São Paulo celebra 99º Dia do Trabalhador em meio a desafios e transformações tecnológicas

Estado mais populoso e desenvolvido do País ostenta o maior contingente de trabalhadores, com 24,5 milhões de pessoas empregadas
01/05/2024 02:07 | Conquistas | Da Redação - Fotos: Carol Jacob, Rodrigo Costa e Arquivos Pessoais

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Trabalhador paulista gera 30% da riqueza do País<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2024/fg323283.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Loloian: economia dinâmica e inovadora<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2024/fg323279.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Lima: integração produtiva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2024/fg323280.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Dep. Solange Freitas: potencial dos jovens<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2024/fg323281.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Suzart: reindustrialização para mais empregos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2024/fg323282.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em 26 de setembro de 1924, data em que se oficializou no Brasil o feriado nacional do 1º de Maio, por meio de um decreto assinado pelo então presidente da República Arthur Bernardes (1922-26), o estado de São Paulo tinha 4,5 milhões de habitantes, atrás apenas de Minas Gerais, com 5,8 milhões. O documento presidencial consagrava o 1º de Maio "à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho". Sob vigência do decreto de Bernardes, portanto, a primeira comemoração só ocorreu em 1925.

Hoje, na 99ª celebração do Dia do Trabalhador, São Paulo ostenta o maior contingente brasileiro, tanto populacional (44,4 milhões de habitantes) quanto de trabalhadores: 24,5 milhões de pessoas ocupadas. Essa mão de obra paulista representa 24% da classe trabalhadora nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para especialistas, a grandeza do mercado de trabalho paulista deve-se ao dinamismo e à diversidade econômica do estado. Em torno de 30% de toda a riqueza brasileira é fruto do esforço diário dos trabalhadores paulistas, conforme as estatísticas oficiais.

"A economia paulista tem maior presença nos setores mais dinâmicos e inovadores, como os serviços de informação e comunicação, as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados e a indústria de transformação", explica Alexandre Loloian, economista-chefe da área de mercado de trabalho da Seade, fundação vinculada ao Governo do Estado.

Integração

Para Fernando Lima, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a manutenção dessa estrutura diversificada, construída ao longo dos anos, dinamizou a integração das cadeias produtivas de São Paulo.

"Por conta desse dinamismo e diversidade econômica, o setor de comércio também é fundamental para a distribuição dos produtos para o maior centro consumidor brasileiro", enfatizou Lima. O comércio é o principal empregador paulista (17,5% dos empregos), seguido por informação, comunicação e atividades financeiras (17,2%), administração pública (15,6%) e indústria (15,4%).

Informais

Se os postos de trabalho com carteira assinada - empregos formais - crescem no Brasil como um todo, a proporção de informais também aumenta, especialmente em São Paulo. A ampliação da informalidade, diz Alexandre Loloian, ocorre principalmente pelo crescimento dos trabalhadores por conta própria, sem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas).

"A taxa de informalidade paulista continua em patamares elevados. Pela relevância econômica de São Paulo, é contraditório observarmos que quase um terço dos trabalhadores são informais no estado", acrescenta Lima, do Dieese.

Jovens

Em meio ao cenário favorável com a queda do desemprego em São Paulo (hoje em 6,9%), a deputada estadual Solange Freitas (União), presidente da Comissão de Administração Pública e Relações do Trabalho (CAPRT) da Alesp, diz que o Colegiado, de olho nos jovens, aposta no ensino técnico e profissionalizante para ampliar o mercado de trabalho paulista.

"Um exemplo é o Centro Paula Souza. É preciso investir em unidades com prédios modernos, cursos afinados com a necessidade do mercado. Assim, teremos profissionais formados no ensino público inseridos em grandes empresas", frisou a parlamentar.

Ligado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro gerencia as escolas técnicas (Etecs) e faculdades de tecnologia (Fatecs), onde 320 mil alunos estão matriculados em cursos de nível médio e graduações tecnológicas em áreas como construção civil, mecânica, informática, tecnologia da informação e turismo.

Direitos

O protagonismo trabalhista de São Paulo fica evidenciado também pelo nível de ocupação. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), 62,5% dos moradores paulistas em idade de trabalhar, isto é, acima de 14 anos, ocupam um emprego.

Com tanta gente trabalhando, a luta por direitos trabalhistas também é gigantesca. "Em São Paulo, temos o desafio contínuo de defender a saúde e educação públicas de qualidade. Isso passa pela valorização dos trabalhadores", argumenta Raimundo Suzart, presidente da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT-SP).

Para a contratação de mais trabalhadores, Suzart aposta na reindustrialização com financiamento público. "Esse tema é fundamental para pensar o desenvolvimento e as repercussões que a indústria pode ter nos rumos locais", salientou o líder sindical.

Nesta 99ª comemoração da data, os sindicatos paulistas cobram emprego decente, correção da tabela de Imposto de Renda, redução dos juros, valorização do serviço e dos servidores públicos, salário igual para quem realiza trabalho igual e aposentadoria digna.

Transformações

Quase um século após o nascimento do Dia do Trabalhador brasileiro, as transformações tecnológicas estimulam mudanças nas organizações do trabalho. Em 2022, o IBGE investigou, pela primeira vez, o trabalho por meio de plataformas digitais e do tele-trabalho.

No Brasil, 1,4 milhão de pessoas realizavam trabalho por meio de plataformas digitais de serviços, ou utilizavam plataformas de comércio eletrônico (628 mil).

Essas estatísticas ainda são experimentais. Assim, não é possível conhecer o peso exato de São Paulo no módulo temático investigado, já que a análise está distribuída apenas por grandes regiões (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste).

Especificamente na "plataformização", que inclui por exemplo os aplicativos de transporte particular de passageiros, o Sudeste concentrava em torno de 60% (862 mil pessoas) do total de trabalhadores "plataformizados" no País.

"Apesar de problemas como contratos de trabalho precários e menor proteção social, as transformações tecnológicas abrem espaço para uma série de oportunidades que podem beneficiar toda a classe trabalhadora", afirmou Fernando Lima, exemplificando esse lado positivo com os empregos verdes, menor jornada e inclusão cada vez maior das mulheres no mercado.


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