Comissão da Verdade investiga repressão a trabalhadores do Metrô

Casos da Embraer e Docas foram discutidos na reunião da tarde
02/03/2015 21:03 | Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Roberto Navarro e Vera Massaro

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 Repressão política contra trabalhadores do Metrô é tema de audiência da Comissão da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167805.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Alexandre Carvalho Leme, da Secretaria de Relações Intersindicais do PSTU<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167806.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Adriano Diogo preside os trabalhos da Comissão Estadual da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167807.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Alexandre Carvalho Leme ao microfone<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167808.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Paulo Soler <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167809.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Repressão política contra trabalhadores do Metrô é tema de audiência da Comissão da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167810.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Sebastião Neto, um dos coordenadores do Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras e Adriano Diogo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167811.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Sebastião Neto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167812.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Wagner Gomes <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167813.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Fernandes Neto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167860.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Everandi Cirino Santos e Nobel Soares de Oliveira<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167861.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Everandi Cirino Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167862.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Nobel Soares de Oliveira e Sebastião Neto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167863.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo e Osiris Silva  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167864.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Amanda Menconi e Antonio Donizete Ferreira  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167865.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Donizete Ferreira, Getúlio Guedes e Sebastião Neto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167866.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Donizete Ferreira, Getúlio Guedes, Sebastião Neto, Adriano Diogo e Osiris Silva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167867.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Osiris Silva, Arnaldo Silva e Helio Nishimoto <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167868.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Sebastião Neto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167869.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Repressão política contra trabalhadores do Metrô é tema de audiência da Comissão da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167870.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Amanda Menconi, Antonio Donizete Ferreira, Getúlio Guedes, Sebastião Neto, Adriano Diogo, Osiris Silva, Arnaldo Silva e Helio Nishimoto<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167871.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público acompanha os trabalhos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2015/fg167872.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, coordenada pelo deputado Adriano Diogo (PT), em parceria com o Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação, realizou, nesta segunda-feira, 2/3, audiência em que foram ouvidos trabalhadores do Metrô. A reunião faz parte de uma série em que é investigada a colaboração do empresariado paulista na repressão aos trabalhadores durante o período da ditadura civil-militar.

Sebastião Neto, um dos coordenadores do Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras, falou de um levantamento acerca da repressão aos trabalhadores do Metrô, feito por Alexandre Carvalho Leme, da Secretaria de Relações Intersindicais do PSTU. Segundo Leme, há importantes indícios de relação direta entre a repressão mais recente no Metrô e fatos da época da ditadura.

Conforme documentos apresentados por Neto, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) vigiava constantemente as atividades metroviárias, sendo que informações dadas ao DOPS partiam de dentro do Metrô. "Queremos saber quem era o informante e o porquê", afirmou.

Paulo Roberto Soler, funcionário do Metrô entre 1976 e 1988, relatou sua participação, como diretor do sindicato, na greve de 1983. Soler foi demitido juntamente com 357 funcionários. Wagner Gomes, também ex-funcionário do Metrô, afirmou: "Não tenho dúvidas de que pessoas ligadas à repressão continuam nas estatais até hoje".

Embraer

No período da tarde, a reunião abordou a repressão a trabalhadores na Embraer e na Companhia Docas de Santos. Amanda Menconi Hornhard, da Comissão da Verdade do Sindicato dos Metalúrgicos e São José dos Campos e região, apresentou suas pesquisas feitas no Arquivo Nacional e o do Estado de São Paulo. Segundo os dados, até 1987 os trabalhadores da Embraer eram vigiados, com articulação entre a polícia e outros órgãos repressivos, como o Dops e a Polícia da Aeronáutica.

A Embraer participava do Centro Comunitário de Segurança do Vale do Paraíba (Cecose), entidade organizada por empresários que trocava informações de vigilância e repressão aos trabalhadores, sendo que o movimento operário era descrito como "inimigo". O Cecose era composto por 25 empresas. Destas, 14 eram multinacionais, como Ford e Johnsons, oito nacionais, como Villares, e quatro estatais, grupo que incluía Telesp e Embraer.

Luiz Carlos Prates (Mancha), também da Comissão da Verdade do Sindicato dos Metalúrgicos, lembrou que a região do Vale do Paraíba é estratégica, por estar entre Rio e São Paulo e concentrar indústrias. Portanto, na época da ditadura, houve grande repressão aos trabalhadores, com perseguição, prisões e demissões, sendo que os seus nomes iam para a lista suja, o que os impedia de arrumar novo emprego. Para Mancha, é preciso esclarecer o passado, pois até hoje as reuniões sindicais continuam monitoradas.

Coronel Ozires Silva, primeiro presidente da Embraer, disse à comissão que a empresa seguia a política do governo, por estar vinculada ao Ministério da Aeronáutica. Ele presidiu a empresa, erguida em terreno cedido pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA), até 1986. Participou do processo de privatização da empresa, em 1994.

Silva disse que, como engenheiro aeronáutico, sua missão era fabricar aviões, portanto não tinha conhecimento de questões de segurança. As questões administrativas eram de responsabilidade da Aeronáutica, disse. "Recebíamos instruções a as cumpríamos", afirmou.

Getúlio Guedes e Antonio Donizetti Ferreira falaram de sua atuação nos movimentos sindicais dentro da Embraer, principalmente na década de 1980. Foi exibido o vídeo Arquivo: Dossiê Embraer clique aqui

Companhia Docas

A Companhia Docas de Santos foi uma empresa privada, fundada e controlada pela família Guinle em 1890. Foi substituída, em 1980, pela estatal Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). "Foram 90 anos de exploração, no sentido amplo da palavra", falou o ex-sindicalista Antonio Fernandes Neto. Ele lembrou que a família Guinle jamais pagou impostos à União e nem investiu no porto ou em Santos. Apoiaram o golpe de 1964 e foram recompensados por isso: seus prejuízos na década de 1970 foram cobertos pelo governo.

A situação dos trabalhadores da Companhia Docas piorou muito a partir de 1965, quando direitos como descanso semanal e férias foram revogados. "O sindicato era dirigido por "pelegos" que agiam contra os trabalhadores", informou Fernandes Neto, que lançará em breve o livro Nem os pombos apareceram no cais, sobre o movimento sindical na Docas entre 1964-1980.

O advogado Nobel Soares de Oliveira reportou o clima de terror que havia entre os trabalhadores da Docas depois de 1968, sob vigilância exercida principalmente por um grupo apelidado de 70. Havia casos de trabalhadores que sumiam por algum tempo. Entre os trabalhadores, principalmente os militantes da causa operária, reinava clima de medo da prisão, da tortura, de rebaixamento profissional e transferências. Por participar da greve de 1980, Nobel foi demitido, e, impedido de trabalhar, lutou para formar-se em Direito.

Everandy Cirino dos Santos foi da guarda portuária e tornou-se presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Portuária de Santos (Sindaport). Ele confirmou que os trabalhadores são monitorados até hoje.

Sebastião Neto, do Projeto Memória da Oposição Metalúrgica de São Paulo, reiterou a necessidade de as empresas abrirem seus arquivos, para que o Ministério Público possa prosseguir com as investigações, agora que a Comissão Nacional da Verdade está extinta.

Procurador da Codesp, Rodrigo Otávio Mugera disse que as informações estão disponíveis nos arquivos da companhia, que preza pela transparência. Ele ainda negou haver na empresa vigilância e repressão aos trabalhadores.

Adriano Diogo informou que na próxima sexta-feira, 6/3, a partir das 10h, haverá nova reunião da Comissão da Verdade, onde será abordado o Esquadrão da Morte. Estarão presentes o jornalista Percival de Souza e o jurista Hélio Bicudo.

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