Nestes próximos dias, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos 4 anos: os deputados. Depois de quatro meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete? A entrevista desta edição é com a deputada Dra. Damaris Moura. Os últimos quatro meses O ritmo na Alesp tem sido um pouco acima da expectativa, apesar de que o meu ritmo natural já é frenético, eu só paro para dormir. Tenho, além da atividade legislativa, diversos atendimentos. O meu gabinete é aberto até as 23h, ouvindo pessoas, organizações, prefeitos, secretários e outros parlamentares de municípios. Esse início de mandato muito me entusiasma porque sinto que vou poder realizar boa parte daquilo que eu almejo. O meu mandato segue um pouco do ritmo que eu adotava em um trabalho voluntário intenso aqui no Estado de São Paulo, que realizo há 16 anos. O Poder Público neste sentido é extraordinário, porque ele abre possibilidades e quando utilizado de forma apropriada amplia a atuação. Projetos, legado e futuro Eu trabalho essencialmente com intolerância humana e me especializei em direitos fundamentais com ênfase no combate à intolerância, que tem muitas faces. Fala-se bastante em segurança pública e isso inclui a segurança do indivíduo quando ele está fora de casa, na rua, no trabalho, no shopping, na praia. Mas enfatizo a segurança doméstica, porque este problema é silencioso e há um grande número de pessoas que sofrem violência no lugar onde elas deveriam estar mais seguras: a casa delas. É onde a pessoa pode morrer, sofrer abuso sexual, psicológico, é onde pode sofrer violência patrimonial. O meu trabalho é salvaguardar os mais vulneráveis, que são aqueles que têm mais dificuldade de reagir: a criança pela incompreensão, o idoso porque não tem mais força física e as mulheres, porque historicamente há a lógica perversa da dominação. O caminho para solucionar este problema é a educação e são os processos preventivos. Por isso eu protocolei o meu primeiro projeto de lei, que institui o Dia Estadual da Campanha Quebrando o Silêncio. Eu compreendo que o maior obstáculo para você combater a violência doméstica é o silêncio das vítimas. E ao final dos quatro anos de mandato quero estar realizada no sentido de entender que eu consegui trazer políticas públicas e projetos de leis para esta Casa que levem as pessoas e que transforme as realidades intolerantes. Inspiração e referências Na política eu menciono uma pessoa que tem me inspirado atualmente pela sua determinação, pelo seu compromisso com resultados na vida das pessoas, que é o governador João Doria. Admiro a maneira como ele tem conduzido o seu mandato, pelos ideais de Estado mínimo e comprometido com aquilo que é essencial. E a minha maior inspiração de luta por liberdade é o Martin Luther King, um grande defensor das liberdades civis nos Estados Unidos. Ele tinha um sonho e eu tenho um sonho. E ele fala uma coisa tão interessante, que é o sonho com a liberdade jorrando montanha abaixo como uma grande cachoeira de liberdade. Eu falo de uma liberdade responsável, aquela que não tira de ninguém o direito de escolher o caminho a ser seguido. A liberdade irresponsável talvez seja pior do que a falta de liberdade.