Segundo a Organização Mundial da Saúde, a poliomielite, popularmente conhecida como paralisia infantil, foi erradicada no Brasil em 1994. A doença deixou de afetar milhares de crianças brasileiras após grande campanha de vacinação em massa. Entretanto, as taxas de imunização contra a poliomielite estão em queda, alertando os especialistas para uma possível volta dessa endemia. Neste domingo, dia 24 de outubro, é celebrado o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Campanha de vacinação O primeiro caso de poliomielite no Brasil foi registrado no Rio de Janeiro pela pediatra Fernandes Figueira, em 1911. Entretanto, a doença só passou a chamar a atenção das autoridades na década de 50, quando algumas regiões começaram a registrar vários casos epidêmicos, inclusive o interior paulista. A alta do número de crianças infectadas pelo vírus da pólio preocupou as autoridades de São Paulo, fazendo com que em janeiro de 1956, o governador da época, Jânio Quadros, decretasse a criação de uma linha de crédito de 10 milhões de cruzeiros para investimentos na campanha de vacinação contra a poliomielite. A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou esse decreto no ano seguinte, permitindo com que o Estado desembolsasse essa verba. Em 1961, a VOP (Vacina Oral de Poliomielite) ingressou no programa de imunizações do sistema de saúde pública do Estado, aumentando a adesão da população à vacinação ao driblar o medo dos paulistas de receber imunizantes injetáveis e diminuindo o número de contaminações. O cientista responsável por desenvolver a VOP, Albert Sabin, visitou a Assembleia Legislativa de São Paulo em 1963. Na ocasião, o polonês discursou em sessão plenária e defendeu que a vacinação era o principal meio para a erradicação da poliomielite. "Sinto-me profundamente agradecido, pois os frutos de pesquisas científicas, em que muitas pessoas trabalharam, e não somente eu, estão sendo postos em prática e em bom uso no Estado de São Paulo", disse o cientista. Em 1967, Sabin recebeu o título honorífico de Servidor Emérito do Estado de São Paulo, concedido pelo ex-governador Abreu Sodré através do Decreto n°. 48.231, de 13 de julho de 1967. Abandono da vacinação Apesar da erradicação da poliomielite no Brasil, a doença voltou a preocupar a as autoridades de saúde por conta da baixa taxa de imunização entre as crianças. Segundo o DataSUS, em 2020, o Estado de São Paulo apresentou uma cobertura vacinal de 81,91% do público alvo (2 meses a 4 anos de idade). Há 10 anos, a taxa era de 96%, número acima dos 95% recomendados pela Organização Mundial da Saúde. Vale lembrar que a queda dos números da vacinação entre a população brasileira já trouxe enfermidades já erradicas de volta, como o vírus do sarampo, que foi encontrado em 2018 e, segundo o último boletim epidemiológico da FioCruz, neste ano, já foram registrados 456 casos da doença. Lei aprovada A Lei n° 17.291/2020, aprovada aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo, institui a Semana de Conscientização da Síndrome Pós-Pólio (SPP). A norma teve origem em um projeto de lei de autoria do deputado Adalberto Freiras (PSL). A SPP é uma desordem do sistema nervoso que afeta pessoas que tiveram poliomielite há, em média, 15 anos. A doença provoca fraqueza muscular e progressiva, além de fadiga, dores musculares e nas articulações, causando limitações físicas e funcionais aos pacientes. O autor da iniciativa, Adalberto Freitas, comentou sobre o objetivo desta semana de conscientização. "O meu chefe de gabinete é cadeirante e teve a poliomielite. Ele pediu para que fizéssemos algo para conscientizar as pessoas. O objetivo dessa lei é dar visibilidade a gravidade dessa síndrome e contribuir com a sensibilização do tema, espalhando informações sobre a importância da vacinação", disse.