguém, para chegar a algum lugar, deve alguns exemplos a algumas pessoas.
Pe. Avelino Canaza tinha um grave defeito na minha maneira de ver: era corinthiano fanático e este garoto era palmeirense. Lembro bem que as coisas caminhavam no Liceu Coração de Jesus a mercê da vitória ou da derrota do Corinthians. Na época, pe. Avelino Canaza, que havia sido capitão do exército brasileiro, usava uma chave, parecia que era a chave do céu. Andava pelos corredores e era sintomático: se o Corinthians havia ganhado, era só sorriso, se as coisas não estavam bem, era que alguma tinha corrido mal no Parque São Jorge.
Mas aquele garoto foi agraciado com uma bolsa de estudos de datilografia. Para os jovens, datilografia, na época, era o que é hoje a informática. Aquele garoto aproveitou a bolsa e mercê do trabalho de dia e estudo à noite, fez carreira e formou-se em Contabilidade no Liceu Coração de Jesus. Naquela época a PUC funcionava no Liceu Coração de Jesus.
Este garoto estudou Economia e com 23 anos ganhou o Prêmio Leão XIII de melhor aluno do curso. Fez concurso, passou, foi ser fiscal de rendas, depois delegado tributário da Grande São Paulo, de lá ousou disputar uma eleição, ganhou e sem dúvida alguma ganhou também mercê de ter estudado naquele colégio e naquela época o Liceu Coração de Jesus tinha aproximadamente 1.500, 1.600 alunos e aquele garoto, conforme eu havia dito, ficou por lá durante 12 ou 13 anos.
Não era só estudando, era freqüentando também o oratório, sendo congregado Mariano na Companhia de São Luís Gonzaga, aquela fita amarela e branca, grandes recordações. O garoto chegou a ser Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. O garoto, que hoje pesa 110 quilos, chegou a substituir o Governador de São Paulo. Tem algumas recordações que têm que ser transmitidas aos mais jovens. Quem conhece o Liceu Coração de Jesus sabe bem que existem umas colunas em torno do pátio. Naquela época o Estado de São Paulo tinha um interventor chamado Fernando Costa. O interventor Adhemar de Barros tinha sido cassado e Fernando Costa foi nomeado como interventor, também tinha sido ex-aluno salesiano e, se não me falha a memória, em Lins.
Fernando Costa ficou viúvo e preenchia seu tempo nos domingos dando uma volta no pátio do Liceu Coração de Jesus. Lembro-me de uma oportunidade em que um dos garotos - nesta oportunidade não era eu - foi expulso de campo porque tinha dado um pontapé ou alguma coisa e estava de castigo em torno de uma coluna. Fernando Costa passou e disse a ele: “O que você está fazendo aí?”, “Estou descansando”, “Está descansando coisa alguma. Eu também já fiquei em coluna de castigo. Você deve ter dado um pontapé em alguém.” E este deputado estava ao lado olhando aquilo.
Não quero me alongar muito, quero citar três casos que me marcaram e muito. O primeiro foi esse que citei do Fernando Costa.
O segundo, tive a oportunidade, nos momentos que antecedia esta sessão, de conversar com alguns bispos, alguns padres, no salão nobre. Lembrava, 6h45 da manhã, aula de Educação Física, garoto, Vitor Sapienza corria em torno do pátio. Para se ter uma idéia, tínhamos cinco aulas, entrávamos às 6h45 da manhã e saíamos às 12h20. O garoto corria com um amigo cujo nome gravei até hoje - Lasmir Ribeiro Cavalcanti, disse o seguinte: “se você passar por mim eu passo o pé”. Eu passei, ele passou o pé, caí de boca, todo esfolado - naquela época o Liceu Coração de Jesus era tudo de terra, hoje é tudo cimentado. Como qualquer garoto, levantei e dei um murro no rosto do garoto e o professor Edmur, naquele fatídico momento, olhou, e tirou os dois do grupo e fomos encaminhados para o padre conselheiro, que no caso era o pe. Avelino Canaza, que me olhou, pediu a caderneta do Lasmir, falou que ele estava suspenso por três dias. Eu pensei que iria pegar três dias também, vou chegar em casa e levar uma bronca do meu pai, mas é regra do jogo,
“O que vou fazer?” Já preocupado, pe. Avelino Canaza, disse o seguinte: “O senhor pode voltar para sua sala. Eu tinha terminado de rezar a missa do oratório, na parte superior, estava olhando para o pátio, quando o vi passar o pé no senhor”. Eu suspirei, ia indo embora e ele falou: “Não acabei, quero deixar claro o seguinte, se o senhor não tivesse dado um murro no rosto dele seria suspenso junto com ele”.
Aquela lição eu aprendi na vida, mesmo porque na política procuro seguir o ensinamento de Cristo. Se levo uma bofetada, viro, talvez esperando a segunda, mas se a segunda vier, nem Cristo ficaria imune, também reagiria. Sem dúvida alguma, este ensinamento salesiano foi muito importante para mim na vida e na política. Entendo que temos que ser social, tem que conviver, porém não temos que engolir certos desaforos que são feitos.
Finalmente, mencionei a gratidão, entendo que é uma das virtudes que, infelizmente, foi esquecida nos dias de hoje. Procuro, dentro do possível, manifestar minha gratidão por aquela bolsa recebida, por aquele ensinamento recebido, pelo sentido de organização que os salesianos me deram naqueles momentos de futebol, de formação religiosa, procurando sempre fazer o bem, na base, na semente que foi plantada na escola profissional porque entendo que uma das saídas deste país é a profissionalização.
Não adianta globalizar, temos que ser competentes. Procuro, dentro das minhas limitações, associado com o grande mestre, pe. José Alvino, fazer alguma coisa pela Zona Leste. Entendo que uma das saídas é um apoio à Igreja, à forma com que são conduzidos os problemas pelo pe. José Alvino, pelos salesianos. Entendo que a oração é básica, mas entendo que a ação complementa a oração.
Não posso também deixar, neste momento, de exaltar a figura do Stangarlini, um homem que representa os carismáticos, que vem aqui com exemplo, dedicação, mostrando que é possível conciliar política com religião e religião com política.
Entendemos que hoje existe um desgaste muito grande na política e, infelizmente, este desgaste é fruto da omissão dos bons, omissão que não foi característica de Dom Bosco e sua mãezinha Margarida, que saiu a campo enfrentando malfeitores, oposição, o pessoal que combatia a Igreja Católica. Stangarlini, no momento que estamos vivendo, dá exemplo de vivência e cristianismo que falta a este país.
Quero terminar desejando aos salesianos, que foram tão pródigos em dar ensinamentos a este humildo deputado, que continuem dando lições de vivência cristã e católica para este país.
Parabéns, salesianos. Parabéns, Stangarlini.
Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Nobre Deputado Vitor Sapienza, eu é que agradeço a saudação que V. Exa. fez aos nossos amigos salesianos e a mim. Queria, realmente, dar um abraço carinhoso, sabendo que o Deputado Vitor Sapienza foi um salesiano na sua adolescência. Apressei a programação para dar a palavra ao nosso colega e amigo, Deputado Vitor Sapienza, porque ele tem que fazer uma viagem para fora de São Paulo.
Quero fazer uma saudação a todos os representantes da Inspetoria Salesiana de São Paulo e do Liceu Sagrado Coração de Jesus que prestigiam esta Sessão Solene, que foi convocada pelo presidente da Assembléia atendendo solicitação deste deputado.
Faço referência também, saúdo S. Revma. d. Fernando Legal, bispo da Diocese de São Miguel; S. Revma. d. Irineu Danelon, bispo da Diocese de Lins; Revmo. pe. Nivaldo Luis Pessinatti, provincial dos Salesianos; Revmo. pe. Mário Quilici, vice-provincial dos salesianos; Sra. Margarida Maria Moreira, Procuradora do DER; Revmo. pe. Fausto Santa Catarina, professor e literato da Ordem Salesiana; Revmo. pe. Aílton Antônio dos Santos, diretor do Liceu Coração de Jesus; Revmo. pe. Milton Rezende, diretor do Centro Unisau de Lorena; Revmo. pe. Justo Ernesto Piccinini, diretor da obra social do Bom Retiro; Sr. dr. Sérgio Roberto Monello, advogado e ex-aluno do Liceu Coração de Jesus; irmão Luís Stringari, que é quase meu irmão, ensino profissionalizante; sr. Roberto de Gênova, funcionário do Liceu Coração de Jesus; Sr. Norival do Amaral, professor de Educação Física e o Revmo. pe. Dalcides Piscalpi, diretor-presidente da Editora Salesiana.
Não são todos os nomes que foram aqui passados, creio que não devam ter assinado a lista de presença, mas queria fazer uma saudação também aos meus amigos que vieram da Diocese de Franca, José Carlos de Oliveira, que é o representante, coordenador da Diocese de Franca, da Renovação Carismática Católica; a minha amiga Leninha, que veio da Diocese de Santos juntamente com Hélio Ribeiro, do Guarujá; Cristiano Paparela, da região episcopal Belém e não estou vendo o nome de outros, mas sintam-se abrigados, acolhidos em meu nome e em nome da Assembléia Legislativa.
Temos um horário para cumprir, vamos assistir agora a apresentação de dança dos alunos do Colégio Salesiano Santa Teresinha.
* * *
- É apresentada a dança. (Palmas.)
* * *
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece a participação dos alunos do Colégio Salesiano Santa Teresinha por tão bela apresentação.
Convido para fazer uso da palavra o dr. Roberto Monello,
ilustre advogado e ex-aluno do Liceu Coração de Jesus.
O SR. ROBERTO MONELLO - Exmo. Sr. Dr. Deputado Walter Feldman, digno Presidente desta Assembléia Legislativa, Exmo. Sr. Dr. Deputado José Carlos Stangarlini, Exmo. Srs. Deputados, Revmo. Sr. pe. Nivaldo Luís Pessinatti, inspetor salesiano, srs. bispos, autoridades civis eclesiásticas e militares, prezados membros da família salesiana, prezados senhores e senhoras, minha alma proclama a grandeza do Senhor, meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, toda a família salesiana aqui reunida sente viva as palavras de Maria, nossa Mãe e Mãe da Igreja, aquela que foi a inspiração e que tudo fez na vida de São João Bosco. Ao ser prestada esta homenagem à Inspetoria Salesiana de São Paulo é Dom Bosco quem está sendo homenageado pela sua fidelidade a Deus e à Igreja, e a sua criatividade na construção de um mundo melhor através de seus filhos e filhas e de sua grande família religiosa.
“Servite Domino in laetitia”. Servi ao Senhor em alegria. Este sempre foi um lema na vida de Dom Bosco e de todos os seus seguidores. Dom Bosco soube viver constante e permanentemente a graça de Deus, e com essa graça, transmitiu a todos a necessidade de viver a alegria. Toda a casa salesiana, colégios e obras sociais contagiam aqueles que dela participam pela permanente e comunicante alegria do viver.
“Da mihi animas, caetera tolle tibi”. Dai-me almas e ficai com o resto. Dom Bosco era um homem desapegado das coisas materiais. Sua vida foi sempre servir a Deus. O Espírito Santo lhe suscitou um carisma especial para que este seu carisma fosse partilhado na Igreja em benefício do povo de Deus. E nesta missão, segundo o seu carisma, salesianos e Dom Bosco e a família salesiana vivem seu ideal formando bons cristãos e honestos cidadãos do sistema preventivo de Dom Bosco.
Segundo a espiritualidade salesiana, o Espírito Santo, a intervenção maternal de Maria, inspirou a Dom Bosco um método educativo impregnado pela caridade do bom pastor. Dom Bosco chegou a este sistema educativo pela dura experiência pastoral nos primeiros anos de sacerdote, através das suas visitas às cadeias de menores e seus contatos pastorais com a juventude marginalizada de sua época.
O pe. Egídio Viganor, ex-supervisor-geral dos salesianos, já falecido, dizia que na mente de Dom Bosco, na tradição da Sociedade de São Francisco de Sales, o sistema preventivo tende-se a identificar com o espírito salesiano. É pedagogia e ao mesmo tempo pastoral e espiritualidade. Esse sistema preventivo é, antes de tudo, um sistema educativo, isto é, pedagógico, usado na educação da juventude, contraposto a outro sistema chamado repressivo.
O sistema preventivo de Dom Bosco é fundamentado em três pilares básicos: a razão, a religião e o carinho. Esses elementos, intrínsecos entre si, ajudam a juventude e as classes populares em sua promoção integral, levando-os ao pleno exercício de sua cidadania. Esse sistema educativo leva seus destinatários a crescer na racionalidade diante dos comportamentos puramente instintivos, a crescer na amabilidade, diante de qualquer forma de agressividade, a crescer numa visão de fé diante da tentação do materialismo que os ameaça.
Disse Dom Bosco em seus escritos que a Congregação Salesiana tem pela frente um feliz porvir, preparado pela Divina Providência, e a sua glória será duradoura. Esta homenagem à Inspetoria Salesiana de São Paulo é um estímulo à família salesiana para responder com fidelidade as palavras de Dom Bosco.
Muitos jovens puderam, ao longo destes últimos dois séculos, usufruir da paternidade espiritual dos salesianos de Dom Bosco para serem efetivamente homens e mulheres de bem, cidadãos do reino. Eu mesmo posso ser testemunha do bem que o sistema educativo de Dom Bosco me proporcionou. Sou membro da família salesiana, do segmento leigo constituído pelos cooperadores salesianos. Comecei minha vida salesiana no ano de 1950, no oratório festivo do Liceu Coração de Jesus.
Fui aluno das escolas profissionais do Liceu Coração de Jesus, onde pude receber ensinamentos de alfaiataria e encadernação. Vivi todo o processo de minha educação como adolescente dentro das casas salesianas. Como cooperador salesiano pude ocupar por nove anos a função de consultor mundial dos cooperadores salesianos em Roma, representando o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e Angola, período em que pude constatar o bem praticado pelos salesianos de Dom Bosco em prol da juventude pobre e carente em vários países de vários continentes. Fui coordenador inspetorial dos cooperadores salesianos de São Paulo, presidente dos ex-alunos do Liceu Coração de Jesus e exerci também a presidência nacional dos ex-alunos salesianos.
Com a formação e a capacitação profissional recebida nos ambientes salesianos pude exercer a função de contabilista e advogado da Inspetoria Salesiana de São Paulo e das demais instituições a ela integradas e ainda viver a minha vocação no magistério como professor do Liceu Coração de Jesus, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e no Ginásio Nossa Senhora do Loreto. Com esta formação coordeno os cursos de Administração, Contabilidade, Direito, Economia da Conferência dos Religiosos do Brasil Regional São Paulo.
Como pessoa de origem simples e pobre, somente posso dizer graças a Deus pelo dia em que entrei em uma das casas de Dom Bosco. Como minha pessoa, muitas outras pessoas puderam também galgar posições na sociedade e melhor servir o País. Tudo que sou e tudo que realizei devo à sólida formação recebida de meus educadores salesianos. A eles, minha permanente gratidão e oração. Quantos dons bons eu e todos aqueles que viveram nas instituições salesianas tivemos a honra de poder com eles conviver e saborear de seus sábios ensinamentos e testemunhos.
Quero destacar o nome de alguns salesianos como expressão da minha gratidão. Acredito de todos os ex-alunos e cooperadores salesianos a todos os salesianos. Quero através dos salesianos que mencionarei homenagear nesta efeméride Dom Bosco, agradecer a Deus o dom dado ao mundo na pessoa de Dom Bosco. Cito apenas alguns salesianos vivos e mortos entre os muitos com os quais tive a honra de conviver e deles receber o pão da formação, da amizade, da cultura, da bondade entre outros: pe. Mário Quilici aqui presente, pe. Romano, pe. Pazini, pe. Beloc, pe. Misson, pe. Marcondes, pe. Melo, pe. Anderson, pe. Perini, pe. Leci, d. Legal, d. Pavanelo, d. Ladislau, d. Antônio Barbosa, d. Bonifácio Piccinini, d. Walter Bili, d. Walter Ivan, d. Irineu Dalenon, pe. Bruno Ricco, pe. Stringari, pe. Pedro Padre, pe. Casasnovas, pe. Gastão, pe. Hugo Guarnieri, pe. Irã, pe. Jonas Abib, pe. Alcides, pe. José Orlando, pe. Giacotto, pe. Gerotto, pe. Ecetino, pe. Guedes, pe. Juvenal, irmão Bortolotti, João, Gióia, Francisco de Assis e muitos outros abnegados salesianos que eu levaria horas para mencionar.
Assim, caros amigos e amigas, Srs. Deputados, autoridades civis e militares aqui presentes, como salesiano de Dom Bosco, ou como membro da família salesiana, temos a herança apostólica de levar adiante, neste mundo turbulento, a alegria do viver e a prática da justiça segundo o carisma salesiano e a ser dada a cada um de nós permanentemente caminhado, Dom Bosco que caminha. Viva a Inspetoria Salesiana de São Paulo, viva a Dom Bosco. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Após a brilhante alocução que acabamos de ouvir, convido o Coral Canarinho Salesiano do Liceu Coração de Jesus para apresentarem o Hino a Dom Bosco. Antes, porém, quero registrar a presença do Exmo. Sr. Melo Rodolfo, Deputado Federal. Registro também a presença do Suplente de Vereador de São Paulo, Manoel Santos e pe. Rosalvino, que está no meio de nós.
* * *
- É apresentado o Hino a Dom Bosco, pelo Coral Canarinhos do Liceu Coração de Jesus.
* * *
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos o Coral Canarinhos Salesianos do Liceu Coração de Jesus pela brilhante apresentação.
Queremos registrar também a presença de João Póvoa, Presidente dos Ex-alunos Santa Teresinha e também de todos os diretores das 23 obras salesianas do Estado de São Paulo, acompanhados de professores e alunos. Registro também a presença do Deputado Estadual Cicero de Freitas.
Convido para fazer uso da palavra o pe. Justo Ernesto
Piccinini, diretor da Obra Social do Bom Retiro.
O SR. JUSTO ERNESTO PICCININI - Exmo. Sr. Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Deputado Walter Feldman, Exmo. Sr. Deputado José Carlos Stangarlini, por meio do qual saúdo todos os deputados e autoridades civis aqui presentes. Exmo. Revmo. Sr. pe. Nivaldo Luís Pessinatti, por meio do qual saúdo todas as autoridades religiosas que estão aqui, querido tio Luís, em nome de quem saúdo todos os homenageados e amigos que aqui vieram, quando a gente ama, é claro que a gente cuida, diz a letra de uma bela canção do Peninha.
Esta também foi a preocupação de Dom Bosco, que empenhou sua vida em amar e cuidar das crianças e jovens abandonados. O amor se expressa em obras, atitudes e compromissos, e foi repleto deste amor pelos jovens que Dom Bosco construiu imensas obras, tomou atitudes completas em benefício de jovens e comprometeu toda a sua vida nesta causa.
Os salesianos de Dom Bosco somam no mundo quase 18 mil membros, juntamente com mais 17 mil filhas de Maria Auxiliadora. Milhares são os alunos das obras dos cooperadores e simpatizantes, ex-alunos, colaboradores, membros da família salesiana, espalhados pelo mundo todo.
Dom Bosco sonhou com um vasto movimento de pessoas envolvidas na educação, empenhados em fazer os jovens crescerem com projetos de vida, com sonhos a serem conquistados e construídos e com a certeza de serem os construtores de um mundo melhor. É com este vasto movimento de pessoas envolvidas nesta missão tão sublime que se desenvolve todo o trabalho da Inspetoria Salesiana de São Paulo.
Olhando para o passado, encontramos em Dom Bosco o exemplo e a força para continuarmos a nossa missão um tanto mais exigente e desafiadora nos dias de hoje. Dom Bosco tem uma resposta para o problema social de seu tempo, milhares de crianças e jovens abandonados e desprotegidos dos seus direitos fundamentais encontram na sua proposta uma resposta para os seus problemas e para suas dificuldades. Vêem em Dom Bosco um pai que os acolhe e os encaminha para a vida. Nós, da Inspetoria Salesiana de São Paulo, continuamos esta missão tão bela que Dom Bosco nos confiou. Todas as nossas obras sociais são uma resposta concreta e expressiva do nosso envolvimento com a vida e a família de milhares de crianças e jovens que estão cada vez mais à margem da nossa sociedade.
Qual é a resposta que apresentamos à sociedade? Como Inspetoria Salesiana de São Paulo, empenhamos para responder aos desafios de hoje de quatro maneiras distintas. Primeiro: profissionalização. Qualificamos cerca de 6.500 jovens para que possam através da formação recebida enfrentar o primeiro emprego e gerar o seu próprio sustento. Não nos preocupamos somente com a parte técnica, mas também com a parte humana, tão necessária e escassa no mercado atual de trabalho, gerando assim um profissional diferenciado.
Segundo: espaço de convivência e de socialização. Esse atendimento, queridos irmãos, engloba uma série de atividades voltadas para o desenvolvimento da criança e do adolescente. Temos os espaços jovens que atendem diariamente quatro mil e 500 crianças e adolescentes. Os oratórios acolhem cinco mil e 448 crianças e jovens. Para uma formação especificamente religiosa temos a catequese nas paróquias e comunidades, que acolhem mais de sete mil e 590 crianças, adolescentes e jovens. Diante da situação de tantas mães que enfrentam o trabalho do dia-a-dia para o sustento da própria família e não têm com quem deixar os próprios filhos, temos as creches, que atendem mil crianças de zero a sete anos.
Terceiro ponto: o atendimento à criança e adolescente em situação de risco. Como inspetoria, procuramos oferecer um trabalho baseado no amor às crianças e jovens envolvidos em atos infracionais, vítimas de maus-tratos, abusos sexuais, drogas e abuso de poder. Atendemos em casas de convivência, em casas-abrigo, em casas de tratamento de drogas mais de 320 adolescentes e jovens. Como experiência pioneira no Estado de São Paulo, temos em São Carlos o NAI - Núcleo de Atendimento Integrado, que é uma resposta concreta à aplicação das medidas socioeducativas de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente e que realmente dá resultados. Numa sociedade cada vez mais voltada para o consumismo e para o pensar só em si, a Inspetoria Salesiana de São Paulo volta-se uma vez mais para atender os excluídos dos excluídos, que são os moradores de rua. Constróem o Abrigo Dom Bosco e acolhe 60 pessoas, oferecendo-lhes refeição e um espaço físico para que se sintam gente. Em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo atende mil pessoas diariamente com almoço por um real.
Quarto ponto: atendimento às famílias. Temos, nas diversas cidades em que atuamos e trabalhamos, os atendimentos às famílias, sendo, em cada uma delas, um centro de promoção humana e um espaço de formação e crescimento para as pessoas. Além de possibilitarmos uma assessoria jurídica, realizamos encaminhamentos sociais e orientação jurídica, realizamos encaminhamentos sociais e orientação psicológica, quando necessário. Dentre todo o atendimento, temos as famílias mais necessitadas que recebem uma cesta básica, todo mês. São distribuídas, por ano, mais de 20 mil cestas.
Além
desse atendimento social, a inspetoria salesiana de São Paulo mantém nove
colégios com educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e técnico,
atendendo um total de 15 mil e 634 alunos.
Em
continuidade ao processo educativo, temos o 3º grau distribuído em cinco
centros universitários, com atendimento de seis mil e 772 alunos.
Há
ainda, de nossa parte, a preocupação com os que não tiveram a chance do acesso
à escola, com o curso de alfabetização para adultos e supletivo para mais de
500 pessoas.
Além
das obras sociais e dos colégios, temos o atendimento a milhares e milhares de
pessoas em 15 paróquias e diversas capelanias e comunidades.
É
realmente a realização do sonho de Dom Bosco. É um vasto movimento de pessoas.
Com
todos esses atendimentos, a inspetoria salesiana de São Paulo quer mostrar à
sociedade a sua parcela de contribuição para a construção de um mundo melhor.
A
história, queridos irmãos e irmãs, é dinâmica e não podemos parar no tempo.
Temos que nos lançar cada vez mais a sermos ousados em propor para a sociedade
em que vivemos respostas para os desafios.
Fica
aqui o convite a todos para nos unirmos na busca de soluções e na realização de
um trabalho verdadeiramente eficaz e que gere vida e gosto de viver.
Quero
registrar aqui a gratidão aos colaboradores dos mais variados projetos e obras.
Sem eles o trabalho não teria a grandeza que tem e não produziria os frutos que
produz.
Quero
também agradecer a todos os poderes públicos, nossos parceiros nessa missão.
Embora
pareça tão distante, queridos irmãos e irmãs, o sonho de Dom Bosco continua
real e presente em nossos dias e em nossos trabalhos. Dom Bosco sonhou e viu
seu sonho se realizando. Cada um de nós, padres, irmãos, educadores,
professores, funcionários, operadores, alunos e ex-alunos, possamos fazer
acontecer o sonho de um mundo melhor para todos. Que os nossos olhos se voltem
para a realidade dos sofridos. Que os nossos corações se apaixonem por essa
missão. Que nossas mãos partam para a ação e que todo o nosso ser se comprometa
para que todos tenham vida. Assim como Dom Bosco possamos dizer até meu último
suspiro será para os meus jovens, basta que sejais jovens para que eu vos ame.
Deus abençoe a todos.
Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ
CARLOS STANGARLINI - PSDB - Após ouvirmos o Padre Justo Ernesto Piccinini, convido o Coral Canarinho
Salesiano, do Liceu Coração de Jesus, para mais uma apresentação musical, com o
número “O Uirapuru”.
Registramos
também a presença de filhas de Maria Auxiliadora, irmã salesiana e a provincial
irmã Célia, vice-provincial irmã Lúcia, fundadas também por Dom Bosco.
* *
*
- É feita a apresentação musical. (Palmas.)
* *
*
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ
CARLOS STANGARLINI - PSDB - Agradecemos mais uma vez o Coral Canarinho Salesiano do Liceu Coração
de Jesus. Convido para fazer uso da palavra o Padre Nivaldo Luís Pessinatti,
provincial dos salesianos.
O SR. NIVALDO LUÍS PETINATTI
- Exmo. Sr
Deputado José Carlos Stangarlini, na pessoa dele quero saudar a todos os demais
deputados, especialmente nosso amigo Nelo Rodolfo, nosso querido ex-aluno, hoje
deputado Federal, d. Fernando Legal, d. Irineu, queridos amigos, irmãos e irmãs
dessa grande família de Dom Bosco, dentro da qual nos sentimos tão
confortavelmente bem.
A
primeira palavra nesse momento, como representante de todos os salesianos da
nossa inspetoria, é naturalmente de agradecimento, de gratidão. Agradeço a
iniciativa desse nosso querido irmão, batalhador, amigo de fé, o Deputado José
Carlos, que na sua existência de fé e formação, procura agora, como político,
dar continuidade a esse apostolado, a esse ministério de batizado que assumiu,
conscientemente, e hoje na militância política, procura ser esse sinal
inconfundível e claro da presença de Deus nesses ambientes e nesses espaços.
Agradecemos a sua gentileza, a sua intuição e a condução desse projeto de
homenagear, sobremaneira, as congregações religiosas que estão gastando seu
tempo, sua energia e seus sonhos na educação.
Já
foram homenageados os Agostinianos, por uma questão de precedência, porque ele
como ex-aluno agostiniano naturalmente não poderia deixar de fazer a sua
homenagem. Mas nós nos sentimos rapidamente privilegiados porque logo em
seguida fomos lembrados. Então, o nosso carinho, a nossa gratidão à esta Casa
que faz esta homenagem.
Agradecemos
a todos aqueles que de uma forma ou de outra acreditaram e acreditam na nossa
proposta pedagógica e social, enfim, no nosso projeto salesiano.
Agradecemos
a todos os colaboradores do passado e do presente que dividem com os salesianos
consagrados, muito bem representados aqui pelos salesianos, padres e irmãos,
que conosco dividem essa responsabilidade da condução desse grande projeto
educativo.
Cada
colaborador, cada cooperador, cada amigo e amiga, alunos presentes, sintam-se
neste momento carinhosamente abraçados e agradecidos por nós salesianos, que
recebemos de Dom Bosco esta alegre missão de sermos os animadores do carisma
nesse mundo.
Juntamente
com este sentimento de gratidão a todas as pessoas, em primeiro lugar a Deus e
ao próprio Dom Bosco, quero aproveitar para expressar alguns sentimentos que
naturalmente brotam em tanta gente e que hoje tenho a oportunidade de ser
porta-voz.
Se
pudéssemos neste momento ter aqui presente Dom Bosco, aquele sacerdote
diocesano, que viveu todos os conflitos e as contradições de uma sociedade
pré-industrial que se organizava e que politicamente tinha todas as suas
decorrências, certamente ele viria coroado dos seus sonhos. Ele dizia que os
salesianos não devem fazer política, no sentido partidário. Mas, ele foi um
homem de grande incidência política. Tinha livre acesso, pela moral do seu
trabalho, a todos os âmbitos políticos. Por isso que neste momento, neste
ambiente tão significativo para o nosso Estado de São Paulo, sinto-me muito
feliz por estar representando, mesmo que indignamente, Dom Bosco, e sentir nesta
homenagem um reconhecimento a este sonho que ele teve. Referimo-nos ao sonho
dos nove anos, um sonho assim paradigmático, mas Dom Bosco viveu a vida inteira
sonhando. E um deles certamente foi de ver que os seus filhos estivessem em
íntima conexão e parceria com todas as agências da sociedade que procuram fazer
o bem para os jovens.
Neste
momento, há um sentimento gostoso, de realização, de sermos os protagonistas da
realização do sonho de Dom Bosco, almejado e acalentado há tanto tempo e que
hoje certamente esta sessão pode ser um forte sinal.
Outro
sentimento é revelar e expressar o que simbolicamente este momento nos diz.
Vivemos numa sociedade marcada pelo individualismo e que globalizou tanto a
economia que se esqueceu de globalizar os sonhos das pessoas, seus sentimentos,
suas aspirações e a felicidade. Esse certamente é o grande desafio que todas as
outras agências, não-econômicas, e elas também deveriam ter essa preocupação.
Nesta
manhã, queremos entender esse sinal que está sendo dado e explicitar o
significado simbólico deste encontro em que uma congregação religiosa tão
significativa no universo das congregações no mundo, que tem como grande
projeto militar, trabalhar e brigar junto às instâncias educativas, com o poder
público, com esta Assembléia, com esse
ambiente. Queremos expressar
o sinal que queremos dar para o mundo, que é da grande parceria. Ninguém faz
nada sozinho. Por isso que, enquanto agradecemos, queremos revelar para todos,
neste ambiente, a importância de estarmos somando numa sociedade tão complexa.
Como é importante que cada segmento seja o mais autêntico colaborador para que
aconteça.
Agradeço
a Deus e aos promotores deste momento.
Para
encerrar, preparamos um grupinho de imagens de cinco minutos, que iremos
apresentar no vídeo, que quer ser um grito de esperança, um sinal de
agradecimento, e de felicidade por termos Dom Bosco como pai.
Muito
obrigado. (Palmas.)
* *
*
-
É
feita a apresentação em vídeo.
* *
*
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ
CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece ao Padre Nivaldo Luís Pessinatti pela
locução e também pela apresentação desses slides.
Convido
mais uma vez o coral Canarinho Salesiano do Liceu Coração de Jesus para mais
uma apresentação, agora com a música “Panis Angelicus”.
* *
*
-
É
feita a apresentação musical. (Palmas.)
* *
*
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ
CARLOS STANGARLINI - PSDB - Esta Presidência agradece e parabeniza ao coral Canarinho Salesiano
do Liceu Coração de Jesus, que completa 45 anos e que conta com 25
participantes.
Ouviremos
agora d. Irineu, que também quer homenagear os salesianos.
O SR. IRINEU DANELON - Minha saudação a todos os
presentes e um agradecimento especial a esta oportunidade. Quero dizer que
também devo a minha vida aos salesianos. Era aluno de uma escola comum em
Piracicaba, que foi emprestada aos salesianos. Deram-me uma bolsa de estudo e,
daí por diante, fui seguindo as esteiras dos salesianos e impregnando-me do seu
espírito, até que um dia o saudoso Padre Pedro Baron me convidou para ser
seminarista. Depois fui inspetor salesiano e também bispo salesiano.
Gostaria
de trazer aqui uma outra faceta que talvez poucos tenham experimentado porque
são poucos os bispos salesianos, mas também significativa sua presença no
mundo. No dia 24 de maio, fomos convidados pelo reitor-mor dos salesianos para
concelebrarmos no Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, em Turim, onde tudo
começou. D. Fernando estava lá também. Éramos 84 bispos salesianos e cinco
cardeais. Todos eles servindo à Igreja com espírito de Dom Bosco. Estivemos
reunidos por três dias tentando responder à pergunta: qual seria a contribuição
especial que os bispos salesianos têm a dar à Igreja, como exercer o episcopado
com carisma salesiano? Foi muito interessante ouvir o depoimento de todos esses
que estão servindo à igreja em territórios muito difíceis, muitas periferias,
muitas regiões missionárias, e quase sempre o núncio apostólico entrega uma
diocese difícil, onde Dom Bosco nos acompanha com seu carisma. Não que tenhamos
muito êxito, mas já existe um bispo salesiano santo, elevado aos altares. Um
mártir também lá na China, isso significa que pode ser santo também como
salesiano. Digo isso para colocar em destaque uma das preocupações de Dom
Bosco, que consiste em não apenas atender às urgências dos menores carentes,
mas conduzi-los à plenitude da vida. Dom Bosco não se preocupava apenas em
profissionalizar, em dar calçados ou diplomas. A sua preocupação era
simplesmente conduzir às alturas da santidade. Uma escola de santidade. O
menino mais jovem, mais santo é São Domingos Sávio, que serviu de modelo para
tantas gerações.
Quero
dizer também que nasceu do meu coração, impregnado do espírito salesiano, uma
articulação nacional em favor dos dependentes químicos. Por isso, tivemos neste
ano a Campanha da Fraternidade “Vida sim. Drogas não”. Se eu não fosse
salesiano talvez não tivesse tido essa inspiração. Em conseqüência dessa
campanha surgiu agora a Pastoral da Sobriedade, que é uma tentativa de
articular todas as forças vivas para libertar aqueles que estão dependentes
químicos e também não só para socorrê-los, mas para guiá-los à santidade.
Também
nesse ano internacional dos voluntários, gostaria de destacar a presença dos
voluntários numerosos, que também tive a inspiração de fundar e que é uma
herança que deixei para a inspetoria salesiana, fonte de pessoas que
desenvolvem a sua doação total em favor dos mais carentes e necessitados.
Neste
momento, vejo aqui de cima uma visão belíssima, mas coloco em destaque a pessoa
de um barbudo. Quem será o mais barbudo aqui? Olhem para trás, se vocês
puderem. Fique em pé padre Hilário! (Palmas) Tive a alegria de ver a sombra
dessa barba e de estar com ele em Angola. Ele trabalhou muito tempo nas missões
de Angola, na África, e percebemos que também lá a nossa inspetoria plantou a
sua semente e se desenvolveu numa árvore fecunda.
Agora
gostaria que vocês olhassem para dois japoneses aqui presentes, padre Tetuo e
padre Evaristo Higa. Padre Tetuo, ex-aluno do Liceu Coração de Jesus, que lá
prolonga, no Jardim Nordeste, aquela ação que já foi bastante badalada aqui na
pessoa do padre Rosalvino. Aliás, o padre Rosalvino deveria estar aqui na
frente, mas ele já recebeu tantas condecorações que dispensa mais uma. Ele está
cedendo lugar para outros.
O
padre Evaristo Higa está desenvolvendo o apostolado no Japão, acompanhando os
brasileiros japoneses com o espírito e carinho salesiano. Lá, onde estourou a
bomba atômica, também estoura essa explosão do amor salesiano.
Lá
em cima estou vendo também a irmã Maria dos Bichos. Faça o favor de se levantar
irmã! (Palmas) Essa irmã salesiana é, digamos assim, a edição feminina do padre
Rosalvino. Sempre trabalhando, eu digo irmã Maria dos Bichos porque ela se
especializou em fazer esses bichinhos de pelúcia, com os quais, carinhosamente,
presenteia a todos nós.
Aqui
estão também as irmãs salesianas, a provincial nova, que gostaríamos de
destacar. Onde está a provincial nova? Façam o favor, a antiga e a nova. Façam
o favor, irmã Célia e a nova irmã Lúcia. (Palmas.) É impossível falar da família
salesiana sem a presença das irmãs porque elas trabalham conosco lado a lado,
representando essa dimensão feminina do amor de Deus junto daqueles que são
preteridos, fazendo desses nossos preferidos.
Deus
abençoe a todos e a você José Carlos, que teve essa idéia maravilhosa, também
pela vitória do ensino religioso. Tive a alegria de ser o bispo responsável
pelo ensino religioso em todo o Brasil e chorava porque em São Paulo nada havia
conseguido. Mas essa vitória se deve a você. Depois vamos nos reunir com d.
Fernando para conversar um pouco mais para ver se no ano que vem começamos logo
isso tudo, porque são milhares de pessoas carentes de uma formação religiosa
que produz o amor e a paz.
Deus
abençoe a todos. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE - JOSÉ
CARLOS STANGARLINI - PSDB - Foi uma honra muito grande para nós termos esses dois bispos
salesianos do Estado de São Paulo aqui na nossa homenagem a Dom Bosco.
Homenagearemos
agora algumas personalidades da inspetoria salesiana de São Paulo e da
Sociedade São Francisco de Sales, entregando-lhes diploma e vocativo desta
cerimônia:
Em
primeiro lugar queremos entregar diploma e vocativo a d. Fernando Legal, bispo
da Diocese de São Miguel Paulista. (Palmas.)
A
d. Irineu Danelon, bispo da Diocese de Lins. (Palmas.)
Ao
padre Nivaldo Luís Pessinatti, provincial dos salesianos. (Palmas.)
Ao
padre Mário Quilici, vice-provincial dos salesianos. (Palmas.)
Ao
padre Aílton Antônio dos Santos, diretor do Liceu Coração de Jesus. (Palmas.)
Ao
padre Antônio Lages de Magalhães, professor e fundador da Faculdade de Lorena,
que está ausente, mas o diploma será entregue ao Sr. Milton Braga de Rezende.
(Palmas.)
Ao
professor Norival do Amaral. (Palmas.)
Ao
padre Justo Ernesto Peccinini, diretor da obra social do Bom Retiro. (Palmas.)
Ao
padre Fausto Santa Catarina, professor e literato da ordem salesiana. (Palmas.)
Ao
irmão Luís Stringari. (Palmas.)
Ao
dr. Sérgio Roberto Monello, advogado e ex-aluno do Liceu Coração de Jesus.
(Palmas.)
Ao
sr. Roberto de Gênova, funcionário do Liceu Sagrado Coração de Jesus. (Palmas.)
Em
homenagem póstuma, ao irmão João Ferreira dos Santos, fundador do coral
canarinhos do Liceu Sagrado Coração de Jesus. Quem receberá será a maestrina
Maria Novoselek. (Palmas.)
Meus
amigos, não poderia o Legislativo paulista deixar de homenagear a Sociedade São
Francisco de Sales, mais precisamente, a inspetoria salesiana de São Paulo,
pela marcante participação na formação religiosa e educacional do nosso estado.
As representações artísticas e principalmente os pronunciamentos que acabamos
de presenciar justificam a homenagem que a inspetoria salesiana de São Paulo
hoje recebe. Há 116 anos salesianos e Dom Bosco fundavam o Liceu Sagrado
Coração de Jesus, iniciando uma importante obra de evangelização. Os salesianos
chegaram a São Paulo trazendo apenas a fé, a confiança na providência divina e
a coragem, virtude sobre as quais Dom Bosco muitas vezes lhes ensinara. Quando
passo em frente a diversas obras salesianas de nossa capital, somente a fé me
convence de que homens estrangeiros e sem recursos conseguiram erguer
instituições tão grandiosas e imponentes. Uma missão inspirada no grande São
João Bosco, que com nove anos conversou com o Sr. Jesus e Nossa Senhora, um
sonho que para alguns pode parecer simples, sem significado, mas para nós que
cremos, o sonho de Dom Bosco é mais do que um sinal divino, é a certeza de que
muito podemos fazer pelo reino dos céus aqui na terra.
Nas
dificuldades Dom Bosco tudo pedia para Nossa Senhora Auxiliadora. Sua história
nos relata diversos milagres, muito mais do que a multiplicação das nozes e
castanhas ou dos pães, como o Nosso Senhor Jesus Cristo o fez. Mas a
multiplicação das hóstias consagradas no ano de 1854. A Divina Providência nos
há de ajudar, frase que muitas vezes foi repetida por dom Bosco e seus
salesianos. Não podemos esquecer ainda o grande amor aos jovens, uma das
principais lições de Dom Bosco. Disse o santo: por vocês jovens eu estudo,
trabalho, por vocês vivo, por vocês estou disposto até a dar a vida. Um amor e
carinho sem igual de alguém que sabia que para mudar o mundo era necessário
educar a juventude. Quando lhe perguntavam como fazia para educá-los, com o seu
jeito simples contraia os ombros e dizia: não sei, simplesmente lhes quero bem.
Antes
de encerrar, gostaria aqui, como já foi dito pelo Presidente da Assembléia, de
mencionar a vitória da nossa Igreja (Palmas.), que poucos sabem da dificuldade
que tivemos (Palmas.) Desculpem-me, mas d. Irineu e d. Fernando presenciaram o
quanto nós tivemos de dificuldade para aprovar o ensino religioso nas escolas
estaduais. (Palmas.)
Encerro,
lembrando um dos mais importantes ensinamentos de Dom Bosco: “É Deus quem quer
agir e nós devemos suplicar-lhe que tenha bondade em servir-se de nós para os
seus projetos”.
Muito
obrigado a todos os presentes pela oportunidade de estarmos aqui homenageando
os salesianos e Dom Bosco e convidamos a todos para o coquetel que será servido
no café dos deputados.
Esgotado
o objeto da presente sessão, antes de encerrá-la, reitero os meus
agradecimentos aos que aqui vieram, dizendo que suas presenças abrilhantaram
essa solenidade, e convido a todos para participarem do coquetel que será
servido no café dos deputados.
Está
levantada a presente sessão.
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Encerra-se a sessão às 21 horas e 58 minutos.
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