Na data em que é celebrado o Dia Mundial do Sono, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo lançou, nesta sexta-feira (15), a Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono, sob coordenação da deputada Clarice Ganem (Podemos). O evento contou com a presença de Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono; Luciano Drager, presidente da Associação Brasileira do Sono; Alan Eckeli, neurologista da USP Ribeirão Preto; Paulo Mei, neurologista da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); Arlete Silva, da Associação Brasileira de Narcolepsia e Hipersonia Idiopática (Abranhi); e de representantes de empresas de tecnologia. "Fui visitar o Hospital do Sono da Unicamp com o doutor Zancanella e fiquei encantada. A gente começa a perceber que não dá a importância real para o sono. Isso acarreta doenças, irritabilidades ou acidentes quando a pessoa não dorme muito bem. É uma iniciativa deles que eu abracei porque acho ser muito importante que tenha laudos e que exista tratamento", enfatizou a deputada Clarice Ganem. Segundo Zancanella, a iniciativa da Frente Parlamentar é de grande relevância, pois aborda uma demanda significativa da população, que dorme mal, não tem acesso a exames ou médicos que consigam fazer tratamentos adequados. Qualidade de vida Cerca de 60% dos brasileiros enfrentam problemas relacionados ao sono, sendo as mulheres as mais afetadas, podendo ter até 10% a menos de qualidade de sono em comparação aos homens. Uma noite mal dormida não apenas resulta em irritabilidade e cansaço, mas compromete a memória e a retenção de informações, impactando diretamente na qualidade de vida. Os distúrbios do sono se tornam porta de entrada para doenças como a ansiedade, depressão, síndrome do pânico, redução da imunidade, alterações do humor e o aumento do estresse oxidativo, que pode ampliar a chance de doenças crônicas como diabetes, AVC, infarto, hipertensão e câncer. "Tem outras doenças do sono que podem ocorrer com quem dorme muito, relacionadas àqueles que roncam, que param de respirar (apneia) e que têm uma demanda muito grande", enfatizou Zancanella. Alan Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), destacou os impactos sobre a má qualidade do sono: "Podemos entender três dimensões do sono: qualidade, quantidade e regularidade. O comprometimento de qualquer uma dessas dimensões pode levar a grandes prejuízos à saúde, levando riscos a transtornos mentais", alertou. "Além disso, pode aumentar o risco de acidentes automobilísticos, sabendo que a redução do sono infere na capacidade de compreensão, estado de psicovigilância, e também influencia na capacidade de trabalho, seja cognitivo ou que haja necessidade de força física", acrescentou o professor. Higienização para o sono Segundo Eckeli, vários hábitos podem ser nutridos ao longo do dia para colaborar com uma boa noite de sono. Se distanciar das redes sociais ou do uso do smartphone uma hora antes de dormir colabora para a qualidade de uma noite bem dormida. A realização de atividade física pelo período da manhã e manter uma rotina de desaceleração contribuem para essa melhora. Projeto de Lei Na oportunidade, a deputada Clarice apresentou um projeto de lei que inclui no calendário paulista o Dia Estadual da Saúde do Sono, a ser comemorado na terceira sexta-feira do mês de março. O objetivo do projeto é estimular uma campanha de conscientização sobre os distúrbios do sono e os riscos associados, apoiar a pesquisa científica e fomentar o acesso igualitário ao diagnóstico e ao tratamento.