07 DE DEZEMBRO DE 2010

026ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidente: BARROS MUNHOZ

 

 

RESUMO

ORDEM DO DIA

001 - Presidente BARROS MUNHOZ

Abre a sessão. Coloca em discussão o PL 1284/09.

 

002 - DONISETE BRAGA

Discute o PL 1284/09.

 

003 - HAMILTON PEREIRA

Discute o PL 1284/09.

 

004 - JORGE CARUSO

Solicita verificação de presença.

 

005 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental. Convoca sessão extraordinária, a realizar-se hoje, com início dez minutos após o término desta sessão.

 

006 - FAUSTO FIGUEIRA

Discute o PL 1284/09.

 

007 - FAUSTO FIGUEIRA

Solicita verificação de presença.

 

008 - Presidente BARROS MUNHOZ

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe ao constatar quorum regimental.

 

009 - RUI FALCÃO

Discute o PL 1284/09.

 

010 - GERALDO VINHOLI

Assume a Presidência.

 

011 - MARIA LÚCIA PRANDI

Discute o PL 1284/09.

 

012 - MARIA LÚCIA PRANDI

Solicita verificação de presença.

 

013 - Presidente GERALDO VINHOLI

Defere o pedido e determina que seja feita a chamada de verificação de presença.

 

014 - Presidente BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência.

 

015 - JONAS DONIZETTE

Solicita esclarecimentos regimentais quanto ao andamento desta sessão.

 

016 - Presidente BARROS MUNHOZ

Responde ao Deputado Jonas Donizette.

 

017 - JONAS DONIZETTE

Por acordo de lideranças, solicita o levantamento da sessão.

 

018 - Presidente BARROS MUNHOZ

Acolhe o pedido. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Havendo número legal, declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Com base nos termos da XIII Consolidação do Regimento Interno, e com a aquiescência dos líderes de bancadas presentes em plenário, está dispensada a leitura da Ata.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Proposição em Regime de Urgência:

- Discussão e votação - Projeto de lei nº 1284, de 2009, de autoria da Mesa. Prorroga para o exercício de 2010 os efeitos da Lei nº 12.473, de 2006, que dispõe sobre o subsídio do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado. Com3 emendas. Pareceres nºs 2608 e 2609, de 2009, respectivamente, de relatores especiais pelas Comissões de Justiça e de Finanças, favoráveis ao projeto e contrário às emendas. Parecer nº 2610, de 2009, da Mesa, contrário às emendas.

Em discussão. Para discutir a favor tem a palavra o nobre Deputado Donisete Braga.

 

O SR. DONISETE BRAGA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, servidores da Assembleia Legislativa, telespectador da TV Assembleia, quero fazer uma menção especial a esta Casa que desencadeou um processo extremamente importante de discussão acerca de algumas matérias, inclusive citando os companheiros Enio Tatto e Adriano Diogo, que representam com muita competência a nossa bancada na Comissão de Finanças e Orçamento da Casa.

A nossa bancada sempre entendeu como forma democrática de representar a população do Estado de São Paulo ouvir a sociedade na discussão de temas importantes como o Orçamento, por exemplo. Conseguimos implementar no Estado de São Paulo um processo muito importante nesse sentido: as audiências públicas, que têm como objetivo principal ouvir os prefeitos, os vereadores, a sociedade civil para num processo de igualdade reconhecer as dificuldades existentes de cada região. Faço questão de trazer essa preocupação porque avançamos muito nas audiências públicas, com grande participação da sociedade nas questões importantes de cada região.

Quando as regiões se organizam e apresentam os problemas na perspectiva de buscar soluções regionais, facilita sobremaneira você estabelecer um processo de discussão do Orçamento. Sei do empenho da bancada de sustentação do Governo em relação a esse tema porque mais do que representar aqui os 645 municípios queremos dizer de uma vez por todas da importância deste debate da peça orçamentária para recuperar perdas especialmente dos servidores do Estado de São Paulo em temas relacionados à Educação, por exemplo.

O PSDB não tem uma política de reposição salarial para os professores da rede pública estadual. Parlamentares das várias bancadas apresentaram muitas emendas no sentido de mais investimentos para a Educação. Quantas emendas foram apresentadas por este Parlamento com relação à Segurança Pública. O Estado de São Paulo paga o segundo pior salário para os nossos policiais militares e civis. Queremos cobrar não só deste Governo - que termina seu mandato agora em dezembro - mas do próximo governador - que toma posse no dia 1º de janeiro - a discussão de uma política salarial efetiva para os policiais do nosso Estado. Também devemos reconhecer a importância da questão do Judiciário. Quantas propostas estão tramitando nesta Casa, quantas demandas que se apresentam do Tribunal de Justiça no sentido de fortalecer uma política condizente com o Judiciário. O mesmo com relação à questão da criança e do adolescente. O Estado de São Paulo deve muito nessa área. Ainda não temos políticas afirmativas para essa questão da criança e do adolescente. Estes temas merecerão um grande debate quando da discussão do Orçamento e não tenho dúvida de que este mecanismo que introduzimos na Assembleia Legislativa através da Comissão de Finanças e das audiências públicas garante uma representação efetiva da sociedade civil.

O Orçamento para o exercício de 2011 é de 140 bilhões de reais. Moramos no Estado mais importante da Federação e é fundamental fortalecermos políticas de investimento. Esperamos que este ano o relator do Orçamento Deputado Bruno Covas tenha sensibilidade na análise das emendas apresentadas pelos parlamentares desta Casa, que têm como objetivo garantir a representação dos municípios, que demandam de muitos investimentos. Este é um tema que não poderia deixar de mencionar. Faço este registro porque sei que todos os 94 deputados apresentaram emendas importantes ao Orçamento. Quero inclusive fazer um importante paralelo.

No Pequeno Expediente eu falava da importância de como o Presidente Lula tem estabelecido a discussão dessas políticas públicas com os 26 governadores e com o Distrito Federal. Ontem mesmo o Presidente Lula discutia com os prefeitos a oficialização da segunda fase do PAC-2, que com certeza a nossa Presidente eleita Dilma Rousseff dará sequência a partir de 1º de janeiro. Entendemos que assim você fortalece investimentos em infraestrutura, garante investimentos para os governadores de estado e prefeitos. Essa política que cobramos do PSDB, que lamentavelmente não é praticada. A nossa Assembleia Legislativa não é respeitada porque, infelizmente, não existe por parte do governo esse entendimento da representação dos 645 municípios.

Esse modelo que o Presidente Lula tem desencadeado é muito bem sucedido, não tem tido qualquer processo de discriminação quando o presidente Lula discute o Orçamento da União, quando convoca governadores e os prefeitos para discutir as principais políticas de investimentos do nosso país. Entendemos que os governantes, quando estabelecem diálogo com o parlamento, quando estabelecem o diálogo com os prefeitos, para discutir esse instrumento que qualifico como o mais importante de discussão, seja numa câmara municipal, seja nas assembleias legislativas ou até mesmo no Congresso Nacional a questão do Orçamento de cada ente federativo. Queremos trabalhar nessa perspectiva.

Será possível, um dia, termos no Estado de São Paulo uma política democrática de discussão da peça orçamentária para garantirmos os investimentos para cada região. Moro no ABC, em Mauá, sei da riqueza que o Grande ABC produz para todo o Estado de São Paulo e para todas as regiões, e nem sempre há o reconhecimento do governo do estado nos investimentos para a região do ABC, para a região da Baixada Santista, para a região de Campinas, de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Queremos cobrar uma política mais efetiva. Temos, hoje, uma demanda importante da região do ABC, por exemplo, que é a instalação de um novo hospital estadual regional. Temos o Hospital Mário Covas, em Santo André, e o Serraria. São apenas dois hospitais regionais para atender a quase dois milhões e meio de habitantes. Isso é muito pouco para a região do ABC. Diante disso apresentamos uma emenda de 20 milhões para a implantação do Hospital Estadual Regional para atender Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, uma iniciativa que apresentamos para debate nesta Casa. É uma bandeira de luta que estamos perseguindo na região do ABC, como sei que os colegas parlamentares têm muitas demandas de outras regiões.

Queremos fazer esse debate neste momento para sensibilizar o governo do estado e termos uma política efetiva de investimento em uma área tão importante como a da saúde. Sei das dificuldades que existem numa das regiões muito pobres do estado, que é o Vale do Ribeira, o Pontal do Paranapanema, regiões carentes de investimentos por parte do governo do estado. Queremos, através do importante debate do Orçamento do Estado de São Paulo, garantir os investimentos para a educação, para a saúde, para a segurança, para a política de habitação e políticas de infraestrutura nas principais regiões do estado. Essa intervenção, Sr. Presidente, que eu gostaria de fazer neste instante. Tenho esperança de um dia fazermos um debate efetivo nesta Casa e ao mesmo tempo sensibilizarmos o governo do PSDB a adotar políticas que acima de tudo possam representar toda a expectativa do estado e garantir investimentos necessários e importantes para o estado. Entendemos que as políticas que o Presidente Lula tem estabelecido para o Brasil tem dado certo, tem funcionado, e é o que queremos que aconteça no Estado de São Paulo. Que haja um processo de discussão democrático e que acima de tudo possamos garantir a representação dos 645 municípios. Muito obrigado.

O SR. RPESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Para discutir a favor, tem a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha nas galerias, estamos numa sessão extraordinária para discutir o Projeto de lei nº 1284 de 2009, que prorroga para o exercício de 2010 os efeitos da Lei 12.473, de 26 de dezembro de 2006, que dispões sobre subsídio do governador, do vice-governador e dos secretários de estado.

É interessante que esse projeto, enquanto esteve tramitando na Ordem do Dia, recebeu muitas emendas, de várias bancadas, no entanto nenhuma foi acatada. O Orçamento para 2011 está na casa dos 140 bilhões de reais. O Orçamento previsto para 2010 previa uma arrecadação de 118 bilhões de reais. No entanto, no ano corrente o estado arrecadou 130 bilhões de reais. Em que pese esse crescimento da arrecadação, inclusive em relação a 2009, temos uma arrecadação crescente no estado que varia em torno de 12 a 15 por cento todo ano. Todo ano o Orçamento público do Estado de São Paulo aumenta de 12 a 15 por cento. Isso faz com que o Estado de São Paulo tenha o maior orçamento público depois do orçamento geral da União. No entanto, o que vemos aqui, infelizmente, são os péssimos salários pagos aos professores, aos servidores da saúde, da segurança pública, como Polícia Militar e Polícia Civil. Os policiais civis do nosso estado ganham menos do que os do Piauí. Um delegado de polícia deste estado ganha menos do que um delegado de polícia no Estado do Piauí. Ou seja, é uma dicotomia. O Estado de São Paulo, o que mais arrecada, repito, o maior orçamento público depois do orçamento geral da União, é o que paga salários mais irrisórios para seus servidores, em todas as áreas. No entanto estamos aqui para discutir um projeto que trata dos subsídios do governador, do vice-governador e dos secretários de estado.

Quem esteve hoje na Comissão de Relações de Trabalho desta Casa viu que o secretário veio aqui, por força de um artigo constitucional, para prestar contas da sua pasta. E ele passou grande parte do tempo disponível para apresentar o balanço da sua pasta fazendo comparações do tipo: o salário mínimo regional é maior do que o salário mínimo do Brasil, salário pago pelo presidente da República, pelo governo federal aos seus trabalhadores. Interessante que ele fez questão de fazer essa pontuação e dizia que o que o ex-governador José Serra aprovou na Assembleia, remunera melhor os trabalhadores do Estado de São Paulo do que o salário mínimo federal. Isso é uma verdadeira falácia. Na realidade tivemos oportunidade de discutir desta tribuna que esse salário mínimo que o Secretário de relações do Trabalho e do emprego do Estado de São Paulo acha que se dá graças à generosidade do então governador José Serra, é na realidade uma falácia porque ele remunera setores da iniciativa privada. E quantas vezes debatemos nesta tribuna que esse salário mínimo regional também fosse estendido aos servidores públicos do Estado de São Paulo?

Senão vejamos: os servidores públicos da saúde que têm salário base nominal hoje na casa dos 150 reais. Tanto é que muitos desses servidores que já têm tempo para se aposentar recusam-se a fazê-lo porque se eles se aposentarem o salário volta para o salário base. Depois de aposentado ele passa a perceber apenas o salário base, perde todas as gratificações, as bonificações, os bônus por tempo de serviço, por produtividade e, depois de aposentado, vai passar necessidade porque é exatamente depois de uma certa idade que as pessoas adoecem, passam a consumir parte de seus vencimentos com remédios. Muita gente reclama de falta de medicamento. Hoje alguns jornais trouxeram uma matéria em que alguns cidadãos portadores da doença de Parkinson estão reclamando na Justiça a falta de fornecimento de medicamentos: Levodopa, Carbidopa, que todos os portadores do mal de Parkinson têm de ingerir para minimizar os efeitos dessa terrível enfermidade. No entanto, o estado recusa-se a fornecer esses medicamentos de forma gratuita, embora exista uma lei estadual de nossa autoria que propõe o atendimento integral à saúde dos portadores do mal de Parkinson aqui no Estado de São Paulo, com previsão de fornecimento de todos os medicamentos de uso contínuo e de alto custo, e também todos os cuidados que o estado tem de oferecer a esses cidadãos.

Está escrito na Constituição que educação, saúde, moradia, segurança são direitos do cidadão e deveres do estado. No entanto não cumpre a Constituição porque não garante em absoluto esses direitos, ou não garante o atendimento integral à saúde, à educação, à segurança e à habitação aqui no Estado de São Paulo, que há 16 anos é governado pelo mesmo partido, o PSDB.

Agora temos essa contradição: um orçamento tramitando na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo de mais de 140 bilhões de reais, o maior orçamento público depois do orçamento geral da União.

Todos os dias temos pessoas nesta Casa - servidores do Judiciário, policiais civis e militares, servidores públicos da Saúde, professores e professoras - reivindicando aos deputados que lutem para melhorar os salários dos servidores públicos do Estado de São Paulo porque o Executivo não o faz, ele não manda para esta Casa nenhum projeto com pedido de urgência para votar aumento para os professores, para os servidores públicos da saúde, para os policiais civis, par aos policiais militares e para os servidores do Judiciário. Aliás, em se tratando do Judiciário o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo fez um projeto para dentro do orçamento do Estado de São Paulo estabelecer um quantum que eles achavam razoável para contratar mais juízes, realizar concursos para contratação de servidores públicos para a instalação de novas varas. Existem centenas de varas judiciais criadas pelo estado todo, nas mais diversas comarcas, que ainda não foram instaladas por falta de juízes e serventuários da Justiça. E o governo do estado não instala porque o orçamento público do Judiciário não é suficiente. Daí o Tribunal de Justiça fazer uma emenda ao orçamento do estado estabelecendo um valor necessário à abertura de novos concursos, à contratação de funcionários e de mais juízes. E, pasmem senhoras e senhores, esse orçamento foi cortado em 54,6%, o que torna impossível o Judiciário ampliar o seu corpo de funcionários para dar conta dos milhões de processos acumulados nas diversas varas no Estado de São Paulo.

É dessa forma que o governo do Estado de São Paulo trata a peça orçamentária para os seus servidores públicos. E hoje ouvíamos aqui, do Secretário de Relações do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo que o governo estadual é extremamente generoso porque paga uma salário mínimo maior do que o salário do governo federal. Só que paga para os setores privados. Para os seus servidores públicos estaduais das mais diversas áreas ele paga um salário risível; é rir para não chorar. Porque os funcionários públicos da saúde e os professores passam necessidades.

Na semana passada, na minha cidade de Sorocaba, a mãe de uma aluna de 11 anos, da 5ª série, foi à diretora da escola pedir para reprovar sua filha porque percebeu que nesse ano de 2010 ela não aprendeu absolutamente nada. Ela não sabe fazer contas das mais simples, não sabe escrever, comete erros absurdos de português e está com muita dificuldade de aprendizado. Os professores dizem que não tem como mais ensinar os alunos dentro desse sistema porque não há programa nem projeto pedagógico que se sustente com os salários que os educadores do Estado de São Paulo ganham do governo do PSDB. A diretora disse o seguinte: “é um absurdo o que a senhora está querendo. Como vou dizer para a professora reprovar sua filha? Não pode. A sua filha tem de passar de ano, ela tem de receber esse estímulo”.

Aqui no Estado de São Paulo foi assim. A progressão continuada, que foi uma boa ideia criada pelo saudoso e emérito educador Paulo Freyre consistia em, a criança tendo de dificuldade de acompanhar a classe, ter reforço escolar extra hora/aula com os professores fazendo todo o empenho para a criança se desenvolver e de tal forma repor a ela os conhecimentos que ela não conseguiu apreender de forma a alcançar o desenvolvimento geral da classe.

Aqui no Estado de São Paulo, não foi a progressão continuada que eles implantaram. Eles implantaram aqui a aprovação continuada independentemente de a criança aprender ou não. O resultado disso é catastrófico para as crianças porque elas vão se tornar adultas. Jovens, vão querer entrar num mercado de trabalho extremamente competitivo. Todos sabem o quão difícil é para um jovem conseguir o seu primeiro emprego. As empresas exigem experiência, mas se elas não dão a primeira oportunidade como o jovem vai ter experiência se ele não teve a primeira oportunidade? E eles não dão oportunidade dizendo que os jovens não sabem e não passam nos testes de competência que são aplicados pelas empresas. Então, dessa forma os jovens serão sacrificados.

 

O SR. JORGE CARUSO - PMDB - Sr. Presidente, requeiro regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres deputados Davi Zaia e Alex Manente para auxiliar na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a verificação de presença.

 

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O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência constata número regimental de deputados, agradece a colaboração dos Deputados Davi Zaia e Alex Manente, e dá continuidade à sessão. Esta Presidência, antes de devolver a palavra ao nobre Deputado Hamilton Pereira, convoca os Srs. Deputados para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje dez minutos após o término desta sessão, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: Discussão e Votação do Projeto de lei nº 1.284/09, de autoria da Mesa. Com a palavra o nobre Deputado Hamilton Pereira.

 

O SR. HAMILTON PEREIRA - PT - Sr. Presidente, eu retomo a discussão desse projeto que com regime de urgência já chegou a esta Casa, e que versa sobre os vencimentos do Governador do Estado, do vice-Governador, e Secretário de Estado.

Este projeto, enquanto perdurou aqui na pauta recebeu várias emendas das mais diversas bancadas, dos mais diversos deputados, e as emendas foram rejeitadas já nas Comissões.

A Comissão de Constituição e Justiça não conseguiu exarar o parecer a respeito do tal projeto, inclusive nomeou um Relator Especial em substituição ao relatório da Comissão de Constituição e Justiça não conseguiu exarar um parecer a respeito do tal projeto. Ela, inclusive, nomeou um relator especial em substituição ao relatório da própria Comissão de Constituição e Justiça. E o relator especial relatou da seguinte maneira: de autoria da Mesa, o projeto em epígrafe tem como objetivo prorrogar para o exercício de 2010 os efeitos da Lei nº 12.473, de 26 de dezembro de 2006.

Durante o período em que permaneceu em pauta, nos termos regimentais, naquela comissão essa propositura foi alvo de três emendas. Encaminhadas à Comissão de Constituição e Justiça, esta não se manifestou no prazo legal, motivo pelo qual fomos designados pelo Sr. Presidente da Casa para, na qualidade de relator especial, exarar parecer em substituição ao órgão. Vejam que nem a Comissão de Constituição e Justiça exarou parecer a respeito desse projeto; precisou nomear um substituto, um relator especial para essa matéria, que rejeitou de pronto as emendas. Isso posto, foi para outra comissão, Comissão de Finanças e Orçamento, e essa comissão também não exarou parecer e portanto nomeou um substituto, a Comissão de Finanças e Orçamento, como relator especial para exarar um parecer. E esses também foram contra as emendas.

Portanto, o que estamos votando aqui hoje é um projeto em regime de urgência que mal se consegue compreender seu conteúdo, e quando esse conteúdo recebe emendas para aprimorá-lo essas são rejeitadas pelos substitutos das comissões de mérito. Então é um absurdo o que estamos discutindo aqui: um projeto sem conteúdo, um projeto que não pôde ser aprimorado e um projeto que versa sobre matéria tão importante como essa, os vencimentos do Governador, do vice-Governador, dos Secretários de Estado, que servem inclusive de paradigma para diversas categorias no Estado de São Paulo.

Sr. Presidente, esgotado meu tempo, eu volto ainda, porque V. Exa. acaba de convocar uma outra sessão extraordinária e estaremos aqui para continuar este debate, que reputo da maior importância para sermos compreendidos não só pelos nossos pares e pelas pessoas que nos assistem das galerias, mas também pelos nossos telespectadores que assistem neste momento à TV Assembleia e precisam saber o que se passa nesta Casa, o que se passa no maior Parlamento depois do Congresso Nacional.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Em discussão. Para discutir contra, tem a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira, pelo tempo regimental.

 

O SR. FAUSTO FIGUEIRA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, evidentemente estamos discutindo um projeto de lei que trata do subsídio ao Governador, um projeto para 2010 que está em regime de urgência. Assomo à tribuna para discutir de alguma maneira a postura do Governo do Estado de São Paulo.

Hoje, como Presidente da Comissão de Saúde, tive a oportunidade de discutir um outro projeto de lei, que também tem urgência, segundo o Governador. Nesta Casa debatemos este ano a questão das organizações sociais e hoje, segundo a lei aprovada, qualquer serviço de saúde no Estado de São Paulo pode ser uma organização social. E sendo organização social, qualquer serviço público pode ter destinados 25% do seu atendimento para seguro saúde ou para medicina de grupo ou entidade particular.

Qual é a realidade do atendimento de saúde, de leitos públicos no Estado de São Paulo? Temos leitos ociosos no Estado de São Paulo, ou a população que necessita de atendimento hospitalar, de leito público ou atendimento de saúde disputa filas de atendimento, e quem constata isso? É a própria pesquisa da Secretaria de Saúde que mostra que a população que precisa de procedimentos e de cirurgias muitas vezes espera até seis meses para determinados procedimentos.

E o que propõe a legislação, hoje, do Governo do Estado de São Paulo, o que propõe o Governador? Propõe que desses leitos públicos 25% sejam destinados para a medicina de grupo, para seguro saúde e para paciente particular. E qual é a justificativa? De que muitos desses atendimentos são feitos hoje nos nossos hospitais e que não há um ressarcimento. Estaria na origem do projeto a ideia de que nós, eventualmente, poderíamos aumentar os recursos para os hospitais públicos.

Quero lembrar que a Deputada Maria Lúcia Amary, amiga, santista, teve a oportunidade, quando da apresentação e discussão dessa lei, nesta Casa, de apresentar uma emenda. E foi durante várias sessões conflitantes, com presença de várias pessoas nas galerias, e foi até pessoalmente ofendida. Podemos discordar, faz parte da democracia a não concordância, mas jamais a ofensa. E ela foi autora de uma emenda que foi aprovada nesta Casa e qual não é a surpresa, dado o momento eleitoral que vivíamos, de vermos a emenda proposta vetada pelo Governador. Evidentemente a emenda foi proposta num consenso do grupo de apoio ao Governo do Estado. A justificativa que se estabelece é que nos nossos hospitais, está na justificativa da lei, que no Incor, que no Dante Pazzanese, que no Instituto do Câncer muita gente é atendida pelo serviço de saúde e que nada é cobrado.

Ora, o que diz a legislação? Tem o Estado um instrumento legal para pedir o ressarcimento desses atendimentos? Tem. Existe legislação estadual, legislação federal. A legislação aprovada nesta Casa, em 1994, a Lei 9058, de 29 de dezembro de 1994, um projeto de lei de autoria do então Deputado Arlindo Chinaglia, e sancionada pelo então Governador Fleury, dispõe sobre a obrigatoriedade de recebimento pelos órgãos de instituições do SUS do Estado e dos municípios, a título de reembolso de valores correspondentes a seguros saúde e outras modalidades de medicina de grupo.

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo está obrigada por força de lei a obter esse ressarcimento. Não é preciso criar uma nova legislação com a justificativa de que temos que buscar das empresas de medicina de grupo e do seguro saúde um instrumento legal para promover esse ressarcimento, e essa seria a justificativa para essa nova legislação.

E o que diz a legislação federal? Ela permite e de alguma maneira obriga que se faça esse ressarcimento do atendimento nos hospitais públicos. Existe uma legislação, que é de 1998, que é a Lei Federal 9.656, que dispõe sobre os planos de seguros privados que serão ressarcidos, no seu Art. 32, pelas operadoras dos produtos que tratam o inciso I, § I do Art. 1º dessa lei, de acordo com as normas a serem definidas pela Agência Nacional de Saúde os serviços de atendimento de Saúde previstos nos respectivos contratos. Ora, nós temos legislação estadual, nós temos federal e no entanto o Governador agora, no apagar das luzes, propõe uma legislação instituindo no Estado de São Paulo essa cobrança.

Qual é a realidade que se vai estabelecer, em relação ao atendimento de saúde no Estado de São Paulo? Como agirão os administradores do SUS, que lutam com dificuldades financeiras, ao terem a possibilidade de terem um paciente particular ou um paciente segurado por uma medicina de grupo, ou por um seguro saúde? Quem será escolhido? Aquele paciente do SUS, cidadão que tem o direito ao atendimento, pela Constituição, ou aquele que de alguma maneira iria ressarcir esse atendimento, que já está previsto que deva ser ressarcido?

Claro que nós teremos uma diminuição substancial da oferta de leitos públicos, que já são poucos, que já expõem a população a um verdadeiro calvário, na busca de atendimento na área de cirurgia ginecológica; temos uma multidão de mulheres sangrando com seus miomas, e que não conseguem fazer a sua cirurgia. Temos uma multidão de pacientes portadores de varizes de membros inferiores, que não conseguem ser operados.

Na minha cidade de Santos, na Baixada Santista, leva-se cerca de seis meses para se fazer o diagnóstico de câncer de próstata. Feito esse diagnóstico, são mais seis meses para esse paciente ser operado. Essa é a realidade do atendimento no SUS.

Temos consenso de que a emenda 29 deva ser regulamentada pelo Governo Federal. É uma lei aprovada. Temos consenso de que temos que conseguir recursos porque não existe Saúde pública sem recursos. Temos que aumentar os recursos no SUS.

Existe consenso também de que temos que dar à chamada tabela SUS de atendimento outros valores, porque os valores atuais inviabilizam o atendimento de saúde. Mas não será desta maneira que se irá restringir esse atendimento, permitindo nos nossos hospitais públicos, geridos por Organizações Sociais, esse descalabro, com a justificativa de um aporte de recursos, ou de cobrança das seguradoras.

Vejam só o ato falho que comete o Governador. Diz que essa lei se aplica às Organizações Sociais e coloca como exemplos o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e o Incor, que são hoje, de alguma maneira, geridos por OS ou por fundações. Mas comete o ato falho ao considerar o Dante Pazzanese - e isso está na justificativa do projeto - como um desses institutos, um exemplo de que deva ser ressarcido pelo atendimento efetuado nesse hospital. Mas não fala se esse dinheiro deve ir para o sistema público de saúde. Esse dinheiro possivelmente entre no caixa único do Estado, no Tesouro estadual, e não vai engrossar os recursos para os hospitais, para o atendimento de saúde do Estado de São Paulo.

Evidentemente não concordamos. É importante que este debate se faça nesta Assembleia, mas temos, assim como estamos discutindo a questão do subsídio ao Governador, temos que amplamente discutir aqui as questões relativas à saúde do Estado de São Paulo.

Tenho a honra de presidir a Comissão de Saúde e temos discutido que não têm sido destinados no Estado de São Paulo os 12% previstos constitucionalmente. E por que não tem sido destinado esse recurso para o Estado de São Paulo? Porque a Secretaria de Saúde inclui como gastos de saúde inúmeros procedimentos que nada têm a ver com o sistema de saúde.

Quero dar alguns exemplos. É da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo o programa Viva Leite. Mas os recursos desse programa são retirados do orçamento da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. A alimentação de presos, orçamento que é da Secretaria que administra os presídios no Estado, tem os recursos vindos de Secretaria de Saúde. O cobertor já é curto.

A justificativa dessa cobrança e de destinação de leitos públicos para atendimento privado é a falta de recursos. Mas a mentira, de alguma maneira, tem perna curta. Se dependesse de legislação, de cumprir a lei, isso já estaria sendo feito no Estado de São Paulo. A Secretaria de Saúde tem obrigação, por força de determinação legal, de uma lei de 1994, de cobrar por esse atendimento. No entanto, isso não vem sendo feito.

Não é possível a justificativa de que nós aumentaremos recursos para o SUS, quando a rigor estamos privilegiando as seguradoras de saúde, estamos privilegiando a medicina de grupo, estamos privilegiando o atendimento privado e não o atendimento público da nossa população. Quero manifestar a minha inconformidade. Vamos lutar por essas pessoas.

 

O SR. FAUSTO FIGUEIRA - PT - Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Celso Giglio e Jonas Donizette para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, a Presidência constata número regimental de Srs. Deputados em plenário, pelo que dá por interrompido o processo de verificação de presença e agradece a colaboração dos nobres Deputados Celso Giglio e Jonas Donizette.

Continua com a palavra o nobre Deputado Fausto Figueira.

 

O SR. Fausto Figueira - PT - Sr. Presidente, para finalizar, minha fala é no sentido de que essa legislação proposta pelo Governador Goldman não seja aprovada. Obrigado.

 

O Sr. Presidente - Barros Munhoz - PSDB - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, para falar a favor do projeto, tem a palavra o nobre Deputado Rui Falcão.

 

O SR. Rui Falcão - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Srs. funcionários desta Casa, telespectadores da TV Assembleia, senhores que acompanham os debates nas galerias, estamos discutindo o projeto que eleva os subsídios do Governador e dos secretários, entre outros.

Até acho que o Governador eleito merece um subsídio mais elevado que o atual, em tese, porque o Governador tem que ter uma remuneração compatível. Não estou entre aqueles neoudenistas que entendem que os funcionários públicos e os agentes políticos devem ser mal remunerados. Ao contrário, acho que devem ter uma remuneração condigna, até porque dedicam suas vidas a servir ao público.

Mas esse começo do Governador eleito nos leva a crer que, talvez, ele não merecesse um subsídio maior que o atual. Isso porque ele começa mal. Assim que a Presidenta Dilma Rousseff foi proclamada vitoriosa, no seu primeiro discurso, ela estendeu a mão para a oposição, que, nos regimes democráticos, deve apresentar o seu programa alternativo porque assim compareceu às urnas, deve fustigar o governo eleito, deve fiscalizá-lo implacavelmente. Ou seja, entendemos que oposição é oposição, sem esses adjetivos que querem agora atenuá-la: oposição propositiva, oposição alternativa. Oposição é oposição e as democracias, sem oposição, não são democracias, mas sim regimes autoritários.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Geraldo Vinholi.

 

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Enquanto a Presidenta Dilma estende a mão para a oposição, o Governador eleito acena para a oposição com o ex-Secretário Saulo - aqui, nada tem de pessoal -, aquele que veio à Assembleia Legislativa desrespeitar este Poder. Não desrespeitou os deputados do PT apenas, com gestos insultuosos e pornográficos. Ele insultou esta Casa. Quando se insulta um deputado, é o Legislativo que está em questão. Parece-me que ele está sendo agora condenado em 1ª instância a indenizar alguns deputados por danos morais.

Não se colocou de volta o Secretário na área de Segurança, aquela à qual ele estava mais afeto e que exercia com autoritarismo extremo, a tal ponto de confundir autoridade pública para fins privados. Segundo noticiaram os jornais e as emissoras de rádio e televisão à época, ele fechou uma rua para chegar a um restaurante e prendeu, se não me engano, um funcionário ou o próprio dono do restaurante. Atrabiliário, incompetente nas suas funções, ele é uma das primeiras nomeações do novo Governador, como se o Governador refém dele fora algum dia.

Não quero discutir as outras declarações, que acham que maltratam o PSDB e o Governador que sai, ou o seu antecessor, o candidato derrotado à Presidência, porque diz que nomeia o Secretário atrabiliário para evitar fatos delituosos que ocorreram na área de Transportes. Claro que houve um caso momentoso nessa área. Há um diretor da área que parece estar citado na Operação Castelo de Areia. O outro ganhou grande notoriedade em dois momentos. Primeiro, quando foi detido no Shopping Iguatemi e processado por receptação de joia, delito secundário já explicado, pois fora iludido na sua boa-fé ao comprar uma joia para presentear sua esposa, se não me engano.

A outra declaração - essa, sim, grave, porque envolve recursos públicos - refere-se à denúncia de que desviara da campanha do candidato do PSDB, DEM e PPS ao Governo Federal quatro milhões de reais de algo que lhe fora entregue para a campanha, e que não chegou. Uma pessoa que o candidato derrotado dizia não conhecer pelo apelido, que era preconceituoso, mas pelo nome próprio. Dizer que o novo Secretário vem para evitar o que ocorreu é meio que inculpar o governo do seu antecessor. Até agora, além da acusação, não há prova final. E, a menos que se prove, é inocente. Mas essa declaração é um reforço ao Ministério Público que processa o indigitado ex-diretor de Engenharia do Dersa.

Não quero citar nomes porque a grande mídia já lhe deu muita notoriedade. Mas é um mau começo, portanto. Péssimo começo. E nós, como Poder Legislativo, não devemos aceitar, apenas porque mudou de área, essa pessoa para nos maltratar novamente. Dizem que o autoritarismo é quase um componente genético desse senhor.

Vejam como as coisas são contraditórias. Ontem, num jantar com o novo Senador, ex-Governador de Minas Gerais, anuncia-se o compromisso do Governador eleito com a tal refundação do PSDB. Um partido com projeto de 20 anos atrás, diz o ex-Governador Aécio Neves, precisa refazer suas ideias, seu programa. Isso faz parte da vida dos partidos: atualizarem-se, assumirem novos compromissos.

O que se espera é que houvesse um programa distinto daquele que o candidato derrotado brandiu na campanha eleitoral, um programa reacionário, retrógrado, que quase jogou o País numa guerra religiosa. O Brasil nunca teve intolerância, as religiões convivem de forma sincrética até. O Estado laico, separação entre religião e Estado, religião e política, permitiu que figuras do passado ditatorial, como essa tal de TFP, aproximassem-se da campanha, distribuindo panfletos; permitiu que uma campanha de rancor, de ódio, de homofobia tomasse conta das ruas. Esse, quero crer, não é o programa do PSDB. Convivo aqui com vários deputados do PSDB e nunca vi esse tipo de preconceito, de rancor, de ódio. Mas foi o que se viu em setores da campanha do candidato derrotado. Imagino que não teve aprovação entre os senhores e as senhoras aqui, não é isso que tem pautado a nossa convivência democrática e respeitosa nesta Casa. Chegou-se até a questionar a convicção íntima das pessoas, a se forjarem documentos, a acusarem a presidente eleita de atos que não cometeu.

Foi então um período triste da nossa história. Nunca se vira até então uma campanha conduzida de forma tão despolitizada. Temos expectativa que, ao ter seus subsídios ampliados, o governador eleito reflita um pouco sobre o que ocorreu nos últimos meses, que tenha uma postura mais de diálogo e respeite este Parlamento, assim como iremos respeitá-lo como governador eleito. Mas as nossas críticas serão implacáveis se o comportamento for esse que ele sinalizou, com a indicação do novo secretário de Transportes. Não sabemos ainda como será o conjunto do secretariado, se haverá novas nomeações desse tipo. Vejo na Casa uma certa inquietação porque os parceiros de antes parecem relegados agora nem à antessala, mas à espera, como se a formação da maioria nesta Casa fosse algo que se dá por inércia.

Os partidos têm responsabilidades, seus critérios, e não acredito que haverá alinhamentos automáticos. O Brasil evoluiu muito nesse período e, contraditoriamente, de forma paradoxal, enquanto vimos uma campanha que retrocedeu às cavernas em alguns momentos - e que estimulou o preconceito, assolou ódios há muito adormecidos e trouxe de volta até pessoas que vieram das casernas e usavam pijamas, mas se encorajaram a vir com suas idéias golpistas -, vimos, de outro lado, uma mulher ser eleita presidente da República, algo inimaginável numa sociedade machista. E que se apresenta agora, já de forma muito incisiva, como foi a sua declaração em relação ao Irã. Direitos humanos não têm fronteira, têm de ser respeitados em qualquer regime. Nenhum tipo de relação diplomática ou comercial pode prevalecer quando se cometem atos bárbaros, como apedrejar uma mulher, sob a suposta acusação de adultério, seja lá o que for. Por sinal, adultério em relação ao marido que já morrera.

Ela afirmou então claramente o seu compromisso, que vem da sua tradição de combate à ditadura quando expôs a sua própria vida para que nós - vários de nós aqui que lutamos também -, o Brasil, voltássemos à democracia. Ela revive sua história ao afirmar essa posição de defesa incondicional dos direitos humanos.

Estamos fazendo esse pronunciamento a propósito do subsídio do governador porque, se deseja elevar o seu subsídio, ele precisa elevar a sua prática política também, estar à altura do povo que o elegeu, dos paulistas e daqueles que vieram morar e viver em São Paulo se tornando eleitores em São Paulo. Ele precisa fazer jus a esses votos que o colocaram como governador no primeiro turno, mas as suas primeiras atitudes demonstram o contrário. Estamos aqui torcendo para que ele melhore. Ele ainda não foi investido no cargo de governador, está ainda em tratativas com os partidos, se movimentando e compondo a sua equipe. Parece que há uma disputa natural entre aqueles que saem e os que querem ficar. Isso acontece em todos os governos. Parece que há uma tendência de conservar vários serristas no secretariado, há essa manobra agora com interpretação mais segura em relação à movimentação do prefeito de São Paulo.

Há então vários lances em curso que fazem parte da política. Estamos na expectativa não de nos alinharmos na oposição - que isso já é condição natural decorrente do próprio resultado de eleição - que os senhores conhecem: firme, destemida, sempre leal, nunca invadindo plano pessoal, mas permanente, e ficará aqui sob o crivo nosso, fiscalizado. Soubemos como foi o seu último governo, já tem aí a questão dos pedágios que queremos ver que solução haverá. Mas fica aqui a nossa primeira avaliação: Saulo, Secretário, é um mau começo. Que ele melhore para fazer jus ao subsídio que será elevado nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE - GERALDO VINHOLI - PSDB - Tem a palavra, para falar contra, a nobre Deputada Maria Lúcia Prandi.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público presente nas galerias, de início dar uma informação, embora tenha me inscrito para falar contra. Como os senhores e as senhoras podem perceber, aqui só a oposição fala, embora este seja um projeto da Mesa Diretora, onde o Partido dos Trabalhadores também tem representantes, na 1ª e na 4ª Secretarias, mas apenas por uma questão de tempo é que me inscrevi contra. Mas sou favorável.

Concordo com o nobre Deputado Rui Falcão em algumas questões no sentido da nossa enorme preocupação com o ex-Secretário Saulo, agora ocupando a Secretaria de Transportes. Também não conseguimos entender, pelos tantos erros por ele cometidos na Secretaria de Segurança, como uma falta, no meu entender, de conhecimento para a Secretaria de Transportes. Mas sou favorável ao aumento do subsídio. Aliás, entendo e defendo que o Estado de São Paulo deveria aprovar uma PEC que tramita nesta Casa há muito tempo. Ficamos sempre à mercê das intenções do governador. A Constituição Federal coloca para os estados a possibilidade, e a maioria dos estados já o fez, de determinar o subteto. Entendo que as funções do Estado, sejam elas eletivas, sejam elas da máquina pública, precisam e devem ser remuneradas dignamente. Temos um corpo de funcionários que dependem inclusive do subsídio do governador para que os seus salários possam atingir outro patamar.

Nós defendemos uma máquina pública eficiente, com trabalhadores, funcionários concursados que são, bem preparados e que defendem o interesse do Estado. Portanto, devem ser bem remunerados. E me parece que se faz um certo jogo, porque desde 2005, quando foi alterada a Constituição do Estado de São Paulo, cabe à Mesa Diretora renovar, apresentando um novo projeto sobre subsídios do Governador, do Vice-Governador, dos Secretários e indiretamente dos funcionários.

Entendo que nem sempre as coisas são feitas muito claramente. É correto que houve inflação. É correto que haja uma alteração dos valores, e as emendas foram rejeitadas, e nós ficamos imaginando o que poderá ocorrer, se não haverá, por exemplo, uma emenda aglutinativa com o apoio dos partidos em número suficiente para que ela seja aprovado. Isso porque não me parece muito claro esse jogo. Acho até um pouco demagógico por parte do Governador do Estado, quando essa questão não foi tratada adequadamente pela Assembleia, em termos das mudanças e das alterações que poderiam ser feitas na Constituição Estadual. Então, quero dizer que sou favorável.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, outro assunto que nos preocupa muito: o Governador que irá assumir, o Dr. Geraldo Alckmin, nós o conhecemos. Ele governou este Estado por quase dez anos. Na verdade ele o fez quando da doença do ex-Governador Mário Covas, por algum tempo, depois foi eleito e re-eleito. E nós esperamos que algumas falhas, aliás, muitas delas, possam ser corrigidas, principalmente na questão da Educação.

O Deputado Fausto Figueira levantou algumas questões da Comissão de Saúde hoje na sua exposição e o Deputado Rui Falcão colocou outras preocupações em outras áreas. E eu gostaria de fazer algumas considerações sobre a política educacional do PSDB ao longo desse desses 16 anos, quase dez, dos quais sob o comando do Governador eleito, Geraldo Alckmin.

E nós teremos amanhã na Comissão de Educação a presença do Secretário Paulo Renato. E isto foi uma conquista da Assembleia. Eu diria que uma conquista da sociedade, a quem nós representamos, porque nós temos muitas, inúmeras, incontáveis dificuldades, para contar com a presença, principalmente no caso do Secretário de Educação, Paulo Renato, nesta Casa. E no ano passado, esta Casa aprovou um requerimento no sentido de que os secretários devem prestar contas a esta Casa, pelo menos, uma vez em cada semestre. Isso não ocorreu no primeiro semestre, e agora nós lembramos ao Sr. Secretário que ele deveria comparecer no segundo semestre, e ele o fará na data de amanhã.

Sr. Presidente, solicito regimentalmente uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - GERALDO VINHOLI - PSDB - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres Deputados Davi Zaia e José Augusto para auxiliarem a Presidência na verificação de presença ora requerida.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Barros Munhoz.

 

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- É iniciada a chamada.

 

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O SR. JONAS DONIZETTE - PSB - Sr. Presidente, essa é a segunda chamada de verificação?

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Essa é a segunda chamada de verificação de presença.

 

O SR. JONAS DONIZETTE - PSB - Só tem esse item nesta sessão?

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O único item é este projeto.

 

O SR. JONAS DONIZETTE - PSB - O projeto do Ministério Público foi conversado à tarde no Colégio de Líderes e ficou combinado a sua votação.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - A intenção era fazer uma alteração diante das conversações havidas entre os líderes e substituirmos o projeto em discussão nesta sessão pelo projeto do Ministério Público.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, o Sr. Secretário não divulgou o resultado da verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Procede a observação de Vossa Excelência.

Nobre Deputado José Augusto, esta Presidência solicita que V. Exa. proceda à contagem dos deputados presentes.

 

O SR. JOSÉ AUGUSTO - PSDB - Sr. Presidente, estamos fazendo a contagem.Estávamos esperando a conclusão da Questão de Ordem.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Mas a contagem é clara: faltam deputados.

 

O SR. JOSÉ AUGUSTO PSDB - Temos a presença de 21 deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Esta Presidência suspende a sessão por dois minutos. Ah, não é possível fazer a suspensão.

 

A SRA. MARIA LÚCIA PRANDI - PT - Sr. Presidente, não é regimental levantar a sessão sem quorum.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - É verdade. A Presidência já se corrigiu alertada pela nobre assessoria. É que foi dito que tinha quorum, esta Presidência constatou quorum e devolve agora a palavra a V. Exa. nobre Deputada Maria Lúcia Prandi. Antes, porém, esta Presidência altera a Ordem do Dia da segunda Sessão Extraordinária substituindo o Projeto de lei 1284/09 pelo PLC 1/10 de autoria do Ministério Público.

 

O SR. JONAS DONIZETTE - PSB - Sr. Presidente, havendo acordo de lideranças solicito o levantamento desta Sessão Extraordinária.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PT - O pedido de V. Exa. é regimental. Antes, porém, de levantar a presente sessão, a Presidência lembra V. Exas. da Sessão Extraordinária para apreciar o PLC 1/10 a realizar-se às 21 horas e 02 minutos.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 20 horas e 52 minutos.

 

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