Comissão da Verdade aborda o caso do operário metalúrgico Raimundo Eduardo da Silva

O deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão da Verdade, considerou interessante a realização de audiências específicas para tratar da resistência operária no grande ABC e acrescentou que a partir de um personagem local, de um operário, o Raimundo, contamos um pedaço da História do Brasil
15/07/2013 19:04

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Nesta segunda-feira, 15/7, a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva realizou sua 55ª audiência pública, para abordar o caso do operário metalúrgico Raimundo Eduardo da Silva, militante da Ação Popular (AP). No início da reunião, foi lida uma carta escrita por companheiros da AP com elogios à sua atuação política. Irmão de Raimundo, Hélio Jerônimo da Silva foi o primeiro a depor. Relatou a militância em Mauá, primeiro no PCB, depois na AP, onde Raimundo atuava na Sociedade Amigos do Bairro Jardim Zaíra. Por conta de denúncias, o irmão teve de se refugiar em uma pensão em Santo André, onde acabou ferido a faca, no final de 1970, numa confusão havida no local. No hospital, a repressão o descobriu. Antes que a família conseguisse retirá-lo de lá, e apesar da resistência dos médicos por conta do quadro grave de Raimundo, o Exército o levou embora, após fechar o entorno do hospital. A alegação era que Raimundo iria para o Hospital Cruz Azul, mas na verdade ele foi para a Oban, onde foi torturado e morreu, aos 22 anos de idade. No dia 4/1/1971, a família soube que ele havia sido enterrado como indigente no cemitério de Guaianazes. Hélio contou sobre a perseguição que sua família sofreu, no que foi secundado por sua filha Magda Aparecida da Silva. O corpo de Raimundo foi exumado em 1983, quando a família pôde enterrá-lo dignamente. Houve na ocasião, por intercessão de dom Paulo Evaristo Arns, uma missa na Assembleia Legislativa. Após, o corpo seguiu em cortejo até Mauá, passando por avenida que leva seu nome - Raimundo Eduardo da Silva.

O presidente da Comissão da Verdade, deputado Adriano Diogo (PT), informou que, no próximo dia 4/8, haverá, com a OAB, um ato de retomada simbólica do prédio onde funcionava o Tribunal da Justiça Militar, na avenida Brigadeiro Luis Antônio, 1.249, na capital. Lá será um centro de memória histórica do período da repressão e a ação dos advogados paulistas na defesa dos presos políticos. No dia 8/8, no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, haverá o julgamento da Lei da Anistia.

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