Opinião - Uma política de ódio ao servidor público


29/11/2019 08:23 | Atividade Parlamentar | Carlos Giannazi*

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Carlos Giannazi*

Há anos afirmo que a Assembleia Legislativa é um puxadinho do Palácio dos Bandeirantes, um cartório que tão somente homologa as ordens do PSDB. Foi assim com Covas, Alckmin, Serra, Goldman, novamente Alckmin e agora com Doria.

E isso mais uma vez ficou claro com a votação a toque de caixa do PLC 79/2019, que consumou a farsa do reajuste dos servidores da Segurança Pública e da Administração Penitenciária. Muito aquém das promessas de campanha " segundo as quais os policiais de São Paulo seriam os mais bem remunerados de todo o país ", os 5% oferecidos por Doria não repõem nem mesmo as perdas inflacionárias de 11,79% desde o último "reajuste", a quase dois anos.

Mas, mesmo esses parcos 5% que deu com uma mão, Doria já quer retomá-los com a outra. O falso projeto de reforma da Previdência estadual que apresentou à Alesp, entre várias crueldades, eleva a contribuição previdenciária para 14%, confiscando parte dos salários de todos os servidores. E ficará pior, pois temos informação de que em breve será enviado mais um projeto à Alesp, dessa vez para aumentar o desconto relativo ao Iamspe de 2% para 3%. Para os policiais, sobrará 1%.

Agora, se o governador trata assim os servidores da segurança pública, tão elogiados por ele, me preocupa muito o que fará contra os outros servidores, como os da Educação, da Saúde e do TJ-SP, por exemplo!

Para os professores, Doria já anunciou uma farsa chamada de "nova" carreira, onde direitos como quinquênio, licença-prêmio e sexta-parte simplesmente deixarão de existir. Mas nossa categoria é unida e a reação já começou. Permaneceremos mobilizados enquanto a destruição da Previdência não sair de pauta na Alesp.

Não existe crise fiscal no Estado, nem nada que justifique tamanho ataque aos direitos dos servidores. Se o problema fosse de orçamento, o que deveria ser revista é a política de isenções fiscais pela qual São Paulo deixa de arrecadar R$ 20 bilhões por ano, beneficiando somente grandes empresários e rentistas. Trata-se de um valor 58 vezes maior do que a economia a ser gerada com a destruição da aposentadoria e o desmonte dos serviços prestados à população, cerca de R$ 345 milhões ao ano.

*Carlos Giannazi é mestre em Educação pela USP, doutor em História pela USP, diretor (licenciado) de escola pública, líder do PSOL na Assembleia Legislativa e membro da Comissão de Educação.


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